1 Luiz Fernandes de Oliveira



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Pesquisando e refletindo

LIVROS

BRANDÃO, Carlos R. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1995.

O autor nos mostra que a educação pode ocorrer onde não há escola e por toda parte pode haver redes e estrutura sociais de transferência de saber de uma geração a outra. O desenvolvimento cultural da humanidade levou o homem a transmitir conhecimento, criando instituições e situações sociais de ensinar-aprender-ensinar.

DOUGLAS, Mary. Como as instituições pensam. São Paulo: Edusp, 2007.

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Livro que discute sobre a solidariedade e cooperação, tendo como ponto de partida o estudo de diferentes sociedades e comunidades e como elas se relacionam com as instituições. Procura responder a uma velha pergunta da Sociologia: de que modo as instituições interferem nos pensamentos das pessoas?



FILMES

INIMIGO DE ESTADO (Enemy of the State, EUA, 1998). Diretor: Tony Scott. Elenco: Will Smith, Gene Hackman, Jon Voight, Regina King. Duração: 128 min.

O filme tem como ponto de partida o assassinato do congressista Phillip Hammersley por um órgão do governo, logo após ele ter se declarado radicalmente contra uma lei que, em nome da segurança nacional, permitiria que houvesse uma total invasão de privacidade e monitoramento dos cidadãos por parte do Estado.

CARANDIRU (Brasil, 2003). Direção: Hector Babenco. Elenco: Luiz Carlos Vasconcelos, Mílton Gonçalves, Aílton Graça, Maria Luísa Mendonça. Duração: 148 min.

Um médico (Luiz Carlos Vasconcelos) se oferece para trabalhar no maior presídio da América Latina, o Carandiru (SP). Lá ele convive com a realidade atrás das grades, que inclui violência, superlotação das celas e instalações precárias. Porém, apesar de todos os problemas, o médico logo percebe que os prisioneiros não são figuras demoníacas, existindo dentro da prisão solidariedade, organização e uma grande vontade de viver.

INTERNET

SOCIOLOGIA APLICADA AO ALUNO - "INSTITUIÇÕES SOCIAIS": http://bit.ly/1gGFlbS

Blog organizado pela professora de Sociologia Marilia Quentel Corrêa, de Joinville, SC. Além da síntese sobre "Instituições sociais", destacada aqui, a página conta com outros textos que podem contribuir para a pesquisa e a leitura dos estudantes de Ensino Médio. Acesso: janeiro/2016.

SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO - "INSTITUIÇÕES SOCIAIS": http://bit.ly/VKfdYg

Outro blog organizado voltado para a Sociologia no Ensino Médio que apresenta uma síntese sobre "Instituições sociais", entre outros temas. Vale conferir. Esta página é de responsabilidade da professora Luciana Paula da Silva de Oliveira. Acesso: fevereiro/2013.

MÚSICAS

ANOTHER BRICK IN THE WALL (Outro Tijolo na Parede). Autor: Roger Waters. Intérpretes: Pink Floyd.

Crítica radical à instituição escola: "Não precisamos de nenhuma educação, não precisamos de controle mental (...): Professores, deixem as crianças em paz!"

PROTEÇÃO - Autores e intérpretes: Plebe Rude.

As forças policiais são instituições sociais organizadas para nos proteger? Para proteger o Estado? Para segurança de quem? Eis as questões colocadas pela música.

FILME DESTAQUE



SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS

(Dead Poets' Society)

FICHA TÉCNICA:

Direção: Peter Weir

Elenco: Robin Williams, Ethan Hawke

Duração: 129 min.

(EUA, 1989)

FONTE: Touchstone Pictures/ Peter Weir

SINOPSE:

Em 1959, na tradicional escola preparatória, Welton Academy, um ex-aluno (Robin Williams) se torna o novo professor de literatura, mas logo seus métodos de incentivar os alunos a pensarem por si mesmos cria um choque com a ortodoxa direção do colégio, principalmente quando ele fala aos seus alunos sobre a "Sociedade dos Poetas Mortos".

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Aprendendo com jogos



The Sims (Electronic Arts, 2012)

QUAL O SEU PROJETO DE VIDA?



FONTE: Divulgação/ Electronic Arts



The Sims é um jogo que se propõe ser um simulador da vida real, onde o jogador controla as ações diárias de um ou mais personagens. Você pode tomar decisões a respeito da profissão que quer seguir, se quer se casar, ter filhos, que objetos gostaria de ter em casa, o que assistir no final da tarde de domingo. O objetivo do nosso jogo é discutirmos as interações entre indivíduo e sociedade a partir da ideia de "projeto de vida".

Como jogar:

1. Baixe uma versão gratuita do jogo para PC. Se preferir, há versões gratuitas para dispositivos móveis, inclusive. Você pode encontrá-las aqui: http://goo.gl/fseS5t

2. Você deve escrever o projeto de vida para seus avatares no jogo. Esses projetos irão orientar as suas decisões com os personagens da simulação, ok?

3. Anote toda a decisão que afetar a rotina do seu personagem no jogo e mantenha um diário sobre isso, comentando por que tomou certa decisão.

4. Ao final do prazo determinado para a execução do jogo entregue o seu diário ao professor ou à professora.

5. Depois que tiver seu diário devolvido, compare o projeto de vida de seus avatares com o diário que redigiu ao longo do jogo e discuta com os seus colegas de classe as limitações do jogo para a realização plena do projeto de vida.

6. Responda às perguntas:

a) Quais as diferenças entre o projeto de vida de meu avatar e o que aconteceu realmente no jogo? Consegui realizar tudo o que previ para o meu personagem? Por quê?

b) Que tipo de limitação o jogo traz para a construção do meu personagem?

c) Em sociedade, há algum tipo de limitação para o desenvolvimento dos projetos de vida das pessoas?

d) De que maneira o jogo poderia se aproximar mais da realidade?

e) O que é determinante para a vida do sujeito: suas escolhas ou a estrutura de relações em que vive? Por quê?

7. No prazo determinado, apresente suas respostas em sala e discuta as respostas de seus colegas.

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Capítulo 4 - "Torre de Babel": culturas e sociedades

Hoje em dia temos contato, através da internet, com vários sites, blogs, redes sociais etc. Em fevereiro de 2010 foi veiculada em um site a seguinte mensagem, com um pedido de ajuda ao final:

Boxe complementar:

FAMÍLIA DO NAMORADO, SEM CULTURA. AJUDA?

Gente, a família do meu namorado é sem cultura, para não dizer outra coisa. Não gosto da família dele, mas ele não sabe, nem ir em lugares onde o chamam, porque me sinto deslocada. Eu gosto de gente com educação, que saibam falar e comer direito, sem aquelas piadinhas que agente (sic.) dá risada por educação. Agora me chamaram para uma festinha que vai ter. O pior é que não curto esse pessoal, na verdade odeio. Acho eles sem educação demais, até o modo de falar. O que eu faço?

Fonte: http://bit.ly/14gf4di

Acesso: Jan./2016

Fim do complemento.



Cultura no senso comum

Da mesma forma que na mensagem citada, quem já não ouviu pelas ruas a frase "Fulano não tem cultura, ele é um ignorante quando se trata de discutir coisas sérias"?

Esse é um dos modos, no senso comum, de se definir a ideia ou conceito de cultura. Quando utilizamos essa forma de definição, estamos nos referindo a pessoas que não tiveram acesso a determinadas informações e saberes durante a sua vida - saberes que podemos julgar como mais "sofisticados". Assim, estamos nos referindo e criticando o tipo de educação que essas pessoas receberam durante a sua vida - ou, colocando a questão de outra forma, estamos afirmando que essas pessoas "não tiveram educação". Este tipo de avaliação sobre aquelas pessoas que julgamos como "sem cultura" leva em conta, evidentemente, o que podemos chamar de falta de acesso à educação formal, ou seja, por ter frequentado pouco a escola, essas pessoas possuem poucas leituras e, consequentemente, além de falar o português de forma "errada", têm uma capacidade menor de compreender certas situações ou dados da realidade em que vivem.

Sob esta ótica, cultura se torna um termo para classificar os indivíduos, as pessoas com as mesmas afinidades e até grupos inteiros, de forma generalizante. Um exemplo disso seria uma pessoa nascida em São Paulo ou no Rio de Janeiro se referir aos nordestinos como pessoas que "não têm cultura" ou que "são todos analfabetos". Neste sentido, então, a ideia de cultura, no senso comum, estaria sendo usada para discriminar indivíduos e grupos, servindo como instrumento de um julgamento e uma possível ação preconceituosa. Citamos aqui como exemplo de alvo de discriminação e preconceito os brasileiros que nasceram na região Nordeste e que migraram para o Sul em busca de trabalho, sendo vistos quase como "estrangeiros dentro de seu próprio país".

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Mas poderíamos nos referir a outras pessoas que, dependendo do contexto, também podem ser vistas por alguns de forma preconceituosa, como os pobres, os moradores de favelas, os negros, os índios, os ciganos, as mulheres etc.



Mas será mesmo que a palavra cultura pode ser usada somente neste sentido preconceituoso? Bem, vamos responder a esta pergunta conhecendo outras duas formas de definir o conceito de cultura.

LEGENDA: Ao se usar o termo "sem cultura" no senso comum - no sentido da falta de acesso a informações e saberes "sofisticados" - pode-se cair no erro de considerar que os povos indígenas no Brasil "não têm cultura". Na foto, garotos da comunidade Assurini participantes dos Jogos dos Povos Indígenas, em Paragominas - PA, em 2009.

FONTE: Janduari Simões/Folhapress

Cultura como representação da realidade

Cultura é um termo de origem latina e que tem ligação com o verbo "cultivar", no sentido de ser um meio de se buscar o crescimento - daí, por exemplo, a palavra agri cultura. Essa ideia de se "buscar o crescimento" em termos de formação intelectual do homem, desejada como a mais ampla que se pudesse alcançar, foi utilizada de maneira usual a partir do Iluminismo, na Europa do século XVIII. " Cultura compreendia, então, tudo aquilo que um indivíduo deveria adquirir para se tornar uma pessoa moral e intelectual, no sentido mais pleno possível" (SIMÕES; GIUMBELLI, 2010, p. 188). E então, você percebeu como essa ideia, reproduzida até os dias de hoje, pode ser relacionada com o significado que o senso comum atribui à cultura? Pois é, podemos dizer que isso explica alguma coisa... Daí, afirmarmos que alguns "têm mais cultura" do que outros, em razão do seu acesso a essa "formação intelectual mais ampla", que pode incluir não somente a educação formal, adquirida nas escolas, como também, como um aperfeiçoamento posterior desse saber - e acessível a um número bem menor de pessoas -, o gosto "refinado" pelas artes plásticas, pela literatura, pela música clássica.



LEGENDA: "Chorinho", Portinari. Rio de Janeiro, 1942. Série Os Músicos. Obra executada para decorar a sede da Rádio Tupi do Rio de Janeiro, RJ.

FONTE: Acervo do Projeto Portinari

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Voltando mais ainda no tempo histórico, podemos dizer que o ato do ser humano de transformar a natureza pode ser entendido como uma primeira definição de cultura. Afinal, os homens e as mulheres são diferentes dos animais, pois eles são "inventores do mundo". Isto significa dizer que os seres humanos são os únicos que não se submeteram totalmente à natureza, mas sim a transformam. Cultura, portanto, pode ser definida por oposição à natureza. Trata-se da intervenção que o homem fez - utilizando sua capacidade intelectual, sua criatividade - no mundo natural que se encontrava ao seu redor. Esse longo processo de adaptação do meio ambiente original para um ambiente que podemos chamar de "cultural", em função da intervenção humana, teve início há cerca de quinze milhões de anos. Desde então, segundo o antropólogo Denys Cuche, os instintos humanos foram sendo "substituídos" de forma progressiva pela cultura. Discorrendo a respeito, ele escreveu que a cultura permitiu ao ser humano "não somente adaptar-se a seu meio, mas também adaptar este meio ao próprio homem, a suas necessidades e seus projetos" (CUCHE, 1999, p. 10). Nosso mundo, portanto, é resultado desse processo; é resultado - podemos dizer - da cultura.



Assim, o ser humano, ao contrário dos animais, não vive de acordo com seus instintos, mas sim a partir da sua capacidade de pensar a realidade que o cerca e de construir significados. Estes são realizações culturais, que se transformam em símbolos. Os símbolos são representações dos homens sobre a sua realidade, e não estão presentes em todas as sociedades da mesma forma, variando de acordo com o tempo histórico e com o espaço físico e geográfico.

Vamos imaginar, a título de exemplo, como seriam duas necessidades básicas de homens e mulheres com a mediação da cultura: a alimentação e o ato sexual para reprodução.

Em nossa sociedade comemos qualquer coisa, mesmo que seja considerada nutritiva? Na sociedade em que vivemos as formigas são comidas? Por que em determinadas sociedades ingere-se carne de porco e em outras há restrições até de ordem religiosa?

Apesar da carne de porco e das formigas poderem ser considerados como alimentos, pelo fato de serem comprovados cientificamente como nutritivos, dependendo do entendimento de algumas sociedades, eles não são comestíveis. Por quê? Simplesmente porque cada comida tem um significado cultural para uma determinada sociedade. Até mesmo a forma como se come. Por exemplo: enquanto no Brasil nós misturamos várias comidas num mesmo prato, na Itália a maioria dos seus habitantes separa as comidas na hora do almoço e do jantar: primeiro as verduras, depois uma massa e em seguida uma carne.

Em uma de suas obras, o sociólogo alemão Norbert Elias (1994) relata que, na Idade Média, os franceses comiam com as mãos um cabrito inteiro sobre a mesa, arrotavam e cuspiam os ossos no chão. Séculos depois, esse hábito alimentar mudou. Passaram a utilizar talheres e desapareceram certos hábitos, como o de levar à mesa um animal inteiro, o arroto etc.

LEGENDA: A forma como se come é um ato tipicamente cultural. Na foto, amigos de nacionalidades diversas compartilham prato de comida à moda árabe (comer com as mãos e no chão). Porém, um deles optou por usar a colher. Eckerd College, 2012.

FONTE: Thomas Sertã

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No que diz respeito ao ato sexual, podemos observar que, em algumas situações, o contato físico inicial entre um homem e uma mulher é muito diferente em diversas sociedades. Por exemplo: durante a Segunda Guerra Mundial, os soldados americanos, estacionados em Londres, entraram em choque com os costumes das prostitutas locais, que não se deixavam beijar na boca por considerar esta atitude nojenta antes do ato sexual.



Só para ficarmos nestes dois exemplos sobre dois atos básicos do ser humano, o alimentar e o sexual, percebemos que eles não são iguais para todas as sociedades, pois dependendo da forma como são os costumes, há um determinado significado e uma maneira específica de representar a ação dos indivíduos.

Essa é outra forma de definir cultura, ou seja, como uma representação da realidade ou da ação dos indivíduos. Um gesto muito simples como o beijo pode ilustrar isso.

Quando um brasileiro (estamos falando do sexo masculino) encontra um conterrâneo amigo (também do sexo masculino) ambos se abraçam ou dão um aperto de mão. A troca de beijos no rosto entre homens brasileiros é mais comum entre pais e filhos, ou, em sinal de respeito, beija-se a mão do padre ou do pai de santo. Os italianos beijam-se no rosto, porém, é usual os amigos russos se beijarem na boca. Ou seja, nas diferentes sociedades há diversas formas de representar um gesto de amizade, e um ato desse tipo tem o seu significado. Certamente, o ato de beijar na boca entre os homens no Brasil tem o significado de uma relação homossexual - entendimento que não acontece, necessariamente, na Rússia.

A representação da realidade acontece muitas vezes por meio dos símbolos. O termo símbolo tem sua origem no grego (sýmbolon), que designa um elemento representativo que está no lugar de algo que tanto pode ser um objeto como um conceito ou ideia. O símbolo é um elemento essencial na comunicação e nas culturas, e é difundido no cotidiano pelas mais variadas formas da realidade e do saber humanos. Alguns símbolos são reconhecidos internacionalmente e outros, só em um determinado grupo ou contexto religioso, cultural etc...

A representação de cada símbolo pode aparecer como um resultado natural das relações sociais ou pode ser de comum acordo. Poderíamos citar vários exemplos de símbolos, tais como a cruz para a Igreja Católica, com a sua representação do significado da crucificação de Jesus Cristo, ou a aliança de casamento, representando a união do casal. Para continuarmos na instituição casamento, o vestido branco de noiva como representação da pureza etc.

Podemos resumir símbolo como alguma coisa que representa algo para alguém, e ele será um dos elementos centrais das culturas. Por meio dos símbolos, os indivíduos representam a realidade em que vivem e formam a sua cultura, cultivam e inventam formas de se relacionar uns com os outros, formam uma visão sobre o mundo. Portanto, diferentemente do senso comum, a cultura como forma de representar a realidade existe em todos os lugares e indivíduos, não havendo, portanto, pessoas que têm e pessoas que não têm cultura. Todos nós temos uma cultura, que se expressa em símbolos - as formas de se vestir, as formas de falar, as formas religiosas, as formas artísticas etc.



Cultura e o significado antropológico

Há outra forma de definir cultura: o sentido antropológico. Nessa forma, cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado.

A Antropologia é o estudo das culturas humanas em suas diversidades históricas e geográficas. O que isso quer dizer?

De forma semelhante à Sociologia, sua "irmã", a Antropologia é uma Ciência Social que nasceu no século XIX, como um projeto de ciência que consistia em reconhecer, conhecer e compreender a diversidade das manifestações culturais dos povos no tempo e no espaço.

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A Antropologia nos permitiu descobrir que aquilo que pensávamos ser natural em nós mesmos é, na verdade, cultural, ou seja, ficamos perplexos e conscientes de que o menor de nossos comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem realmente nada de natural, como vimos no exemplo do beijo e dos hábitos alimentares.



Enfim, a Antropologia nos diz que o conhecimento de nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento de outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única.

LEGENDA: O modo tradicional de se vestir dos indígenas andinos é parte da sua cultura específica.

FONTE: Marcos Serra

O que podemos dizer sobre qualquer indivíduo e sociedade é sua aptidão quase infinita em inventar modos de vida e formas de organização social extremamente diversas. Ou seja, as formas do andar, dormir, nos encontrar, nos emocionar, comemorar, e tantas mais, existem em todas as sociedades, mas os modos pelos quais essas manifestações ocorrem dependem da cultura criada e estabelecida por determinada sociedade.

Na Antropologia, o conceito de cultura já passou por várias definições ao longo dos anos. Dentre elas, definições que afirmavam que a cultura é um complexo de conhecimentos; que cada cultura é única; que é um meio de adaptação do homem na natureza; que vai além da herança genética; que a cultura é um meio para o funcionamento da sociedade; que a cultura é um sistema simbólico etc.

Para entendermos melhor o significado antropológico de cultura, vamos nos reportar ao antropólogo brasileiro Roberto DaMatta que elaborou uma síntese de algumas dessas definições. Segundo ele, cultura "é um mapa, um receituário, um código, através do qual, as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas" (DaMATTA, 1986, p. 123). Em outras palavras, a cultura é o "cimento" que dá unidade a certo grupo de pessoas que divide os mesmos usos e costumes, os mesmos valores. Deste ponto de vista, portanto, podemos dizer que tudo o que faz parte do mundo humano é cultura.

Você pode perceber que cultura é um tema complexo e que nem todos os estudiosos, na história da Ciência Social, concordam quanto à sua definição. Segundo o professor brasileiro Everardo Guimarães Rocha (1988), existem cerca de cento e cinquenta definições de cultura.

Concretamente, podemos falar de culturas, ao invés de cultura, no singular. Assim, referimo-nos a uma cultura indígena, com seus modos de vestir, dormir, caminhar, se relacionar etc., como a uma cultura chinesa, japonesa, francesa, cigana, nordestina... Enfim, quando estudamos e identificamos traços de comportamentos, personalidades, simbologias comuns, atitudes comuns em determinados grupos, comunidades ou nações, podemos dizer que há uma cultura específica desses indivíduos que compõem grupos, comunidades ou nações.

Definir cultura é compreender também as variadas formas que governam os grupos humanos às suas relações de poder, aos diferentes modos de organizar a sociedade, de se apropriar dos recursos naturais, de inventar, significar e expressar a realidade humana.

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LEGENDA: Indianos tiram fotos no celular por ocasião do festival Rama Navami, em Bangalore, na Índia, em 28 de março de 2015. Esse festival hindu celebra o nascimento do deus Rama.

FONTE: Manjunath Kiran/AFP

Boxe complementar:

RESUMINDO:

- No decorrer da História, os instintos originais do homem foram secundarizados pela cultura.

- A cultura é produzida pelo homem em qualquer meio geográfico.

- A cultura permitiu que o homem se adaptasse ao meio, como também que este se adaptasse ao próprio homem e suas necessidades.

- A herança cultural prevalece sobre a herança genética do homem, pois este aprende hábitos e costumes através da sua cultura.

- A cultura é acumulada socialmente a partir da experiência histórica vivida pelas gerações anteriores.

- A cultura estabelece regras que determinam como o mundo pode e deve ser classificado.

- A cultura condiciona o comportamento humano e pode servir como justificativa para todas as suas ações.

- A cultura dá unidade a grupos de pessoas que compartilham os mesmos usos, costumes e valores.

- Uma cultura se modifica (e modifica) no contato com outra cultura.

Fim do complemento.



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