1 Luiz Fernandes de Oliveira



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Identidade de gênero e orientação sexual através dos tempos e das culturas

A humanidade, ao longo da história e em diferentes culturas, criou modos diferentes de lidar com o gênero e a sexualidade. Dependendo do momento histórico e da sociedade que se olha, encontramos culturas que lidavam de maneira mais restritiva ou mais flexível com relação à orientação sexual e à possibilidade de transitar entre os gêneros. Apesar destes temas parecerem novos, há registros de práticas homossexuais ou de experiências trans (usando palavras de hoje para falar do passado) desde a Antiguidade. São bastante conhecidos os relatos de relacionamentos e práticas homossexuais na Grécia Antiga e no Império Romano. Na América do Sul, há registro de práticas homossexuais socialmente aceitas entre os tupinambás. Os tibira e as çacoaimbeguira (palavras de origem Tupi) eram homens e mulheres que mantinham relações com pessoas do mesmo sexo, sem, necessariamente, assumirem o lugar social do outro gênero (MOTT, 1992).

Já entre povos indígenas norte-americanos encontramos modos próprios de lidar com o que hoje chamaríamos de experiências trans. Os yuman acreditavam em uma "mudança de espírito" que podia acontecer na puberdade. Depois de sonharem serem mulheres, jovens homens passavam a adotar um comportamento feminino e eram então chamados de elxa. As mulheres que passavam pelo mesmo processo recebiam o nome de kwe'rhame.

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Ambos passam a assumir na comunidade o lugar do seu novo gênero e não mais do que lhes foi atribuído no nascimento (GREEN, 1998).

Os séculos que se seguiram à chegada de europeus na América foram de severa repressão a práticas que eram consideradas imorais ou pecaminosas para os colonizadores cristãos. A dominação colonial trouxe consigo a imposição de uma moral judaico-cristã, que estabelecia uma hierarquia de gênero com lugares e comportamentos muito definidos para homens e mulheres, enxergava o sexo e o prazer como pecado e condenava qualquer prática sexual que não fosse voltada exclusivamente à reprodução. Essa moral judaico-cristã vai ser levada também a outros lugares do mundo colonizados pela Europa, na África, na Ásia e na Oceania.

A expansão do Islamismo, que também traz discursos de condenação de práticas homossexuais, vai colaborar também para a disseminação de uma cultura de repressão sexual e de gênero, especialmente no Oriente Médio e na África.

A isso se soma o discurso médico que, no século XIX, vai categorizar como doença práticas fora do que a moral da época considerava normais.

Todo esse histórico faz com que cheguemos ao início do século XX com a homossexualidade sendo criminalizada e/ou perseguida em quase todo o mundo. Mas, apesar de toda esta repressão, pessoas continuaram fazendo sexo e se relacionando com outras do mesmo gênero e transitando entre o masculino e o feminino (ou rompendo com essas polaridades do masculino e do feminino). E, a partir da segunda metade do século passado, esses sujeitos vão começar a ganhar mais visibilidade, construir identidades coletivas e se organizar para reivindicar direitos.

No s anos de 1950 e 1960, gays, lésbicas e trans começaram a formar comunidades em grandes cidades como Nova York, São Francisco, Paris, Londres e também na América Latina (MOTT, 2000). Viviam ali um misto de tolerância e perseguição: podiam desfrutar de certa liberdade, mas eram alvo rotineiro de repressão policial e da ação de grupos conservadores. Um marco internacional do movimento por direitos de trans e homossexuais foram os conflitos ocorridos em Nova York no final da década de 1960, em que trans, lésbicas e gays enfrentaram os policiais que sistematicamente os extorquiam, agrediam e realizavam prisões arbitrárias nos bares que frequentavam, como o Stonewall Inn - onde a revolta começou e que acabou dando nome ao episódio.

Boxe complementar:

(...) Uma explosão de raiva e frustração prolongou-se por dois dias e duas noites, numa dimensão nunca antes vista. Daí em diante, o "orgulho de ser gay e lésbica" tornou-se, além de uma palavra de ordem, o ponto de partida na luta contra a discriminação, o preconceito e a intolerância social contra os homossexuais.

(MELLO, 2005, p. 199)

Fim do complemento.



FONTE: www.cristanwilliams.com



FONTE: www.cristanwilliams.com



LEGENDA DAS FOTOGRAFIAS: Imagens históricas da revolta de Stonewall, em Nova York, EUA, 1969.

FONTE: www.cristanwilliams.com

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A data da Revolta de Stonewall, 28 de junho de 1969, passou a ser considerada como o "Dia Internacional do Orgulho Gay/Lésbico" e é comemorada em Paradas do Orgulho em muitas cidades do mundo.

Movimento social

A despeito de grupos de convivência e espaços de socialização bem mais antigos, podemos dizer que um movimento homossexual, com uma intencionalidade política assim definida, surgiu no Brasil no final da década de 1970 (FACCHINI, 2005, p.88). Essa aparição tardia - se comparada com países com perfil semelhante, como México e Argentina, que viveram esse momento já nos finais dos anos 60 - pode ser justificada talvez pela repressão - política e moral - imposta pela ditadura militar brasileira, especialmente a partir de 1968.

Boxe complementar:

Quando o regime militar resolveu evitar uma explosão social ao implementar um processo de liberalização política lento e gradual em meados dos anos 70, alguns grupos imediatamente se reuniram para questionar as noções hegemônicas da homossexualidade, que a consideravam um comportamento pervertido e doentio. Embora os grupos que se formaram dos fins dos anos 70 em diante não evoluíssem para movimentos de massa, eles conseguiram provocar debates nacionais sobre temas como parceria civil, discriminação e violência social contra homossexuais."

(GREEN, 2000, p.454)

Fim do complemento.

Em 1978 foi fundado o "Somos", em São Paulo, primeiro grupo que reconhecidamente tinha os direitos dos homossexuais como bandeira. Em 1980 aconteceu o I Encontro Brasileiro de Homossexuais (Ebho), reunindo mais de seis grupos e seiscentas pessoas. Nessa época foi fundado, no Rio de Janeiro, um jornal voltado para a comunidade homossexual, o Lampião da Esquina, que funcionou entre 1978 e 1981 (SALGADO; PIMENTA JR., s/d).

Muito pouco tempo depois desse florescer, o movimento homossexual brasileiro, ainda incipiente, vai ser fortemente atingido pela epidemia da Aids. Mas, se por um lado a Aids marcou violentamente a comunidade homossexual, tanto pelo estigma cultural quanto pelas mortes concretas de muitas pessoas, inclusive ativistas e lideranças, por outro ela trouxe uma visibilidade antes nunca alcançada. Fala-se, na televisão, nos jornais, nas revistas e nos documentos oficiais, sobre como e onde vivem e circulam os homossexuais, como eles fazem sexo, como eles se relacionam - e como sobrevivem (TREVISAN, 2004).



LEGENDA: Exemplares do jornal Lampião da Esquina.

FONTE: Reprodução

Já na década de 1990 o movimento volta a se ampliar. Aumenta o número de grupos, a periodicidade dos encontros, muitos deles agora acontecendo paralelamente a eventos de combate à epidemia de Aids. Para além dos gays, lésbicas, travestis e transexuais começam a ganhar mais visibilidade. Em 1995 acontece também a primeira marcha reunindo lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), no Rio de Janeiro, como finalização das atividades de um encontro internacional organizado na cidade.

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Desde o início, o objetivo desta e de tantas outras marchas e paradas realizadas no Brasil foi, em especial, visibilizar os sujeitos, denunciar a violência homofóbica e defender bandeiras de luta do movimento, como o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas trans e a criminalização da homofobia.



Nos anos seguintes, as Paradas vão ampliando seu público e se consolidando como o espaço principal de manifestação e visibilidade.

Mas é nos primeiros anos do século XXI que elas ganham uma expressão que ultrapassa, no caso de Rio e especialmente de São Paulo, a cifra de um milhão de pessoas. Hoje as paradas não se restringem mais ao centros das grandes cidades e acontecem em pequenas cidades no interior e nas periferias dos centros urbanos.



LEGENDA: Parada LGBT de São Paulo, que já reuniu até 3 milhões de pessoas, em 2013.

FONTE: Avener Prado/Folhapress

LEGENDA: Parada LGBT do Orgulho na Favela da Maré, no Rio de Janeiro, em 2013.

FONTE: Fábio Seixo/G1-Extra

Essa visibilidade vai se expressar também na expansão de um mercado de consumo específico - agências de turismo, hotéis, revistas, bares, boates, lojas e marcas. Uma inclusão, segundo alguns especialistas, restrita a homossexuais e trans que tenham dinheiro para pagar.

Desde meados da década de noventa, é possível também encontrar uma presença mais marcante e permanente - e talvez numa abordagem menos estereotipada - nos meios de comunicação, especialmente na televisão (TREVISAN, 2004, p. 375). Personagens homossexuais, bissexuais e trans nas novelas e programas de TV, aparecendo não como motivo de piada, pena ou condenação, tiveram importante impacto no debate público sobre orientação sexual e identidade de gênero.

Hoje a internet está repleta de conteúdos que discutem abertamente essas questões e esses são temas de debate acalorado nas redes sociais.

Essas mudanças parecem ter produzido resultados nas políticas públicas e muitos governos têm investido em ações (ainda que tímidas) para o combate à discriminação e o reconhecimento e valorização das diferenças.

Já no que se refere ao Poder Legislativo, apesar de já terem sido eleitos dois deputados federais abertamente homossexuais, até hoje não se conseguiu aprovar nenhuma legislação que trate especificamente da questão da orientação sexual ou da identidade de gênero. Em compensação, vários estados e municípios criaram leis que protegem contra a discriminação homofóbica e transfóbica.

Mas é no Judiciário que residem os maiores avanços. No dia 05 de maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar ações ajuizadas pela Procuradoria-Geral da República, acolheu uma das reivindicações históricas do movimento: o reconhecimento legal da união estável de casais do mesmo sexo. Algum tempo depois, o Supremo Tribunal de Justiça abriu caminho para que casais homossexuais pudessem finalmente ter direito ao casamento civil. Com essa medida, o Brasil se equiparou a outros países que já haviam regulamentado as uniões homoafetivas, como grande parte da Europa, a Argentina e o Uruguai (ver BIMBI, 2013). Nos EUA, o reconhecimento legal do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo foi aprovado pelo Judiciário americano em 26 de junho de 2015, com grande impacto nas redes sociais e nos meios de comunicação.

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LEGENDA: Casamento coletivo realizado em Fortaleza, em junho de 2014.

FONTE: Tatiana Fortes/O Povo

É também na Justiça que pessoas trans têm conseguido a mudança do nome e do sexo no registro civil. Não há hoje nenhuma lei federal que regule o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas trans e que lhes permita a alteração do pré-nome de registro de forma simples e ágil. Sendo assim, buscam-se estratégias para que o nome e o gênero pelos quais elas se identificam sejam reconhecidos, inclusive nas escolas. No Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), por exemplo, já é possível para pessoas trans se inscreverem e serem tratadas pelo seu nome social. O Ministério da Educação já recomenda que todas as escolas e universidades reconheçam a identidade de gênero de pessoas trans.



LEGENDA: PREPARANEM, grupo de militantes formaram um curso preparatório para o ENEM voltado a pessoas trans.

FONTE: Reprodução/Casanuvem.com

LEGENDA: Amanda Palha, travesti, classificada em primeiro lugar para Serviço Social na Universidade Federal de Pernambuco, em 2016.

FONTE: Reprodução do Facebook

Boxe complementar:

NOME SOCIAL

No processo de construção de sua identidade de gênero, pessoas trans em geral assumem um nome social, que vem substituir, nas suas relações, o nome de registro civil. A assunção deste nome social não é mero detalhe, mas, pelo contrário, está intimamente ligada à afirmação de sua identidade. Quando uma instituição, uma empresa ou alguém não se dirige a essas pessoas utilizando o nome social que reflete sua identidade de gênero, nega-lhes o reconhecimento de sua própria identidade, contribuindo inclusive para torná-las mais vulneráveis a situações de violência e discriminação.

(BRASIL, 2015)

Fim do complemento.

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Mesmo com todos ess as transformações, a discriminação e a violência contra pessoas trans e homossexuais segue se repetindo no Brasil e no mundo. Em 2015, o número de países que criminalizam a homofobia chegava a 78. A pena de morte para os homossexuais, por sua vez, ainda está presente em países como Arábia Saudita, Irã, Mauritânia e Iêmen, e em regiões da Nigéria e da Somália (cf. MELLO, 2005, p. 202; MELO, 2015).



"Trata-se de questões bem concretas, e não de um embate entre ideias. Os movimentos sociais que têm o gênero como parte da sua agenda denunciaram e continuam a denunciar o fato de que alguns indivíduos, pelas suas características, têm menos chances do que outros de ser respeitados e são alvos de violências e humilhações cotidianas. (...) A violência contra a população homossexual se ancora no entendimento de que existem formas corretas de amar e se relacionar com outras pessoas, enquanto outras seriam desvios que marcam os indivíduos negativamente, fazendo com que integrem o grupo dos que poderiam ser violentados e torturados sem que isso gere sobressaltos ou fira a democracia" (BIROLI, 2015).

De outro lado, os direitos civis de homossexuais e trans têm cada vez mais sido garantidos em países de todos os continentes.

Depois de tudo o que você leu, aprendeu e discutiu neste capítulo sobre diversidade sexual e de gênero, qual a sua percepção sobre os temas que trabalhamos aqui?

FONTE: Reprodução: ilga.org

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Interdisciplinaridade

Conversando com a Biologia



Reprodução humana: ampliando perspectivas

Roney Polato

Quando limitamos a abordagem da sexualidade somente à prática sexual e vinculamos a prática sexual ao objetivo reprodutivo, ignoramos uma série de dimensões e experiências que vão para além desse modelo restrito. A prática sexual heterossexual monogâmica com objetivo reprodutivo é apenas uma das possibilidades de vivência e prática sexual (nem de longe majoritária).

Em primeiro lugar, é importante pensar que nós não nos reproduzimos simplesmente. Nós temos filhos/as. Esse é um processo que envolve fatores anatômicos e fisiológicos, mas também culturais, sociais e econômicos. Um processo em que se colocam em questão muitas coisas, como saúde, responsabilidades, autonomia, vulnerabilidades, ciência e informação. Essa perspectiva é fundamental para pensarmos de modo mais crítico e amplo sobre temas como a maternidade e a paternidade, a interrupção da gravidez, quando discutimos taxas de natalidade e fecundidade, ou a gravidez na adolescência - só para citar alguns exemplos.

Se, por um lado, a reprodução não é o objetivo óbvio nem natural de toda relação sexual, ela também não é apenas uma sequência linear de acontecimentos (da fecundação ao parto), mas um processo amplo, imerso num complexo de relações humanas, construções sociais e experiências de vida.



Reproduções

Uma primeira ideia que deve ser problematizada é a de que a maternidade e paternidade só são possíveis para as pessoas heterossexuais. Esse equívoco advém da ideia de que casais homossexuais não podem - ou não querem - ter filhos/as ou constituir famílias porque, em princípio, não poderiam realizar a função biológica da reprodução. Mas, ter filhos/as depende da fertilidade das pessoas (fator biológico) e da sua vontade, e não da orientação sexual (ser heterossexual, bissexual, homossexual, etc.). Além disso, existem diferentes maneiras de se ter um/a filho/a (inclusive biologicamente).

Pesquisas médicas e biológicas vêm desenvolvendo, cada vez mais, diferentes formas de reprodução assistida, que permitem que pessoas com problemas na produção de gametas, ou com diferentes formações anatômicas e fisiológicas, orientações sexuais ou identidades de gênero possam vivenciar a experiência de ter filhos/as.

É preciso discutir, além dos processos biológicos, as questões éticas, sociais e culturais envolvidas. Discutir como casais com diversas orientações sexuais e identidades de gênero podem ter filhos/as é uma boa oportunidade de debate.



O caso Thomas Beatie

Thomas Beatie é um homem transexual. Apontado como menina no nascimento, Thomas construiu uma identidade masculina. Fez também uma série de transformações corporais, mas não se submeteu à cirurgia de transgenitalização. Depois de algum tempo casado, Thomas e sua mulher (cis) decidiram ter um/a filho/a. A mulher de Thomas, no entanto, havia feito, quando mais nova, uma histerectomia. Ela não poderia engravidar. Thomas então parou de fazer o tratamento hormonal que vinha fazendo, voltou a ovular, foi feita uma inseminação artificial e ele engravidou. Beatie, que já vivia há cinco anos ao lado de sua esposa Nancy, no Arizona (EUA), ganhou os holofotes da mídia após dar à luz uma menina em 2008. As imagens de Thomas, com todo o estereótipo cultural masculino (barba, bigode, cabelos curtos, roupas masculinas) exibindo uma enorme barriga de grávido sem dúvida desperta muitas inquietações em muitas pessoas.

Pesquise um pouco mais sobre esse caso, leia matérias na mídia e tente se informar mais sobre os procedimentos, tanto do processo transexualizador (processo ao qual as pessoas transexuais devem se submeter caso desejem realizar a cirurgia de transgenitalização), quanto das técnicas de reprodução assistida e de inseminação artificial. Algumas questões que podem ser abordadas são: a) a própria inseminação artificial, seus procedimentos e possibilidades; b) o quanto a ciência e a tecnologia influenciam nossas relações sociais e nossa cultura - inclusive pondo em questão algumas concepções morais; c) o que a história de Thomas nos ensina sobre sexualidade e reprodução?

Roney Polato de Castro é Licenciado em Ciências Biológicas (UFJF), mestre e doutor em Educação pela UFJF, onde leciona atualmente. Foi professor no Ensino Fundamental.

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Interatividade



Revendo o capítulo

1 - Qual a diferença entre sexo e gênero? E o que significam os conceitos de orientação sexual e identidade de gênero?

2 - De que maneira a homofobia e transfobia se materializam?

3 - Faça uma reflexão sobre as transformações que aconteceram a partir da metade do século XX e que garantiram o avanço dos direitos de pessoas trans e homossexuais.



Dialogando com a turma

1- Você se considera preconceituoso com relação a homossexuais e pessoas trans? Que ideias você tem sobre o assunto? De onde você acha que vêm suas concepções sobre gênero e orientação sexual? Você já viveu algum tipo de discriminação? Quais as semelhanças e as diferenças entre o preconceito que você já sofreu e o que atinge homossexuais e pessoas trans?

2- Pesquise em equipe e apresente para a turma informações a respeito das batalhas políticas travadas no país durante o ano de 2015 em relação à chamada "ideologia de gênero" nas escolas, apresentando os argumentos das partes em confronto. Esse embate ocorreu no município em que você reside? Aproveite para diferenciar o termo "ideologia de gênero" dos conceitos que você aprendeu neste capítulo.

Verificando o seu conhecimento

1 - (ENEM, 2010)

A primeira instituição de ensino brasileira que inclui disciplinas voltadas ao público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) abriu inscrições na semana passada. A grade curricular é inspirada em similares dos Estados Unidos da América e da Europa. Ela atenderá jovens com aulas de expressão artística, dança e criação de fanzines. É aberta a todo o público estudantil e tem como principal objetivo impedir a evasão escolar de grupos socialmente discriminados.

O texto trata de uma política pública de ação afirmativa voltada ao público LGBT. Com a criação de uma instituição de ensino para atender esse público, pretende-se:

(A) contribuir para a invisibilidade do preconceito ao grupo LGBT.

(B) copiar os modelos educacionais dos EUA e da Europa.

(C) permitir o acesso desse segmento ao ensino técnico.

(D) criar uma estratégia de proteção e isolamento do grupo.

(E) promover o respeito à diversidade sexual no sistema de ensino.

2 - (ENEM, 2010)

"Pecado nefando" era expressão correntemente utilizada pelos inquisidores para a sodomia. Nefandus: o que não pode ser dito. A Assembleia de clérigos reunida em Salvador, em 1707, considerou a sodomia "tão péssimo e horrendo crime", tão contrário à lei da natureza, que "era indigno de ser nomeado" e, por isso mesmo, nefando.

O número de homossexuais assassinados no Brasil bateu o recorde histórico em 2009. De acordo com o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais (LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis), nesse ano foram registrados 195 mortos por motivação homofóbica no país.

A homofobia é a rejeição e menosprezo à orientação sexual do outro e, muitas vezes, expressa-se sob a forma de comportamentos violentos. Os textos indicam que as condenações públicas, perseguições e assassinatos de homossexuais no país estão associadas:

(A) à baixa representatividade política de grupos organizados que defendem os direitos de cidadania dos homossexuais.

(B) à falência da democracia no país, que torna impeditiva a divulgação de estatísticas relacionadas à violência contra homossexuais.

(C) à Constituição de 1988, que exclui do tecido social os homossexuais, além de impedi-los de exercer seus direitos políticos.

(D) a um passado histórico marcado pela demonização do corpo e por formas recorrentes de tabus e intolerância.

(E) a uma política eugênica desenvolvida pelo Estado, justificada a partir dos posicionamentos de correntes filosófico-científicas.

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Pesquisando e refletindo

LIVROS

MACRAE, Edward. O que é homossexualidade. São Paulo: Brasiliense, 1983.

Neste livro os autores formulam argumentações científicas para questionar a rígida separação entre comportamento convencional feminino e masculino, problematizando a moral sexual vigente e suas relações de poder. Eles discutem como os papéis sexuais e as relações de gênero produzem-se histórica e socialmente, não sendo dados de uma natureza biológica universal.

LEVITHAN, David. Dois garotos se beijando. Rio de Janeiro: Galera Record, 2015.

O livro enfoca a diversidade sexual através de várias histórias e personagens, tendo como protagonistas jovens que sofrem preconceitos e que são marginalizados em função da sua orientação sexual.

FILMES

BILLY ELLIOT (Reino Unido, 2000). Direção: Stephen Daldry. Elenco: Jamie Bell, Julie Walters, Gary Lewis. Duração: 111 min.

Billy Elliot é um garoto de 11 anos que vive numa pequena cidade do interior da Inglaterra. O pai o obriga a treinar boxe, mas Billy fica fascinado com o balé, ao qual tem contato através de aulas de dança clássica realizadas na mesma academia. Incentivado pela professora de balé, ele troca o boxe pela dança, mesmo tendo que enfrentar seu pai e seu irmão.

MILK - A VOZ DA IGUALDADE (Milk, EUA, 2008). Direção: Gus Van Sant. Elenco: Sean Penn, Emile Hirsch, Josh Brolin, Diego Luna, James Franco. Duração: 128 min.

Harvey Milk é um nova-iorquino que, para mudar de vida, decidiu morar e trabalhar com seu namorado Scott em São Francisco, no início dos anos 1970. Enfrentando a violência e o preconceito da época, com a colaboração de amigos e voluntários (não necessariamente homossexuais), Milk entra numa intensa batalha política e consegue ser eleito o primeiro gay assumido a alcançar um cargo público de importância nos Estados Unidos.

INTERNET

DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS - FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO: http://bit.ly/12caOse

Nesta página você encontra uma grande pesquisa sobre "Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil: Intolerância e respeito às diferenças sexuais". Expressa em gráficos e tabelas, a pesquisa mostra as tensas relações de gênero e entre heterossexuais e outras orientações sexuais existentes no Brasil. Um ótimo instrumento para analisar sociologicamente estas relações. Acesso: janeiro/2016.

GADVS - GRUPO DE ADVOGADOS PELA DIVERSIDADE SEXUAL E DE GÊNERO: http://www.gadvs.com.br/

Página organizada por advogados que assumem causas em defesa dos direitos da população LGBTI. Além da legislação, o site apresenta artigos e livros, notícias diversas e manifestações do grupo. Informa também onde denunciar a discriminação homofóbica. Acesso: janeiro/2016.

MÚSICAS

MENINOS E MENINAS - Autores: Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá. Intérpretes: Legião Urbana.

A solidão de quem é desrespeitado apenas por querer viver neste mundo tão complicado, que não aceita a diferença.

PAULA E BEBETO - Autores: Milton Nascimento e Caetano Veloso. Intérpretes: Gal Costa; Milton Nascimento.

A música ficou marcada pela frase "Qualquer maneira de amor vale a pena", que passou a ser frequentemente utilizada em manifestações a favor dos direitos LGBT.

FILME DESTAQUE

TOMBOY (França, 2011).

FICHA TÉCNICA:

Direção: Céline Sciamma.

Elenco: Zoé Héran, Malonn Lévana, Jeanne Disson.

Duração: 82 min.



FONTE: Reprodução

Laure é uma garota de 10 anos, que vive com os pais. A família se mudou há pouco tempo e, com isso, não conhece os vizinhos. Um dia resolve ir na rua e conhece Lisa, que a confunde com um menino. O filme aborda a experiência da transexualidade vivida por uma criança - e todos os estigmas e enfrentamentos a partir daí.

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