Amor sem pecado



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Então Wade Danforth entrara em sua vida. Seria mais uma brincadeira cruel do destino? Seria possível que um homem tão belo e másculo se interessasse por uma mulher comum, desprovida de atrativos?

Não, uma vez que ele recuperasse a visão, perceberia o quanto ela destoava daquele mundo povoado de coisas lindas e perfeitas.

Durante seu treinamento profissional, os instrutores tinham sido muito claros quanto ao perigo de envolvimentos pessoais. Atirados subitamente num mundo destituído de luz, os pacientes costumavam agarrar-se à pessoa mais próxima. Parecia-lhe claro ser esse o caso de Wade, com seus frequentes pedidos de abraços e o leve roçar dos lábios...

De repente um barulho alto o som de vozes iradas interrompeu o rumo de seus pensamentos. Sarah saiu do quarto a tempo de ver Traci descer as escadas correndo.

Há alguma coisa errada? — perguntou, ansiosa. — Wade está bem?

Você devia saber — respondeu a outra com sarcasmo. — Foi uma cena encantadora a de vocês dois minutos atrás. Mas é claro que você não é páreo para mim, minha querida. Olhe-se no espelho e chegará à mesma conclusão. Você não passa de um arremedo de mulher e estou certa de que Wade queria apenas alguns segundos de divertimento. Ouça bem o meu aviso: ele pertence apenas a mim. Portanto, mantenha-se distante. E se tiver um pouco de inteligência, não diga nada ao meu namorado sobre esta nossa conversinha.

Sarah precisou de todo seu autocontrole para não deixar transparecer a raiva e... a mágoa. Foi numa voz muito fria e distante, tentando manter um resto de dignidade, que comentou:

É a visão de Wade que está enfraquecida, não a audição. Eu não precisarei lhe contar nada.



Traci olhou para cima e ficou pálida ao perceber que Wade havia escutado toda a conversa. Hesitante, tentou consertar a situação:

Querido... Eu não sabia... É claro que você deve saber o quanto eu...

Saia da minha casa e não volte nunca mais — ele falou por entre os dentes, o rosto uma máscara de ódio. — Saia agora!

É tudo culpa sua — Traci murmurou, destilando veneno em cada palavra. — Mas não cante vitória antes da hora. Quando Wade se acalmar, irá perceber que é a mim a quem deseja.



Sarah passou a chave na porta tão logo a outra saiu, tentando evitar as lágrimas e a dor profunda. Era duro sentir-se reduzida a zero por uma desconhecida.

Sarah Jane Morrison, preciso de ajuda aqui em cima — Wade chamou-a do quarto, temendo pisar nos cacos de vidro espalhados sobre o carpete.



Quando Traci subira, ela não tinha deixado transparecer a suspeita de que alguma coisa poderia estar acontecendo entre Sarah e Wade e passara o tempo todo falando incessantemente sobre o vestido novo que havia comprado, o cor do esmalte das unhas, as pessoas importantes que encontrara na festa do fim de semana, como as mulheres a tinham invejado e os homens, perseguido. É claro que, embora com dificuldade, dera um jeito de escapar a tanto assédio, pois guardava-se apenas para o querido Wade.

Ouvindo tantas frivolidades, tantas palavras sem sentido, ele começara a perguntar-se por que não percebera antes o quão superficial era Traci, uma mulher voltada apenas para o próprio ego.

Entretanto, assuntos sobre os quais conversar era o que não faltava a Sarah e Wade. Além de inteligente, ela estava sempre interessada no que acontecia ao redor e nunca o fazia sentir-se incapacitado, deficiente, diferente.

Traci, por outro lado, pouco tinha a dizer e usava a linguagem corporal para chamar atenção sobre seus atributos físicos conseguindo, assim, despistar a falta de vida interior.

Ao notar que Wade parecia imune aos trejeitos que julgava fatais, ela perdera a paciência e indagara numa voz melosa:

Querido, qual é o problema? Será que a sua enfermeirazinha o inibiu ou... então o tem tratado bem demais, além do permitido pela ética profissional?



Seguira-se uma discussão acalorada em que Traci, usando palavras baixas e vulgares, o acusara de estar dormindo com Sarah. Ele retrucara dizendo-lhe que nunca mais queria vê-la e que tudo estava, definitivamente, acabado entre os dois.

Ambos sabemos que isso não é verdade — Traci insistira, pegando a mão dele e colocando-a entre as próprias coxas. — Você sabe que mulher alguma lhe deu tanto prazer quanto eu.



Wade arrancara a mão com violência, pegara a estátua de vidro sobre a cômoda e a atirara no chão, espatifando-a em mil pedaços.

Saia já daqui! — ordenara em voz baixa e ameaçadora.



Sarah atirou-se na cama, o rosto triste banhado de lágrimas. Saber que jamais experimentaria as alegrias profundas do amor era uma coisa, mas ter de ouvir uma estranha gritar-lhe o quanto era insignificante e pouco atraente era algo muito mais doloroso. Pior ainda fora ser acusada do que não fizera.

As lembranças horríveis das humilhações sofridas nas mãos de Wardell estavam de volta e só gostaria de poder desaparecer da face da Terra para esquecer tanta amargura.

Wade! Como conseguiria enfrentá-lo depois daquela cena deprimente? Mesmo que ele não pudesse enxergá-la, Traci já havia se encarregado de descrevê-la como uma mulher feia e sem atrativos. É claro que o relacionamento de ambos sofreria alterações.

Sarah Jane Morrison, onde está você? Preciso de ajuda. Outra vez nenhuma resposta. Será que algo acontecera a ela?



Teria Traci feito alguma loucura? Aflito e descuidado com a própria segurança, Wade desceu a escada quase correndo, só parando em frente ao quarto de hóspede. Ele hesitou por um instante, temendo repetir o incidente do banheiro, mas como ninguém respondia ao seu chamado, resolveu abrir a porta. Sons abafados e angustiados enchiam o ambiente. Sarah estava chorando.

Wade caminhou na direção do som e sentou-se na beirada da cama, puxando-a com delicadeza para junto de si.

Acho que você está precisando de um abraço falou baixinho, acariciando-lhe os cabelos.

Sinto muito o que aconteceu Sarah murmurou, tentando desvencilhar-se. Foi tudo culpa minha.

Sarah Jane Morrison, entenda bem: nada do que aconteceu aqui foi culpa sua. Eu devia ter me livrado de Traci há muito tempo.



Oh, Deus! Era tão bom estar entre aqueles braços fortes, sentir-se protegida, amparada como nunca o fora em toda a sua vida. Entretanto, Wade devia estar desapontado depois de saber, pela ex-namorada, que a enfermeira estava longe de ser uma mulher bonita.

Estou bem agora. Por favor, solte-me.

Não, não ainda. Ainda não terminei de abraçá-la. Sei que Traci lhe disse coisas horríveis e, mesmo que você seja uma pessoa forte, deve estar magoada. Por favor, não chore. Aquela mulher não vale uma só das suas lágrimas.

Minha estada nesta casa tem por único objetivo ajudá-lo, e não o contrário Sarah falou, procurando afastar-se e criar uma atmosfera de profissionalismo.



Wade estreitou-a com mais força, ignorando suas tentativas de soltar-se.

Por que não podemos nos ajudar mutuamente?

Por favor, Wade, solte-me — ela pediu sem convicção. Essa situação não é muito profissional e não é assim que as coisas deviam estar acontecendo.

Por que tem medo de mim? O que fiz para assustá-la?

Medo de você? O que o faz supor que tenho medo de você?

Sarah esforçava-se para parecer confiante, controlada, embora no íntimo soubesse que não poderia enganá-lo.

Não se deve responder a uma pergunta com outra. Tenho certeza de que eu a assusto e só gostaria de saber por quê.

Acho que você está imaginando coisas Sarah respondeu num tom de alegria forçada, levantando-se rapidamente da cama.

Agora vamos voltar ao trabalho. Havíamos planejado organizar suas roupas.

Não. Não quero voltar ao trabalho. Quero saber por que você tem medo de mim. O que foi que eu lhe fiz? Se não me disser, não poderei corrigir-me.

Wade, por favor...



OK, vou abandonar o assunto... Por enquanto.

Ele saiu do quarto e fechou a porta, mais convencido do que nunca de que Sarah se sentia desconfortável com a sua proximidade, quando ela o atraía cada vez mais e mais.

É claro que conhecia todas as teorias sobre esse tipo de situação, em que duas pessoas acabam se envolvendo por causa da atmosfera emocional altamente carregada. Entretanto, Wade Danforth não dava a mínima para as teorias.

Desde o momento em que haviam sido apresentados, quando tomara a mão dela nas suas, sentira algo diferente. O som daquela voz suave o excitava; a cada vez que a tocava, tremores percorriam lhe o corpo. Bem que tentara analisar, racionalizar as sensações, porém tudo que o conseguira entender fora que não a queria longe de si.

Pela primeira vez em sua vida experimentava uma emoção assim tão forte, e isso incluía Júlia. Júlia... Ainda lembrava-se muito bem daquele dia em que chegara mais cedo do trabalho e encontrara a esposa na cama, fazendo amor com seu melhor amigo.

O que se seguira fora uma discussão típica de situações semelhantes, em que Júlia o acusara de negligenciá-la e de só pensar no trabalho, e ele retrucara, pela milésima vez, que além de estudar, ainda trabalhava quarenta horas semanais, enquanto ela escolhera ficar em casa e não fazer nada para ajudá-lo. Também lhe dissera estar ciente de que fora traído outras vezes, mas que aquela seria a última. Então pegara uma mala, metera algumas roupas dela lá dentro e a pusera porta afora.

Quem sabe Júlia não estaria viva hoje se tivesse sido ele a sair de casa? Fora o descontrole dela que a fizera perder a direção do carro e bater num poste telefônico a poucos quilômetros da casa. O ano seguinte fora um inferno em que Wade quase se consumira num profundo sentimento de culpa.

Ambos haviam decidido casar-se num impulso e não demorara muito para Wade perceber que não a amava de verdade. Durante todo o tempo em que estiveram juntos, soubera que a esposa dormia com vários homens, mas encontrá-la na cama com seu melhor amigo fora a gota d'água.

Ao ficar viúvo, tivera uma infinidade de casos passageiros e sem importância, culminando com Traci Sinclair. Todas as namoradas seguiam o mesmo padrão: belas e superficiais. Jamais pensara em casar-se com nenhuma delas, embora desejasse desesperadamente encontrar a mulher certa e constituir uma família.

Sarah Jane Morrison era diferente, a começar pelo nome. Tratava-se de um nome forte, de uma pessoa com substância, com os pés plantados no chão. Sarah Jane não o fazia pensar numa bonequinha de luxo, mas em alguém capaz de manter uma conversa inteligente sobre assuntos variados. Nada a ver com as cabeças-de-vento com quem estava acostumado a sair.

Wade foi até a cozinha e serviu-se de um copo de vinho, os movimentos seguros, perfeitos. Sarah estava certa ao julgá-lo menos vacilante, mais autossuficiente.

Afinal fora ele quem desenhara a casa e sabia com exatidão onde ficava cada um dos detalhes, por menor que fosse.

A hesitação, a relutância do primeiro dia, não passara de um choque ao perceber que embora estivesse num ambiente conhecido, não conseguia enxergar nada. Inconscientemente, ele tinha esperado um milagre, achando que tudo voltaria a ser como antes tão logo voltasse para casa. Porém, a realidade fora bastante diferente.

Você está se saindo muito bem — Sarah falou encostando-se na porta da cozinha.



Wade virou-se depressa, o rosto feliz expressando todo o contentamento ao ouvir aquela voz suave e delicada.

CAPÍTULO V

Eu não ouvi você chegar. Há quanto tempo está aí? — Wade perguntou um tanto embaraçado ao ser pego movendo-se com desenvoltura pela cozinha.

Tempo suficiente para concluir que fui um pouquinho enganada. Parece-me que você conhece cada recanto deste lugar. É um projeto seu, não é mesmo?

Sim, é um projeto meu.



Sarah ficou em silêncio, aguardando as explicações de Wade sobre o fato de ter omitido o perfeito conhecimento da planta da casa. Mas para sua surpresa, ele mudou completamente de assunto:

Sarah Jane Morrison, eu a chamei várias vezes, pedindo ajuda, porém não obtive resposta. Há cacos de vidro no chão do meu quarto e estou sem sapatos. Preciso de ajuda para fazer a limpeza.



Era incrível como Wade invertera a situação, dando-lhe a impressão de que fora ela, e não ele, quem agira com negligência quanto aos seus deveres e obrigações. Sorrindo, Sarah acompanhou-o até o quarto.

Mostre-me o caminho — falou num tom brincalhão —, tentarei acompanhá-lo.



A primeira coisa a chamar-lhe a atenção, tão logo entraram no quarto, foi o vazio sobre a cômoda.

A estátua... Como foi que você a quebrou?

Eu não a queria mais e tratei de livrar-me dela.

Sarah fitou-o por um momento, tentando descobrir o que se escondia sob aquele exterior calmo e controlado. Será que a estátua fora quebrada de propósito ou não passara de um acidente?

Não dê mais um passo. Vou pegar o aspirador de pó e estarei de volta num minuto. Por que não me espera na cozinha? Encontro-o lá.

Você gostaria de um copo de vinho? — Wade perguntou com delicadeza ao ouvi-la aproximar-se. — Depois, poderíamos jantar. O que gostaria de comer, Sarah Jane Morrison?

É você quem vai cozinhar?

Não sei se é uma boa ideia — respondeu ele, um pouco ansioso. — O fato de conhecer bem a casa não me toma apto a preparar refeições. Tenho uma ideia: você faz o jantar e eu me encarregarei do café amanhã cedo, OK?

Enquanto Sarah preparava o jantar, eles conversaram sobre assuntos "seguros", como arte, viagens, livros, ignorando os acontecimentos desencadeados pela visita de Traci.

Ambos estavam surpresos pelos vários interesses comuns. Era impressionante como duas pessoas de estilos de vida tão diferentes pudessem ter tantas afinidades. Wade parecia completamente relaxado, rindo com frequência e fazendo comentários divertidos a respeito de tudo e de nada. Depois de terminarem a refeição, colocaram pratos e talheres na máquina de lavar louça e sentaram-se no sofá da sala, absorvidos numa conversa interminável.

Sarah tinha a impressão de que o conhecia havia anos e sentia-se mais feliz e vibrante do que nunca

"Quinta-feira, zero hora e vinte e seis minutos" — entoou a voz computadorizada.

Eu não tinha ideia de que já era tão tarde — Sarah falou levantando-se. — Acho que está na hora de me retirar. Temos muita coisa a fazer amanhã, portanto precisaremos acordar cedo.

Sarah Jane Morrison — Wade murmurou puxando-a de volta para o sofá. — Quero lhe agradecer por ter me feito companhia, por ter conversado comigo. Eu realmente não queria ficar sozinho.

Eu também não — sussurrou ela, lutando para manter a voz firme.

Acho que ambos precisamos de um abraço.

Wade, talvez você esteja confundindo...

Apenas um abraço, nada mais — cortou ele, acariciando lhe os cabelos escuros. — Você está tremendo outra vez. Por que a amedronto tanto?

Que tolice! Não estou assustada. É que está um pouco frio aqui.

Não, não está frio. — Depois de um momento, ele insistiu: — Por favor, não tenha medo de mim. Jamais faria alguma coisa que pudesse magoá-la.



Sarah sentia-se confusa. Nunca alguém a tratara de uma maneira tão delicada, compreensiva. Como gostaria de poder acreditar nas palavras doces de Wade, porém palavras costumam ser levadas pelo vento. Sob circunstâncias normais, "reais", ela não teria chance alguma de chamar a atenção daquele homem másculo e envolvente.

Wade, por seu lado, sentia-se atônito, incapaz de entender o porquê de tanto receio. A própria natureza do trabalho de Sarah colocava-a em contato físico direto com os pacientes quase vinte e quatro horas por dia. Por que no seu caso seria diferente? Ou... Talvez todas as outras pessoas com quem ela trabalhara a tivessem assustado. Não, que ideia ridícula!

Com certa dificuldade, Sarah conseguiu levantar-se, ajeitando o camisão e a calça baggy com gestos nervosos.

Acho melhor irmos dormir agora, pois teremos um dia agitado amanhã. Além de organizarmos seus armários e gavetas, passaremos a tarde ao ar livre.

Ao ar livre? — Wade perguntou um pouco alarmado. — Vamos passar a tarde fora?

Sim, ao ar livre — respondeu ela, assumindo um tom profissional. — Nos jardins, na doca, no gramado.

Eu não sei...

Mas eu sei. Já está decidido que sairemos de casa. Agora, vamos descansar.

Sarah Jane Morrison — ele falou pegando-a pelo braço —, nós nunca concluímos esse assunto, você nunca responde à minha pergunta. Por que tem medo de mim?

Wade, já é tarde.

E vai ficar ainda mais tarde. Não a soltarei até que me responda.

Por favor, não faça assim...

Assim como? — ele perguntou, amoldando o corpo dela ao seu.

É isso o que me assusta — Sarah murmurou afinal, como se não mais pudesse conter o tumulto interior. — O que você está fazendo agora, o modo com que está me segurando me deixa nervosa. Não se trata de um simples abraço amigável, impessoal. É algo enervante, íntimo... sensual.

Não consigo entender o que você está tentando me dizer. — Wade parecia confuso. — Está sugerindo que procuro tirar vantagem da situação, assediando-a sexualmente?

Não! — ela gritou depressa demais. — Não foi isso o que eu quis dizer. Você não está fazendo nada de errado. A raiz do problema está em mim! Sua proximidade me deixa inquieta, insegura.



Sarah respirou fundo, procurando ignorar o pânico que ameaçava sufocá-la. Nunca em sua vida se abrira tanto com alguém. Nem mesmo nas sessões com a dra. Cameron deixara entrever o que se passava no mais profundo de seu coração. Oh, Deus! Por que fora dizer aquelas palavras para Wade? Como fora capaz de expor seu tumulto interior a um paciente? Agira contra a ética. Precisava recuperar o domínio das emoções antes que fosse tarde demais.

Esta conversa não tem importância alguma para o tipo de trabalho no qual estamos empenhados aqui — falou, esforçando-se para aparentar indiferença. — Vou dormir agora. Boa noite, Wade, vejo-o amanhã de manhã.



Dando-lhe as costas ela saiu da sala, deixando-o mais confuso do que nunca, ansioso para compreender a situação. Estava claro que aquela mulher perturbadora considerava seu toque sensual e por isso evitava contatos físicos. Mas, e se ela decidisse ir embora, mesmo sem ter terminado a terapia de ajustamento? Não, não poderia correr o risco de perdê-la assim.

Sarah entrou no quarto e fechou a porta, o coração batendo violentamente no peito. Como permitira que tantas palavras reveladoras saíssem de sua boca, expondo os medos mais íntimos? No encontro de sexta-feira com a dra. Cameron, pediria dispensa do caso, pois tinha infligido a ética de maneira irrevogável.

Ela despiu-se devagar, sentindo a tensão acumulada em cada músculo do corpo. Talvez um banho quente lhe permitisse relaxar o suficiente para dormir.

Sarah Jane Morrison, ainda não terminamos nossa conversa — Wade falou entrando no quarto sem bater.



Nua e vulnerável, ela permaneceu em silêncio, incapaz de mover-se. Ignorando a ausência de resposta, ele insistiu:

Você não está pensando em partir, está? Por favor, não vá. Embora eu não saiba exatamente o que a assusta tanto, prometo evitar embaraçá-la. — Wade estendeu um braço à frente, tentando localizá-la. — Sarah Jane Morrison, onde está você?

Estou aqui respondeu uma voz baixa e trêmula.

Antes que tivesse tempo de vestir o roupão, ela sentiu-se abraçada com força e por um louco instante tudo perdeu o sentido, a não ser a sensação de que assim como seus corpos, suas almas também estavam fundidas numa só.

Impossível negar a si mesma o quanto ansiava pelo toque daquele homem. Jamais em sua vida experimentara uma emoção tão profunda quanto a de sentir suas costas nuas sendo acariciadas pelos dedos fortes de alguém tão atraente.

Desculpe-me —Wade falou desconcertado, ao perceber a nudez de Sarah em seus braços. Eu não sabia que você estava sem... Por favor, perdoe-me.



Ele saiu do quarto e fechou a porta, deixando-a trêmula e insatisfeita.

Sarah desabou sobre a cama, o coração aos saltos, o sangue latejando nas veias. O que estava acontecendo com ela, oh Deus? O lugar onde fora tocada ainda ardia, como se marcado por um ferro em brasa.

Instintivamente sabia muito bem que as coisas não iriam parar por ali, e embora uma parte de si dizia-lhe para afastar-se, a outra ansiava para entregar-se.

Wade estava furioso consigo mesmo. Como pudera ser tão estúpido, tão insensível, a ponto de invadir o quarto de Sarah daquela maneira? O medo de vê-la partir fora tão grande que lhe embotara o raciocínio. Seu único propósito fora pedir-lhe que não o deixasse e só percebera que ela estava nua quando tocara a pele macia das costas.

Se a assustava antes, devia tê-la deixado apavorada agora. Ainda que não soubesse como, precisava encontrar uma maneira de contornar a situação.

"Quinta-feira, duas horas e sete minutos" entoou a voz metálica.



Ele deitou-se e, mesmo cansado, não conseguia conciliar o sono. Tudo em que conseguia pensar era na pele acetinada de Sarah, na maneira como se sentira ao tocá-la.

Por que será que ela usava aquelas roupas largas, quando parecia ter um corpo tão perfeito? De que cor seriam os olhos, os cabelos? Teria sardas? Sorriria com meiguice?

Não, não a deixaria partir. Estava disposto a fazer qualquer coisa para mantê-la junto a si. Talvez se conversasse com a dra. Cameron sobre o assunto na próxima sexta-feira...

Finalmente Wade adormeceu, mas foi um sono que não lhe trouxe descanso.

Sarah também se debatia em sonhos estranhos, sensuais, sedutores, onde a figura máscula de Wade parecia dominá-la, possuí-la. Por diversas vezes acordou, o corpo banhado de suor, para logo depois voltar a sonhar e desejar...

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