HAWKE GOLPEOU RILEY nas costas. — Inferno, sim. — Seu lobo estava tão orgulhoso com as notícias do outro homem quanto ele estaria se fosse o pai.
Riley ergueu a cerveja em um brinde. — Às ruivas.
Hawke tocou sua garrafa na de Riley, ambos sentados nos degraus da cabana privada de Hawke e Sienna. Embora o lugar fosse pretendido a ser fora dos limites para o resto da matilha, eles tinham percebido que desfrutavam em convidar os amigos, às vezes.
— Espere, — Hawke disse, antes de tomar um gole. — Qual ruiva nós estamos celebrando? Minha ruiva, Mercy, Faith, ou sua futura prole?
— Todos elas. — Riley abriu os braços expansivamente. — E eu vou agradecer você por chamar minha prole de gatinhos ou lobinhos, ou gatinhos-lobinhos.
— Gatinhos-lobinhos. — Hawke ponderou. — Eu gosto disso.
De sua cadeira na varanda, Mercy balançou a cabeça para Sienna. — Os meninos estão bêbados.
Sienna estava fascinada. — Eu nunca tinha visto Hawke bêbado. Ou Riley.
— Isso, — Mercy disse, seu tom o de uma professora sábia, — é embriaguez comemorativa. Testemunhado, por vezes, quando os homens se regozijam em suas próprias proezas.
Riley olhou por cima do ombro para sorrir amplamente – arreganhar os dentes, na realidade – para Mercy. — Eu te dei múltiplos gatinhos-lobinhos. Eu tenho talento.
Olhos dançando, Mercy caminhou para se sentar atrás dele em um degrau mais alto, para que ele pudesse encostar-se no peito dela. — Sim, você deu, e sim, você tem.
Sienna percebeu que ela estava sorrindo, e quando Hawke lançou a ela um sorriso lupino, ela não pôde deixar de obedecer à ordem silenciosa para se sentar com ele, como Mercy estava fazendo com Riley. Mais tarde, a sentinela DarkRiver puxou-a de lado por um segundo. — Esses dois são cabeças-duras, — disse a outra mulher, as palavras carinhosas, — mas depois de tanta celebração, até mesmo a sua alteza Alpha terá uma ressaca. Seja gentil.
Sienna certamente não teve que ser gentil naquela noite, Hawke estava em uma disposição, e oh o corpo dela gostava. Com energia para queimar e, então, mais um pouco, ele esgotou-a em uma incoerência mole antes de colocá-la possessivamente contra ele, acariciando-lhe com o rosto o pescoço e então adormecendo.
Ele não se moveu por oito horas.
Banhada e vestida depois que ela conseguiu esquivar-se do abraço dele, prometendo-lhe todos os tipos de coisas luxuriosas que ela não estava certa que ele ouvira, ela sentou-se na cama com uma caneca de café e escovou os cabelos dele para trás. Um olho abriu uma mera fenda. Fechou. Um gemido soou. — Feche as cortinas.
— Elas não estão abertas. — Dado o efeito imprevisível de álcool nas habilidades Psy, ela nunca tinha estado bêbada, mas ela tinha visto seus amigos nessa condição, e manteve a voz em um sussurro. — Eu trouxe café.
— Grr. — Ele se recusava a se mover.
Risos borbulhavam no peito dela. — É a minha mistura especial. — Respirando fundo, ela tomou um gole. — E você tem uma teleconferência em quarenta e cinco minutos. — Ele poderia fazê-la dali, mas precisava estar consciente para isto.
— Diga a Riley para lidar com isso. — Falado de dentro do travesseiro dele.
— Riley estava mais bêbado do que você e, provavelmente, ainda está em coma. — Colocando o café na mesa de cabeceira, ela se aconchegou de volta na cama ao lado dele.
Olhos permanecendo fechados, ele jogou um braço em volta da cintura dela e puxou-a contra ele. — Eu posso ouvi-la pensando. Mal-humorado.
— E se quando nós decidimos ter filhos, eu só conceber um?
Outra fenda de azul-lobo. — Eu não tenho ideia de sobre o quê você está falando.
— Eu só... É melhor ter gêmeos ou trigêmeos? — Ele e Riley tinham estado tão encantados com as notícias. — Nós poderíamos pedir aos médicos para garantir isso. — No entanto, os leopardos tinham estado tão radiantes com o nascimento de Naya e ela era um único bebê.
Hawke fechou o olho. — Eu te amo, mas eu tenho uma ressaca e você está falando besteira.
Ela fez uma careta. — Eu só estou tentando entender.
Dando um profundo e queixoso gemido, ele abriu ambos os olhos. — Quantos não faz diferença, Riley e eu, teríamos nos embriagado, mais cedo ou mais tarde. Ele é o primeiro de nós a ter uma criança. Entendeu?
Oh. — Como se fosse Evie ou Maria ou outra pessoa no meu grupo. — Ela entendera. — É um marco.
— E é fodidamente hilário que Riley, sem o qual a Toca poderia desmoronar, está meio apavorado com o fato de que está prestes a se tornar pai.
— Apenas um melhor amigo acharia os medos dele hilários.
— Deus, você é adorável, mesmo quando está falando alto o suficiente para acordar os mortos.
— Eu estou sussurrando, — ela apontou com outra carranca e, esfregando a mão contra os pelos na bochecha dele, levantou-se. — Beba este café ou eu vou abrir as cortinas. — Enérgico e ocupado como ele era, ela nunca tivera que lidar com ele tão ranzinza de manhã, era divertido descobrir esta faceta inesperada da personalidade dele.
— Não me dê ordens. Eu sou o alfa.
— Eu não me importo.
— Venha aqui.
— Parece como se fosse a minha primeira vez confrontando um lobo? — Inclinando-se, ela puxou o lençol de cima dele, expondo o nu comprimento de seu corpo, a pele dourada mesmo na penumbra.
Oh... meu.
Realmente, ele não tinha o direito de ser tão deslumbrante.
Embora fosse doloroso virar as costas para o homem delicioso em sua cama, ela foi para as cortinas. — Você agora tem 35 minutos e essas cortinas serão... Abertas.
Nenhum som.
Ela virou-se para descobrir que ele tinha um travesseiro sobre a cabeça.
Rindo, ela saltou sobre a cama e beijou o caminho para baixo na coluna dele. — Tudo bem, — ela disse, totalmente em harmonia com o mundo, — Vamos ficar na cama o dia todo.
— Mulher provocativa. — Ele se livrou do travesseiro. — Com quem eu estou teleconferenciando?
— Selenka Durev em Moscou. — As duas matilhas tinham uma informal disposição para compartilhar informações, e esta era uma espécie de ‘base inicial’ de um bate-papo. — Você sabe quão irascível ela é, pode tomar como um insulto se você se atrasar. — Um beijo na nuca dele. — Eu vou ligar o chuveiro. — Conforme saía da cama e fazia o que tinha dito, ela percebeu que estava sorrindo. Não importava o humor dele, não havia nenhum homem que ela preferiria acordar para encontrar a seu lado.
Quando ele entrou no chuveiro e lhe pediu para lembrá-lo dos pontos que ele estava pressuposto a mencionar durante a teleconferência, ela sentiu o vínculo entre eles crescer mais profundo, mais matizado. Ele não tinha perguntado a ela porque era um soldado novato. Ele perguntara porque ela era sua companheira, e ele precisava do lembrete. Assim como permitira que ela o visse de ressaca. Uma coisa simples, uma pequena vulnerabilidade, mas que significava tudo vindo de um lobo alfa.
FOI UMA SEMANA TERRIVELMENTE feliz depois daquele interlúdio na piscina que Adria encontrou-se de igual para igual com Riaz. — Não me dê um ultimato. — Martin tinha jogado muitos daqueles nela durante os anos deles juntos, até que a mera sugestão de um fazia explodir em fúria a corrente sanguínea dela.
— Não é um ultimato, — Riaz disse, seu tom uma ameaça sedosa. — É um aviso. Eu tenho deixado a questão dos quartos compartilhados se arrastar um inferno de tempo mais do que eu deveria. Você é minha. Você mora comigo. Fim da história.
A loba dela eriçou-se. — Não é uma inevitabilidade. — E não era como se eles alguma vez dormissem separados.
— Foda-se. Se eu quisesse viver sozinho, eu não estaria em um relacionamento. — Torcendo a trança dela em sua mão, ele a segurou no lugar. — Portanto, o seu tempo de pensar acabou de acabar.
Ela cravou as garras no peito dele, e o viu estremecer. — Deixe-me ir ou eu vou rasgar essa camiseta também.
Respeito no rosto dele. — Eu vou deixá-la ir... Depois disto. — O beijo foi quente e irritado e recusou deixá-la tomar qualquer distância.
Ela ainda estava rosnando em fúria quando correu para Indigo não muito depois. — Não pergunte, — ela retrucou no instante em que a outra mulher iria abrir a boca. — Não quando eu vi você fazendo rostinhos de beijo com Drew cinco segundo atrás.
Indigo levantou as mãos em sinal de rendição. — Hey, nós brigamos. Drew apenas torna muito difícil ficar brava com ele. Você sabe o que ele fez hoje? — Ela respondeu a pergunta antes que Adria pudesse responder. — Ele alinhou o painel do meu veículo com miniaturas de ursos de pelúcia com rostos tristes. Quero dizer, vamos lá! Não é justo.
Adria riu apesar de si mesma - porque Indigo estava segurando um daqueles pequenos ursos adoráveis conforme ela gesticulava. — É tão difícil para você, pobrezinha.
Indigo fingiu jogar o brinquedo macio nela. — Vê? Eu nunca ganho qualquer simpatia. — Enfiando o urso no bolso do jeans, de onde aquilo as assistia pesarosamente, ela disse, — Então?
Adria balançou a cabeça. — Eu estou indo para uma corrida.
— Eu vou com você.
— Vá embora, — ela murmurou. — Eu quero ficar sozinha.
— Supere isso. Você está em uma matilha.
Elas correram em silêncio por mais de meia hora, terminando em um alto prado de montanha cheia de flores silvestres e enormes rochas quebradas jogadas ao redor como se fosse pelas mãos de um gigante. Tomando assento em uma daquelas rochas após matar sua sede em uma frágil cachoeira escondida nas proximidades, ela disse, — Desculpe por ser arrogante.
Indigo, sentada no chão com as costas na rocha quente do sol, estendeu a mão para acariciá-la na canela. — Você é permitida. O que Riaz fez?
— Ele está exigindo que eu vá morar com ele.
— Dificilmente surpreendente, — Indigo disse, esticando as pernas. — Ele é um lobo. Matilha é tudo, e a mulher dele é onde isso começa.
Aquelas palavras de novo - mulher dele. — Eu tomei a decisão de estar com ele, — Adria sussurrou, — mas eu nunca pensei que iria me apaixonar tanto, tão profundo, até que o nome dele estivesse escrito em partes de mim que Martin nunca tocou. — Era a primeira vez que ela conscientemente aceitava aquele fato... E o medo que vinha com o conhecimento. Martin a machucara, mas Riaz, ele poderia destruí-la. — Ele faz essas coisas e tira meu fôlego, faz o meu peito doer.
— Que tipo de coisas?
— Ontem, ele desapareceu com as minhas botas e trouxe-as de volta com um solado novo porque tinha notado que estavam danificados. — Quando ela agradeceu, ele correu os dedos por sua bochecha e disse que era seu emprego cuidar dela. — Eu encontrei um xale no meu quarto outro dia, suave como o ar, e na cor exata dos meus olhos. — Linhas ouro entrelaçadas em um requintado azul.
— E ele está sempre me alimentando, — ela disse, perplexa com a ternura inesperada. — Cupcakes e pizza caseira e meu spaghetti favorito. — Então, a coisa mais maravilhosa de todas - as esculturas de madeira que ela continuava encontrando em seus bolsos. Sua favorita era um pequeno dragão, a expressão feroz, as garras para fora.
— Protecionismo é parte da matilha, — Indigo disse. — Você sabe disso. Eu sou mais dominante do que Drew, mas ele ainda encontra maneiras para cuidar de mim. — Ela pegou o urso triste, sorriu, e beijou-o no rosto antes de colocá-lo de volta com segurança em seu bolso.
— Eu sei. Eu só não esperava que Riaz fosse ser assim comigo. — Ela não tinha que explicar o por quê, não queria falar sobre a mulher desconhecida que era a companheira de Riaz.
Virando-se, Indigo olhou para ela. — Eu entendo porque você está hesitante. Eu acho que a questão é, você acha que seria mais feliz sem ele?
— Eu não posso suportar a ideia de ficar sem ele. — A dor era profunda até os ossos... E aquela era sua resposta.
Descendo para sentar-se ao lado de Indigo, ela disse, — Não adianta tentar manter uma distância física entre nós, não é? Quando eu já pertenço a ele aqui. — Ela esfregou a mão fechada sobre o coração sabendo que, independentemente do quanto a aterrorizava depositar seu amor em um homem cujo próprio nunca pertenceria a ela, manter isto sufocado seria uma injustiça tanto para si mesma quanto para o lobo solitário que a tinha feito sentir-se tão estimada. — Eu tenho que ter a coragem de amá-lo sem condições.
Cinquenta e dois
VASQUEZ EXAMINOU o mais recente relatório catalogando os atos de tentativa de sabotagem na terra SnowDancer. Os incidentes tinham diminuído acentuadamente nas últimas duas semanas, e nenhum deles tinha causado aos lobos algum problema, mas o planejamento e a realização estavam mantendo a maioria da força remanescente dos PurePsy ocupada.
Bom, ele pensou, enviando uma mensagem telepática ao líder para continuar. Enquanto eles estivessem ocupados na tarefa inútil, ele poderia montar o ataque fora do padrão sem ter que preocupar-se com qualquer um ficando muito curioso. Nenhum vazamento poderia ser permitido. Não agora.
Não quando a hora tinha finalmente chegado.
— Há um problema, — ele disse a Henry quando eles se encontraram naquela noite. — Apesar de eu ter uma unidade pronta para seguir em frente com os alvos secundários, ainda tenho apenas um operário em quem eu confio com a tarefa primária. — Fazendo ataques consecutivos impossíveis, embora - e sem contar o fora do padrão - ele tinha cinco conjuntos completos de localizações confirmadas. — No entanto, eu não recomendo esperar. A Net está tornando-se mais infectada com aqueles cujo condicionamento está fraturado.
— Você tem permissão para se mover tão logo você veja uma janela aberta, — Henry respondeu, a voz quebrada pela falta de ar. — Nós teremos êxito, Vasquez.
— Sim, senhor. Nós teremos. — Nada nem ninguém tinha o poder de detê-los. Não desta vez.
Cinquenta e três
DOIS DIAS DEPOIS de Adria ir morar com ele, Riaz era um lobo feliz. Ele adorava tê-la em seu espaço, adorava que o cheiro dela estivesse por toda parte - e que o dele estivesse sobre todo e cada perfeito centímetro dela. E ele estava definitivamente convencido sobre o fato de que, embora o pedido deles por quartos na seção de casais ainda não tivesse sido atendido, ela não fizera qualquer barulho sobre sua sala de estar ser pequena demais para ambos.
Tirando o sorriso do rosto, uma vez que totalmente destruía sua reputação de fodão, ele fez uma chamada para Bowen, precisando falar sobre alguns detalhes finais sobre o acordo de aliança permanente de SnowDancer com a Aliança. O chefe de segurança pediu-lhe para organizar um espaço livre para o acordo, para voar para San Francisco para uma discussão pessoal dentro dos próximos dias. — Eu acho que tenho a candidata perfeita, mas quero discutir com a Lily. Ela assumiu Recursos Humanos, conhece nossas pessoas de dentro para fora.
— Espere um pouco. — Mudando de linha, Riaz fez uma chamada rápida para o seu contato-parceiro em DarkRiver – Nathan - e conseguiu o espaço livre, muito da cidade era território leopardo. De volta à linha com Bo, disse ele, — Você tem permissão, — em seguida, estabeleceu as condições - basicamente lidando com quanta liberdade de movimento seria permitida à aliança. — Você vem junto?
— Eu vou tentar. Depende da situação da segurança.
— Qualquer outra agressão de Tatiana?
— Nada óbvio. Vigilância encoberta é provável. — Um sinal sonoro no fundo. — Esse é meu telefone celular. É melhor eu atender, ligo para você no final da semana para confirmar os detalhes do voo.
Desligando, Riaz balançou para o escritório de Indigo para discutir um assunto pessoal. A outra tenente lhe deu um olhar considerado, através de sua mesa depois que eles tinham terminado. — Adria me contou sobre as pétalas de rosa.
Ele sabia quando um lobo estava pescando. — Ela contou?
— Droga. Ela mencionou pétalas de rosa e, em seguida, ela corou. Adria nunca cora.
Esparramado na cadeira de visitante, ele apenas sorriu. — Então, você e Drew estão indo assumir o setor de Alexei em um mês.
— Só a manutenção, — Indigo esclareceu. — Você sabe o quão bom ele é. Precisa de um pouco mais de tempero, é tudo. Eu estou levando a maior parte dos meus novatos e soldados mais jovens, — ela acrescentou. — Bom para eles aprenderem a trabalhar com dominantes de outros setores. Os que eu estou deixando aqui são aqueles com aptidão para armas - Alexei vai fazer sessões com eles, enquanto está aqui.
Sabendo que da força de Alexei nessa área, Riaz sabia que os novatos tinham tido sorte. — Ele teve mais problemas com desafios?
— Não, mas houve um desenvolvimento interessante na última noite, os lobos na matilha que continuavam desafiando-o? — Ao aceno de Riaz, ela continuou. — Acontece que eles estão em um mau momento. Seu alfa faleceu dois meses atrás de velhice, e enquanto os tenentes foram capazes de manter isso calmo e a matilha em conjunto, todos eles são relativamente jovens e fracos.
Numa situação em que uma matilha não tinha nenhum sucessor para o seu alfa, Riaz pensou, um tenente forte que tivesse o apoio de seus companheiros dominantes poderia garantir a saúde contínua da matilha. Mas precisava ser alguém do calibre de Riley - um homem que cada lobo na matilha poderia respeitar e cuja força era inquestionável.
Sem isso, a agressão natural dos dominantes transbordaria, desintegrando a matilha de dentro para fora. — Esse é o porquê de todos os desafios? — ele disse, vendo o plano da matilha mais fraca - um inteligente, se eles somente tivessem alguém que pudesse lidar com Alexei. — Eles queriam um de seu povo em uma posição de poder nos SnowDancer?
Indigo assentiu. — Eles estão desesperados para se fundir conosco, mas é um pedido difícil para eles, trazer seu povo sob alguém que eles não conhecem e confiam. Especialmente tendo em conta a nossa reputação.
Uma reputação que, Riaz sabia, tinha sido cuidadosamente cultivada nos anos após Hawke assumir como alfa. Ninguém mais, aquele jovem garoto havia declarado, veria alguma vez os SnowDancer como uma presa fácil. Cada um e todo dominante na Toca havia apoiado aquela reputação com dentes, garras e sangue, até mesmo as matilhas mais agressivas evitavam o território SnowDancer. — O show de Alexei ganhou a atenção deles, — ele adivinhou.
— Sim, e desde que praticamente todos os dominantes da matilha estavam lá quando ele devolveu o homem deles, eles tiveram a chance de julgá-lo por si mesmos. Eles fizeram um pedido formal para ter permissão de se mover sob a bandeira dos SnowDancer, trazendo seus territórios com eles.
— Esta matilha sabe o que isso significa? — SnowDancer esperava fidelidade total e absoluta, tendo executado um deles mesmos não muito tempo atrás, quando ele provou ser um traidor assassino.
— Eles entenderão, e se não, a nossa troca de região pode ter que esperar um pouco enquanto nossos novos companheiros de matilha se estabelecem sob Alexei. — Indigo olhou para o relógio. — Está na hora de você ir embora para o encontro. Certifique-se de que o polvo não te pegue.
— Engraçado, — ele murmurou, mas parte dele estava intrigada com a ideia de polvos changeling. Ou deveria dizer octópode? BlackSea era tão reservado que era impossível separar conjectura selvagem de fatos.
Hawke e Riley encontraram-no na garagem. Os três deles - e Kenji - tinham debatido vestirem-se em ternos, mas tinham resolvido ficar com seus habituais jeans e camisetas. Isto era quem eles eram, e se BlackSea não gostasse, não havia muita esperança para uma aliança funcional.
— Quem vai dirigir? — Riaz perguntou, alcançando o veículo.
Todos eles olharam um para o outro... Então estenderam os punhos para um jogo de pedra, papel e tesoura. Riley ganhou, com Riaz perdendo e acabando no banco de trás. De bom humor, ele não ficou nervoso, sua mente cheia de pensamentos sobre a mulher que o havia trazido de volta à vida, marcado sua reinvindicação no coração dele. Sua difícil, espinhosa, generosa Adria, que não era tão difícil ou espinhosa, afinal.
Na última noite, ele a tivera gargalhando depois de encontrar um lugar delicado e tomar impiedosa vantagem. Ele tinha se sentido tão jovem quanto um filhote conforme eles se torciam e enrolavam-se nos lençóis, as risadas dela em erupção entre advertências severas e ameaças de tirar o fôlego. O lobo sorrindo com a memória, ele conversou com a parte de trás da cabeça de Riley. — Como Mercy está indo?
O guarda mais velho acariciava o volante através de uma curva, deslizando o veículo graciosamente para a estrada além do território da Toca. — Ela não rosnou para mim ainda. — Descrença pura em cada sílaba. — Eu apareço do nada enquanto ela está trabalhando, e ela sorri, me dá um beijo, e me deixa ficar por perto o tanto que eu quiser.
Hawke se virou para olhar Riley, suspeita em larga escala em seu perfil. — Estamos falando de Mercy, a sentinela? Aquela que chutaria o seu traseiro se você se atrevesse a tratá-la como criança?
— Talvez seja a gravidez? — Riley soava esperançoso.
Riaz estremeceu. — A gravidez geralmente faz fêmeas dominantes mais más, e não mais agradáveis. — Tendia a ter que se tomar muito cuidado acariciando-as para acalmá-las uma vez que elas tivessem se irritado. — Você tem certeza que ela está feliz em te ver?
Riley deu a ele uma olhar no espelho retrovisor.
— Certo, — Riaz murmurou. — Vínculo de acasalamento. — A cicatriz em seu interior esticou, a ferida latejando, mas não sangrou. Porque a coisa era, ele sabia quando sua imperatriz estava feliz, também, seu lobo em sintonia com o dela.
Hawke esfregou o queixo. — Eu diria para aproveitar enquanto dura, — foi seu conselho pensativo. — Mais cedo ou mais tarde, ela vai se transformar em um demônio.
O grunhido de Riley encheu o veículo. — Não insulte minha companheira ou eu terei que parar este SUV e te bater até te matar.
O cabelo de Hawke pegou a luz vinda através do teto solar conforme sacudiu a cabeça, os fios brilhando em ouro branco. — Eu posso aguentá-lo.
— Até parece.
— Após a reunião, você e eu. Riaz vai arbitrar.
Bem ciente de que os dois homens eram os melhores amigos e frequentemente levavam um ao outro à combate, Riaz interligou os dedos atrás da cabeça e olhou para o céu azul claro visível através do teto solar. — Golfinhos changelings - o que vocês acham?
Riley foi o que respondeu. — A isso, eu poderia dar crédito. Um número de seres humanos e changelings são moradores da água - mesmo Psy em alguns casos – reportam serem salvos de afogamentos por golfinhos. Os sobreviventes sempre mencionam o quão inteligente as criaturas pareciam.
— Isso, — Hawke disse, — Assume que humanos, changelings e Psy são as únicas espécies inteligentes do planeta. Muito arrogante da nossa parte.
— Águas-vivas, — Riaz disse, depois de considerar os outros habitantes do mar. — Sério, não pode haver changelings águas-vivas.
Hawke se virou para olhar por cima do ombro. — Que diabos você tem andado fumando?
Riaz deu de ombros, seu humor inatingido. — Era verde e frondosa. — Ele fez uma nota para discutir o tema dos possíveis changelings marítimos com Adria, intrigada como ela era por quebra-cabeças, acharia tão fascinante quanto ele. — Aqui está Kenji. — Seu vôo atrasado, o tenente pedira a eles para passar pelo aeroporto e buscá-lo.
Saltando no carro sem bagagem, Kenji e seu cabelo magenta tomaram um assento ao lado de Riaz. — Uma adolescente gritou e pediu meu autógrafo, pensou que eu era parte de alguma boy band do Japão.
— Eu te avisei, — disse Hawke. — Você deu um autógrafo à sua fã?
Kenji sorriu. — Teria sido uma vergonha decepcioná-la.
O resto da viagem foi retomada com uma rápida discussão sobre a próxima reunião, que Hawke conduziria, o resto deles oferecendo backup e segurança, conforme necessário.
Riaz bateu no ombro de Riley quando atingiram o Embarcadouro, apontando para a esquerda. — Aquele prédio. — Baixo e largo, era a fachada do cais, o brilho da Baía visível no pequeno espaço entre o armazém e a cerca.
Estacionando, eles saíram para encontrar Nathan esperando por eles. O sentinela sênior DarkRiver levou-os através do espaço vazio que Riaz já tinha verificado com ele no início da semana. Nate verificou todas as saídas e entradas uma vez mais, assim como qualquer coisa que pudesse ser um possível ponto cego em uma luta. Por causa de sua forma, o armazém não possuía realmente qualquer canto sombrio, parte da razão pela qual Riaz o tinha escolhido.
— Nós desativamos o equipamento de vigilância como você pediu, — Nate disse a Riaz, — mas um dos técnicos está à disposição se você quiser qualquer coisa funcional.
Hawke balançou a cabeça, atravessando o espaço cavernoso para deslizar e abrir a grande porta que dava para o cais. — Não, nós vamos perder a confiança deles se descobrirem que estão sendo monitorados.
— Nesse caso, o lugar é todo seu. Chame-me quando você tiver terminado e eu vou mandar alguém para trancá-lo. Boa sorte. — O sentinela DarkRiver partiu com essas palavras.
Riaz e Kenji seguiram Riley e Hawke para o cais. Gaivotas crocitavam acima, o cheiro de água salgada e peixe, picante nas narinas de Riaz, o vento serpenteando através de seu cabelo. Tomando uma respiração profunda, ele avaliou a área mais uma vez. Embora permitindo fácil acesso para e da baía, uma vez no cais, seus convidados estariam bloqueados da vista dos outros armazéns pelas cercas altas em ambos os lados.
Dada a preferência de BlackSea a ficar sob o radar, ele e Nate tinham até montado um ancoradouro temporário, assegurando que o grupo de Miane pudesse ir direto do seu barco para o cais. Nate havia sugerido que Blacksea poderia simplesmente nadar, mas Riaz não pensava que eles estariam nada menos do que em ternos profissionais e polidos.
Ele provou estar certo.
— Aí vêm eles. — O corte fino artesanal através da água com a graça de um dançarino, o motor quase silencioso. Não surpreendente, o braço de construção naval de Blacksea era considerado inigualável, seus artesãos e artesãs, artistas.
O navio entrou no ancoradouro temporário e encaixado. E então Miane Levèque estava caminhando no cais com dois homens desconhecidos e Emani. Vestida em um terno e saia limpos de um profundo verde, Miane era uma mulher de estatura média com translúcidos olhos castanhos incliandos uma fração nos cantos e cabelo alisado de ébano, o negro suave demais para ser chamado de azeviche.
Aquele cabelo estava cortado em uma franja acima dos olhos dela, jogados em relevo. Sua pele era uma sombra que mostrava ascendência do norte da África ou do Oriente Médio, ou possivelmente parte da América do Sul. Riaz não teve que adivinhar - ele fizera sua pesquisa, sabia que ela tinha nascido no porto de Cairo, de mãe argelina e pai egípcio.
— Hawke. — Ela estendeu a mão, que trazia cicatrizes de mais do que alguns golpes e cortes, embora as unhas fossem cuidadas e polidas numa sombra acetinada que Riaz pensou que pudesse ser chamada de ostra.
Hawke sacudiu-a, segurando o olhar fresco, quase frio dela. Riley apresentou-se um segundo mais tarde, dando a Miane uma razão para desviar o olhar. Era uma dança quase ritualística quando dois alfas reuniam-se pela primeira vez. Deixados à própria sorte, eles se encarariam até que um dos dois ou recuasse ou extraísse sangue primeiro.
Riaz permaneceu em segundo plano com Kenji, sua atenção nos homens que tinham vindo com a alfa Blacksea, ambos claramente ali para a proteção dela, independentemente de qualquer condição que detinham no Conclave. Aquilo não era um insulto - ele e os outros tenentes estavam ali para a proteção de Hawke. Nenhum deles baixaria a guarda em qualquer momento, no caso de que isto fosse uma gigante armadilha e BlackSea estivesse visando o assassinato do mais poderoso alfa do país.
— Por favor, — Miane disse, dando um pequeno passo para trás, os pés envoltos em saltos pretos de couro que faziam sons de recorte na madeira do cais, — juntem-se a mim no meu navio. A cabine é mais que adequada para esta reunião.
Uma graciosa oferta destinada a colocá-los fora de seu jogo, seus lobos tendo uma forte antipatia ao movimento do mar. Eles poderiam suportar, mas desgastaria os ânimos, reduziria a concentração.
— Obrigado, mas eu vou recusar. — Hawke mostrou os dentes em um sorriso que era um aviso silencioso. — Se você preferir não entrar no armazém, podemos falar aqui.
Miane considerou aquilo, um de seus homens sussurrando em seu ouvido em um nível subvocal. — Malachai diz que vai ser mais fácil nos espionar ao ar livre, usando equipamento de áudio para pegar nossas vozes. O lugar mais seguro seria o mar.
Hawke apenas esperou. Ele fizera suas intenções claras, e agora estava de pé para Miane aceitar ou ir embora. Depois de uma pausa tensa e outra discussão silenciosa com o homem de olhar duro chamado Malachai, a líder do Conclave BlackSea inclinou a cabeça, e Riaz sabia que ela tinha decidido confiar neles neste ponto pelo menos. — Vamos continuar lá dentro.
Riaz deixou as portas abertas atrás deles. Interceptando um olhar de Emani, ele disse, — Nós podemos usar desreguladores de áudio para ter certeza de que a conversa permaneça privada, — e retirou os pequenos dispositivos redondos de uma caixinha plana do bolso de trás de seus jeans.
Emani verificou os desreguladores com um scanner de mão e assentiu. Juntos, eles partiram e ativaram quatro deles, um em cada canto do armazém. Ninguém falou até que eles voltaram para ficar atrás de seus respectivos alfas.
— Nós, — Miane disse, — temos estado satisfeitos com a boa vontade SnowDancer em trabalhar conosco para um acordo.
Hawke a olhava sem piscar. — Vamos direto ao assunto - as únicas questões restantes são se podemos trabalhar juntos em terra, e a verdadeira razão pela qual você está de repente tão interessada em uma aliança.
Um ligeiro alargamento dos seus olhos era a única indicação da surpresa de Miane. — Brusco.
— Nós trabalhamos com você no contrato porque fazia sentido com suas pessoas sendo tão espalhadas, — Hawke disse, — mas isso não é quem nós somos, e não é assim que nós funcionamos. Melhor você saber disso agora do que ser surpreendida mais tarde.
Uma dica fraca de calor na fria inteligência dos olhos de Miane. — Você sabia que os tubarões changeling são tão raros, — ela disse, — que são considerados um mito mesmo por alguns dos changelings em BlackSea?
O sorriso de resposta de Hawke foi uma navalha afiada. — Eu estou supondo que você não acredita na mesma coisa.
— Quanto a isso, eu vou manter o meu próprio conselho, mas vou dizer que entendo de predadores.
— Nesse caso, vamos conversar.
Cinquenta e quatro
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