Alfa: Lucas Hunter Curadora


JUDD LAUREN ainda estava vivo



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JUDD LAUREN ainda estava vivo.

Ming olhou o relatório inesperado. Ordenara que os Arrows eliminassem Judd antes que a existência do dissidente Tk-Cel se tornasse conhecida. Queria que ele fosse exterminado antes da muito mais importante eliminação de Sienna Lauren, a X–Psy que era de longe a maior ameaça. Entretanto os Arrows não eram mais seus. Ele não tinha esperado que Aden ou seus homens tivessem problemas em cuidar de um Arrow rebelde.

Desde que o Tk-Cel abandonou o esquadrão quando desertou, era claro que os Arrows não obedeceríam a ordem de Ming, não por qualquer tipo de lealdade para com seu antigo camarada, mas para deixar claro para Ming que eles não o sustentariam mais de qualquer maneira. Uma perda crítica, mas não incapacitante. Encontrou os olhos do homem que trouxe o relatório e disse, — Nós temos qualquer um com treinamento para ir atrás de Lauren?

— Não. Só um Arrow poderia conter com sucesso outro Arrow.

Ming teve que concordar. Os Arrows eram altamente treinados para não serem presa fácil. Ele teria sucesso em sua mocidade, mas tinha estado fora do serviço ativo por duas décadas, não tinha mais o mesmo nível de habilidade de quando fazia assassinatos encobertos. Adicionado ao fato de que Judd Lauren podia tele transportar, não fazia nenhum sentido seguir o Arrow rebelde ele mesmo.

Sienna Lauren porém, não era uma Arrow nem um telecinética. Ele a treinara e conhecia sua habilidade. Existiam murmúrios na Net de que ela havia afiado aquelas habilidades durante seu tempo com os lobos, mas isso não alterava suas conclusões. Se ele viesse para isso, a batalha seria psíquica e ele prendera sua mente uma vez. Ele faria isto novamente.

— Mantenha a situação monitorada, ele ordenou. — Vigilância moderada. Nenhum contato. Sienna não tinha aparecido em público desde a onda letal de fogo X que consumiu uma porcentagem significante do exército de Pure Psys de Henry. Ninguém estava certo de que ela não tinha perecido como resultado. Se ela tivesse, era por que foi fisicamente executada por um dos seus próprios. Se ela tivesse morrido pela implosão de seus poderes de cardeal X, as Sierras teriam sumido. — Sua meta é descobrir se Sienna Lauren sobreviveu à batalha.

Se ela estivesse viva, ela não poderia ter permissão para existir fora do controle psíquico de Ming.

Sete

O temperamento ainda cozinhando em fogo lento, o que não era a única coisa a ferver, Riaz estava vestido em calças pretas feitas de um material leve que não aquecia demais, seu dorso nu, saiu da corrida de treinamento na hora certa para ver um grupo de soldados mais experimentados cruzarem a linha de chegada. — Como foi? Ele peguntou a Judd, que estava observando a sessão.

— Maldições são faladas juntas a seu nome. — A expressão de Judd permanecia inalterada, seu senso de humor era sutil. — O curso é duro, mas os lobos apreciam desafios.

— Assim como os Psy. — Ele sabia que como um Tk, Judd era brutalmente competitivo. — Eu e você? — A energia dolorosamente furiosa em seu corpo precisava de algum lugar para ir.

Mas Judd agitou negativamente a cabeça, o cabelo escuro pegando os raios laranja do lento pôr do sol. — Jantarei com Walker e as crianças. Amanhã?

— Certo. — Riaz optou por permanecer para trás enquanto o outro tenente partia com o resto do grupo, decidindo correr o percurso sozinho. Foi quando ele pegou um odor inesperado na brisa.

Amoras esmagadas sobre o gelo... Calor lambeu inesperadamente sua pele.

Sua mandíbula apertou quando Adria emergiu das árvores, seu lobo reagiu com um grunhido assim como seu pau endurecido. A resposta era tão quente, tão rápida, além de seu controle consciente, o que o enfureceu.

Não dizendo uma palavra, Adria tirou suas botas e meias.

— Voce não está vestida adequadamente. — Terminou próximo de um grunhido.

Um fluido encolher de ombros revelou os músculos flexíveis naquela armação alta. — A calça jeans servirá.

Seu lobo ouviu o desafio não dito, seus caninos faiscaram. — Então vamos. - Com isso subiu correndo no tronco de madeira liso que tinha sido a queda de mais de um SnowDancer, e teve consciência de Adria fazendo o mesmo com uma graça quase felina.

Ao invés de uma parede no topo do declive, havia agora uma corda especialmente projetada subindo a armação, exigia um rígido controle muscular para conseguir. Ele favorecia àqueles de peso mais leve, e Adria o bateu para o topo e para a escada de anel que testava a força da parte superior do corpo. Ele era muito mais forte que ela em qualquer medida, e eles estavam pescoço a pescoço novamente quando alcançaram o conjunto final de anéis.

Saltando para o chão firme, ele fez sua passagem no túnel escuro e estreito construído para não deixar o uso de garras e unhas, suas paredes vazando um gel liso que frustrava qualquer movimento. Ele tinha criado o obstáculo, mas ele estava plenamente confiante quando chegou ao final ao lado de uma Adria que tinha fios de cabelo pretos presos em suas têmporas e bochechas, e então eles estavam enxugando o gel e subindo através do ginásio de selva.

Enfocando apenas em andar pela estrutura complexa, ele não deixou entrar a presença da mulher com a qual ele ainda podia sentir o gosto, ainda sentir tão apertada e líquida em seus dedos. Sempre soube que um dia tomaria uma amante. Lisette, - Uma punhalada ofuscante de dor - estava felizmente casada e nunca pertencera a ele. Era uma verdade que nada poderia mudar e ele havia compreendido que tinha que aceitar isso antes que se destruísse.

Mas ele não estava pronto ainda.

Ainda que estivesse, sempre assumiu que a mulher com quem acabaria sua existência celibatária seria morna, afetuosa, alguém que entenderia quão ferido era seu coração.

Não a estranha próxima que poderia cortar tão eficientemente quanto uma lâmina de barbear.

Seus braços doíam, caiu sobre seus pés depois de alcançar com sucesso o fim do ginásio de selva e olhou atrás para ver Adria agarrar-se para não cair de uma seção, cortesia do algoritmo fortuito que quase o derrubou de bunda no meio do caminho. Não havia ela o alcançar agora, com dentes apertados ela se puxou de volta e subiu ao topo da estrutura.

Impressionado, ele não a insultou não dando seu melhor no resto do percurso, o chão duro em baixo de seus pés nus. Ele se acalmava quando ela cruzou a linha de chegada desmoronando sobre seus joelhos. — Sienna estava certa, — ela ofegou, sua trança caindo por um ombro até seu peito. — Você é um sádico.

— Um percurso fácil não os ensina nada. — Deixando ela para se recuperar, ele correu para a toca para pegar duas garrafas de água de um refrigerador mantido perto da saída mais próxima e correu de volta.

Levantando-se completamente, ela tomou a garrafa que ele ofereceu. — Obrigada.

Nenhum som, a não ser o da água sendo bebida.

Fechando a tampa de sua garrafa, Adria empurrou de volta as ondas de seu cabelo molhado de suor e disse: — Olha, o que aconteceu...

— Deixa pra lá. — A memória de sua traição trouxe bílis à sua garganta, sem levar em consideração a pulsação crua de seu corpo, ainda não estava disposto a aceitar o inevitável e esquecer a mulher que deveria ser sua. Não precisava de uma necropsia.

A pele cremosa sem defeitos, com um toque dourado deixado pelo sol estava tensa sobre as maçãs do rosto de Adria. — Enterrar sua cabeça na areia não fará isso ir embora. — Seu tom deixou claro que ela não havia ignorado a evidência rígida de sua estimulação.

Se forçando a não pulverizar a garrafa que segurava na mão, ele tomou seu tempo para responder. — O que exatamente você gostaria de discutir? — Perguntou em um tom que disse para ela recuar se soubesse o que lhe convinha.

Adria se fez de desentendida. — Nós estamos sexualmente atraídos um pelo outro, — disse-lhe, os pés ligeiramente afastados e as mãos ao lado. — Talvez você não tenha se dado conta até hoje, mas agora você o fez.

— Eu também sou um tenente, — disse-lhe, furioso por não entender sua própria resposta antagônica a Adria a tempo de segurar isto, — E isso significa que eu posso controlar meus impulsos. — Nenhuma parte dele tinha qualquer intenção de ceder a esse desejo inoportuno, o lobo com uma ira tão primitiva quanto o homem.

— Assim como eu posso. — O som daquela voz rouca esfregando contra sua pele em uma carícia. — Mas estou dizendo que nós não necessariamente precisamos. — Ela segurou o brutal domínio de seu olhar durante um longo momento antes de sua loba a forçar a desviar o olhar, suas mãos em punhos apertados, ossos brancos contra a pele. — Eu não quero uma relação permanente e Índigo me disse que você também não quer.

— Ela disse, não é?

Na pergunta sedosa Adria encontrou mais uma vez seu olhar, sua respiração ofegante, sua loba indubitavelmente lutando porque sabia que ele seria mais forte e perigoso num confronto. — Ela não quebrou sua confiança.

Ele a respeitou por ter defendido Índigo, mas isso não a desculpava pelo que ousou sugerir. Sua raiva ficou silenciosa, mortal, fria. — Você só quer dormir junto, é isso?

Os dedos esbeltos se dobraram apertados novamente. — Eu estou falando sobre compartilhar privilégios íntimos de pele. — Suas maçãs do rosto ficaram vermelhas, — Nada proibido ou tabu no meio da matilha. Eu não vejo por que você está reagindo como se eu estivesse sugerindo algo terrível.

— Porque eu não gosto de você, — disse-lhe, e a viu vacilar.

Ele estava sendo desumano e não era normalmente tal bastardo, mas Adria tocara sobre o maior ferimento em seu coração e então esfregara sal sobre a ferida, com sua abordagem casual para algo que fodia com ele. Ele não podia enxegar, muito menos pensar, mas uma coisa ele sabia: — Você não é uma mulher que eu quereria em minha cama.

Adria podia sentir seu rosto queimar, o calor devastador, mas não se acovardou com o rabo entre as pernas. — Não poderia ser mais claro que isso.

Riaz não respondeu, apenas a observou com aqueles letais olhos dourados.

— Nós temos que trabalhar juntos, — ela disse, se recusando a permitir que ele a intimidasse, sua dominância empurrado-a até que era uma força quase física. Levou tudo que ela tinha para segurar seu chão. Na verdade, sua loba já deveria ter-se abaixado na frente de um maior, mais mortal predador, mas o pequeno “segredo” sobre seu exato lugar na hierarquia lhe deu suficiente latitude para resistir ao poder que saltava dele por mais alguns momentos.

— Eu não quero problemas entre nós. — A furiosa estimulação sexual fundiu com a névoa vermelha da raiva que lambia o ar. — Atrapalhando nossa relação de trabalho. Vamos concordar em ficar cada um para seu lado tanto quanto possível e quando não for, sejamos corteses.

— Ótimo. - Nenhuma piscadela. Nenhuma mudança em sua postura.

Suor escorreu inesperadamente por sua espinha e seus dentes apertaram, controlando-se para responder com apenas um curto aceno de cabeça antes de partir, sua mão apertando a garrafa d’água tão forte que ela esmagou o plástico. Isso a humilhava agora, quando fez claro o que pensava a respeito dela, o puxão que ela sentia em direção a Riaz era uma torção escura de necessidade em seu intestino. Mas ela não havia se tornado um soldado sênior aos vinte e cinco porque era fraca.

Garras saíram de suas mãos, sentiu seus olhos se tornarem o âmbar de sua loba.

Riaz Delgado jamais teria outro convite dela.



Oito


ADEN saiu pelos fundos da igreja onde tinha encontrado Judd Lauren pela segunda vez desde que a cidade fora invadida com Pure Psy, parando ao lado do Tc que o trouxe até o local.

Os olhos de Vasic permaneceram fixos no antigo Arrow, até que Judd desapareceu em uma esquina e nas ruas de São Francisco, uma sombra no meio das sombras. — Ele ainda se move como um de nós.

— Em todos os aspectos que importam, ainda é um de nós.

Vasic não disse nada mais e alguns segundos mais tarde eles não estavam mais nas árvores atrás da igreja, mas em um planalto numa montanha isolada, drapejado pelo véu sedoso e cristalino da noite, pontilhado com estrelas tão brilhantes que pareciam contas de vidro.

Muitos chamaram a PsyNet, a vasta rede que conectava todos os Psys uns com os outros, um campo de estrelas, mas Aden percebera que a PsyNet estava perdendo algo de fundamental. Sua essência, a vida que todos os Arrows se dedicavam a preservar. — Eu esperava o deserto.

— Ambos os locais permitem que nós conversemos sem ser escutados. — O olhar de Vasic de um frio cinza que nunca dizia qualquer coisa, passando da borda do planalto para as árvores nodosas que se projetavam para a negra noite sem luar.

Aden sabia o que Vasic buscava na escuridão, mas eles não conversariam sobre isto esta noite. Ao invés, ele disse, — Você acha que Henry Scott está morto? - O Conselheiro tinha sido batido pelo fogo frio de um X-Psy, mas ninguém o viu se queimar até as cinzas, e ele estava cercado por Tcs capazes de tele transporte.

O cabelo de Vasic foi erguido pelo vento, as ondas tinham crescido nos últimos meses até que passar do comprimento regulamentar dos Arrows. — Não confirmado, mas ele tinha seus melhores homens ao redor. A probabilidade de eles o terem tirado a tempo é alta.

Aden chegou à mesma conclusão. — Se ele estiver vivo aprendeu alguns novos truques, ou alguém o está ajudando a esconder sua presença na Net. As mudanças em Henry ficaram aparentes antes da batalha. Antes do aparecimento súbito de uma perícia militar inesperada e impossível, o Conselheiro tinha sido o membro beta do par Henry-Shoshanna.

— Ming. — Vasic continuou a olhar fixamente ao redor à medida que ele falava, e Aden se perguntou quanto dele permanecia aqui neste planalto frio e varrido pelo vento.

— Sim.

— Ele pode ter aconselhado e usado Henry por seus próprios objetivos, mas Ming não o protegeria uma vez que ele estivesse debilitado e que não tivesse mais qualquer uso estratégico.



Os pensamentos de Aden se mesclavam muito perfeitamente com os de Vasic, ele não desperdiçou tempo verbalizando seu acordo. — Os membros sobreviventes dos PurePsy permanecem fanaticamente dedicados a ele. O Silêncio era para ter eliminado toda emoção de suas vidas, mas rachaduras começaram a aparecer no tecido frio do condicionamento que todos eles sofriam quando crianças. Os PurePsy poderiam depreciar aquelas rachaduras e apreciar seu próprio estilo de “Pureza” , mas a profundidade de seu compromisso para com Henry colocou seu próprio condicionamento em check. — Eles bem poderiam ter um forte telepata entre eles. Qualificado o suficiente para bloquear a presença visível de Henry na Net.

— Você pegou um rastro?

— Sim. — Escolhido para ser treinando como Arrow só porque seus pais o tinham sido, Aden era oficialmente um médico de campo, seu toque telepático muito sutil, foi classificado erroneamente como um gradiente muito baixo. Walker Lauren foi a primeira pessoa que entendeu o perigoso poder de Aden e o manteve em segredo. Ensinando as habilidades que Aden costumava usar. — Se Henry estiver vivo, eu o acharei.

Verificando uma mensagem que entrava no dispositivo aclopado em seu braço, um dispositivo que Aden observou se tornar uma parte viva de seu corpo depois que a fusão experimental se deu no final do último ano, Vasic disse, — Você falou com Abbott novamente?

— Sim. Ele fica conosco. — O Tc tinha estado à beira de desertar do esquadrão para se juntar aos PurePsys.

— O que você disse para convencê-lo?

— Aqueles PurePsy querem manter a estrutura de poder atual, levando em conta que aquela estrutura de poder se provou irreparavelmente defeituosa. — Os Arrows não eram estúpidos, nunca simplesmente tinham sido armas antes do Jax. O uso a longo prazo da droga os tornaram armas descuidadas, mas inquestionáveis para aqueles que os comandavam, Jax não era mais administrado para nenhum Arrow. — O que Abbott quer, — Aden continuou, — é algo completamente diferente.

— Um Arrow não pode querer qualquer coisa se ele quiser permanecer um Arrow.

Não existia nada em Vasic que traísse sua memória, mas Aden sabia que seu companheiro Arrow aprendera aquela lição depois de ter sua perna quebrada múltiplas vezes quando tinha seis anos de idade e expressara o desejo de retornar para casa. — Eu garantirei que ele entenda e que não se exponha a estranhos. — A lealdade dentro do esquadrão não era dita, era porém absoluta.

Indo para a beira do planalto Aden sentiu, mais do que viu, Vasic vir parar ao lado dele. A montanha tombou-se abruptamente distante na frente deles e isto era uma lembrança do mergulho que a Net estava à beira de dar.

A única pergunta era quantos morreriam na queda.

Nove


Sienna adorava estar acasalada com Hawke. Morar com ele porém, ela pensou quando os ponteiros do relógio antigo moveram-se para sete da manhã, precisava de alguns ajustes. Não é que ela não estivesse acostumada a coabitar com outras pessoas, desde sua deserção da PsyNet, ela morara primeriamente com Walker e as crianças.

Era o fato de que por ser tão dominante, Hawke tendia a tomar todo o espaço disponível simplesmente por respirar. — Isso é meu, — ela disse, reivindicando setenta e cinco por cento do closet. Somente na semana passada foi que eles tiveram a chance de transferir a maioria das coisas para o alojamento de Hawke, os dois tendo estado tão ocupados em suas outras tarefas após a batalha com os PurePsy. — Você pode ficar com essa seção.

Ele deu de ombros e colocou sua xícara sobre uma das pequenas prateleiras que uma vez ficaram ao lado da porta de seu quarto de solteiro, o cheiro do café rico e evocativo. — Okay.

Certo, ela admitiu em um amuado murmúrio interno, aquela não havia sido realmente uma grande batalha. Seu lindo e enlouquecedor companheiro vivia em camisetas e jeans, mas quando colocava um terno... A palavra era deleitável . — E também, — ela disse, recusando-se a ser dissuadida de seu mau humor, — Pare de roubar meu café. — Era uma mistura especial que Drew sempre trazia para ela de uma loja muito específica em San Diego.

Hawke sorriu e tomou outro gole antes de devolver a xicara, dada de presente a ele por Marlee, depois de sua sobrinha ter pintado uma criatura parecida com um lobo na cerâmica para seu lugar de descanso. — É um café bom. — Despindo-se da calça de moletom que ele havia vestido depois do banho, ele vestiu uma calça jeans, seus lábios curvando-se em um sorriso que a fez perder o folego. — Você fica linda com a minha camiseta.

Grunhindo, ela se sentou na cama, resistindo à tentação de ir até ele e esfregar sua bochecha no suave caminho de pelos que cobria o peito dele, sua necessidade por ele algo que pulsava em suas entranhas. — Eu pareço uma louca. — Rabugenta e mimada. — É claro que você pode ficar com o café. — Ela fizera o bastante para dois, estava totalmente satisfeita com o fato de que ele gostava de seu jeito de preparar a bebida.

Ele a esperava fazer o café toda manhã, depois beijava a curva de seu pescoço em agradecimento. Da mesma forma que ela esperava que ele fatiasse o pão que pegava algumas vezes na semana em uma padaria próxima às bordas do território, quando ela poderia facilmente fatiá-lo ela mesma. Pequenos rituais. Pequenas peças de suas vidas. A ideia de que eles estavam assentando as fundações de sua história juntos... Fazia-lhe tão feliz que doía. Era o porquê de ela estar aturdida com sua crise de temperamento. — Eu não sei o que há de errado comigo.

— Ei. — Expressão de repente solene, ele se ajoelhou em frente a ela, seus jeans somente parcialmente abotoados e totalmente distrativos. — Eu sei o que está acontecendo.

Ela ergueu seus olhos do peito dele e de um lugar mais abaixo, para seu rosto. — Você sabe?

— Sim, querida, eu sei. — Um olhar acanhado. — Eu estou te empurrando, te pressionando até mesmo em nossa casa, mas eu juro que não estou fazendo de propósito.

Ela tinha resistência zero a ele quando ele ficava assim, quando ela podia ver tanto homem quanto lobo a observando com uma ternura que, simplesmente a desfazia. Fechando suas mãos sobre a seda morna de seus ombros, ela o acariciou até que um rosnado preguiçoso ressoou em seu peito. — Eu fico feliz, — ela disse. — Eu odiaria se você estivesse se segurando comigo.

— Impossível. — Ele angulou seu pescoço em um pedido silencioso, e ela gentilmente massageou um ponto que o teria feito ronronar se ele fosse um felino.



Meu.

O pensamento possessivo era familiar. Hawke despertava seus instintos mais primitivos. — Só para que você saiba, se eu ficar realmente zangada posso chamuscar suas sobrancelhas, —murmurou, porque sabia que se cedesse um centímetro, ele tomaria não somente um quilômetro, mas a estrada inteira.

— Tudo bem. — Cílios se erguendo, ele curvou sua mão em torno do pescoço dela para puxá-la até ele. — Assim nós poderemos nos beijar e fazer as pazes. Duas vezes.

Ela riu com a lenta, profunda sedução do beijo dele, seus seios apertados contra o suave algodão da camiseta que ela pegou quando acordou. A ideia de uma camisola ou pijama era ridícula com um lobo alfa na cama com ela. Nada nunca permanecia. Na maioria das vezes as roupas de dormir acabavam em tiras. Então agora ela só roubava as camisetas dele quando acordava. Ele, é claro, era puro changeling, não tinha problemas com nudez.

Não que ela não gostasse da vista.

Parando o beijo para respirar, ela afastou as mechas úmidas de seu cabelo, suas coxas espalhadas em volta do corpo dele, as mãos dele mornas e possessivas sob a barra da camiseta. — O que você planejou para hoje? — perguntou-lhe, seu coração se apertando com a perfeição desse momento no qual ela tinha o direito de tocá-lo, de cuidar dele, de chamá-lo de seu.

Mordeu-lhe os dedos antes de responder, o lobo brincando com ela. — Acho que eu vou passar a maior parte do tempo com Felix e seu time.

Ela não pôde evitar sua hesitação instintiva com a memória do quão estéril a área sendo replantada se tornara, cada pequena lâmina de grama feita em cinzas.

A resposta de Hawke foi morder o lábio inferior dela. — Eu lhe disse para não fazer isso.

Franzindo, ela esfregou onde sentira uma pontada. — Eu tenho permissão para pensar sobre o que eu fiz.

— O que você fez foi salvar as vidas dos seus companheiros de clã. — Puxando-a mais para perto, ele sugou o ponto onde havia mordido, aliviando a dor temporária. — Isso é o que conta.

— Não sinto pelo que fiz. — Foi uma escolha feita em batalha, contra um inimigo que não iria parar. Não importava quantos anos ela vivesse, ela nunca esqueceria o esmagador, feio som de uma centena de armas batendo contra o crânio de SnowDancers atordoados e machucados. Seu ato foi certo no momento, naquele lugar. — É só que... — Ela havia aniquilado o exército PurePsy, havia matado vários homens e mulheres que tiveram a infelicidade de escolher o lado errado.

Seu lobo segurou o olhar dela. — Fale comigo.

E ela falou. E ele ouviu. Ele entendeu. Até que ela pudesse respirar novamente, seu peito expandido com cada inalação. Não era a primeira vez que eles falavam sobre aquele dia terrível, nem seria o último, mas saber que ele estaria lá todas as vezes que ela precisasse dele, era tudo.

— Algum outro plano para o dia? — ela perguntou depois, arrumando o cabelo dele, porque ela amava fazer isso... E porque tocar Hawke a acalmava no nível mais profundo, até que às vezes, quando as memórias vinham com muita força, ele simplesmente trocava de forma e a deixava acariciar o imenso lobo prata-dourado que era a outra metade de sua natureza, pelo tempo que ela precisasse.

— Eu vou levar Harley comigo, — disse, arqueando seu pescoço enquanto ela passava as unhas sobre seu couro cabeludo como ele gostava. — Isso me dará uma oportunidade de ver como ele está se desenvolvendo. — Outro rosnado prazeroso, as mãos dele flexionando contra a pele dela.

Seu companheiro a deixava tão feliz por ser uma mulher. — Ele se estabilizou? — O jovem macho estava se desenvolvendo para ser um dominante poderoso.

— Ele está chegando lá. O garoto tem uma força de vontade muito forte. — Ele apertou-lhe as coxas com aquelas mãos que ela já havia sentido em todas as partes de seu corpo. — Parece alguém que eu conheço.

— Lembre-se disso.

— É por isso que o lobo te pressiona, —disse-lhe, pressionando um beijo na parte inferior do joelho dela, o que a fez se arrepiar. —Lobo e homem, ambos sabem que você vai pressioná-los de volta. Não seria divertido se você fosse uma fracote.

Seduzida, ela estava sendo profundamente seduzida por um lobo que a conhecia bem demais. — A coisa com as fêmeas maternais? — Não tiveram uma chance de conversar muito na noite anterior, o jantar durando mais que o esperado. Dada as pessoas em volta da mesa, não era de se surpreender que a conversa tenha virado para a crescente instabilidade da PsyNet.

Judd desaparecra por volta das dez, indo para um encontro com seus contatos, então ele provavelmente teria mais informações para compartilhar com Hawke hoje. Depois disso, Sienna sabia que Hawke faria questão de conversar sobre a informação com ela, um verdadeiro companheiro alfa precisava forjar uma confiança mais profunda que a sensualidade, que o elo de companheirismo. Teriam que englobar o núcleo do que era necessário para manter os SnowDancer fortes. — Pelo menos você sobreviveu ao encontro.

O grunhido de Hawke era eloquente. — Eu tenho uma dor de cabeça só de pensar nisso. Pergunte-me novamente depois do sexo e eu posso ter a força de vontade de falar sobre o assunto.

Ela riu. — É bom saber que eu não sou a única que tem medo da Nell.

— Nada me assusta, muito menos uma mulher que talvez tenha cinquenta quilos e é três anos mais nova que eu.

— Continue dizendo isso pra si mesmo.

Olhos lupinos cerrados. — Espertinhos são punidos. — Erguendo suas mãos sob a barra da camiseta, ele passou seus dedões sobre a sensível dobra das coxas dela, sorriu muito lupinamente para o tremor que a abalou. — Você estava bem quieta enquanto discutíamos a cerimonia de acasalamento noite passada.

Brincando com o cabelo dele, ela mordeu o interior de seu lábio. — Eu queria que nós tivéssemos feito isso antes. — Eles decidiram esperar até que as coisas se acalmassem um pouco e que as crianças que haviam sido evacuadas tivessem se reassentado na toca, mas o atraso fez os nervos dela fritarem. — Vai ser o primeiro evento do clã desde... — Desde que todos descobriram o que ela podia fazer, o que ela era. — Talvez nós devêssemos fazer nossa cerimônia junto com a de Walker e Lara, — ela disse, embora soubesse que era tarde demais, a celebração estava somente alguns dias à frente.

— Cada cerimônia é única e adequada ao casal. — Hawke segurou o rosto dela em suas mãos, e ela soube que ele entendera o que não disse. — Eles querem algo mais simples.

E ele era alfa, a cerimônia celebrando sua união, um dos maiores eventos do clã dos últimos tempos. Todos os membros, jovens e velhos, queriam contribuir, ser parte das festividades, e Sienna não os privaria disso, nem mesmo se ela quisesse se esconder em um canto e esperar que ninguém a percebesse.

Hawke pressionou um dedo nos lábios dela antes que pudesse falar. — Eu lhe disse bebê, nós somos lobos. — Afeição selvagem, o apelido que ele só usava com ela. — Nós respeitamos a força.

— Eu sou apenas um soldado. — Hierarquia era um componente crítico da estabilidade do clã, e seu relacionamento estava fora disso. Ela nunca desistiria, mas o impacto no clã ainda a preocupava às vezes. — Jovem e inexperiente.

— Não é sempre sobre idade e experiência, — Hawke disse-lhe, olhos de um azul pálido prendendo-a. — Talvez você tenha que conquistar seu espaço tratando-se de dominância pessoal, mas você já tem a lealdade deles, porque você se doou ao clã, colocou sua vida em risco para protegê-los. Isso é o que importa.

Envolvendo seus braços ao redor dos ombros dele, ela relaxou em seu abraço. Ele a abraçou mais apertado, acariciando suas costas. Ninguém no clã fez ou disse qualquer coisa para fazê-la se sentir não desejada após a batalha, verdade. Houve mais que alguns sorrisos dados a ela, e a provocação que eles receberam como recém-acasalados era impiedosa, mas — Algumas pessoas tem medo de mim, — ela sussurrou.

Hawke riu. — Bebê, a maioria das pessoas tem medo de mim. — Ele depositou um beijo em seu pescoço. — Faz parte do pacote.



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