Em primeiro lugar, indicam a existência de um equívoco básico na dinâmica da mudança social. Esta quase sempre é des-crita em termos que refletem a experiência dos homens: de pres-sões coletivas e institucionais e não de pressões pessoais, da ló-gica da ideologia abstrata, atuando por meio da economia, da política e das redes das elites de sindicatos e de grupos de pres-são. Por trás disso, encontram-se as contradições mais profundas da organização econômica e política as quais, às vezes aberta-mente, às vezes inconscientemente, elas expressam. Falta, porém, um elemento igualmente essencial: o efeito cumulativo da pres-são individual pela mudança. É este que emerge imediatamente através das histórias de vida: as decisões tomadas pelos indiví-duos - para se mudar de casa ou para melhorá-la, para deixar uma comunidade e migrar para outra; para deixar um emprego que se tornou intolerável ou para procurar um emprego melhor; para aplicar o dinheiro num banco, ou em ações, ou num negocio por conta própria; para casar-se ou separar-se, para ter ou não ter filhos. A mudança de padrões de milhões de decisões conscientes dessa espécie possui tanta ou mais importância para a mudança
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social quanto as ações dos políticos que constituem habitual-mente a substância da história.
Isso fica evidente assim que se observam as mais importan-tes mudanças sociais de longo prazo do mundo ocidental no úl-timo século. Certamente, o fluxo e refluxo dos direitos políticos e das liberdades civis, bem como a intervenção cada vez maior do Estado na educação e na assistência social, foram resultado de pressão coletiva e de decisão política; e a pressão coletiva dos sindicatos manteve a participação da classe operária nos ganhos reais e reduziu o número de horas de trabalho remunerado. Isto, porém, não toca nas duas mudanças mais sensacionais: o au-mento da produtividade econômica e dos padrões de vida e a redução do número de filhos. Nenhuma destas resultou de inter-venção política - na verdade, nenhum Estado até agora demons-trou grande capacidade de influir sobre qualquer uma delas, a não ser ocasionando calamidades involuntárias. A verdade é que o mecanismo da mudança da economia e da população, muito em-bora básico para tudo o mais, é compreendido de maneira muito imperfeita.
E assim continuará a ser até que incorporemos, como parte da estrutura da interpretação, o papel cumulativo do indivíduo. Isso implica reconhecer que grande parte das decisões indivi-duais cruciais podem ser feitas igualmente por homens e por mu-lheres - não só em esferas como a da constituição da família, mas também como migrantes e trabalhadores (as mulheres mudam de emprego mais freqüentemente do que os homens). De igual importância é o fato de que precisamos saber como as idéias públicas e as pressões econômicas e coletivas interagem em nível individual - como no aproveitamento de oportunida-des economicas, ou na modelação de atitudes pela família, pelos amigos e pelos meios de comunciação de massa, e mediante a experiência pessoal na infância e na idade adulta - para consti-tuir aqueles milhares de decisões que, cumulativamente, não só dão forma a cada história de vida, mas constituem, também, o rumo e a dimensão da mudança social mais ampla. Ou, em outras
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palavras, fica claro que a produção de gente é motor da mudança tanto quanto a produção de coisas.
Mais uma vez, será útil um exemplo. Quando comecei a pequisa para Living the Fishing (1983), supunha que a economia moldasse as relações familiares e, na verdade, mostrou-se verda-deiro que, em muitas partes do mundo, as mulheres de famílias de pescadores, devido à constante ausência de seus maridos no mar, assumem uma parcela maior de responsabilidade e de auto-ridade na família; ainda que isso varie desde o casamento de "só-cios", comum entre os pescadores costeiros, cujas mulheres tra-balham com eles num empreendimento comum, limpando e comercializando o peixe, até os pescadores de longo curso, de alto-mar, que são efetivamente maridos ausentes, que deixam suas esposas na condição de mães solteiras. Desenredando as va-riações existentes, revelou-se também o complexo de outras in-fluências, em que a economia, a propriedade, o espaço, o trabalho, a religião e a cultura familiar, todas essas coisas desempenhavam um papel.20 Mas a influência econômica não atuava numa só direção. Num porto de tripulação assalariada, como Aberdeen, a vida a bordo tornou-se tão dura e a vida familiar tão maltratada pela bebida e pela violência que a geração seguinte tomou outro rumo; as mães mandaram os filhos procurar outro tipo de em-prego e as jovens buscavam maridos que não fossem pescadores. A cultura familiar foi igualmente decisiva para a sobrevivência econômica de comunidades em que as famílias eram donas dos barcos, porém de modo muito diferente. Neste caso, foi preciso que se difundisse entre os pescadores o estimulo à iniciativa indi-vidual, para garantir a capacidade de adaptação diante da mu-dança acelerada na provisão de peixes, na tecnologia e no mer-cado. Parte do segredo dos portos mais bem-sucedidos passou a ser a inculcação de uma ideologia de trabalho duro, frugalidade, espírito empreendedor e independência desde a infância. Porém, essa valorização do mérito individual tinha que ser acompanhada por uma aceitação de alguma excentricidade, como preço da cria-tividade. E a transmissão desses valores foi estimulada pela man
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sidão afetiva típica de um modo de criar filhos em Shetland, onde as crianças eram estimuladas a falar e a raciocinar por si mesmas num lar relativamente igualitário; enquanto foi severamente ini-bida pela característica familiar de Lewis, mais autoritária, puni-tiva, hierárquica e dominada pelos homens. Com oportunidades manifestamente iguais, a pesca floresceu em uma, enquanto es-tiolou na outra.
Certamente são fundamentais as pressões exercidas pelo sistema econômico, pela tecnologia e pelos recursos sobre a ma-neira como os homens e as mulheres vivem suas vidas. Porém, a economia é uma criação social e parte de sua formação se dá na família. O trabalho não-remunerado das mulheres dentro do lar não só colabora com a família, como ainda, mediante a criação dos filhos, que são a força de trabalho do futuro, assenta parte dos fundamentos para o futuro. Evidentemente, tanto a transmis-são de valores entre as gerações quanto a modelagem da persona-lidade dentro da família são questões de importância decisiva para a compreensão histórica. Requerem exame em muitos níveis diversos, entre os quais, como vimos anteriormente, o de padrões culturais e configurações emocionais, que se repetem através das gerações em diferentes famílias.21 Porém, reunir tudo isso exi-girá, também, um importante salto imaginativo em nossa utiliza-ção da teoria.
Atualmente, podemos voltar-nos para um ou dois tipos ge-rais de interpretação teórica. Por um lado, há as grandes teorias da organização social, do controle social, da divisão do trabalho, da luta de classes e da mudança social: a escola funcionalista e outras escolas sociológicas, e a teoria histórica do marxismo. Por outro lado, existe a teoria da personalidade individual, da lingua-gem e do subconsciente, representada pela abordagem psicanalí-tica. Elas podem ser sobrepostas, como se faz numa biografia individual, mas ainda não se encontrou um meio satisfatório de uni-las umas às outras. A psico-história simplesmente se serviu do recurso grosseiro de "analisar" grupos inteiros - até mesmo sociedades inteiras - como se fossem um único indivíduo com
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uma única experiência de vida. As dificuldades de qualquer tipo de reconciliação mais sutil têm surgido com muita clareza nos debates a respeito de marxismo, feminismo e história da mulher. O problema básico está no fato de que cada tipo de teoria dá as costas para as demais. O marxismo, como teoria sociológica geral, está deliberadamente preocupado em minimizar o papel do indivíduo, em oposição ao grupo social. A psicanálise declara ba-sear-se na personalidade humana elementar e, pois, independente da história. Contudo, enquanto o marxismo se apóia na crença de que os homens e mulheres criam sua consciência por meio do que fazem, a psicanálise freudiana arquetípica supõe que a mode-lagem fundamental da personalidade se completa na primeira in-fância - anteriormente aos limites da ação consciente lembrada. Isso nos oferece poucas pistas sobre qual a melhor maneira de construir uma ponte entre os dois tipos de teoria. Não obstante, essa é uma tarefa essencial para que a história possa proporcionar uma interpretação significativa da experiência da vida comum. E, nessa tarefa, a história oral desempenhará papel fundamental. A evidência que utiliza associa intrinsecamente o objetivo com o subjetivo, e nos conduz por entre os mundos público e privado.
Somente seguindo ponto a ponto as histórias de vida indivi-duais é que se pode documentar as conexões existentes entre, por um lado, o sistema geral de estrutura econômica, de classe, de sexo e de idade, e, por outro, o desenvolvimento do caráter pes-soal, através das influências mediadoras dos pais, irmãos e irmãs, e da família mais ampla, dos grupos de pares e de vizinhos, da escola e da religião, dos jornais e meios de comunicação de massa, da arte e da cultura. Apenas quando se definir o exato papel dessas instituições intermediadoras, por exemplo, na socia-lização em papéis sexuais e de classe, é que se tornará possível uma integração teórica. Até chegar-se a essa definição, podemos apenas conjeturar até que ponto o sistema econômico e social molda a personalidade, ou o sistema é, ele próprio, moldado por impulsos biológicos básicos. Já se pode vislumbrar um início de trabalho desse tipo, mas seria tolice afirmar mais do que isso até
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este momento. Não obstante, para o futuro, ele representa prova-velmente o maior desafio e a maior contribuição que a evidência oral pode dar para a construção da história.
Dez anos atrás, terminei este livro com um rápido olhar para dentro desse futuro. Grande parte do que eu esperava ocor-reu. A história oral tem sido propugnada em toda uma série de publicações, empíricas e teóricas. Embora os opositores mais ta-canhos continuem a torcer o nariz, em geral não publicamente, o principal debate passou de se se deve utilizar a história oral ou não, para como utilizá-la melhor. Seu legado é uma consciência mais generalizada de como toda evidência histórica é moldada pela percepção individual e, selecionada por vieses sociais, trans-mite mensagens de preconceito e poder. A natureza da história nesse duplo sentido foi uma questão da qual os historiadores por muito tempo se esquivaram.
Ainda mais, usos inteiramente novos da história floresceram nos movimentos em prol da terapia da reminiscência e no teatro da reminiscência. De modo mais geral, tem havido uma mudança cada vez mais acelerada quanto a recursos. Têm-se disseminado coleções locais e regionais de história oral, em bibliotecas e ar-quivos públicos, e a elas se seguem arquivos nacionais perma-nentes. Já não se exige, do professor, empenho e imaginação tão fora do comum para usar gravações e, dos museus, para incor-porá-las a uma exposição. Com o tempo, tornar-se-á relativa-mente fácil encontrar um fragmento publicado em fita gravada sobre determinada pessoa, acontecimento, ou tema de história política ou social.
Única, muitas vezes candidamente simples, epigramática e, contudo, ao mesmo tempo representativa, a voz consegue, como nenhum outro meio, trazer o passado até o presente. E sua utiliza-ção altera não só a textura da história, mas seu conteúdo. Desloca o centro de atenção, das leis, estatísticas, administradores e go-vernos, para as pessoas. Altera-se o equilíbrio: a política e a eco-nomia podem agora ser encaradas - e, pois, julgadas - a partir
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da extremidade receptora, tanto quanto a partir do alto. E passa a ser possível dar respostas a perguntas antes sem resposta: am-pliando certas áreas tradicionais tais como história política, histó-ria intelectual, história econômica e social; atribuindo a outras áreas mais novas de investigação - história da classe operária, história das mulheres, história da família, história de minorias raciais e outras minorias, história dos pobres e dos analfabetos -uma dimensão inteiramente nova. Já temos, em obras publicadas - Akenfieid, Where Beards Wag Ali; Working, Workless; Pit-meti, Preachers and Politics, From Mouths of Meti; Division Street, The Classic Slum; Below Stairs, The Chiidren of Sanchez; Ali God's Dangers, Blood of Spain; The Dillen, The Leaping Hare -, as primeiras andorinhas de um novo verão. Com as que se seguirem, a história mudará e será mais rica.
O novo equilíbrio quanto ao conteúdo da história e às fontes de sua evidência alterará seu julgamento e, assim, finalmente, sua mensagem como mito público. Descobriremos no passado um conjunto diferente de heróis: gente comum, tanto quanto líderes: mulheres, tanto quanto homens; negros, tanto quanto brancos. A história que, antes, só podia chorar pelo rei Carlos I sobre o cada-falso, pode agora compartilhar da mágoa que o velho viúvo anal-fabeto, Nate Shaw, lavrador negro do Alabama, duas vezes preso, sofreu com a perda de sua esposa Hannah:
Senti como se meu próprio coração tivesse morrido. Estive com ela por quarenta e tantos anos, e isso foi pouco, foi pouco - a não ser quando me pegaram e fui posto na cadeia. Eu a escolhi entre as moças desta região e foi a coisa mais fácil de fazer deste mundo (...) Ela era uma moça decente quando casei com ela. E era uma mulher que queria, até onde suas mãos e braços pudessem alcançar, tudo em volta, queria manter tudo certinho. Eu também, o quanto pude, me mantive certinho. Mas naquele tempo, eu fazia das minhas por aí, fazia. Confesso que era meio imoral (...) Gostava de mulheres, mas... fiz uma força danada para me manter na linha e não andar exagerando com outras mulheres quando eu tinha ela. Apesar de tudo, eu não era homem de viver atrás de mulhe-res e não importa o que eu dizia a outra mulher ou o que eu fazia, minha mulher sempre vinha primeiro (...) Agora eu louvo ela, louvo pelo que ela foi - foi uma mãe para os filhos, foi uma mãe para os filhos - e
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quando me puseram na cadeia, todos os doze anos, ela ficou com os filhos, ela não vacilou (...) Eu amava aquela garota e ela bem que mos-trava que me amava. Ela esteve gamada por mim cada dia de sua vida e cumpriu seus deveres de mulher. Nunca tinha nada de preguiça e era rigorosa consigo e fiel a mim. Tudo o que ela fazia, que eu saiba, era em meu benefício. Há um velho ditado que diz que ninguém sente falta de água enquanto o poço não seca (...)22
Haverá mais biografias como a de Nate Shaw. De quem serão elas, só se pode imaginar. De um antilhano motorista de ônibus em Londres; de um operário britânico da linha de monta-gem de carros da Leyland; da mulher de um caldeireiro de Bel-fast; de um caixa de supermercado; de um criador de carneiros do País de Gales; de um metalúrgico de Pittsburgh; de uma tele-fonista californiana; de um caminhoneiro da Nova Gales do Sul... Quem sabe? E também quanto a questões específicas, quais delas a história oral terá êxito em resolver? O enigma do conservado-rismo da classe operária britânica? Se a antiga firma familiar era um trunfo ou uma desvantagem econômica? Até que ponto a in-dustrialização emancipou as mulheres, ou confinou-as, como donas de casa, a uma dominação masculina ainda mais opres-sora? O que faz com que alguns grupos sociais prefiram educar, e outros, surrar os filhos? Como certas minorias imigrantes perse-guidas prosperam, e outras não? Em que contexto social se fazem as descobertas científicas mais importantes? A cada um desses problemas a história oral pode dar uma contribuição decisiva. Quais deles serão escolhidos dependerá de quem os perceba primeiro.
Em princípio, as possibilidades da história oral estendem-se a todos os campos da história. Mas são mais fundamentais para alguns deles do que para outros. E oferecem uma tendência que é básica a todos: em direção de uma história mais pessoal, mais social, mais democrática. Isso afeta não só a história publicada, como também o processo pelo qual é escrita. O historiador é posto em contato com colegas de outras disciplinas: antropologia social, dialeto e literatura, ciência política. O acadêmico é lan-çado fora do gabinete para o mundo exterior. A hierarquia de instituições superiores e inferiores, de professores e educandos,
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se rompe na pesquisa conjunta. Velhos e jovens são levados a relacionar-se e a se solidarizar. Os clássicos da história oral conti-nuarão, sem dúvida, a ser criados por indivíduos que escapam a qualquer categorização. Mas tem havido uma silenciosa mudança no processo de produção da história, que tem passado desperce-bida aos resenhadores de livros. Cada vez mais, os pequenos gru-pos de história oral estão editando suas próprias publicações. A
maioria delas teria a lucrar, sem dúvida, com mais interpretação, mas freqüentemente apenas um local pode extrair o máximo de cada detalhe. Pode ser uma história da rua e suas famílias; dos operários e do dono de uma fábrica; a respeito de uma greve ou da explosão de uma bomba; recordações do lazer, da educação ou do serviço doméstico do passado. Essas publicações locais estão reunindo, para o futuro, um material histórico novo que de outra
forma estaria perdido. Estão tirando amostras de água do rio em sua foz. A cada dia, com a ocorrência de mortes, o limite longín-quo do passado recuperável mediante a evidência oral retrocede inexoravelmente. Porém, o que verdadeiramente justifica a histó-ria não é conceder imortalidade a uns poucos velhos. Ela faz parte do modo pelo qual os vivos compreendem seu lugar e seu papel no mundo. Marcos divisórios, paisagens, padrões de autori-dade e de conflito, tudo isso tem sido considerado frágil no sé-culo XX. Ao ajudar a mostrar como suas próprias histórias de vida se ajustam às mudanças do caráter do lugar em que hoje vivem, de seus problemas como trabalhadores ou como pais, a história pode ajudar as pessoas a ver como estão e aonde devem ir. Isto é o que está por detrás da popularidade atual da história
recente da Grã-Bretanha. E indica, também, a importância social e política fundamental da história oral. Oferece uma nova base para projetos originais, e não apenas por profissionais, mas tam-bém por universitários, por escolares, ou por pessoas de uma co-munidade. Eles não têm apenas que aprender a própria história; podem escrevê-la. A história oral devolve a história às pessoas em suas próprias palavras. E ao lhes dar um passado, ajuda-as também a caminhar para um futuro construído por elas mesmas.
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LEITURAS COMPLEMENTARES E NOTAS
Abreviaturas: Oral History - OH; Jnternational Journal of Oral
History - 110H; Life Stories - IS; Oral History Review - OHR; Canadian
Oral History Association - COHA; Bulletin of the Society for the Study of
Labour History - BSSLH; History Workshop - HW
Só é mencionado o local da edição para obras não editadas em Londres.
Estas sugestões de leituras adicionais e notas seguem a ordem de assunto dos capítulos.
Para uma introdução geral, dois livros clássicos se destacam: Jan Vansina, Oral Tradition: a study in Izistorical inethodology, 1965 (reedição modificada, Oral Tradition as History, 1985), e George Ewart Evans, Where Beards Wag Ali: The Relevance of Oral Tradition, 1970 - o pri-meiro deles baseado num trabalho histórico de campo na África, o se-gundo, na East Anglia. Mais recentemente, Ken Plummer, Documents of Life: An Introduction to the Problems and Literature of a Humanistic Method, 1983, proporcionou uma excelente introdução para cientistas so-ciais. David Hcnige, Oral Historiography, 1982, oferece uma revisão atua-lizada da coleta de tradição oral no Terceiro Mundo.
Contudo, as fontes que mais contribuem para o desenvolvimento continuado da história oral são periódicos especializados: notadamente Oral Historv, the journal of the Oral History Society (Department of Sociology, Essex University, Wivenhoe Park, Colchester, CO4 3SQ, Ingla-terra); a Jnternational Journ~uzi of Oral History (Meckler Publishing, 11 Ferry Lane West, CT 06880, Estados Unidos), e a Oral History Review e a Newsletter, da Oral History Association, Estados Unidos (PO Box 926, University Station, Lexington, Kentucky 40506, Estados Unidos). Há pe-riódicos nacionais no Canadá, na Austrália, na Itália e ainda em outros
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países, bem como muitos periódicos locais: o mais conhecido de todos é a revista escolar Foxfire (Rabun Gap, Geórgia 30568). Na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos são acessíveis também os catálogos de arquivos e os pro-jetos da Oral Histoiy Society e da Oral Histoiy Association, respectivamente.
Finalmente, três notáveis coletâneas reúnem artigos e comunicações em congressos: Daniel Bertaux (org.), Biography and Society: The Life Ilistory Approach in the Social Sciences, 1981; David K. Dunaway e Willa K. Baum (orgs.), Oral History: An Interdisciplinary Anthology, 1984; e Paul Thompson (org.), Our Common History: The Transformation of Eu-rape, 1982 (comunicações do congresso international de história oral de 1979).
Introduções acessíveis em outras línguas são Lutz Niethammer (org.), Lebenserfahrung und Kollektives Gedãchtnis die Praxis der Oral History" Herausgegeben, Frankfurt, 1980; Martin Kohli e G. Ro-bert (orgs.), Biographie um Soziale Wirklichkeit, neue Beitrage und Forschungsperspektiven, Stuttgart, 1984; Philippe Joutard, Ces voix qui nous viennent du passé, Paris, 1983; B. Bemardi, C. Poni e A. Triulzi (orgs.), Fonti Orali: Antropologia e Storia, Milão, 1978 (comunicações do congresso de 1976 em Bolonha, em italiano, inglês e francês); Luisa Passe-tini (org.), Storia Orale: vita quotidiana e cultura materiale delle classi subalterne, Turim, 1978; e Franco Ferrarotti, Sto ria e storie di vita, Roma, 1981. Números especiais sobre história oral e história de vida foram publi-cados, em francês, pelos Annales (30.1.1980) e pelos Cahiers internatio-de sociologie (LXIX, 1980).
Capitulo 1 - História e comunidade
Com relação a recentes avanços na Grã-Bretanha, ver Oral History and Comrnunity Historv, número especial, OH, 12, 2, e Rickie Burman, Tarticipating in the Past? Oral History and Community History in the Work of Manchester Studies", IJOH, 5, 2. Sobre os objetivos sociais e a manipulação da história: David Lowenthal, The Past is a Foreign Country, Cambridge, 1985; Eric Hobsbawm e Terence Ranger (orgs.), The Invention of Tradition, Cambridge, 1983; Jean Chesneaux, Pasts and futures, what is Historv for?, 1978.
1.OH, l,2,p.9.
2.OH, l,4,p.57.
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Capítulo 2 - Os historiadores e a história oral
Com relação à história oral em sociedades não-letradas, ver Vansina, Oral Tradition; Henige, Oral Historiography; D. E McCall, Africa in lime Perspective, 1964; Joseph C. Miller (org.), The African Past Speaks: essays on oral tradition and history, Folkestone, 1980; Walter Ong, Orality and Literacy, 1982; John Miles Foley (org.), Oral Traditional Literature, Columbus, 1981; D. L. Page, History and the Homeric Iliad, Berkeley, 1959. Com relação às alterações da natureza da percepção nos primeiros tempos da imprensa: Robert Mandrou, Introduction to Modern France 1500-1640, An Essav in Historical Psychology, 1975. Uma crítica sistemá-tica das fontes orais e das fontes impressas no correr de três séculos, a respeito de um único tema, a rebeldia protestante contra o Estado fran-cês nas Cévennes, encontra-se em Philippe Joutard, La Légende des Camisards: une sensibilité au passé, Paris, 1977. Sobre os historiadores: J. W. Thompson, A History of Historical Writing, Nova York, 1942.
Com relação ao desenvolvimento subseqüente da história local, ver Raphael Samuel, "Oral History and Local Histoiy", HW, 1. Com relação ao desenvolvimento inicial dos métodos de levantamento social na Grã-Bretanha e na Europa, ver Anthony Oberschall, Empiri cal Social Research in Germany 1848-1914, 1965; e Marie Jahoda, Paul Lazarsfeld e Hans Zeisel, Marienthal, trad. de 1972, pp. 100 e segs.. Quanto à autobiografia na Inglaterra, ver David Vincent, Bread, Knowledge and Freedom: a study ofnineteenth-century working-class auto biography, 1981, e quanto a anti-gas autobiografias religiosas, Owen C. Watkins, The Puritan Experience: studies in spiritual autobiography, Nova York, 1972; na Alemanha, Oberschall; na França, Philippe Lejeune, Je est un autre: L'autobiogra-phie, de la littérature aux médias, Paris, 1980.
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