SIENNA SOBREVIVEU A OUTRO encontro das maternais para rastejar para a cama sob o fofo cobertor azul céu que ela tinha comprado online. Modelado com flocos de neve brancos, era tão suave em torno de seu corpo que ela se sentia como se estivesse flutuando sobre uma nuvem. Até que foi puxado para longe algum tempo depois, para ser substituído por um muito mais pesado e quente cobertor. — Você está atrasado, — ela murmurou sonolenta.
Beijos afagando-a ao longo do pescoço e mãos fortes acariciando a curva de sua cintura. — De acordo com meus muitos espiões, você foi para a cama às oito e meia. — Um beijo pressionado entre os seios dela. — Maternais fizeram a sua cabeça doer?
— Um pouco menos, desta vez. — Empurrando os dedos através da espessura gloriosa do cabelo dele, ela puxou-o para cima para um daqueles longos, preguiçosos, sensuais beijos que ela adorava no lobo dela. — O que Lucas disse? — Com os acidentes com âncoras tendo se acalmado conforme Nikita e Anthony começaram a mudá-los para casas seguras permanentes, Hawke tinha descido para o território DarkRiver com Riley para uma reunião para finalizar as regras de namoro inter-matilhas.
— Que nós deveríamos apenas atirar nas nossas cabeças agora. — Separando as coxas dela, ele se colocou entre elas. — Eu gosto de te encontrar nua na cama, toda quente do sono e sedosa.
Lábios puxados para cima com a declaração satisfeita, ela envolveu uma perna ao redor da cintura dele. — Minhas amigas me deram algumas lingeries muito bonitas como presente de acasalamento. — O presente íntimo a levara a corar, fazendo Evie, Maria, e o resto de suas lunáticas amigas uivarem de tanto rir. — Eu estou com medo de usar qualquer uma delas, — ela disse para o lobo na cama com ela, — no caso de você rasgar o cetim e renda em pedaços.
Mordendo o lábio inferior dela, ele correu uma mão para afagar e acariciar seu peito. — Você pode fazer um desfile de moda mais tarde, depois que eu estiver devidamente saciado.
— Homem arrogante. — Ela mordiscou o queixo dele. — Você me acordou de um sonho muito bom.
Um brilho nos olhos azuis. — Eu vou corrigir isso pra você.
Ele fez. Duas vezes.
Deitando felizmente esgotada no peito dele, ela acariciou o musculoso calor dele e falou de algo que tinha estado em sua mente desde o confronto na floresta. — Ming não vai deixar isso assim.
— Eu sei, — Hawke não soava preocupado - sua voz era a de um predador no modo de caça. Fria. Focada. Sem piedade. — É por isso que eu vou matá-lo.
Empurrando-se para cima no peito dele, ela olhou para seu rosto, o cabelo dela criando uma cortina vermelha rubi em torno deles. — Desculpe-me. Eu acho que deve ter usado acidentalmente o pronome errado.
O grunhido que retumbou do peito dele foi alto o suficiente para chacoalhar o copo de água na mesa-de-cabeceira. — Tudo bem, você pode ficar no canto e comemorar, enquanto eu o mato.
Ela começou a rir, e isso era a última coisa que ela teria algum dia pensado que ela faria ao falar sobre o Conselheiro Ming LeBon, telepata e um monstro que tinha transformado sua infância em uma câmara de tortura. Ao contrário do homem na cama com ela, que tinha lhe ensinado a brincar, e que a tratava como se ela fosse um presente que ele estivera esperando uma vida inteira para abrir.
— Se você está me imaginando com pompoms, — ela disse, vislumbrando o brilho renovado nos olhos dele, — pare agora mesmo. — O efeito de sua ordem foi um pouco diluído pelo riso que continuava a dançar em seu sangue.
— Ou o quê? — Não arrependido, ele virou-a sobre as costas dela, mas, apesar da maldade em sua expressão, as próximas palavras dele foram mortalmente sérias. — Ele vai morrer, Sienna. Ninguém ameaça minha companheira e escapa das consequências disto.
Ming tinha sido o pesadelo particular dela por um longo tempo. Isso foi antes de ela ter sido reivindicada por um lobo alfa que tinha uma cruel vontade quando se tratava de proteger aqueles que eram dele. Sienna entendia aquela parte dele - porque existia nela, também. Qualquer um que se atrevesse a machucar Hawke imploraria por misericórdia no momento em Sienna tivesse acabado com eles.
— Nós temos que ter um plano, — ela disse, falando aos olhos gelados do predador que a observava do rosto do homem. — Um tão bom, que as habilidades de Ming não vão salvá-lo. — O Psy macho era um telepata especializado em combate mental, poderia cortar através das mentes como se ele tivesse lâminas em suas mãos. — Você e eu teremos que trabalhar como uma equipe e confiar em alguns outros para ajudar, o problema mais crítico que temos de resolver é como nos livrarmos dele sem atingir os inocentes na Net.
A mão de Hawke se fechou ao redor da garganta dela, a possessividade do domínio ecoando na exigência bruta do beijo dele. — Você é tão perfeita para mim, — Palavras quentes contra os lábios dela, — Eu te roubaria se você já não fosse minha.
Rodeada pela força, calor e selvageria dele, ela nunca havia estado tão pronta para assumir seu pesadelo. — Eu acho que nós devemos chamar 'Operação Ming é um Homem Morto Andando'.
Um sorriso selvagem no rosto dele, Hawke se inclinou até que a noite brilhante dos seus olhos estivessem há apenas um centímetro de distância dela. — Ele não vai estar andando por muito tempo. Nós vamos ter certeza disso.
RIAZ sabia que ele tinha o coração de Adria e seu compromisso quando ele a acompanhou até a Toca na tarde seguinte. Ela nunca mais tentaria deixá-lo. Não que ele fosse permitir aquilo, pensou com um grunhido interno. Mas ele também sabia que ela escondia dentro dela uma veia profunda de cautela, e ele odiava que ela não tivesse certeza do amor dele em qualquer nível. Odiava.
Paciência, ele aconselhou seu lobo, mas quando se tratava de Adria, ele não era paciente. Como qualquer lobo solitário que tinha feito a sua mente sobre a sua mulher, ele era implacável em sua determinação. — Eu nunca cancelei o nosso pedido para um alojamento de casal e ele foi atendido há dois dias, — ele disse a ela, os pés separados e as mãos nos quadris, pronto para a luta que ela, sem dúvidas, estava prestes a dar-lhe. — Nós estamos nos mudando.
Um enrijecimento na mandíbula dela. — Bom ser questionada.
Os pelos do pescoço paradoxalmente achatando-se ante a borda ácida na voz dela, ele agarrou-a pela cintura e beijou-a até que ela mordeu o lábio dele para pegar um pouco de ar. Sorrindo ante a picada que disse a ele que sua imperatriz estava de volta, ele disse, — Eu vou deixar você escolher os lençóis.
Ela rosnou para ele, deixando-o sentir suas garras, mas, para surpresa dele, colaborou na mudança. Uma vez que a preocupação com os âncoras estava agora em um tom baixo, eles tiveram tempo para fazê-lo naquele dia.
Eram por volta de nove horas da noite quando Adria deu uma muito bem-vinda risada e disse, — Você é uma ameaça.
Um sorriso lento se espalhou pelo rosto dele quando viu que ela tinha encontrado o urso que ele tinha esculpido dormindo de barriga para cima, um grande sorriso no rosto e uma garrafa de cerveja em uma pata. — Ele teve uma festa com o gambá.
Adria colocou o urso ao lado do gambá bêbado na prateleira que ele tinha instalado para ela colocar seus quebra-cabeças mecânicos. — Você tem mais, não é?
Ele fez um som sem compromisso... E encontrou-se aproveitando, enquanto ela tentava ameaçar arrancar a resposta dele. Virando as mesas, ele a teve gargalhando, e então ela estava suspirando e arqueando-se debaixo dele, o corpo dele fundido em boas-vindas. Depois disso, ela deitou com a mão no coração dele, a coxa dele empurrado entre a dela.
Mordendo a orelha dela, ele disse, — Você vai, alguma vez, admitir o fato de que você é uma dominante maternal? — Acontecia uma ou duas vezes em cada geração, uma fêmea maternal com tão agressivas tendências de proteção que ela escolhia treinar como um soldado. Mas nada, pensou Riaz, poderia mudar o núcleo de aço de compaixão que fazia as maternais quem elas eram, aquela bondade inerente entrelaçada com força refletida em cada ação de Adria.
A risada dela foi rouca. — Que tipo de tenente você seria se não pudesse descobrir isso, hein? — Ela escreveu suas iniciais sobre o coração dele, como se estivesse marcando-o. — Nell foi mais rápida do que qualquer outra pessoa em descobrir - ela me quer na conspiração maternal.
Sorrindo ante a descrição dela do poder no coração da matilha, ele colocou o cabelo dela atrás da orelha para que ele pudesse ver seu rosto. — Interessada?
— Eu não sei, é como a máfia. Uma vez que você está dentro, você nunca pode sair. — Um sorriso que dançou com travessura, mas suas próximas palavras foram pensativas. — Eu escolhi treinar como um soldado porque combina com o meu lobo, eu sou muito agressiva para ser uma maternal em tempo integral.
— Você é ótima com os submissos. — Garantir a saúde dos seus filhotes era apenas um aspecto dos deveres complexos empreendidos pelas fêmeas maternais, mas era importante.
— Sim. — Um outro desenho no peito dele, este mais sem objetivo. — Trabalhar com os filhotes e os jovens cumpre o outro lado da minha natureza. Assim, a configuração que eu tenho atualmente é quase perfeita... Porém, eu poderia abrir um canal com a conspiração. — Outro sorriso perverso. — Seria bom obter a entrada delas em algumas coisas, mas desde que eu vou ter um pé em ambos os campos, vai ser uma forma de garantir que nada deslize entre as rachaduras quando se tratar de crianças.
— Você acha que Riley tinha isso em mente o tempo todo?
— Não me surpreenderia, até mesmo dopado em Mercy, ele pensa dez passos à frente. — Roubando um beijo sorrindo, ela acomodou-se mais intimamente contra ele e fechou os olhos. — Vá dormir. Temos de levantar cedo.
— Boa noite, Imperatriz.
— Boa noite, Olhos Dourados.
Ele sorriu e mordiscou a orelha dela de novo. — Diga isso em público e você vai se arrepender.
— Agora você está me desafiando. Você não sabe que nunca deve fazer isso com uma mulher maternal?
Riaz rosnou brincando com ela. Ele estava feliz no fundo do seu coração... Mas não contente, porque esta mulher rindo, que tinha a devoção de seu lobo, uma mulher que ele adorava além da própria vida, esperava que a deixasse, talvez não hoje ou amanhã, mas um dia. Era uma sombra escondida no azul-violeta, uma escuridão que ele só vislumbrava quando ela achava que ele não estava olhando... E machucava-o profundamente.
Ele se recusava a permitir que ela se machucasse daquele jeito. Fodidamente recusava.
JUDD não se surpreendeu ao ver Aden nos degraus de trás da igreja de Xavier uma semana após o ataque a Sonja. — Os âncoras nesta região estão seguros, — ele disse ao Arrow. Todos e cada um haviam sido transferidos, a localização deles conhecida apenas por Nikita e Anthony, nenhum arquivo de backup mantido na Net ou fora dela. Mas para surpresa de todos, o arquivo telepático contendo as imagens que poderiam ser utilizadas para um teletransporte bloqueado em caso de emergência, também tinha sido enviado para Sascha.
— Minha filha está danificada, — Nikita havia dito durante a reunião, olhando diretamente para aquela filha, — faz com que ela seja o único indivíduo em que podemos confiar absolutamente em não usar as informações para causar danos.
A resposta de Sascha tinha sido tão franca quanto. — Eu vou compartilhá-lo com Judd, ele é a única pessoa que seria capaz de chegar aos âncoras em uma emergência.
— A decisão é sua, — Nikita tinha dito. — Como uma E, você tem a capacidade de julgar se ou não um ex-Arrow vai usar a informação para matar.
Era, Judd sabia, a primeira vez que Nikita tinha, alguma vez, reconhecido que Sascha não era apenas uma cardeal danificada, mas uma poderosa. E porque ele, Sascha, Lucas, e Hawke todos sabiam que, mesmo se a guerra civil na Net ficasse brutal e ameaçasse engolir as matilhas, nenhum deles procuraria desmoronar a Net para matar indiscriminadamente, ele segurou o arquivo dentro de sua mente, escondido em uma seção que imediatamente e automaticamente se degradaria se seus escudos fossem violados.
Somente as pessoas que estiveram naquela reunião, bem como Walker e Sienna, sabiam que ele e Sascha mantinham os arquivos. A informação era muito explosiva, muito perigosa, poderia fazer dos dois alvos, se vazasse. A menos que um âncora na área relevante enviasse um pedido de socorro em emergência, ninguém nunca saberia.
— O mesmo está sendo tentado em todas as regiões através do mundo todo, — Aden disse agora, — mas a tarefa é enorme, e a maioria das cidades não tem os recursos de dois Conselheiros. Por enquanto, nós estamos recomendando aos âncoras moverem seu mobiliário em torno de formas inesperadas e nunca estarem desarmados.
Nenhum Tk já usara o layout de mobiliário como um bloqueio - era muito transitório. E todos os Tks com capacidade de teletransporte tinham uma habilidade de senso de espaço embutida que significava que eles nunca se materializam em objetos sólidos. A menos que houvesse uma falha psíquica, o teletransporte se abortaria ante a obstrução. No entanto, se um Tk se teletransportasse, a disposição desconhecida poderia conceder ao âncora mais uns segundos para correr ou usar uma arma. — É uma jogada inteligente.
— Henry está morto.
— Você?
— Vasic. — Uma pausa. — Nós não podemos confiar nele, não depois disso acabar.
Judd não entendeu mal o aviso. — As crianças nas escolas Arrow, — ele disse, em vez de responder diretamente à declaração, — quem está cuidando delas? — Mesmo com a escuridão engolindo a Net e a atenção dos Arrows, Aden não teria esquecido seus irmãos mais jovens.
— Os mais estáveis de nós têm cada um, um grupo ao qual monitorar. — Aden passou a Judd um pequeno cristal de dados preto. — Os nomes e endereços das crianças. Se alguma coisa acontecer conosco, eles são aqueles a quem você deve proteger. — Uma pausa. — Confie isso a Walker, ele vai compreender e ser capaz de ajudá-los melhor do que você ou eu.
Judd colocou o cristal no bolso interno de sua jaqueta de couro sintético, o ato uma promessa não dita. — Vasic monitora um grupo? — Vasic podia não sentir, mas ele tinha uma consciência, nunca prejudicaria uma criança abandonando-a. Essa consciência era o porquê o Tk-V odiava a si mesmo, embora ele não colocasse aquilo naqueles termos.
— Não. — Aden olhou para a noite. — Ele não confia em si mesmo para não matar se flagrar um professor machucando uma criança, não podemos ainda intervir. Arriscaria entregar tudo antes de estarmos em uma posição para assumir o controle total do sistema de formação.
— Quão perto vocês estão?
— Na iminência. Ao contrário de Ming, Kaleb parece não ter inclinação a tomar uma mão direta nas escolas. — Uma longa pausa. — Mesmo quando nós tomarmos as rédeas, a libertação total será impossível.
— Eu sei. — Sem a disciplina mental forjada por seu rígido treinador Arrow, as habilidades de Judd poderiam ter o autodestruído um longo tempo atrás. — Mas o processo não tem de ser cruel. — O braço de um jovem rapaz não tem que ser quebrado uma e outra vez, até que ele pare de gritar.
— Alguns diriam que tal postura vai destruir o fundamento do programa.
Aquela dor era um estado de espírito a ser superado. — E talvez nós descubramos que isso nos faz mais fortes.
Aden não disse nada por um longo tempo. — Eu tenho que ir. Houve uma explosão em uma instalação de pesquisa Psy em Belgrado.
Judd observou o Arrow desaparecer na escuridão antes de se levantar e entrar na igreja para pegar o segundo banco na parte de trás. Ele sentiu a mais leve ondulação de ar quando o Fantasma deslizou no banco atrás dele um minuto depois. — Você sabe sobre Belgrado? — Judd perguntou enquanto esperavam pelo padre Xavier Perez, a terceira parte de seu inesperado triunvirato, terminar de falar com um paroquiano em seu escritório.
— É claro. — Sem arrogância, simples fato. — Foi pequeno e está sendo contido, sem mortes.
— Sorte ou falta de planejamento por parte dos agressores?
— O último. A instalação é financiada com fundos privados, e estava prestes a começar uma avaliação crítica do Protocolo do Silêncio, de alguma forma, a declaração de missão deles vazou na Net 24 horas atrás.
O fato de que qualquer grupo ganhara permissão para conduzir tal estudo era importante, apesar de Judd ter uma ideia muito boa de como isso tinha sido feito. Como ele tinha sobre o vazamento. — Pure Psy agiu no calor do momento. — Judd sabia o que o Fantasma sabia sobre Vasquez, e por isso ele sabia que esse ato estava fora do personagem. — A morte de Henry pode ter cortado a coleira que mantinha Vasquez racional. — Ele não tinha dúvidas de que seu ex-companheiro rebelde estava ciente da morte do ex-Conselheiro.
— Talvez. — Nenhuma preocupação. — É hora, Judd.
Sim, os dominós tinham começado a cair, imparáveis e inexoráveis. — A violência é necessária?
— Algumas coisas precisam ser quebradas para se tornarem mais fortes.
O Fantasma partiu trinta segundos depois, chamado à distância por algo urgente.
Sentado sozinho na paz da igreja, Judd pensou nos assassinatos cometidos por PurePsy, a violência feita hoje à noite, o sangue que seria derramado no futuro. Em vez de lembrar à população do valor do Silêncio, a agressão estava cutucando e despertando emoções há muito enterradas, medo tão escuro e vindo de tão profundo na psique que nem mesmo o condicionamento mais doloroso poderia mantê-lo aprisionado.
Silêncio era uma rachadura longe do fracasso total.
Algumas coisas precisam ser quebradas para se tornarem mais fortes.
— Ele não entende amizade,— Judd disse para Xavier mais tarde, — mas eu entendo.
A pele escura do sacerdote brilhava à luz das velas que eram a única iluminação, agora que ele tinha apagado as luzes. — É misericordioso acabar com a vida de um amigo atacado pelo tormento, ou é um pecado?
— Essas são suas perguntas, Xavier. A minha é apenas esta: se ele se provar muito instável, — disposto a extinguir a Net a uma ondulação interminável de morte — eu terei a força para executar um homem que é um espelho do que eu poderia ter sido em outra vida?
Setenta e um
DUAS SEMANAS APÓS a tentativa de assassinato do âncora de San Francisco, e uma semana após a onda de atentados em alguns centros de pesquisa Psy e instituições de ensino, parecia a Adria como se o mundo inteiro estivesse prendendo a respiração. Sete dias tinham passado sem mais sinais de uma guerra civil que poderia devastar o planeta, mas com Judd Lauren tendo compartilhado o que sabia com os membros mais velhos da matilha, Adria sabia que a trégua era nada mais do que a calma no olho da tempestade.
Estava tudo indo desabar, mais cedo ou mais tarde.
Como soldado, ela trabalhou com seus companheiros de matilha e seus aliados para preparar a matilha e a região - e, em certa medida, outras partes do mundo. Através de conexões de seus aliados, e seus laços com a Aliança Humana, os BlackEdgeWolves, os changelings que vivem na água, e as relações menos formais com outros grupos, SnowDancer tinha uma rede mundial que disseminava e compartilhava informações em um esforço para fornecer às pessoas os meios para se proteger quando a tempestade desabasse.
No entanto, dentro de si mesma, onde ninguém podia ver, ela lutava uma muito mais dolorosa guerra. Seu amor por Riaz viera a defini-la. Ela sabia que não importava o que o futuro trouxesse, ela nunca mais sentiria essa glória, nunca mais queimaria com tal vibrante paixão e selvagem ternura. Trouxera a ela alegria incrível viver com ele, rir com ele, adormecer nos braços dele... E todos os dias, ela acordava e por um único segundo doloroso, se perguntava se este era o dia em que ele olharia para ela e perceberia do que tinha desistido.
Ela aprendeu a esconder aquele dardo instintivo de dor, e hoje, enquanto eles sentavam em um banco no Golden Gate Park, observando as pessoas passearem entre os canteiros de flores sob este penetrante dia de outono brilhante, ela quase podia acreditar que tudo era como deveria ser, que ela estava com um homem que estava destinado a ser dela própria e de mais ninguém.
— Você nunca vai falar comigo de novo? — Riaz exigiu, seu tom o de um homem no fim de sua paciência.
Isto confundiu-a. — Nós não acabamos de ter uma conversa sobre o cachorro que vimos na bolsa daquela mulher?— A pequena coisa latindo tinha ficado em silêncio quando a mulher passou por eles, os grandes olhos assistindo Riaz e Adria como se esperasse ser comido.
Havia feito os dois rirem.
Mas nenhum riso coloriu a voz de Riaz quando ele falou de novo. — Nós falamos sobre coisas do cotidiano, coisas sem importância. — Olhos de um pálido marrom encontraram os dela, brilhando com uma película de raiva aquecida... Mas as palavras dele, elas carregavam dor crua. — Você me chutou para fora do seu coração, amada, e isto está me rasgando em pedaços.
Isto fez o sangue dela virar gelo, seu fôlego preso até que ela teve que levantar-se, caminhar, para que pudesse encontrar o ar novamente. Ele não tentou cercá-la, o lobo preto dela, não fez nada além de assistir. Quando ela voltou para se sentar ao lado dele, ela agarrou as bordas do banco. — Eu não pretendia. — Foi instintivo, essa retirada em si mesma, uma medida defensiva que tinha aprendido nos anos que estivera com Martin. — Eu nem percebi que estava fazendo isso. — Machucando-o da mesma forma horrível que ela tinha sido uma vez machucada, algo que tinha jurado nunca fazer a ninguém.
Devastada, ela desejou que ele acreditasse nela. — Eu nunca quis que...
— Eu sei.— Ele estendeu a mão para colocar um fio esvoaçante do cabelo solto dela atrás de sua orelha em uma doce, íntima familiaridade. — E eu estou tentando tanto não pressioná-la, mas preciso que você seja minha. Porque eu sou seu.
Simples. Inesperado. O coração de um lobo solitário nas mãos dela.
Seu peito doía. — Eu estou com tanto medo, — ela sussurrou, escancarando a alma dela aberta porque a honestidade dele exigia a dela mesma. — Eu tento não estar, mas estou com tanto medo que você se arrependa de deixá-la ir. O medo sufoca-me às vezes.
Riaz não fez nada que ela teria esperado de um macho dominante. Ele não pegou-a em seus braços e tentou convencê-la de que estaria tudo bem, não rosnou ou resmungou até que ela cedesse. Em vez disso, ele disse, — Olha para lá.
Seguindo o olhar dele, ela encontrou-se olhando através do grande canteiro de flores na frente para se concentrar em um casal de idosos que tinha estado sentado no banco em frente a eles por algum tempo. Adria tinha os assistido pegar lanches de uma pequena lancheira, passar um ao outro café de uma garrafa térmica prata, e ficar de mãos dadas. Como estavam fazendo agora. — Eles são lindos juntos. — O amor deles era de longa data e familiar, um sulco em suas vidas e corações. — Você pode dizer que eles são uma unidade. — Como um casal, um não sobreviveria muito tempo sem o outro.
— Eles não são changeling.
— Humanos, — ela disse. — Devem estar com cento e vinte e cinco anos, ao menos. — Aptos e saudáveis, embora eles tivessem permitido que seus cabelos ficassem brancos como a neve, seus corpos tão suaves. Idade assentou-se neles com a mais quente elegância.
— É o centésimo aniversário deles hoje, — Riaz disse para a surpresa dela. — Então eles decidiram recriar seu primeiro encontro.
Maravilha floresceu dentro dela. — Como você sabe?
Um pequeno sorriso em seus lábios trouxe aquela luz aos olhos dele que ela tanto adorava. — Eu estava escutando quando o parque estava um pouco mais silencioso. O vento carregou as palavras deles.
— Isso é tão romântico, — ela disse, o rosto se esticando com a profundidade de seu sorriso. Talvez um dia, fossem ela e Riaz nesse banco, cem anos a partir de agora.
O sonho era um que ela queria com cada respiração... E um, ela entendeu em um momento de clareza cristalina, que ela tinha o poder de tornar realidade. Como ela tinha o poder de destruir, enterrando-o sob a fria escuridão do medo até que nada permanecesse.
A compreensão colocou tudo de lado para deixá-la com uma única verdade ofuscante: o futuro deles nunca tinha sido, e nunca iria ser, escolha apenas de Riaz. Ele e o lobo solitário dele tinham lutado tanto por ela, e ela lutaria por ele também, até a última batida de seu coração. Nunca mais ela graciosamente se colocaria de lado. Esquecendo sobre a definição de deixar algo livre se você o amasse - ela malditamente seguraria seu homem. Seu lobo rosnou de acordo, seu machucado espírito infundido com aço, uma porta batendo aberta dentro dela que ela nunca tivera conhecimento de estar trancada.
— Eles não são changeling, Adria.
A determinação um pulso quente na sua pele, ela se virou para olhar para ele, o perfil dele forte. — Eu sei. — Foi uma declaração frustrada, porque tudo o que ela queria fazer era tocar seu lobo negro, segurá-lo, fazer as pazes com ele por ter sido tão idiota por tanto tempo.
— O que isso significa?
— Riaz.
Ele enfiou a mão na nuca dela, apertando-a. — Olhe.
Ainda carrancuda, ela olhou para cima para ver o homem inclinar-se para beijar sua esposa, antes que ele ligasse o minúsculo leitor de música que ele tinha colocado no banco. Ele estendeu a mão e ela correu para os braços dele. A canção era velha, do tempo de juventude deles, e enquanto os pés deles se moviam um pouco mais lentos do que eles poderiam ter feito naquele primeiro encontro há muito tempo, o amor entre eles era tão luminoso, que fez cada pessoa ao redor deles se deter, parar de respirar.
Adria, também, não tirou os olhos do casal até que eles terminaram de dançar e empacotaram suas coisas para ir embora, mão na mão. — Isso é... — Ela não tinha palavras para a beleza pura do que ela tinha visto.
— Eles não são changeling, — Riaz disse novamente. — Eles não têm o vínculo de acasalamento. O que quer que eles sintam um pelo outro não pode ser o que um companheiro acasalado changeling sente pelo outro.
— Como você pode dizer isso? — Ela virou de frente para ele, indignada que ele tentasse diminuir a maravilha do que eles tinham acabado de presenciar. — Eu desafio qualquer um a separá-los.
Riaz não disse nada, seus olhos um brilhante dourado escuro.
E ela ouviu o que tinha dito, o que ele tinha dito. — Nós não somos humanos, — ela sussurrou, esperança uma explosão incandescente de sol no sangue dela.
Desta vez, ele tomou-a em seus braços, em seu colo, indiferente a quem pudesse estar olhando. — Isso significa que nós amamos menos? — Palavras ásperas do coração do lobo.
Balançando a cabeça, ela colocou os braços ao redor do pescoço dele e segurou-o firme. — Eu amo você loucamente. — Ela se afastou, o rosto dele seguro em suas mãos, dando a ele as palavras, o namoro, que ele tinha dado a ela. — Tanto que eu acordo cedo alguns dias só para vê-lo dormir, tanto que dói estar separada de você mesmo por um dia, tanto que eu roubo seus suéteres para que eu possa esfregar meu rosto contra o seu perfume.
Os braços dele apertaram-na tanto que ela sabia que levaria contusões, mas ela não se importava. Quando ele teria falado, ela parou-o com um beijo, empunhando a mão no cabelo dele. — Sem mais chances, Olhos Dourados. Você é meu e eu vou tirar sangue para fazer valer a minha reivindicação. — Ela não se importava se uma centena de mulheres reivindicassem direitos, Riaz pertencia a Adria e ela estava mantendo-o. — Eu acabei sendo razoável, acomodada e estúpida o suficiente para até mesmo deixá-lo ir. Então, prepare-se para enredar-se com uma muito possessiva fêmea dominante que te considera dela.
Um lento sorriso, os olhos do lobo direcionados a ela. — Eu pensei que você nunca diria isso.— Ele mordeu o queixo dela, seu lobo esfregando-se contra o dela com um carinho que a fez querer transformar-se e jogar com ele através dos canteiros. — Você é minha primeira e única, também, mas você já sabe disso.
Sim, ela pensou com uma risada alegre, ela sabia. Estava em cada toque dele, cada olhar, cada carícia, o pulso disso arqueando-se através de sua corrente sanguínea. Eles nunca poderiam ter o vínculo de acasalamento, mas eles criariam o seu próprio vínculo, e ela desafiava qualquer um a quebrar a beleza selvagem disso.
Em seguida, ele falou de novo e a alegria se estilhaçou em quase insuportável ternura. — Coração do meu coração, isso é quem você é, Adria Morgan. Escolhida e para sempre. — Tirando a mão dela de sua bochecha, ele deu um beijo prolongado na palma da mão antes de colocá-la sobre o forte, constante ritmo daquele mesmo órgão. — Lobo e homem, você possui cada parte de mim.
Virando a mão para enrolar os dedos em torno dos dele, este solitário lobo que usava seu amor com tanto orgulho, sem medo de mostrar vulnerabilidade, ela sussurrou, — Coração do meu coração... Meu Riaz. Escolhido e para sempre. — Com um sorriso trêmulo, ela traçou os lábios dele com as pontas dos dedos e rendeu os últimos vestígios de suas próprias defesas. — E estamos iguais... Porque você possui todas as partes do meu, também.
A boca dele se moveu sob o toque dela, o sorriso vincando as bochechas dele. — Eu acho que nós vamos ter que cuidar bem dos nossos presentes.
— O melhor. — Risos borbulhavam dentro dela, a enorme profundidade da felicidade buscando uma saída. — Nós precisamos dançar.
Uma sobrancelha levantada.
Paixão fundida com ternura, ela beijou-o até que o coração dele trovejou, até que ele sorriu de alegria feroz e pediu-lhe para fazer novamente. — Então, — ela disse após conceder o desejo dele, — nós podemos fazer isso em nosso centésimo aniversário.
Seu lobo negro sorriu, levantou-se... E girou-a em uma curva ultrajante antes de girá-la em seus braços novamente, as costas dela contra seu peito. — O lugar ao qual você pertence, — ele disse, dando um beijo na pulsação dela.
Sim.
Recuperação
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