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À erosão provocada pelas águas da chuva damos o nome de erosão pluvial. Conforme o grau de agressão da força destrutiva dessas águas, podemos considerar diferentes tipos de erosão pluvial:

- Superficial: leva partículas do solo, principalmente se não houver uma cobertura vegetal para protegê-lo.

- Laminar: a quantidade de material carregado pela água é maior que na erosão superficial.

- Erosão de sulcos: quando a enxurrada abre pequenos buracos no solo.

- Erosão de ravinamento: é a forma mais agressiva de erosão pluvial. Abre verdadeiras "crateras" no solo, as perigosas voçorocas, que levam grandes pedaços de terreno cultivável, pastos e até mesmo partes de ruas de cidades (veja a foto). Leia, no boxe a seguir, um texto sobre alguns danos causados pela erosão.

LEGENDA: Voçoroca em solo degradado em Cacequi (RS). Foto de 2015.

FONTE: Gerson Gerloff/Pulsar Imagens

Boxe complementar:

Ampliando o conhecimento

Erosão é mais perigosa às cidades costeiras do que a elevação do mar, diz estudo



Em algumas partes do globo, o solo está cedendo dez vezes mais rápido que a elevação do nível da água. As causas geralmente estão relacionadas a intervenções humanas na natureza.

Décadas de extração de água fizeram, por exemplo, o solo da cidade de Tóquio ceder dois metros antes de a prática ser abolida. Discursando na Assembleia Geral do Sindicato Europeu de Geociência, pesquisadores disseram que outras cidades devem seguir o exemplo japonês.

Abaixo do nível do mar - Gilles Erkens, do Instituto de Pesquisas Deltares (IPD), em Utrecht, na Holanda, disse que partes de Jacarta, na Indonésia, Ho Chi Minh, no Vietnã, Bangcoc, na Tailândia, e uma série de outras cidades costeiras podem chegar a patamares abaixo do nível do mar, a menos que medidas sejam tomadas.

"A erosão do solo e a elevação do nível do mar estão ocorrendo ao mesmo tempo e contribuindo para um problema em comum: inundações cada vez mais graves", disse Erkens à BBC.

O grupo de cientistas do IPD analisou as soluções criadas por essas cidades para o problema e identificou as melhores iniciativas, publicadas em um relatório.

"A melhor solução é também a mais rigorosa: parar de extrair água potável do subsolo. Mas, é claro, essas cidades precisarão de novas fontes de água potável. Tóquio fez isso, e a erosão praticamente parou. Veneza, na Itália, também fez isso."

Extração de água - A cidade italiana registrou uma intensa erosão no último século por causa da constante extração de água do subsolo. Quando isso parou, a erosão foi interrompida, segundo análises feitas nos anos 2000.

Um estudo do pesquisador Pietro Teatini, da Universidade de Padova, mostrou que a erosão agora está restrita a certas áreas e associada a determinadas práticas.

"Quando um edifício é reformado, seu peso aumenta. Isso pode fazer o solo ceder até cinco milímetros por ano", afirma Teatini.

A intensidade da erosão depende de quão compacto é o solo abaixo dos edifícios, de acordo com a pesquisa.

Erosão natural - Como todas as cidades, Veneza ainda tem de lidar com a erosão natural do solo. Processos geológicos fazem o solo da cidade ceder cerca de um milímetro por ano. Mas, de forma geral, o impacto gerado por intervenções humanas é maior do que a erosão natural.

Agora, cientistas têm uma ferramenta poderosa para analisar essa questão. Um equipamento conhecido como Interferometric Synthetic Aperture Radar sobrepõe imagens de satélite captadas ao longo do tempo para identificar as deformações do solo. O banco de imagens tem registros feitos a partir dos anos 1990.

Enquanto isso, a Agência Espacial Europeia acaba de lançar um novo satélite para ajudar nesse tipo de estudo.

BBC Brasil. Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/2014-04-30/erosao-e-perigo-maior-as-cidades-costeiras-do-que-a-elevacao-do-mar-diz-estudo.html. Acesso em: 10 out. 2015.

Fim do complemento.

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Deslizamentos

O desgaste provocado pelas águas da chuva pode ser mais intenso com a inclinação do terreno e a falta de vegetação. Chuvas fortes deslocam e transportam materiais nas vertentes de morros, provocando deslizamentos e desabamentos que colocam muitas áreas em risco. Geralmente, como são áreas ocupadas pela população de baixa renda, as tragédias decorrentes desses deslizamentos assumem proporções sociais muito graves.

Os deslizamentos ocorrem graças à tendência que a camada superficial do solo tem de deslizar de cima para baixo. A velocidade e a intensidade desse deslizamento vão depender da maior ou menor permeabilidade dos solos e do declive.

O movimento mais lento desse material (rastejamento) costuma formar na base da inclinação um acúmulo de fragmentos rochosos de tamanhos e formas variáveis, que chamamos de tálus. Quando, por qualquer interferência, humana ou natural, o tálus é rompido, toda a encosta vem abaixo. O ser humano pode acelerar o processo ao "cortar" o tálus para abrir estradas, construir casas, etc. O deslizamento de terra também pode ser acelerado por desmatamento.

LEGENDA: Deslizamento de terra em área afetada pelas chuvas, na comunidade de Barro Branco, em Salvador (BA), em 2015. O desmatamento e a construção de moradias em áreas como a mostrada na foto podem provocar graves danos ao ambiente e à vida.

FONTE: Romildo de Jesus/Futura Press

A erosão fluvial

A ação das águas dos rios e das torrentes sobre a superfície terrestre é chamada erosão fluvial. Esse trabalho compreende o escavamento do leito, o transporte e a deposição ou acumulação de sedimentos.

Enquanto escavam seu leito e modelam as vertentes, as águas dos rios formam os vales fluviais, que podem ter diferentes aspectos, como veremos a seguir. Esse é o trabalho mais significativo da erosão fluvial.

Veja as principais formas de vales:

FONTE: Adaptado de: GATICA, Yasna; ARCE, Luis Alejandro. Geografía. Santiago: Santillana, 2007. p. 45. CRÉDITOS DAS ILUSTRAÇÕES: Ingeborg Asbach/Arquivo da editora



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As etapas da erosão fluvial

Como vimos, os rios cavam os vales. A profundidade, a largura e as formas desses vales modificam-se com o tempo. As fases desse trabalho de modificação do relevo realizado pelos rios podem ser comparadas com as etapas da vida humana: juventude, maturidade e velhice. Observe:

LEGENDA: Nessa fase, o rio realiza o trabalho de erosão.

LEGENDA: Na fase de maturidade, o rio transporta sedimentos e começa o trabalho de acumulação.

LEGENDA: Nessa fase, predomina o trabalho de deposição com formas como as planícies fluviais e os meandros (curvas acentuadas).

FONTE: Adaptado de: GATICA, Yasna; ARCE, Luis Alejandro. Geografía. Santiago: Santillana, 2007. p. 45. CRÉDITOS DAS ILUSTRAÇÕES: Ingeborg Asbach/Arquivo da editora

Boxe complementar:

A água subterrânea e o relevo calcário

Parte das águas das chuvas que caem sobre a superfície da Terra infiltra-se no subsolo, formando a água subterrânea. Essa água realiza um trabalho de erosão no subsolo, modelando formas bem características, principalmente em terrenos constituídos por rochas de fácil dissolução. O calcário é uma delas, e as regiões onde ele é trabalhado pelas águas formam um relevo típico denominado karst (nome emprestado de uma região da Croácia).

Sem dúvida, as cavernas são as mais belas formações desse relevo, que apresenta vários outros aspectos característicos, como os lapiás (formas superficiais) e as dolinas (depressões).

Nas cavernas encontramos formações especiais - as estalactites e as estalagmites, que também recebem o nome de espeleotemas (do grego spelaion, que significa 'caverna').

Do teto da gruta goteja água, que contém bicarbonato de cálcio em solução. O gás carbônico desprende-se, precipitando o bicarbonato de cálcio em forma de calcita. As estalactites pendem do teto das cavernas, enquanto as estalagmites sobem do chão. Dentro das cavernas correm também riachos subterrâneos, que escavam espaços chamados galerias e salões.

LEGENDA DAS IMAGENS: Desenvolvimento de um terreno tipo karst (calcário).

FONTE DA ILUSTRAÇÃO: Ingeborg Asbach/Arquivo da editora. Adaptado de: PRESS, Frank et al. Para entender a Terra. 4ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 330-331.

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No Brasil, existem inúmeras cavernas dessa natureza, todas extremamente belas. São muito conhecidas a Gruta de Maquiné, em Minas Gerais, e a Caverna do Diabo, no estado de São Paulo. Também encontramos cavernas no vale do São Francisco e no rio das Velhas.

LEGENDA: Espeleotemas em caverna na Gruta da Torrinha, em Iraquara (BA), em 2015.

FONTE: Andre Dib/Pulsar Imagens

Fim do complemento.

A erosão marinha

O trabalho das águas do mar sobre os litorais pode ser construtivo ou destrutivo.

O trabalho construtivo é chamado acumulação marinha. As praias são o resultado mais marcante desse trabalho, do qual também resultam: as restingas, cordões arenosos paralelos à costa; os tômbolos, cordões de areia que ligam uma ilha ao continente; e os recifes, que se originam da consolidação da areia de antigas praias (recifes de arenito) ou pela acumulação de corais (recifes de coral). No Brasil, por exemplo, os recifes são encontrados no litoral do Nordeste. Na maioria das vezes, na maré baixa, formam "piscinas naturais" muito apreciadas por turistas brasileiros e de outras partes do mundo. Veja a foto abaixo.

LEGENDA: Recifes em Japaratinga (AL), em 2015.

FONTE: Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens

O trabalho de desgaste realizado pelas águas do mar é chamado abrasão marinha. As formas típicas da abrasão marinha são denominadas falésias ou costas altas. Veja como elas se formam.

FONTE: Adaptado de: GATICA, Yasna; ARCE, Luis Alejandro. Geografía. Santiago: Santillana, 2007. p. 46. CRÉDITOS DAS ILUSTRAÇÕES: Ingeborg Asbach/Arquivo da editora



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A erosão glacial

O gelo modela o relevo através das geleiras - massas de gelo formadas nos continentes, em regiões onde a quantidade de neve que se precipita é menor do que a de neve que derrete. Existem dois tipos principais de geleiras:

- Continentais ou inlandsis. Localizadas em regiões de altas latitudes, cobrem grandes extensões de terra, como a Antártida, a Groenlândia e outras regiões árticas. Grandes blocos dessas geleiras podem se soltar e ser arrastados pelas águas do mar. São os icebergs, formados de água doce e que constituem um perigo para a navegação.

- Geleiras alpinas. Características das altas montanhas, também são chamadas geleiras de vale, porque lembram um vale fluvial (veja foto abaixo). Alimentam rios e lagos durante o degelo de verão. Seu poder de erosão fica mais intenso quando carregam em sua massa gelada fragmentos de rochas, que funcionam como uma "lixa" sobre o solo. O material rochoso arrancado pelo gelo se acumula, formando as morainas ou morenas, que podem se localizar nas laterais, no centro e onde a geleira termina. Os vales glaciais têm a forma de U. Sua parte mais elevada tem forma circular e recebe o nome de circo glacial.

FONTE: Adaptado de: PRESS, Frank et al. Para entender a Terra. 4ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 401-405. CRÉDITOS: Luis Moura/Arquivo da editora

LEGENDA: Morainas em vale glacial (geleiras de vale) no Parque Nacional de Wrangell-St. Elias, no Alasca, em 2015.

FONTE: NPS Photo/Alamy/Latinstock

A erosão eólica

O vento é um poderoso agente erosivo que atua principalmente nos desertos e nas praias. Realiza um duplo trabalho sobre o relevo terrestre:

- Destruição, que compreende a deflação (quando ele retira e transporta partículas finas das rochas) e a corrosão (quando lança essas partículas contra outras rochas, escavando-as com violência). Desses ataques do vento às rochas resultam grandes depressões, planaltos pedregosos ou formações com aspectos exóticos, como cogumelos e taças.

- Acumulação, quando ele deposita os materiais que carrega. O trabalho mais típico de acumulação dos ventos são as dunas - grandes elevações de areia que podem ser fixas ou móveis, pois mudam de lugar conforme a direção do vento. Outra consequência desse trabalho é a formação de sedimentos muito finos, amarelados e muito férteis, formados por quartzo, argila e calcário - o loess. Sua área de ocorrência mais conhecida é a China meridional.

LEGENDA: Dunas de Sossusvlei no deserto da Namíbia, em 2015.

FONTE: Jean-Luc Allegre/Only France/Agência France-Presse



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Refletindo sobre o conteúdo

Ícone: Atividade interdisciplinar.



1. Atividade interdisciplinar: Geografia e História. Leia o texto a seguir, depois faça as atividades propostas.

A tragédia de Pompeia

[...]

De repente, ouve-se uma explosão. Espanto! Num instante, todos estão na rua. Espetáculo alucinante, o topo do Vesúvio havia se partido em dois. Uma coluna de fogo escapa dali. É uma erupção! De início, todos se assustam e se interpelam. Havia pelo menos 900 anos que o vulcão não dava sinais de vida. Dizia-se que ele estava extinto. Logo depois é a agitação. Em volta começa a desabar uma chuva de projéteis: pedras-pomes, lapíli e, às vezes, pedaços de rochas - fragmentos arrancados do topo da montanha e da tampa de lava resfriada que obstruía a cratera. [...]

GUERDAN, René. A tragédia de Pompeia. Revista História Viva. Disponível em: www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/a_tragedia_de_pompeia.html. Acesso em: 10 out. 2015.

a) Relacione atividade vulcânica com o movimento das placas tectônicas.

b) Quais são as consequências das erupções vulcânicas para as populações que vivem em seu entorno?

c) Converse com o professor de História, consulte um atlas geo gráfico, sites e livros para responder quando e em que país ocorreu a tragédia natural descrita no texto anterior.

2. Observe a imagem e faça o que se pede.

LEGENDA: Vista do rio São Francisco, em trecho do município de Paulo Afonso (BA), em 2015.

FONTE: G. Evangelista/Opção Brasil Imagens

a) Identifique o fenômeno natural retratado na imagem acima.

b) Caracterize esse fenômeno.

3. Leia os dois textos a seguir.

Texto 1


Moradores de Montes Claros, no norte de Minas, sentiram um novo tremor de terra em diferentes partes da cidade na tarde desta terça-feira. O Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) confirmou o registro de um abalo sísmico na região, por volta de 14h09, com magnitude de 2,6 na escala Richter.

MONTES Claros.com. Maio de 2012. Disponível em: http://ojornaldemontesclaros.com.br. Acesso em: 8 out. 2015.

Texto 2

As atividades em fábrica de automóveis foram prejudicadas pelo terremoto de 5,8 graus na escala Richter que sacudiu a região da Emilia Romanha, no norte da Itália, nesta terça-feira. A sede de uma equipe italiana de Fórmula 1, em Maranello, não teve danos, mas a jornada de trabalho acabou suspensa.

Adaptado de: Terra notícias, 20 maio 2012. Disponível em: http://esportes.terra.com.br. Acesso em: 8 out. 2015.

- Compare a situação do Brasil com a da Itália em relação às placas tectônicas e à ocorrência de terremotos.

4. Observe a foto abaixo e faça as atividades propostas.

LEGENDA: Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, em Barreirinhas (MA), em 2015.

FONTE: Vitor Marigo/Opção Brasil Imagens

a) Identifique o agente, o tipo de trabalho realizado nessa região e a forma resultante desse trabalho.

b) Que outro tipo de trabalho esse agente pode realizar?

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capítulo 9. Erosão e contaminação dos solos

LEGENDA: Solo desgastado e rachado pela estiagem na cidade de Gameleiras, norte de Minas Gerais, em 2015.

FONTE: Andre Dib/Pulsar Imagens



Solo: resultado do intemperismo

A camada superficial que cobre a crosta terrestre é o produto final da ação do intemperismo (físico e químico) sobre rochas e minerais. Portanto, na sua formação estão presentes elementos como água, gases e seres vivos (matéria orgânica), assunto visto no capítulo anterior.

Podemos diferenciar, nessa camada, o regolito ou manto de intemperismo, constituído de materiais rochosos erodidos e desagregados, e o solo, parte mais superficial, rica em matéria orgânica, que comporta a vida. Essa matéria orgânica, composta de restos de plantas, animais e bactérias, é denominada humo.

Os vários tipos de solo são o resultado da ação de fatores como: o tempo (chuvas, temperatura), o clima (seco, úmido, quente, frio), o relevo (acidentado, plano), os tipos de rocha e a vegetação. Além desses aspectos, a fertilidade mineral de um solo também é consequência da composição da rocha-mãe e de seu grau de desintegração.

Os solos que se localizam no mesmo lugar em que são formados são denominados residuais ou eluviais. Quando são resultado do trabalho de transporte (vento, água, etc.) são chamados aluviais ou transportados.

Embora haja variações que dependem das características do lugar onde foram formados, os solos, de modo geral, possuem camadas, denominadas horizontes.

Vejamos, na figura da próxima página, horizontes de três tipos de solo.

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LEGENDA: O solo (camada superficial) não é homogêneo. Nele podemos distinguir horizontes com características diferentes.

FONTE: Adaptado de: PRESS, Frank et al. Para entender a Terra. 4ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 186. CRÉDITOS DA ILUSTRAÇÃO: Luis Moura/Arquivo da editora

Glossário:



Lixiviação: processo físico em que as rochas sofrem lavagem pela ação das águas das chuvas, que carregam os nutrientes do solo para outro local.

Concreção: processo ou efeito de se tornar concreto, sólido. Em Geologia, diz-se da massa formada de precipitações sucessivas nos depósitos sedimentares, que varia de pequenos nódulos a blocos.

Fim do glossário.

Importância da conservação dos solos

O solo é fundamental para a vida na superfície do planeta Terra. O solo e os processos de sua formação fazem parte da pedosfera (do grego pédon = solo, chão), que está em constante interação com as principais esferas da Terra. Veja a figura abaixo.

O solo é um recurso fundamental para a prática das atividades agropecuárias, porém em algumas áreas encontra-se totalmente desgastado. A própria natureza, com os chamados agentes de erosão (a água, o vento, a alternância do frio com o calor, entre outros) encarrega-se também desse desgaste. E a humanidade pode agravar ainda mais a situação.

FONTE: Adaptado de: www.cnps.embrapa.br/noticias/banco_noticias/20121205.html. Acesso em: 10 dez. 2012. CRÉDITOS: Banco de imagens/Arquivo da editora



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Nas últimas conferências sobre meio ambiente realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), muitos dos temas fundamentais - como produção de alimentos para combater a fome, matérias-primas industriais, bioenergia, conservação dos mananciais e biodiversidade - levavam em conta o debate sobre a preservação dos solos.

A conservação dos solos pressupõe, para o bem da vida no planeta, a utilização sustentável desse recurso, um esforço que inclui conhecimento, pesquisa e redução das diferenças socioeconômicas entre as diversas regiões do mundo.

O maior empenho está na conscientização das populações, tanto nas regiões mais pobres, onde a falta de recursos adequados para o manejo agrícola pode inviabilizar o uso do solo, quanto nas regiões mais ricas, em que a utilização de modernas tecnologias esteja voltada para um aproveitamento sustentável do solo, evitando a degradação desse e de outros recursos naturais.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a quantidade de solo aproveitável por pessoa tem diminuído consideravelmente a cada ano. Por esse motivo, a Organização declarou 2015 como o Ano Internacional dos Solos, com o slogan "Solos saudáveis para uma vida saudável". Nessa ocasião, a FAO estimava que se perdem 50 mil km² de solo por ano, extensão equivalente à área da Costa Rica. Também declarou que 33% da área de solos do planeta já foi perdida. Essa situação foi causada principalmente pela erosão e a má conservação, processo agravado pela expansão urbana, que favorece a impermeabilização dos solos.

Uma preocupação que deve estar presente quando falamos em conservação dos solos é o tempo necessário para sua formação. De modo geral, como esse processo é muito lento, não é possível renová-los com rapidez depois que são destruídos. Ainda que certos cuidados sejam tomados, em vários lugares os solos estão sendo destruídos mais depressa do que se consegue repor.

Além de sofrerem erosão, os solos podem ser contaminados por diversos tipos de poluentes: substâncias químicas despejadas em rios e esgotos pelas indústrias; vazamento de produtos transportados por rodovias ou ferrovias, extremamente prejudiciais ao meio ambiente; agrotóxicos usados na agricultura; e lixo sólido produzido em residências, estabelecimentos comerciais, industriais e usinas nucleares.

Como veremos neste capítulo, erosão e contaminação são as principais agressões sofridas pelo solo.



A erosão dos solos

A erosão dos solos pode ser definida como a perda da camada superficial da litosfera, rica em matéria orgânica, onde existe vida microbiana e ocorre o desenvolvimento da vida vegetal.

O ser humano tem também sua parcela de responsabilidade, na medida em que causa ou agrava a erosão dos solos com desmatamentos desordenados, queimadas, uso intensivo do solo para a prática da agricultura sem os cuidados necessários, e deslizamentos de terra provocados pela abertura de estradas e construções em geral.

Erosão dos solos em áreas agrícolas

A agricultura, assim como a pecuária, é uma atividade muito antiga. Desde que o ser humano aprendeu a cultivar plantas e a criar animais, tiveram início os primeiros impactos ambientais, que foram se agravando à medida que a população crescia e avanços tecnológicos eram conquistados.

A camada superficial do solo pode se desagregar no preparo do terreno para o plantio ou por causa do desmatamento. A água das chuvas carrega partículas do solo desagregado na preparação para o plantio e também parte do solo que perdeu a vegetação, cujas raízes ajudavam a segurá-lo. O material levado pelas chuvas é responsável pelo assoreamento (acúmulo de sedimentos no leito dos rios) e pode causar enchentes.

LEGENDA: A atividade agrária já ocupou mais de um quarto da superfície terrestre e destruiu cerca de 30% das florestas originais de todos os continentes. Na imagem, podemos ver uma área de floresta Amazônica bem próxima a uma extensa área que foi desmatada para dar lugar a uma plantação de soja, em Mato Grosso. Foto de 2015.

FONTE: Paulo Whitaker/Reuters/Latinstock



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Grande parte das terras ocupadas por atividades agrárias é formada por áreas de solo de baixa fertilidade ou por terrenos acidentados com pouca produtividade. Estima-se que mais de 60% das áreas agrícolas estejam em processo de degradação. Entre os muitos impactos ambientais provocados pela agricultura estão a erosão e a contaminação do solo por agrotóxicos, que podem atingir lençóis de água subterrâneos, rios e lagos.

A modernização do campo e os avanços tecnológicos nos últimos anos devem ser analisados sob diferentes ângulos. Se, de um lado, proporcionaram o aumento da produção de alimentos e a adoção de novas técnicas para a proteção do meio ambiente, de outro permitiram a desigual distribuição desses benefícios. Além do mais, podemos dizer que a tecnologia que protege muitas vezes também agrava a degradação ambiental.

Quando falamos em avanços tecnológicos, não podemos esquecer que ainda há regiões da Ásia e da África, principalmente, e mesmo da América Latina, que não têm acesso a essas melhorias, embora atualmente existam experiências bem-sucedidas de utilização de tecnologias modernas na agricultura (caso do Brasil, por exemplo). Além disso, muitos países situados em regiões intertropicais apresentam milhões de hectares de savanas, campos e florestas que sofrem queimadas todo ano. Nas regiões tropicais, é muito utilizado o sistema de agricultura itinerante, que utiliza técnicas rudimentares. Na agricultura itinerante, o trabalho é dividido em três fases: derrubada da mata ou queimada, plantio e colheita. Completado o trabalho, o local é abandonado e outras áreas são procuradas para dar início a um novo ciclo. O resultado é que nas áreas abandonadas o solo fica empobrecido e, quase sempre, ameaçado pelo aumento da erosão. As queimadas muitas vezes causam incêndios de grandes proporções, aumentando o nível de CO2 na atmosfera e influindo no aquecimento global.

Nessas regiões onde as estações seca e chuvosa se alternam, é comum o processo de laterização, que tem como consequência a formação de solos muito ácidos, impróprios para a agricultura; no Brasil são denominados lateritos ou cangas. A formação dos lateritos acontece da seguinte forma: a água da chuva promove uma intensa lixiviação, que carrega os minerais do solo, como a sílica, e causa a concentração de hidróxidos de ferro ou de alumínio na superfície, formando uma crosta avermelhada e ferruginosa.

As queimadas, que tantos danos causam ao meio ambiente, não são uma exclusividade do sistema de agricultura itinerante. Em muitas regiões, como nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil, são bastante utilizadas para a derrubada da mata e a formação de lavouras e pastos.

A pecuária, principalmente a extensiva, é também uma das causadoras da degradação de solos produtivos. O manejo dos animais deve ser feito de maneira correta. É preciso limitar o número de cabeças para evitar o superpastejo, que deixa o solo descoberto e mais vulnerável à erosão.

LEGENDA: Brasil, África, Sudeste Asiático e o norte da Austrália lideram em número de queimadas. Na imagem, queimada em área de plantation, na Indonésia. Foto de 2015.

FONTE: Ahmad Widi/Zuma Press/Corbis/Latinstock


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