Alfa: Lucas Hunter Curadora



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Riaz não avisou sua mãe sobre sua intenção de visitá-la, então quando entrou na casa no meio da manhã do dia seguinte, ela não só derrubou o prato de biscoitos que estava segurando... Mas também caiu em lágrimas.

Riaz teria ficado alarmado se não fosse o fato de ela estar segurando suas bochechas em suas mãos macias e beijando seu rosto, falando em um rápido mix de inglês e espanhol a dois mil quilômetros por hora enquanto o repreendia por ter ficado longe por tanto tempo.

Soltando sua bolsa no chão limpo, envolveu a forma diminuta de sua mãe em seus braços, a suavidade que ela insistia em chamar de seu recheio e seu pai de sexy como o inferno, familiar e reconfortante.

Os braços dela se envolveram em torno dele em retorno, forte como aço. Queixo descansando em seu cabelo, ele respirou o cheiro de flores da primavera, açúcar e calor de seus cabelos. Era o cheiro de beijos em joelhos ralados, abraços depois da escola, toques orgulhosos quando ele se tornou soldado, um milhão de fragmentos de memórias.

— Você vai ficar, — ela disse, se afastando e erguendo a ponta de seu avental para secar o restante de suas lágrimas.

Ele conhecia uma ordem quando ouvia uma. — Sim, senhora.

Aquilo o fez ganhar um tapinha na bochecha e um — Sente, eu vou te trazer biscoitos.

Ele pegou a vassoura ao invés, para varrer os detritos do prato quebrado e seu conteúdo, recebeu um olhar de aprovação. Riaz escondeu um sorrisinho. Ele foi bem treinado. — Onde está meu pai? — Seu pai, Jorge, havia se aposentado de seu serviço como professor, mas ainda passava a maioria dos dias lidando com problemas relacionados aos filhotes e juvenis na área de San Diego, isso o mantinha contente, e o tirava do pé de sua esposa.

— Nós vamos trazer um grupo dos jovens para a cerimônia de acasalamento. Jorge está organizando os detalhes finais hoje.

Riaz sabia que Hawke ficaria encantado. — Vai ser bom te ver lá.

Tirando seu avental depois de colocar um prato de biscoitos frescos para ele, ela disse, — Eu tenho que ir ao mercado. Você quer encontrar seu irmão? Tenho certeza de que consegue convencer Gage de sair mais cedo.

Balançando a cabeça, Riaz disse, — Eu te levo.

Sua mãe riu e o puxou para baixo de modo que pudesse bagunçar-lhe o cabelo. — Meu precioso menino. Você fará uma mulher muito feliz um dia.

Foi preciso muito esforço para manter o sorriso em seu rosto, para não deixar sua mãe ver o que suas palavras fizeram a ele. Envolvendo um braço em torno dela, a puxou para o seu lado e a tentou com um biscoito, determinado a aproveitar seu tempo em San Diego... Mas ele não poderia escapar do reconhecimento cruel de que todos os pensamentos sobre Lisette estavam agora ligados à Adria e ao desejo que abrasava aos dois.





Adria esbarrou em Hawke em seu caminho para uma reunião naquela tarde. Quando ele mencionou que Riaz estava em San Diego, choque a deixou sem fôlego. Não porque Riaz saiu da toca para o que parecia ser uma visita curta à sua família, mas por causa de sua própria resposta ao fato.

Um tremor de alívio ondulou em sua pele, sua espinha não mais rígida com a tensão sempre presente. Ela não era tão ingênua ao ponto de acreditar que a atração tinha se acabado, nada tão abrasadoramente profundo poderia ser tão facilmente extinguido. Mesmo agora, brasas da necessidade mais profunda cintilavam em seu sangue. Não, a única razão para o alívio era porque ele se fora, não havia nenhuma chance de ela esquecer seu voto de manter distância do homem que deixou claro como cristal que preferiria dormir numa cama de pregos que com ela.

— Como você está indo com a exploração territorial?

A pergunta de Hawke fez sua cabeça disparar em atenção, sabia que seu alfa tinha de estar avaliando sua desempenho como uma transferida.

— Estou fazendo uma nova seção a cada dia. Converso com Eli ou Riley antes e depois para assegurar que não perdi nada.

A luz bateu no distinto prata-dourado do cabelo de Hawke quando ele inclinou a cabeça uma fração para a direita, o lobo escutando-a. — Bom, —disse, sua expressão fácil não fazendo nada para equilibrar o senso de poder cru que se agarrava nele como uma segunda pele. — Outra coisa, Adria, — um momento de contato visual abrasador — Se houver quaisquer problemas que eu precise saber, me avise.

— É claro. — Deixando seu alfa, seus sensos pinicando com o conhecimento de que Hawke via muito mais que qualquer parte dela queria que ele visse, foi para o encontro semanal de soldados veteranos. Elias, o homem a cargo do grupo, deu uma bronca suave nela por se atrasar, antes de começar a reunião de sua mesa de madeira tão pesada que seriam precisos quatro homens para mudá-la de lugar.

Era a peça perfeita para uma sala que felizmente estava gasta, com seus móveis gastos e o quadro de avisos cheio de convites para festas, menus de delivery, listas impressas, e uma eclética coleção de fotos. O fato era, as fêmeas maternais quiseram, mas foram educadamente recusadas quando tentaram redecorar a sala para combinar com as áreas comuns brilhantes do resto da toca.

Adria estava grata, a sala tinha sua própria identidade, sua aparência estável, confortável, refletindo os pragmáticos homens e mulheres que geralmente a usavam. Diferente dos tenentes, que tinham que lidar não só com problemas políticos, mas também com assuntos que cruzavam setores, os soldados sêniors estavam a cargo da segurança diária e de governar seu setor particular do território. Riley tomava conta das designações em geral, assegurando que os dominantes na toca funcionassem como uma unidade sólida, mas Elias era aquele que lidava com os problemas específicos dos soldados sêniors. E era o conselho dele que Riley pedia quando o tenente queria saber como melhor utilizar aqueles homens e mulheres.

— Certo, — Elias disse, — A primeira coisa que temos que fazer é dividir as tarefas durante a cerimônia de acasalamento.

Adria sabia que todos iriam querer uma chance de comparecer à celebração, mas o território do clã não podia ser deixado desprotegido. — Rotações de uma hora? — ela sugeriu de seu lugar no sofá, ao lado de Simran com seus olhos escuros. — Nós temos pessoas o bastante mesmo sem os tenentes. — Indigo, Riaz, Judd e Riley precisariam ficar no Círculo do Clã.

Kieran entrelaçou suas mãos atrás de sua cabeça e se inclinou, equilibrando sua cadeira precariamente em duas pernas. — Funciona para mim. — O marrom suave de sua pele brilhava com saúde. — Mas aqueles no perímetro interior terão de fazer duas horas, terão de permitir o tempo de viagem. O perímetro exterior será um problema. É muito longe.

— Os felinos concordaram em cobrir. — Elias balançou a cabeça. — Não sei quando nós paramos de tentar arrancar o pelo deles e começamos a confiar neles.

— Que pena, eu poderia ter usado um novo tapete, — um comentário perspicaz ao fundo.

Adria sorriu. Como os outros, sua própria loba ainda estava se acostumando a uma aliança que ia além de sangue até o coração. Para um clã como os SnowDancer confiar suas fronteiras a qualquer um, ainda mais a um clã leopardo forte o bastante para ser uma ameaça, falava de ligações tão profundas, que nada as romperia.

Essa mudança não aconteceu do dia para a noite. Levou anos... Anos enquanto ela esteve presa em nada, guiada por uma dolorosa esperança que havia morrido uma lenta e cruel morte. Mas, ela pensou, nunca mais olharia para trás e se perguntaria se não tinha desistido muito cedo. Não, ela tentara. Até que seu coração se quebrou.

— De volta às rondas, — disse Eli, seu cabelo marrom escuro da cor de café torrado deslizando por sua testa. — Qualquer um que ficar com o perímetro interior só tem que fazer uma ronda para a noite, então se quiserem uma dessa, me avisem.

Houve algumas mãos levantadas, a maioria pertencia àqueles que queriam ter parte da tarde livre para que pudessem ir à cerimonia com seus filhos. — E, — um deles apontou, — Não é como se a festa fosse acabar.

Uma rodada de risadas seguiu, se aprofundando quando Drew disse algo em seu tom casual. Adria ficou surpresa de vê-lo na primeira reunião a qual ela foi, seu lugar na hierarquia era tão mutável, mas ela supôs que ele fosse tecnicamente mais próximo dos soldados sêniors. É claro, o irmão de Riley e companheiro de Indigo tinha um jeito de ser bem vindo em qualquer lugar que fosse, ela o vira com os mecânicos outro dia.

— Okay, agora que isso foi resolvido, — Elias disse, olhando mais uma vez para o quadro no qual ele havia rabiscado suas notas. —Nós precisamos falar sobre...

— Ei, Eli, — Kieran interrompeu-lhe, seus olhos verde- acinzentados perversos com travessura. — Essa é uma daquelas lousas que eles usam na escola primária?

— O quê? — Imperturbável, Elias continuou a escrever na lousa rosa. — Você percebeu isso agora?

Adria riu, se perguntando se Sakura tinha dado a lousa ao seu pai. De trás dela, Simran disse, — Eu acho que é ótima.

— Você é uma garota, — Kieran apontou. — É rosa. A maioria dos homens cospe em rosa.

Vaiado pelas fêmeas no quarto, Kieran abanou os braços. — Ei, ei, eu gosto de garotas. — Charme puro. — Muito.

— Silêncio, — Elias disse em seu tom sério, — Ou ficaremos aqui o dia todo. A próxima coisa que precisamos checar são alguns módulos de treinamento. Nós agora temos um escaladora com certificação de Nível 4 no grupo, então ela aplicará uma lição amanhã para aqueles de vocês que escalam como ursos depois da hibernação.

Adria levou um segundo, e um olhar divertido de Elias, para perceber que ela havia se oferecido.

Treze


Tudo bem para mim. — Escalar sempre fora uma grande felicidade para ela, até o ponto de Martin uma vez brincar que ela devia ter sido um felino na vida anterior. Era de fato a única coisa que eles gostavam de fazer juntos quase até o fim. Como se ao encarar o desafio de uma montanha ou a face de um penhasco, eles se tornassem parceiros mais uma vez, e não adversários. — Eu posso lidar com a lição sozinha, — ela disse, gentilmente fechando a porta para memórias que não tinham lugar em sua vida nova, — Mas eu ouvi que Drew é um ótimo alpinista também.

— Sim, ele é. Por isso é que ele vai estar com você.

Drew a saudou do outro lado da sala. Ela não conseguia não sorrir, como ela poderia fazer qualquer coisa além de amar o homem que adorava a mulher que era, de todas as formas que importavam, sua irmã? — Nível? — ela perguntou à Elias.

— Iniciante a intermediário. Nós não podemos continuar deixando os gatos nos darem um baile quando se trata de escalar.

Vários “isso mesmo” soaram pela sala.

Adria balançou a cabeça. — Não pensem que vão sair por aí subindo nas árvores como eles, - seus corpos eram simplesmente construídos de formas diferentes, - mas eu posso fazê-los chegar a um nível competente se nós fizermos as lições uma vez por semana por, digamos, dois meses.

— Feito. — Elias olhou em volta. — Você sabe do que precisa para o curso, anote seu nome para que eu me assegure de que você não esteja em ronda no dia e horário.

Uma voz preguiçosa, Brody, arrastou uma pergunta dos fundos. — Eu gostaria de fazer treinamento avançado de tiro enquanto as coisas estão calmas. Você pode agendar com Judd ou Dorian?

Assentindo, Elias fez outra nota, então o grupo tomou conta de alguns outros assuntos antes de se separar. Drew a acompanhou para discutir sua tarefa compartilhada enquanto os outros se separavam. — Você tem tempo agora para procurar uma localização e falar sobre como faremos a primeira sessão?

— Sim. — Saindo atrás dele, pegou uma maçã na tigela perto da porta.

Drew já tinha dado uma mordida na maça dele quando ela poliu a sua em sua camiseta e mordeu. A mordida foi satisfatória, a doçura refrescante, o ar fora da toca uma carícia fria. Como parceiro, Drew era flexível e inteligente, e eles não tiveram problemas em mapear uma estratégia para a aula.

Aquela aula, quando aconteceu na tarde seguinte, desabou como uma casa pegando fogo. Rodeada por seus companheiros, suja, cheia de pó e suada, ela sentiu um senso de absoluta certeza. Essa era sua casa.

Nada nem ninguém a afastaria disso.



Sienna evitou o chute de Riordan, mas sabia que se movera uma fração de instante tarde demais. Estremeceu com a pancada que ela indubitavelmente estava prestes a receber perto das costelas, mas... Nada aconteceu. Piscando, ela percebeu que ele desviara o chute. Nada de errado com isso, ela o fazia o tempo todo no treinamento, porque o alvo não era espancar seus companheiros de combate até que sangrassem, mas ensinar e testar uns aos outros. O único problema era, Riordan ainda deveria tê-la atingido forte o bastante para que ela se lembrasse de seu erro.

Algo quente, escuro e furioso borbulhou em seu sangue. — O que foi isso? — ela exigiu, interrompendo a sessão.

— O quê? — Ele passou uma mão pelos seus cachos cor de chocolate escuro.

— Aquele arremedo de chute.

— Você parou para me criticar? — Ele franziu. — Você pode fazer isso depois, vamos continuar antes que eu envelheça.

Já estressada com a cerimônia de acasalamento no dia seguinte, Sienna não estava com humor para babaquice masculina. —Que tal eu incinerar seu cabelo para que você não tenha que se preocupar com isso? — Simplesmente saiu.

Esperou que medo enchesse os olhos que sempre olharam para ela com afeição amigável, o estômago gelando devido ao seu erro. Ela ameaçava Hawke com brincadeiras de sobrancelhas queimadas, mas era muito cuidadosa para não lembrar ao resto do clã o quê ela era. Mas ao invés de medo, tudo que ela ganhou foi um sorriso de pena, e um dar de ombros. — Eu pensei que você não iria querer um roxo para o grande dia amanhã. — Olhos charmosos, grandes e marrons, e nenhuma culpa.

Quase fazia sentido. Exceto que agora que ela pensara nisso, percebera que ele fizera a mesma coisa durante a última sessão de treinamento, só que fora um pouco mais astuto sobre isso, atingindo-a para que ela soubesse que foi “acertada”. Porém, apesar de seu charme infantil, Riordan era dominante. Quanto mais ela o fizesse admitir o que estava fazendo, mais intratável ele ficaria. — Okay, — disse ela, com um sorriso que esperava ela que não traísse seu humor sanguinário. — Valeu. Pronto?

Ele ficou na posição correta.

Não dando nenhum aviso, deu um forte chute nele, seu pé se conectou com as costelas dele, seu cotovelo com a mandíbula dele, seu punho no estômago dele. Ela manteve seus golpes longe do belo rosto dele, desde que ele tinha um encontro na cerimônia. Porém, enquanto ele bloqueava os golpes dela, não fez nenhum ataque próprio, ela cerrou seus olhos e foi chutá-lo na parte superior da cabeça, que, se acertasse, certamente criaria um belo e grande machucado azul e preto no lado de seu rosto.

— Porra! — Erguendo uma mão, ele agarrou o tornozelo dela um instante antes de ter feito contato com seu crânio e a jogou para longe na direção do chão, subindo em cima dela um instante depois, seu corpo muito mais pesado prendendo o dela com o rosto para baixo no colchonete. — Você está tentando me matar? — Foi um rosnado.

Ao invés de responder e embora ele tenha tirado seu fôlego, ela golpeou o rosto dele com sua cabeça. Ele desviou com outra palavra brutal, libertando-a. Levantando-se para sentar no colchonete, ergueu uma sobrancelha para Riordan quando ele deu-lhe um olhar desconfiado de onde se sentava do outro lado. — Oh, desculpe, — ela disse com uma doçura que deixaria uma barra de chocolate orgulhosa, — nós estávamos só fingindo treinar?

Outro rosnado, esse mais áspero e vindo do peito. — Você é a companheira do meu alfa, — ele atirou com uma raiva crua que ela nunca testemunhou nele. — Meu lobo não pode te machucar.

Isso tirou seu fôlego novamente. Ela esteve tão focada em como membros do clã se sentiriam sobre ela, agora que eles sabiam de seu fogo frio, que não considerou realmente o efeito direto de seu relacionamento com Hawke, especialmente desde que sua amiga mais próxima, Evie, tomou tudo tão facilmente. Mas o fato era que, ela não era mais somente Sienna Lauren, soldado juvenil e amiga de Riordan. Ela era Sienna Lauren Snow, companheira do alfa SnowDancer.

Estonteada pelas implicações de longo alcance da afirmação de Riordan, levou vários segundos para formular sua resposta. — Um alfa pode ser desafiado, — ela disse lentamente, — Então soldados de nível baixo podem ficar agressivos com ele, e por extensão, sua companheira.

Suspirando, Riordan se jogou para trás até que se deitasse sobre suas costas. — Você sabe o que Hawke faria comigo se eu te machucasse?

— Nada se o machucado acontecesse nesse contexto. — Não importa seu protecionismo, Hawke nunca entraria no caminho de seu desenvolvimento e crescimento como soldado. Ele a levou para o colchonete mais de uma vez quando achou que ela estava ficando preguiçosa com seu treinamento físico, para não mencionar que, fora ele quem a colocara naquele treinamento físico em primeiro lugar.

— Se você não pode ou não é capaz de compreender isso, — ela disse, — Vou pedir para Indigo assegurar que nós não treinemos juntos novamente. — Não era uma ameaça, mas a oferta de uma amiga que entendia a natureza de seu lobo. — Sem machucados, sem infração.

Riordan disparou para uma posição sentada. — Você está me dispensando porque eu não quero te atingir forte o bastante para causar hematomas? — Fúria fervendo.

— Eu estou dizendo que eu não vou melhorar se meu parceiro me trata como porcelana chinesa. — Seus inimigos certamente não se preocupariam em machucá-la quando viessem atrás dela, e nem todos eles usavam somente métodos psíquicos. — Eu preciso ser letal de todas as formas se quero sobreviver a Ming e ao resto do Conselho.

Riordan soltou uma respiração áspera. — Deixa-me com tanta raiva que você tenha que pensar sobre merdas como essa.

Foi ela quem deu de ombros desta vez. — Faz parte da vida. — As coisas boas mais que compensavam as más.

Levantando-se, Riordan estendeu a mão, puxando-a para cima quando ela aceitou a oferta. — Okay, — disse baixinho. — Vou parar de me segurar. Mas, Sin... Eu sou um lobo. Posso ficar impreciso às vezes. — Um soco de brincadeira na mandíbula dela. —Só me bata na cabeça para me endireitar.

Seu sorriso estava em seu coração. — Feito.

Mais tarde naquela noite, quando Hawke se deitou depois de uma longa reunião, ela se aproximou do selvagem calor dele e contou sobre seu confronto com Riordan. — Ele ficou bem melhor depois, até me repreendeu por alguns erros.

Hawke cruzou um braço sob a cabeça, o outro em torno dela, seus dedos traçando círculos na parte inferior de suas costas. — Eu estava esperando por isso, você é a única que pode lidar com isso.

Porque no instante em que ele entrasse nisso, negaria o poder dela. — Obrigada, — ela disse, correndo seu pé sobre a perna dele, — Por me amar o bastante para me deixar lutar minhas próprias batalhas.

Ele fechou sua mão no cabelo dela. — Não, algumas delas eu vou clamar como meu direito.

— Okay. Contanto que você não fique ganancioso e tente lidar com todas. — Sentindo a surpresa dele, ela se apoiou em um cotovelo e olhou para baixo para a beleza incrível do brilho noturno de seus olhos, o azul translúcido iluminado pelo fogo. — Lindo lobo.

— Eu gosto de como você me acaricia.

— Antes, — ela disse, acariciando o peito dele com prazer, — eu costumava brigar com você o tempo todo porque era como se você não confiasse em mim para fazer nada, como se eu tivesse que forçá-lo a me ver. — Pressionou seus dedos nos lábios dele quando ele franziu, e foi falar. — Não importa se era verdade ou não, era como eu me sentia.

— Agora eu sei que é diferente... Então posso ceder às vezes. — Tal entrega consciente não mudaria o respeito de seu lobo por ela, sua mão ainda cerrada em seu cabelo. O beijo dele, quando veio, foi quente e terno. — Tão forte, minha Sienna, tão linda. — Sua boca, molhada e possessiva pela linha de sua garganta, fazendo seu corpo arquear na direção dele. — Obrigado, — ele disse num estrondoso eco de suas próprias palavras, — Por me amar o bastante para entender minha necessidade de cuidar de você.

Hawke.

— Shh... Se deite e pense na Inglaterra.

Risada acordou dentro dela, borbulhando seu caminho pela crua queimadura da emoção. — Eu prefiro pensar em você.

Ela sentiu o sorriso dele contra a curva de seu abdômen, sua mandíbula áspera com a barba por fazer que a fez tremer enquanto beijava seu caminho oh-tão-lentamente pelo corpo dela.



Catorze


O dia da cerimonia de acasalamento de Hawke e Sienna amanheceu brilhante e claro. Embora Adria tenha feito uma ronda de noite, estava de pé e acordada ás dez, preparada para se juntar às preparações finais. Nell, a fêmea maternal no comando, a colocou para trabalhar nas cozinhas. Adria estava perfeitamente feliz com isso, ela gostava de trabalhar com suas mãos, mesmo se fosse somente descascando duas mil batatas.

— Ei. — Um homem de ombros largos, cabelo escuro e pele bronzeada puxou um banquinho em frente a ela, seu sorriso largo, a covinha em sua bochecha esquerda dando a ele um ar maroto. — Eu fui enviado para me juntar aos soldados de campo. — Ele ergueu um descascador. — Meu nome é Sam. Você é Adria, não é?

Era impossível não sorrir de volta. — Sim.

— Eu não sabia que Indigo tinha outra irmã.

O erro era fácil de se cometer se você não conhecesse bem a família. — Tarah é minha irmã, — ela disse. — Então tecnicamente eu sou tia de Indigo.

— Mentira! — Linhas entre as sobrancelhas dele.

Sua loba estava divertida e encantada. — Palavra de escoteira. — Seus pais ficaram, de acordo com sua mãe, — delirantemente estáticos— com a gravidez surpresa logo depois de celebrarem o acasalamento de sua filha mais velha.

Indigo nasceu meros quatro anos depois.

— Huh. — Uma longa pausa enquanto eles descascavam. —Então, você tem um encontro para a cerimônia?

Era bom ser paquerada, exercer suas próprias habilidades de paquera enferrujadas. — Você está me dizendo que você não tem?

Um dar de ombros. — Eu não queria deixar ninguém com ciúmes, então eu ia sozinho, mas agora... — Um olhar tão charmoso que poderia ter vindo de um felino. Impressionante, desde que Sam era humano.

Ela quase disse sim, ele era adorável e sexy e franco sobre sua atração a ela. Mas... Ele era tão inocente. Em seus vinte e poucos anos, claramente forte e corajoso pelo que ela viu das ações dele em campo, mas nem um pouco duro. Embora a verdadeira diferença entre as idades deles fosse provavelmente cinco ou seis anos, ela se sentia anciã em comparação. — Eu não sou boa para você, Sam.

O sorriso dele desvaneceu com suas palavras, seus olhos marrons suaves e intencionados. — Talvez eu seja bom pra você, hmm? — Ele descascou outra batata, como se esperando que ela disesse algo mais. Quando ela não disse, ele fingiu um suspiro dramático. — Certo, eu aceitarei a derrota, com uma condição.

Deus, ela gostava dele. — Não parece muito com aceitar a derrota.

— Eu sou um SnowDancer. — Um sorriso pecaminoso. —Prometa que você dançará comigo quantas vezes eu quiser.

— Só dançar, — ela disse, prendendo-o com um olhar severo. Não seria justo com Sam permiti-lo pensar que isso poderia progredir, não quando sua loba permanecia fixada em outro lobo. O doloroso, indesejado desejo era algo que ela derrotaria, mas ela não machucaria mais ninguém no caminho.

— Okay. — A concordância suspeitosamente dócil de Sam foi seguida por um sorriso presunçoso.

Adorável, ela pensou novamente, sabendo que ele definitivamente tentaria roubar um beijo, no mínimo. — Sam. — Sua risada cancelou sua tentativa de ser rígida. Dessa vez, ela se sentiu leve, jovem e descuidada, algo que ela nunca esperou sentir novamente.

Covinha aparecendo e causando efeitos perigosos, ele tocou a bota dela com a dele, brincalhão como um filhote. — Nós vamos nos divertir.

— Sim, — ela disse, sua loba caminhando felizmente dentro dela, — Eu acho que vamos.





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