A qualidade do sono e a percepçÃo da qualidade de vida dos profissionais de enfermagem de uma unidade de terapia intensiva



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QUALIDADE DE SONO E PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

THE QUALITY OF SLEEP AND PERCEPTION OF THE QUALITY OF LIFE OF NURSING PROFESSIONANLS AN INTENSIVE CARE UNIT
Juliana Sanches Ravagnani – jsravagnani@hotmail.com

Patrícia Maria da Silva Crivelaro – patricia.crivelaro@hotmail.com

Carmen Lúcia Budóia – carmenbudoia@bol.com

___________________________________________________________________

RESUMO
O sono é um estado fundamental na vida de um indivíduo e sua restrição é cada vez mais comum. Os processos que ocorrem durante o sono são necessários para manter a saúde e evitar impactos na qualidade de vida. Objetivou-se avaliar a qualidade de sono dos profissionais de enfermagem, identificar a percepção da qualidade de vida, comparar a qualidade de sono dos profissionais dos períodos diurno e noturno, correlacionar qualidade de sono e qualidade de vida. Trata-se de uma pesquisa descritiva, quantitativa, desenvolvida na UTI Adulto da Associação Hospitalar Santa Casa de Lins, envolvendo os profissionais de enfermagem dos períodos diurno e noturno, cujos resultados foram obtidos mediante questionário com perguntas fechadas e o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI). A pesquisa evidenciou que os profissionais de enfermagem dos períodos diurno e noturno estão com má qualidade de sono, insatisfeitos com a qualidade de vida e, diante da percepção dos pesquisados a qualidade de sono é um fator que interfere na qualidade de vida.
Palavras-chave: Sono. Qualidade vida. Unidade Terapia Intensiva. Enfermagem. Trabalho diurno noturno.
ABSTRACT
Sleep is a fundamental state in the life of an individual and its restriction is increasingly common. The processes that occur during sleep are needed to maintain health and prevent impacts on quality of life. The objective was to evaluate the sleep quality of nursing professionals to identify the perception of quality of life, to compare the sleep quality of professionals in day and night periods, correlate sleep quality and quality of life. This is a descriptive, quantitative approaches developed in the Adult ICU of Santa Casa Hospital Association Lins, involving nursing professionals of the day and night periods, and results were obtained through a questionnaire with closed questions and Sleep Quality Index in Pittsburgh (PSQI). The research showed that nursing professionals of daytime and nighttime are of poor sleep quality, dissatisfied with the quality of life and perception of respondents on the quality of sleep is a factor that interferes with the quality of life.

Keywords: Sleep. Quality life. Intensive Care Unit. Nursing. Working day night.

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INTRODUÇÃO
O sono é um estado comportamental fundamental na vida de um indivíduo, e sua restrição é cada vez mais comum na atualidade, devido à extensão do trabalho ao longo das 24 horas do dia.

Os processos neurobiológicos que ocorrem durante o sono são necessários para a manutenção da saúde física e cognitiva, visto que indivíduos com transtornos de sono sofrem impactos na qualidade de vida (BERTOLAZZI, 2008).

Conforme Lourenço, Ramos e Cruz (2008), a enfermagem é uma profissão sujeita ao regime de trabalho em turnos, constituindo uma prática frequente e necessária às organizações, principalmente as hospitalares. Porém, tal forma de trabalho é prejudicial à saúde e ao bem-estar dos trabalhadores, à medida que ocorre um conflito entre o ritmo normal do organismo e os ritmos circadianos.

O trabalho noturno, o trabalho alternado e os plantões são especificidades do trabalho da enfermagem, são jornadas que começam muito cedo e terminam muito tarde, interferindo no sono e dificultando a conciliação entre a vida familiar e social (LOPES, 2001).

Assim, exaustivas jornadas de trabalho típicas da profissão acabam alterando a qualidade do sono e ocasionando desajustes na vida dos profissionais de enfermagem, comprometendo os níveis de satisfação em relação à qualidade de vida.

A atividade laboral em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um fator que também contribui para o aumento do cansaço e desgaste do trabalhador de enfermagem, pois se trata de um ambiente crítico, tenso e traumatizante, repleto de procedimentos complexos que exigem grande responsabilidade, qualificação e dedicação.

Assim, há constante necessidade de treinamento desses profissionais para estarem aptos ao manuseio de aparelhos, realização de procedimentos complexos e para um preparo físico e emocional, visando à melhoria na qualidade do atendimento. Em meio a esse ambiente conturbado se dá o trabalho da enfermagem, que precisa aprender a lidar com tantas dificuldades e desafios, sem que transpareça o cansaço físico e psicológico evidenciado pelas características da unidade.

A motivação para realização da pesquisa sobre qualidade de sono e percepção da qualidade de vida foi notada através de revisão bibliográfica e da observação do cansaço e necessidades de sono em profissionais de enfermagem, além da clara demonstração de insatisfação em relação à qualidade de vida devido a exaustivas jornadas de trabalho.

O presente estudo tem por objetivos: avaliar a qualidade de sono dos profissionais de enfermagem, identificar a percepção da qualidade de vida, comparar a qualidade de sono dos profissionais dos períodos diurno e noturno, correlacionar qualidade de sono e qualidade de vida.

A idéia de se elaborar esta pesquisa surge a partir do seguinte questionamento: Existe diferença na qualidade de sono e na percepção da qualidade de vida de profissionais de enfermagem que atuam nos períodos diurno e noturno?

A hipótese levantada é que, a partir da avaliação da qualidade do sono e da percepção da qualidade de vida, o profissional de enfermagem que trabalha no período noturno apresenta maior comprometimento na qualidade do sono e assim apresenta-se insatisfeito com sua qualidade de vida em relação ao profissional que trabalha no período diurno, o qual possui melhor qualidade de sono, estando mais satisfeito com sua qualidade de vida. Corroborado pela assertiva de Barros (2007) e Siqueira et al. (2009), o sono regular proporciona qualidade de vida.

A pesquisa foi realizada em uma instituição filantrópica denominada Associação Hospitalar Santa Casa de Lins, na Unidade de Terapia Intensiva Adulto, envolvendo somente os profissionais de enfermagem, compreendendo o período de junho a setembro de 2010.


1 Metodologia
Os métodos utilizados foram estudo de caso e observação sistemática. Através de investigação e pesquisa, realizou-se um estudo descritivo, de caráter exploratório com abordagem quantitativa.

Mediante autorização para a pesquisa junto à instituição na qual foi realizado o estudo e encaminhamento da documentação ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do UNISALESIANO, os profissionais de enfermagem da UTI foram convidados a participar da pesquisa, diante da explicação sobre o assunto, e confirmada à participação, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e responderam aos questionários aplicados.

Os resultados foram obtidos através da coleta de dados por meio de questionário e teste padronizado, envolvendo enfermeiros e técnicos de enfermagem que compõem a equipe de enfermagem da UTI.

Como suporte para o desenvolvimento do estudo de caso, através de observação sistemática, foram analisados e acompanhados aspectos relevantes à pesquisa como a organização do trabalho da equipe de enfermagem, envolvendo recursos humanos, distribuição da escala de folgas e atividades diárias, tempo e local destinados ao descanso e a presença de entusiasmo para o trabalho.

Os recursos humanos apresentam quantidade adequada de profissionais de nível técnico conforme portaria que regulamenta o atendimento em UTI, porém, o quantitativo de profissionais de nível superior (enfermeiros) encontra-se deficitário.

Quanto às folgas, são duas mensais sendo uma escolhida pelo profissional e a outra determinada por suas respectivas chefias. No entanto, observa-se que a distribuição no decorrer do mês não está coerente, devido às duas folgas ficarem em dias próximos ocorrendo um prolongamento de plantões contínuos.

As atividades diárias são determinadas pela enfermeira do plantão em forma de escala, cada técnico de enfermagem fica responsável por dois leitos que são revezados a cada plantão, respectivamente a cada leito estão às atividades de rotina. Por exemplo, funcionário que está responsável pelo leito um e dois deverá lavar materiais do expurgo; leito três e quatro deverá repor almotolias; leito cinco deverá repor e conferir medicação, entre outros, podendo ser determinado mais de uma atividade conforme a necessidade, pois o resultado do trabalho depende da equipe como um todo.

O tempo destinado ao descanso compreende cerca de uma hora para cada profissional em regime de revezamento a combinar, podendo ser realizado dentro ou fora da unidade e/ou instituição. O local do repouso está situado dentro da unidade, compreendido por uma cama, um criado, uma poltrona, uma mesa com cadeiras, ar condicionado e persianas.

Quanto a presença de entusiasmo, a maioria dos profissionais pesquisados apresentam expressão de cansaço, porém, demonstram muito interesse e dedicação na atuação em terapia intensiva.
2 Instrumentos da pesquisa

Os instrumentos utilizados na pesquisa foram o teste - PSQI e o questionário para profissionais de enfermagem.

O Índice de Qualidade de Sono de Pittsburg (PSQI) – é um teste padronizado, traduzido e validado para a cultura brasileira, utilizado para mensurar a qualidade de sono dos profissionais de enfermagem. O instrumento é integrado por sete componentes que revelam qualidade subjetiva, latência, duração, eficiência e distúrbios do sono, uso de medicação para dormir e disfunção diurna, que resultam em um escore correspondente à qualidade subjetiva global do sono. A pontuação global é determinada pela soma dos sete componentes, cada qual recebe uma pontuação estabelecida entre 0 e 3 pontos com o mesmo peso, em que o 3 reflete o extremo negativo da escala que varia de 0 a 21 pontos, no qual escores até 5, inclusive, indicam boa qualidade de sono e os escores superiores a 5 indicam má qualidade de sono.

O questionário para profissionais de enfermagem foi elaborado pelas autoras, sendo composto pela identificação, buscando caracterizar o voluntário e por duas perguntas fechadas relacionadas à percepção do indivíduo quanto a sua qualidade de vida e à percepção da relação entre a qualidade do sono e a qualidade de vida.


3 Características da população
A caracterização dos pesquisados revela que a equipe da UTI é composta por 18 profissionais de enfermagem, estando um técnico de enfermagem de licença saúde e um se negou a participar. O grupo estudado constou um total de 16 profissionais sendo 3 enfermeiras e 13 técnicos de enfermagem, atuando em turnos fixos de 12 horas. A faixa de idade variou entre 24 a 66 anos, sendo a maioria 37,50% entre 30 a 39 anos, quanto ao sexo 68,75% são feminino e estado civil 56,25% são solteiros. Quanto à escolaridade, 75% possuem nível profissionalizante de técnico de enfermagem, 18,75% nível superior e 6,25% superior em andamento. Em relação ao perfil profissional, o tempo de serviço variou entre 2 a 30 anos (média 14,37), o horário de trabalho correspondeu a 50% trabalhando no período noturno das 19 às 7 horas e 50% no período diurno das 7 às 19 horas. Quanto ao vínculo empregatício, 87,5% dos profissionais do período noturno e 75 % dos profissionais do diurno possuem outro emprego.
4 Resultados e discussão
Os resultados obtidos através da aplicação do teste PSQI estão expressos no gráfico 1, enquanto a percepção de cada indivíduo sobre a qualidade do seu sono está demonstrada no gráfico 2. Os gráficos 3 e 4 referem-se respectivamente a percepção sobre a qualidade de vida e a relação da qualidade de vida com a qualidade de sono, por meio de questionário para profissionais de enfermagem.
Gráfico 1: Qualidade subjetiva do sono

Fonte: Ravagnani; Crivelaro, 2010


Através do teste PSQI, avaliou-se a qualidade do sono dos profissionais de enfermagem dos períodos diurno e noturno, constatando que os profissionais do noturno estão mais comprometidos com a má qualidade de sono do que os profissionais do diurno, no entanto, as diferenças não foram significativas entre os dois turnos.

Tal resultado deve-se ao fato de que 87,5% dos profissionais do período noturno e 75 % do diurno possuem outro vínculo empregatício, apresentando uma elevada carga horária de trabalho, não disponibilizando tempo suficiente para descansar e dormir adequadamente.

Um fator que pode contribuir para a existência de mais de um vínculo empregatício por parte dos profissionais de enfermagem é o piso salarial da categoria, que varia entre R$ 960,00 a R$ 1.477,00 (COFEN, 2009).

Segundo Beck (2000), duplas ou triplas jornadas de trabalho remunerado e formal relacionam-se diretamente a horários irregulares de atividades diárias, constituindo mediadores potenciais no desequilíbrio da saúde física e mental, além de desajustes na vida social e familiar.

O trabalho da enfermagem se caracteriza no regime de trabalho em turnos, este prejudicial à saúde e bem-estar dos trabalhadores, à medida que ocorre um conflito entre o ritmo normal do organismo e o ritmo circadiano (LOURENÇO; RAMOS; CRUZ, 2008).

Outro fator que pode ter influenciado no resultado é o trabalho na UTI, por se tratar de uma unidade com frequentes situações de urgência, ritmo de trabalho intenso, desgastante e presença constante de patologias graves, onde a dor e o sofrimento do paciente podem sobrecarregar emocional e afetivamente o profissional que atua nessa unidade (FERRAREZE; FERREIRA; CARVALHO, 2006).

Assim, trabalhar em terapia intensiva e cuidar constantemente do cliente grave exige grande responsabilidade e dedicação dos profissionais de enfermagem tanto do período diurno como do noturno. A rotina dessa unidade é semelhante nos dois turnos, sendo altamente exaustiva e estressante, levando o profissional a abdicar de sua própria vida e saúde em benefício do paciente, aumentando a probabilidade de ocorrência de desgastes físicos, psicológicos e sociais.
Gráfico 2: Percepção da qualidade do sono

Fonte: Ravagnani; Crivelaro, 2010.

Ao serem questionados quanto à percepção da qualidade do sono, os profissionais de enfermagem dos períodos diurno e noturno também tiveram respostas semelhantes, pois 50% dos profissionais do diurno e 50% do noturno variaram entre ruim e muito ruim, enquanto somente os profissionais do diurno apresentaram percepção positiva variando entre boa e muito boa.

As respostas obtidas pela percepção da qualidade de sono são diferentes dos resultados constatados através do teste PSQI que avalia a qualidade subjetiva do sono. Verificou-se que 50% dos profissionais do noturno percebem que a sua qualidade de sono é boa, enquanto o PSQI revela que apenas 25% dos profissionais estão com boa qualidade de sono. Os profissionais do diurno também responderam que a qualidade de sono está entre boa 37% e muito boa 13%, contradizendo o PSQI que demonstra que 62% dos profissionais do dia também estão com má qualidade de sono.

De acordo com a pesquisa realizada por Barros (2007) com profissionais de enfermagem do município de Quixadá, 45% dos entrevistados responderam possuir uma qualidade de sono regular.

No entanto, embora os resultados da presente pesquisa coincidam com os da pesquisa de Barros (2007), é importante destacar que ambos são bem diferentes dos apresentados por Barboza (2008), onde se constatou com o PSQI que 92% dos profissionais de enfermagem apresentam má qualidade de sono, demonstrando que a qualidade do sono dos profissionais de enfermagem é um tema polêmico que deve ser mais pesquisado.


Gráfico 3: Percepção da qualidade de vida

Fonte: Ravagnani; Crivelaro, 2010


Diante da percepção sobre a qualidade de vida, os profissionais do diurno estão mais insatisfeitos do que os profissionais do noturno, prevalecendo o quesito de insatisfação.

De acordo com a OMS, a QV foi definida como “a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (The WHOQOL Group apud SEIDL; ZANNON, 2004, p. 583).

Os resultados da pesquisa de Soto, Spegiorin e Teixeira (2009), revelaram que os profissionais de enfermagem encontram-se insatisfeitos com sua qualidade de vida, sendo necessário o desenvolvimento de ações que visem à melhoria da qualidade de vida desses colaboradores.

Estudiosos enfatizam que a QV só pode ser avaliada pela própria pessoa, ao contrário das tendências iniciais, onde a avaliação era feita por um observador, usualmente um profissional de saúde (SEIDL; ZANNON, 2004).

A QV é um conceito amplo e complexo, porém só pode ser definido de acordo com as expectativas de cada indivíduo, destacando que o ser humano é por essência um ser insatisfeito e, por meio de sua insatisfação, é que se consegue modificar o meio em que vive (SIQUEIRA et al., 2009).

Portanto, os resultados da questão anterior não podem ser considerados negativos, já que de certa forma é a insatisfação que impulsiona o homem a evoluir.


Gráfico 4: Relação entre qualidade de sono e qualidade de vida

Fonte: Ravagnani; Crivelaro, 2010


Sobre a relação entre a qualidade do sono e a qualidade de vida a maioria dos profissionais entrevistados, sendo 100% do noturno e 75% do diurno, considera que a qualidade do seu sono é um fator que interfere na qualidade de vida.

Segundo Barros (2007), o sono regular proporciona qualidade de vida e sua privação pode afetar a função imunitária e a regeneração celular.

Durante o sono ocorrem processos neurobiológicos que são necessários para a manutenção da saúde física e cognitiva, visto que indivíduos com transtornos de sono sofrem impactos na qualidade de vida (BERTOLAZZI, 2008).

Na pesquisa realizada por Siqueira et al. (2009), 68,9% dos entrevistados consideram que a qualidade do seu sono interfere na sua qualidade de vida. Relataram ainda que trabalham muito, não sobrando tempo para outras atividades, sentem-se cansados e indispostos, dormem mal e não possuem ânimo para realizar outras atividades, evidenciando que dormir bem é um fator positivo para se obter qualidade de vida.

Devido às necessidades de trabalho, os profissionais de enfermagem aplicam conhecimento e força na promoção de bens e serviços a sua clientela, deixando suas necessidades relegadas a segundo plano, prejudicando sua vida social, familiar e, consequentemente, sua qualidade de vida.

Diante dos resultados, os profissionais de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva, tanto dos períodos diurno como do noturno, estão em sua maioria com má qualidade de sono, estando também insatisfeitos com sua qualidade de vida. Portanto, não houve diferenças significativas ao comparar os resultados dos dois turnos, mesmo porque a maioria destes profissionais possui outro vínculo empregatício e apresentam-se exaustos independente de qualquer horário em que estejam trabalhando. Diante da percepção dos pesquisados de ambos os turnos, a qualidade de sono é um fator que interfere na qualidade de vida.


PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Mediante os resultados apresentados, seria necessário que os dirigentes das instituições da área da saúde observassem a importância dos profissionais estarem mais descansados, motivados e satisfeitos com suas condições de vida, refletindo melhor qualidade de cuidados aos clientes, levando-os a projetar tais considerações a todo âmbito institucional.

Algumas intervenções tornam-se necessárias, como a implementação de um local com uma sala de conforto, televisão, rádio e camas adequadas, proporcionando repouso adequado; rodízio de horário por funcionário para descanso e alimentação; aumento da pausa de 15 minutos a cada 6 horas, para 15 minutos a cada 3 horas de trabalho, além do planejamento de ações que visem ao treinamento desses profissionais em relação às dificuldades vivenciadas no ambiente de trabalho.

As instituições poderiam melhorar o quantitativo de folgas, bem como a distribuição harmônica ao longo do mês, proporcionando ao profissional de enfermagem mais dias de descanso, visando à recuperação de energias e déficit de sono, favorecendo tempo e momentos para realização de suas necessidades pessoais e sociais.

Enfim, propõe-se que haja continuidade à pesquisa e ao tema abordado, por se tratar de um assunto complexo e pouco explorado, contribuindo para o aprimoramento dos conhecimentos na área da saúde do trabalhador e especificamente à enfermagem.


CONCLUSÃO
O presente estudo atingiu os objetivos propostos, através da avaliação da qualidade do sono, da percepção da qualidade de vida e da correlação da qualidade de sono com a qualidade de vida dos profissionais de enfermagem da UTI dos períodos diurno e noturno.

Os resultados obtidos na pesquisa respondem ao questionamento, demonstrando que a hipótese testada foi parcialmente comprovada, pois profissionais de enfermagem do período noturno apresentam em maior proporção má qualidade de sono em relação aos profissionais do diurno, porém, a diferença não é muito significativa.

Em relação à percepção da qualidade de vida, os profissionais do diurno encontram-se mais insatisfeitos que os profissionais do noturno, entretanto, prevalecendo o quesito de insatisfação entre os dois períodos.

Por meio de levantamento bibliográfico e da percepção dos entrevistados diante da presente pesquisa, pôde-se constatar que a qualidade do sono é um fator que interfere na qualidade de vida.



Espera-se que este trabalho desperte interesse e incentive a realização de novas pesquisas, explorando o tema qualidade de sono e a relação existente com a qualidade de vida dos profissionais de enfermagem, podendo levar esses profissionais a refletirem sobre sua qualidade de vida, a fim de consolidar uma harmonia entre cada um e com tudo aquilo que está a sua volta.

REFERÊNCIAS
BARBOZA, J. I. R. A. Avaliação do padrão de sono dos profissionais de enfermagem dos palntoes noturnos em unidades de terapia intensiva. Einstein, São Paulo, v.6, n.3, p. 296-301, 2008.
BARROS, V. H. F. Avaliação da privação de sono e dos padrões fisiológicos nos profissionais em enfermagem do município de Quixadá. 2007. Monografia (Graduação em Enfermagem) - Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS, Quixadá-CE.
BECK, C. L. C. Da banalização do sofrimento à sua re-significação ética na organização do trabalho. 2000. Tese (Doutorado em Enfermagem) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
BERTOLAZI, A.N. Tradução, adaptação cultural e validação de dois instrumentos de avaliação do sono... 2008. Tese de Mestrado (Pós-graduação em Medicina) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS.
COFEN - CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Projetos de lei. Disponível:http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp?ArticleID=463§ionID=36. Acesso em 30 ago. 2010.
FERRAREZE, M. V. G.; FERREIRA, V.; CARVALHO, A. M. P. Percepção do estresse entre enfermeiros que atuam em terapia intensiva. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, Jul – set. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010321002006000300009&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 12 ago. 2010.
KIMURA, M.; SILVA. J.V. Índice de qualidade de vida de Ferrans e Powers. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S008062342009000500014&script=sci_arttext. Acesso em: 21 jul. 2010.
LOPES, M. J. M. A saúde das trabalhadoras da saúde: algumas questões. In: HAAG, G. S.; LOPES, M. J. M.; SCHUCK, J. S. A enfermagem e a saúde dos trabalhadores. Goiânia: AB, 2001. p. 109 – 114.
LOURENÇO, R. A. P. C; RAMOS, S.I.V.; CRUZ, A. G. Implicações do trabalho por turnos na vida familiar de enfermeiros: vivências dos parceiros. Psicologia: o portal dos psicólogos, 2008. Disponível: http://www.psicologia.com.pt/artigos/ver_ artigo.php? codigo=A0417. Acesso em: 20 mar. 2010.
SEIDL, E. M. F.; ZANNON, C. M. L. C. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, mar./abr. 2004.Disponível:http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2004000200027. Acesso em: 19 jul. 2010.
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SOTO, E. L.; SPEGIORIN, M. B.; TEIXEIRA, T. H. Qualidade de vida do enfermeiro: cuidando do cuidador. 2007. Monografia (Graduação em Enfermagem) - Centro Universitário Católico Auxílium, Araçatuba.
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