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Boxe complementar:
Outra visão
O meio técnico-científico-informacional
Uma palavra relativamente abandonada do vocabulário da Geografia volta agora a ter evidência. Referimo-nos ao vocábulo "meio". Com os progressos alcançados no conhecimento das galáxias, a palavra "espaço" passou a ser utilizada com maior ênfase para designar espaço sideral interplanetário. Também nessa fase da pós-modernidade, a mesma palavra "espaço" ganhou um uso crescentemente metafórico em diversas disciplinas.
O meio resulta de uma adaptação sucessiva da superfície da Terra às necessidades dos homens. Nos primórdios da História registravam-se alterações isoladas, ao sabor das civilizações emergentes, até o processo de internacionalização criar em diversos lugares feições semelhantes. Agora, existe uma tendência à generalização à escala mundial dos mesmos objetos geográficos e das mesmas paisagens.
A globalização leva à afirmação de um novo meio geográfico cuja produção é deliberada e que é tanto mais produtivo quanto maior for o seu conteúdo em ciência, tecnologia e informação. Esse meio técnico-científico-informacional dá-se em muitos lugares (Europa, Estados Unidos, Japão, parte da América Latina) de forma extensa e contínua, enquanto em outros (África, Ásia, parte da América Latina) apenas pode se manifestar como manchas ou pontos. Cria-se, desse modo, uma oposição entre espaços adaptados às exigências das ações econômicas, políticas e culturais características da globalização e outras áreas não dotadas dessas virtualidades, formando o que, imaginativamente, podemos chamar de espaços luminosos e espaços opacos.
No caso do Brasil, o velho contraste entre o país costeiro e o país interior e a mais recente oposição entre centro e periferia cedem lugar a uma nova oposição: de um lado, esse meio técnico-científico-informacional, espaço do artifício, formado, sobretudo, pelo Sul e pelo Sudeste; do outro, o restante do território nacional.
SANTOS, Mílton. Entenda sua época. Folha de S.Paulo, São Paulo, 13 abr. 1997. p. 5-9. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs130419.htm. Acesso em: 15 set. 2015.
LEGENDA: Imagem noturna da América do Sul obtida por satélites em 2012.
FONTE: NOAA & Earth Observatory/Nasa
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