Afoxé Oju Omim Omorewá: do terreiro ao palco – a performance artística como mecanismo de empoderamento



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3.4 - RESPONSABILIDADE SOCIAL

Além das atividades artísticas e a ligação religiosa o Omorewá, também se preocupa com a preparação de seus componentes para o mercado de trabalho. Pela sede do grupo estar situada no bairro do Jacintinho, um dos mais populosos de Maceió e com altos níveis de criminalidade e vulnerabilidade social principalmente entre os jovens negros, Mãe Nany promove periodicamente oficinas dentro do próprio grupo, visando assim estimular o desenvolvimento de determinados segmentos profissionais que ajudam na manutenção financeira do próprio grupo, como no sustento de seus componentes.

Para Mãe Bel,

Grupo é assim, família é assim, a gente tem que ajudar um ao outro. A gente tem a preocupação de ensinar as pessoas a fazer as coisas, agora a gente tá montando figurinos, a gente ensina as meninas a costurar, já demos oficinas de colares pra cara uma fazer os seus adereções, já demos oficina de maquiagem, de cabelos (CAETANO, 2014)

E Mãe Nany complementa,

A gente ensina, chega junto quando a pessoa precisa, não é só o Omorewá Cultural, é o Omorewá social. Tudo que a gente tem do grupo é de doação, então serve para o grupo usar, pra consertar o próprio figurino, pra os meninos pegarem os instrumentos e dar oficina. A gente ensina tudo porque amanhã ou depois serve pra pessoa como trabalho mesmo (MORENO, 2014)

Mesmo que nem todos os participantes sejam candomblecistas, a configuração da divisão das tarefas dentro do grupo muito se assemelha aos terreiros de Candomblé mais tradicionais, pois, enquanto se encontra no processo de aprendizagem o Iyaô se dedica a outras atividades dentro da casa a qual faz parte, desde as obrigações religiosas até a manutenção do espaço físico.

Apesar de toda a organização, a manutenção de um Afoxé se torna muito dispendiosa e, assim como a maioria dos grupos artísticos-culturais de Maceió, o Omorewá se mantém basicamente de trabalhos paralelos de Mãe Nany e Mãe Bel, ou pelos cachês das apresentações feitas dentro de projetos de difusão cultural, onde Mãe Nany me relatou como se dá a produção do Afoxé,

Tudo que é feito é tirado do bolso da gente, tem também os trabalhos e oficinas que a gente dá pelo grupo, aí paga as contas que tem que pagar e o que sobra investe no grupo. O que não é justo pra gente é cobrar dos meninos do grupo uma mensalidade, muitos não trabalham, não é justo porque já estão no grupo sem ganhar nada, todo cachê que entra, que não é muito, a gente decide com todos se é pra dividir ou pra ficar com o grupo. Tem gente que realmente precisa receber seu cachê, mas eu, Bel e Dé (um dos percussionistas do grupo), a gente não recebe cachê, guarda pra comprar as coisas que precisa. Às vezes a gente conta com um apoio que em cima da hora não sai, fica muito difícil, principalmente quando é ano eleitoral (MORENO, 2014)

Além das oficinas internas para capacitação dos próprios componentes do Omorewá, o grupo também se dedica à composição das músicas que fazem parte do repertório, geralmente homenageando a ancestralidade e a memória do povo negro, num ato de afirmação de identidade e de orgulho das raízes africanas. Fazem parte do repertório as músicas: “Águas Cristalinas” – que seus trechos ilustram os tópicos desta monografia, “Terra Mãe” e “Lá no infinito”, todas compostas por Mãe Nany, que conta com mais de vinte músicas de sua autoria.




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