Alfa: Lucas Hunter Curadora



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VASIC ERA UM assassino. Era o que ele tinha sido programado para ser desde que era uma criança colocada no Esquadrão Arrow. Ele tinha estado tão confuso, tão assustado. Porque ele ainda sentia então, havia sabido mesmo quando uma criança de quatro anos que as pessoas que tinham vindo por ele não eram pessoas que ele queria em sua vida.

Ele tinha escapado deles, também. Várias vezes. Nenhuma segurança poderia conter um Viajante. Foi por isso que ele tinha sido colocado sob o ‘cuidado’ de outro Arrow, o único outro Tk-V que ele tinha conhecido em toda a sua vida – e o único que tinha entendido como a mente de Vasic funcionava bem o suficiente para enganá-lo.

— Você não sente nada? — Tinha sido uma pergunta inocente de uma criança para o homem que se tornaria seu pai, treinador e carcereiro.

— A emoção é uma fraqueza. Você vai ficar em Silêncio logo, então, você vai entender.

Vasic não tinha simplesmente ficado em Silêncio, ele tinha se tornado ainda mais um Arrow que o seu mentor. Patton tinha estado usando Jax, a droga usada para controlar Arrows, desde que ele se tornara uma arma que era visada, apontada, e dita a quem matar. E quando seu desempenho começou a cair, ele tinha sido derrubado como um cão.

Vasic não tinha estado tão perto do Jax quanto Patton, e assim, apesar do que muitos acreditavam, ele podia ainda pensar por si mesmo. Jax poderia criar soldados perfeitos, mas também, eventualmente, anestesiava as mentes daqueles soldados. A mente de Vasic permanecia como uma navalha afiada, suas habilidades afinadas por uma borda letal - afinal, como um Viajante, ele fazia parte da Designação Tk, teletransporte não sendo sua única habilidade.

Agora, Vasic se afastava da vista do Pacífico proporcionada por esta remota área rochosa, a grama atingindo o topo de suas botas de combate, e disse, — Você tem Henry?

— Sim. — O olhar de Aden estava no horizonte, o céu de um cinza pálido que se fundia na preta porção do mar, o nascer do sol pelo menos à uma hora de distância.

— Como?

— Eu não procurei por Henry,— Aden respondeu em um aparente paradoxo. — Eu procurei por médicos treinados em tratamento de ferimentos de queimaduras graves que haviam desaparecido de cena.



E era por isso, pensou Vasic, que Aden liderava os Arrows. — Envie-me os marcadores para o bloqueio de teletransporte.

Uma batida tranquila em sua mente, um pedido de entrada. Quando ele abriu o canal telepático, Aden enviou imagens detalhadas da câmara de vidro esterilizada na qual Henry jazia, o corpo marcado por fogo X. O médico cuja mente eu tirei as imagens não soará o alarme - ele não tem consciência de que eu infiltrei seus escudos.

— Henry, — Aden acrescentou em voz alta, — nunca pensou a longo prazo, então, o fato de que ele deixou seus médicos não blindados era um erro previsível, mas eu esperava mais de Vasquez.

Vasic considerou o que eles sabiam sobre o homem que era o general de Henry, pesando isto contra os atos dele até o momento. — Não importa em que ele acredita, a razão por si só não o direciona. — E tal homem cometeria erros. — E Ming?

Ambos sabiam que Henry tivera ajuda em suas mais recentes atividades militares - o ex-Conselheiro não era criativo o suficiente para ter surgido com estratégias tais como a arma sônica que tinha virado a audição sensível dos changelings contra eles. Era impossível provar se Ming também tivera uma mão na evolução da ideia de paralisar a Net assassinando âncoras, mas a probabilidade era alta.

— Corremos o risco de uma cascata fatal na Net se eliminarmos dois ex-Conselheiros de uma vez, — Aden disse, seu cabelo levantando no vento salgado vindo das ondas quebrando.

Nem todo Conselheiro morto, Vasic sabia, tinha um impacto tão grande. Dependia das circunstâncias circundantes. O assassinato de Marshall Hyde tinha causado um murmúrio menor, no máximo. No entanto, agora, a devastação em Cape Dorset tinha a população bambeando. Outro choque poderia quebrar uma série de mentes frágeis. Porém. — Henry já está morto, tanto quanto a maioria das pessoas estão sabendo.

— Exatamente. Sua execução deve deixar a Net relativamente incólume.

— Quando você quer que eu termine o trabalho?

Os olhos de Aden encontraram os dele, a íris marrom escuro tendo um sentido de vida nelas que Vasic já não via em sua própria. — Eu não sou seu controlador, Vasic. Se vamos fazer isso, vamos fazer isso juntos.

— Isso não é racional. Aumenta o risco de descoberta.

— Talvez, — Aden disse calmamente, — nós não deveríamos ser sempre tão racionais. Judd não foi racional quando desistiu de tudo na escassa chance de que sua família fosse encontrar abrigo com os SnowDancer, e ele tem uma vida.

Enquanto eles existissem.

Vasic sabia que ele nunca teria uma vida como Judd, era muito danificado, mas Aden tinha uma chance. — Eu vou fazê-lo, — ele disse, e teletransportou-se antes que o outro homem pudesse detê-lo.

Chegando ao seu quarto, ele puxou uma capa preta em torno de seu corpo, o capuz sobre a sua cabeça, puxando-o para frente até que ocultasse seu rosto para a invisibilidade escura. Não havia necessidade de dar aos homens de Henry, Vasquez em particular, um alvo específico - quanto mais confuso, menos eficaz PurePsy se tornaria.

Uma pulsação de concentração nas imagens que Aden tinha recolhido da mente do especialista em queimaduras, e ele estava de pé ao lado da forma adormecida de Henry, o teletransporte tão preciso que o ar não se agitou, os alarmes nas proximidades silenciosos. Sombras encheram a luz silenciosa da sala, até que ele era simplesmente outra parte da escuridão.

O técnico além do vidro não tinha nenhuma suspeita de um intruso, os olhos em um monitor. Teleportando-se atrás dele, Vasic incapacitou o homem mais velho com uma simples, indolor beliscada no nervo que o manteria desacordado por cerca de uma hora, antes de retornar para a sala de vidro preenchida com o silencioso bombear das máquinas que mantinham o mutilado corpo de Henry Scott vivo, a respiração um duro, repetitivo arquejar.

Fogo X não era como fogo normal, o dano que causava tão extenso e profundo que nem sempre era possível reparar totalmente. Henry, ele viu, tinha perdido as pernas, parte de um braço. Os membros deviam ter sido escovados pelo fogo frio e se desintegrado antes que o ex-Conselheiro fosse teletransportado para fora. Parte de seu estômago era visível através do vestido médico, o amarelado de sua carne aparecendo mesclado com o derretido e borbulhoso preto de algum tipo de plástico. Seu rosto estava relativamente ileso - exceto pela queimadura através de sua bochecha e boca que tinha tomado seus lábios. Talvez o suficiente de mudança para parar um teletransportador que bloqueasse pessoas tão bem como lugares, se os escudos de Henry não tivessem sido tão fortes.



Ver isso iria perturbar Sienna Lauren.

Foi um pensamento repentino, sobre uma garota que ele tinha visto apenas uma vez - quando ele tinha reportado para Ming como um garoto de dezoito anos recém formado Arrow. Ela tinha sido uma criança, com um olhar em seus olhos que ele tinha reconhecido em nível visceral. Sua resposta a ela tinha sido um dos primeiros sinais de que ele não era Patton e nunca seria, o conhecimento de um presente que lhe permitira sobreviver tanto tempo.

Agora, tendo estado observando o monitor cardíaco, ele olhou para baixo... para ver os olhos do ex-Conselheiro olhando para ele.

— Não, — Henry grunhiu, suas cordas vocais claramente chamuscadas.

— Qualquer chance de que pudéssemos ter deixado você viver, — Vasic disse, — foi perdida quando você tentou destruir a própria Net. — Os Arrows não deixariam ninguém destruir a Net.

Chegando com a parte de sua mente que não era tão elegante quanto sua capacidade de teletransporte, mas funcionava tão bem, ele estalou o pescoço de Henry, mesmo enquanto ele desligava as máquinas monitorando o corpo quebrado do outro Psy. O uso de Tk foi insignificante, o efeito catastrófico. Henry morreu no silêncio que ele queria criar na Net, e Vasic ficou de guarda até que o corpo do ex-Conselheiro estava frio ao toque, sem nenhuma esperança de renascimento.

Ele teletransportou-se para a área rochosa para encontrar Aden sentado em um banco que alguém tinha colocado lá há muito tempo, tornando-se parte da paisagem. — Está feito. — Empurrando para trás o capuz de seu manto, ele caminhou até a beira do penhasco, o fogo cintilante do céu falando de um nascer do sol luminoso. — Temos de encontrar e eliminar Vasquez para desativar completamente o maquinário de PurePsy.

— Vasquez é mais esperto do que Henry.

— Nós vamos encontrá-lo. — Arrows sempre achavam aqueles que eles caçavam.

— Eu não vou deixar você morrer, Vasic.— A voz de Aden estava tranquila.

Vasic não respondeu, mas ambos sabiam que Aden não poderia pará-lo. Uma vez que Vasic tivesse pago suas dívidas, uma vez que a Net estivesse segura, tudo o que ele queria era paz. Para sempre.

Sessente e nove



EMOCIONALMENTE ABALADA PELA tenra, assombrosa noite que havia sido seguida pela selvageria possessiva do amor do seu lobo solitário quando a manhã rompeu - um amor que ela não tinha sido capaz de resistir, mesmo sabendo que era errado - a última pessoa que Adria antecipou ver quando abriu a porta sendo batida poucas horas mais tarde, era Martin.

Atordoada demais para falar, ela apenas olhou para o homem ruivo que já tinha sido seu amante uma vez. Ela não sabia o que ela tinha esperado, se eles alguma vez se encontrassem de novo, mas não era este silencioso sentimento de perda, lascas de memória flutuando em sua mente. Como se ele tivesse sido parte de uma outra vida.

— O que você está fazendo aqui? — ela finalmente perguntou, procurando, mas não encontrando o que foi que a tinha atraído a ele tanto tempo atrás. Apesar da dor que ele causara nela, ela sabia que no cálculo final, ele não era uma pessoa ruim, era que simplesmente não havia nenhuma força nele, e ela precisava daquilo em seu homem.

— Eu queria falar, — ele disse em uma voz hesitante, os olhos cor de avelã incertos. — Eu não vou te culpar se você disser que não, mas eu estou pedindo.

Saindo, ela fechou a porta atrás de si, o celular que ela tinha levado para a sala para se arrumar, na mão. — Vamos andar do lado de fora. — Não importava qual o status de seu relacionamento com o lobo negro que se recusava a deixá-la libertá-lo, ela não podia ter, não teria, o cheiro de Martin dentro de seu quarto. Seria uma traição.

Martin não disse nada até que eles estavam em uma parte da floresta que dava para o lago mais próximo da Toca, as águas lisas como vidro hoje. Vários companheiros de matilha caminhavam ao longo da borda da água, brincavam no raso na forma de lobo, ou sentavam-se nas pedras da praia, mas não havia ninguém por perto, nenhuma chance de que alguém fosse ouvir a conversa deles.

Inclinando-se contra um jovem cedro resistente, ela correu o olhar sobre Martin. Ele estava... Diferente, as mudanças sutis, mas presentes. Como se ele, também, tivesse sido quebrado e colado de volta, com o rosto segurando uma maturidade que não tivera no dia em que ela tinha batido com a porta na cara dele. E os olhos dele, eles estavam agitados com emoção quando eles encontraram os dela. — Eu vim para dizer o que eu deveria ter dito um ano atrás.

Ainda incerta sobre para onde isso estava indo, ela simplesmente esperou.

— Sinto muito, Adria. — Palavras duras, a expressão dele desprovida de fingimento, da dignidade rígida que sempre tinha sido sua armadura. — Desculpe por ser um bastardo e desculpe por não ter a coragem de enfrentar o que eu estava fazendo a nós.

Não era nada que ela, algum dia, esperasse ouvir, mas ela tinha as palavras para responder. — Obrigada por dizer isso. — Significava algo que ele tivesse feito o esforço para encontrá-la, para fazer um pedido de desculpas que ela sabia que não poderia ter vindo facilmente. — Mas não foi tudo sua culpa - eu joguei minha parte.

— Não, — ele sussurrou. — Não me absolva de culpa, eu sei muito bem que eu mereço.

— Eu não estou, — ela disse, porque entendia a coragem que tomava ter que enfrentar seus próprios defeitos, e ela não diminuiria a de Martin.

— Mas... — ela segurou o olhar dele, deixou-o ver a verdade em seus olhos — Está feito, nada que você precise levar como uma pedra em torno de seu pescoço. — A vida dela agora mesmo podia ser uma tempestade turbulenta, mas o capítulo com Martin, ela tinha fechado há muito tempo. Era parte de um passado que a tinha moldado, mas não mais a enjaulava. — Espero que você encontre a felicidade. — O desejo era genuíno, para um homem que uma vez a fizera rir.

Fechando a distância entre eles, ele tocou um hesitante dedo na bochecha dela. — Eu nunca soube o que eu tinha até que você tivesse ido embora. — Uma sentença silenciosa, os olhos dele sombreados com perda e culpa atormentada.

— Nós somos um pedaço da história um do outro agora, Martin, — ela disse suavemente, a força para ser gentil vinda não de seus agressivos instintos de soldado, mas da parte dela que entendia que compaixão não tinha de significar fraqueza. — No passado.

O olhar dele traiu um pesar que prateou a mais aguda emoção através dela, mas não encontrou nenhum gêmeo. Como Riaz tinha visto no que parecia uma eternidade atrás, ela nunca tinha amado Martin da forma que uma mulher predadora changeling devia amar seu homem - até que fosse um uivo selvagem em seu sangue, um desejo quase doloroso e uma ternura que queimava. Ainda assim, eles não tinham sido sempre adversários, então ela não o machucou rejeitando seu abraço antes de ele partir.

— Tchau, — Adria sussurrou enquanto as costas dele desapareciam nas árvores, sabendo que ela tinha colocado o fantasma final para descanso, mesmo se Martin continuasse a lutar com eles. Havia calma em fazer as pazes com seu passado, mas aquela paz estava esmagada por uma angústia que ia para a alma, como se um pedaço dela mesma tivesse sido arrancado e a ferida não estivesse curando.

Porque desta vez, ela tinha amado de verdade.

Até que, a despeito da promessa silenciosa que ela tinha feito para não pedir a ele o que ele não podia dar a ela, ela não podia suportar estar com Riaz sabendo que não era sua primeira, sua única. Ainda assim... O jeito que ele a amava, o jeito que ele a marcava com seu beijo, a posse primitiva nas ásperas, belas palavras que ele falava para ela - a fez querer acreditar que o coração dele carregava o nome dela, não o de Lisette.

O tumulto de seus pensamentos opostos tinha o lobo dela arranhando e rosnando, não mais certa de que escolha era a mais acertada.





QUANDO Riaz retornou ao território da Toca no final da tarde após lidar com algumas coisas na cidade, ele estava determinado a continuar onde ele tinha parado com Adria - para descobrir que ela tinha pedido uma mudança em seus deveres que a colocava nas montanhas durante três dias, em um dos altos perímetros de vigilância que ninguém além dos lobos solitários gostava muito, estando tão isolados. O soldado que ela substituíra estava em êxtase, e mais do que feliz em tomar as mudanças de Adria sobre detalhes da ancoragem.

Ele sabia que a única razão pela qual ela não tinha se oferecido para um trecho ainda mais longe era que ela era muito leal aos seus alunos para deixá-los treinando entre eles. Da forma que era, ela tinha organizado duas sessões especiais para eles com o solitário dominante que tinha o dom de não intimidar até mesmo o mais delicado submisso - Drew - e levara um telefone por satélite com ela, no caso de as crianças precisarem entrar em contato. Um telefone que ela tinha aparentemente dado para todos, exceto Riaz.

Seu lobo rosnou, mas ele esperou a sua vez, porque quando ele fosse atrás dela, não voltaria sozinho. Primeiro, ele tinha que tomar conta de outro assunto em que tinha estado trabalhando em segundo plano - e, dadas as mudanças que ele estava fazendo com o esquadrão de proteção do âncora, bem como seus deveres como o tenente encarregado dos interesses comerciais internacionais dos SnowDancer, tomou dele até no final do dia seguinte para colocar todas as peças no lugar.

Foi na manhã depois daquilo que ele dirigiu até San Francisco.

Lisette sorriu ao vê-lo na porta de seu quarto de hotel. — Esta é uma agradável surpresa.

— Nós temos que conversar. — Era passado o tempo. — Sobre nós.

O sorriso dela esmaeceu. — Riaz, eu senti algo a primeira vez que nós encontramos, mas...

Ele pressionou um dedo sobre os lábios dela, sentindo uma afetuosa ternura por ela, tanto quanto ele poderia se sentir por um estimado amigo. — Eu sei. Eu não te amo também. — Era tão simples como isso, independentemente da promessa do vínculo de acasalamento que existia com Lisette. Seu coração, o coração de um lobo solitário, pertencia absoluta e indelevelmente a uma teimosa mulher de olhos violeta que estava indo fazê-lo persegui-la até as montanhas. Nenhuma potencial fantasia de um futuro poderia conter a vela para a felicidade incandescente que homem e lobo sentiram em simplesmente estar na presença de Adria.

— Ah, bom. — O riso de Lisette foi um pouco choroso. — Porque eu estou estupidamente apaixonada por um homem que não me quer.

Entrando dentro da sala, ele fechou a porta e puxou-a para a janela que dava para o estacionamento abaixo e a rua tranquila além. — Você está com raiva.

A mão de Lisette apertou a dele. — Furiosa seria a melhor palavra. Eu sei que deixei Emil, mas ele deveria lutar por mim! Como ele pode apenas me deixar ir?

— Olhe para baixo. — Ele afastou a cortina de renda.

A respiração de Lisette lançou-se em um suave sussurro quando ela viu o esbelto homem loiro de pé ao lado de um sedan prata alugado no estacionamento. — Você ligou para ele?

— Ele tem estado na cidade desde o dia depois que você chegou. — Emil era um bom homem, um que amava sua esposa tanto, que ele tinha pensado em deixá-la livre quando ele tinha sido diagnosticado com um raro distúrbio genético que significaria anos de árdua visita hospitalar para cura, terapia que poderia deixá-lo em agonia - algo que ele sabia que causaria em Lisette dor brutal. Só que ele não pode suportar viver sem ela, a tinha seguido através do oceano e manteve uma vigília sobre ela. — Ele ama você.

— Ele me mandou os papéis do divórcio! — Claramente indignada, Lisette empunhou ambas as mãos... Embora seus olhos continuassem a beber da visão de seu marido.

— Dê a ele uma folga. Ele estava ficando louco. — Riaz tinha localizado Emil abaixo com a intenção de chegar ao fundo das coisas, de fazer o outro homem ver o quão ruim ele estava machucando Lisette. No entanto, descobriu-se que Emil já tinha feito a sua mente para recuperar sua esposa e confiar na força do amor deles para atravessá-los pelo teste que estava por vir.

— Quando eu falei com ele hoje, — Riaz continuou, — ele estava planejando invadir suas defesas, mas ele concordou em me dar alguns minutos com você primeiro. — Só porque Riaz tinha prometido tentar suavizar o humor de Lisette, embora até este segundo, ele não tinha tido ideia de que ela mesmo tivesse um temperamento.

— Hah! — Lisette chutou a parede com um pé vestido com um frágil salto alto cor de pêssego, tentando empurrar a janela fechada ao mesmo tempo. — Ele acha que pode me ter de volta apenas aparecendo?! — Uma rápida tempestade de indignação em francês conforme ela desistia da janela e caminhava até a porta.

Abrindo-a com tanta força que bateu na parede, ela saiu.

Emil não estava olhando para o hotel quando ela pisou do lado de fora, mas ele virou-se uma fração de segundo mais tarde. Expressão iluminando-se, ele foi para tomar Lisette em seus braços. Neste ponto, sua doce, amorosa, culta mulher deu um soco no queixo dele, duro o suficiente para que a cabeça dele girasse. Depois disso, ela embalou seu rosto entre as mãos e beijou-o profundamente, antes de se afastar e gesticular em fúria desenfreada.

Em seguida, ela se abaixou, tirou o sapato e jogou-o na cabeça dele, ignorando a pequena multidão de espectadores fascinados. Esquivando-se do míssil, um Emil risonho agarrou-a pela cintura, prendendo os braços dela para os lados. Mas Lisette tinha liberdade o suficiente de movimento para puxar a saia na altura do joelho e tentar atingir seu marido nas partes masculinas.

Riaz estremeceu, depois sorriu, sabendo que o outro casal estaria bem. A sofisticada e elegante Lisette que o resto do mundo conhecia nunca faria uma cena nessas proporções impetuosas - claramente era apenas com o homem amado, que ela deixava seus escudos caírem. Assim como sua Adria nunca permitiria que qualquer homem, exceto Riaz, reduzisse-a a gargalhadas conforme ela se contorcia através da cama em uma tentativa de escapar dos dedos dele fazendo cócegas nela... Ou abraçá-la, quando ela estava mais vulnerável. — Eu estou indo, amada. E eu não estou vindo sem você.





ADRIA sabia que estava abaixo de sua loba ter que correr, mas ela precisava de espaço para pensar. Algo que Riaz tornou impossível fazer quando continuou a cortejá-la com um foco tão inflexível. Depois de sua conversa com Martin, ela tinha entrado em seu escritório para encontrar um vaso de planta esperando por ela, um grande laço vermelho em volta do vaso.

Dama da Noite. Para a minha imperatriz. Vamos plantá-la e ver se ela floresce para nós.

Adria ainda tinha a nota no bolso, enrugada e mole do manuseio constante.

Agora, conforme a noite se fechava nas montanhas, um crepúsculo em tons de roxo, ela correu para o acampamento base e mudou para a forma humana, a primeira vigília completa. Arrastando-se em um jeans, uma camiseta lisa de manga comprida preta e um moletom cinza, ela estabeleceu-se em frente à fogueira.

O outro lobo na vigília ali em cima tinha o acampamento base na extremidade oposta da rota, correria na segunda vigília, mas Adria tinha de estar descansada para a terceira em poucas horas. Mesmo sabendo daquilo, ela não sentia nenhuma vontade de dormir, sua mente um caos de necessidade, carência e escolhas impossíveis. Ela tinha só esta noite antes que tivesse que voltar para a Toca, e ela não tinha respostas para as perguntas que a atormentavam.

Quando ela pegou o escuro cheiro de madeira queimada e uma pitada de citrus de Riaz enquanto ela se movia, ela gemeu, percebendo que estava vindo do suéter. Ela havia jogado aquilo em sua mochila, de onde tinha estado em cima da cômoda, esquecendo-se que ela não o usava desde a manhã depois do prado na meia-noite... A noite que ela tinha dado a si mesma para ele.

Agora o cabeça dura do lobo estava segurando-a pelas palavras dela, contrário a todas as regras da cartilha de quando acontecia o acasalamento. Emoções oscilando entre fúria frustrada, desespero negro e uma paixão que ardia, ela puxou as mangas do suéter sobre os dedos e colocou seus braços em torno de si própria, mesmo sabendo que não havia maneira de limpar a cabeça.

Outro sussurro daquele escuro, quente aroma masculino... Muito forte, muito fresco para vir do suéter. Levantando-se, com o coração na garganta, ela se virou para as árvores. Ou ela estava ficando louca, ou o teimoso lobo solitário do homem havia vindo atrás dela. Deus, mas ela o amava. — Você tem uma companheira. — Foi um lembrete desesperado para ambos, porque a força de vontade dela... Estava desmoronando a apenas poeira.

— Eu tenho você. — Ásperas, determinadas palavras. — Uma irritante mulher que pediu ao homem e eu, nada menos, roubei a Dama da Noite para tomar conta dela! Eu provavelmente vou ter que amarrar Felix para consegui-la de volta.

Adria balançou a cabeça, dando um passo para trás. — Não seja charmoso. — Cada parede que ela tentou levantar estava derretendo, cada escudo rachando. — Eu não vou roubar a sua chance de acasalamento. — Envenenaria a relação deles com uma gota corrosiva de cada vez.

Riaz continuou a andar em direção a ela, lenta e implacavelmente. — Eu joguei isso fora de livre e espontânea vontade, — ele disse, os olhos cintilando em ouro escuro à luz da fogueira. — Eu te amo com loucura, Imperatriz.

O lábio inferior dela tremeu, o coração traidor estrondando contra as costelas. Um lobo solitário não diria aquelas palavras para qualquer pessoa, a devoção dele um presente que ele daria apenas para a mulher que ele chamava de sua.

— Riaz...

Ele agarrou os braços dela quando ela teria dado mais um passo para trás, arrastando-a em seu peito para mantê-la firme. — Não. — Um rouco sussurro que era mais do lobo do que do homem. — Não ande para longe de mim novamente. Eu não poderia suportar isso.

O corpo inteiro dela estremeceu quando ela lutou contra a necessidade interior dela e a perda. — Você vai me odiar, — ela disse, com os braços fechados em torno dele, porque ela não podia não abraçá-lo quando ele estava perto. — Um dia, você vai me odiar. — Era a coisa que ela mais temia.

Segurando a mão no cabelo dela, ele pressionou a testa dele contra a dela, seus olhos de noite brilhando no escuro. — Eu vou te amar até o dia em que eles me deixarem na terra.

Lágrimas alojaram-se na garganta dela com a ferocidade do voto dele. Ela sentiu-se subitamente frágil, como se fosse feita do mesmo vidro que as pequenas imagens que Riaz trouxera para ela de Veneza. Mas quando ela separou os lábios para dizer algo - ela não sabia o que - ele os cobriu com os dele. Não era a devastadora, possessiva marca, mas uma lenta, doce sedução, persuasão.

Arrogância, força, dominação, ela poderia ter resistido, mas essa ternura...

— Adria. Adria. Adria. — A voz dele um murmúrio áspero, ele beijou um caminho até o pescoço dela, e voltou para a boca. — Minha Adria.

Ela era apenas uma mulher. Uma mulher que amava esse homem com o coração do lobo. Ela tinha lutado tanto, afastando-se mesmo quando aquilo ameaçou quebrá-la para sempre, tinha dado a ele uma escolha. Que ele tinha escolhido-lhe... Não, ela não era sobre-humana o suficiente para resistir a isso, mesmo que lá no fundo, ela soubesse que a escolha que estava prestes a fazer poderia um dia atacá-la. — Eu amo você, — ela disse contra a boca dele.

— Prometa-me que você nunca vai se afastar de mim novamente. — Uma demanda, a mão calejada dele segurando o rosto dela, um dos polegares acariciando possessivamente sobre os lábios.

— Eu prometo. — Ela beijou-o quando ele teria retornado a promessa, amando-o até que ele se esqueceu do que tinha estado prestes a dizer.

Setenta


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