Amor sem pecado


Cega pelas lágrimas, ela agarrou-se ao corpo inerte, seus soluços desesperados ecoando mais alto do que o barulho da chuva



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Cega pelas lágrimas, ela agarrou-se ao corpo inerte, seus soluços desesperados ecoando mais alto do que o barulho da chuva.

CAPÍTULO IX

Wade, por favor, responda-me. Por favor, fale comigo. Quase cega pelas lágrimas, Sarah beijava o rosto do homem inconsciente, como se quisesse aquecê-lo com os próprios lábios.



Devagar, ele pareceu voltar a si e no mesmo instante esfregou a têmpora esquerda que latejava fortemente. Então sentou-se de súbito, o rosto uma máscara de preocupação e ansiedade.

Sarah, você está bem? indagou aflito, apertando-a de encontro ao peito. Você está OK?

Estou bem. O ladrão foi embora, você o afugentou. Como está sua cabeça? Como está se sentindo?

Sarah... Oh, Sarah... O abraço que os uniu foi tão intenso, que pareceu fundi-los num só. Eu estava tão assustado...

Tenho certeza que sim. Deparar-se daquela maneira com um intruso dentro de casa.

Não, não por isso. Tive medo por você, tive medo de que ele a machucasse e eu não pudesse fazer nada para impedí-lo. Wade encostou-se no sofá, mantendo-a bem apertada junto a si. Nunca me senti tão incapacitado em toda minha vida. Não sei o que teria feito se aquele miserável a tivesse ferido.



Os dois agarraram-se um ao outro, perdidos num turbilhão de emoções incontroláveis, abalados por sensações potentes e imperiosas.

Graças a Deus você está salva, Sarah... Eu sei que prometi não tocá-la, mas por favor, perdoe minha fraqueza. Então ele abaixou a cabeça lentamente e apoderou-se dos lábios macios com sofreguidão.



Wade a tinha chamado de Sarah e não de Sarah Jane Morrison, como vinha fazendo desde o princípio. Oh, Deus, ela desejava aquele homem com loucura e não mais receava o que estava para acontecer. Só queria dar vazão aos sentimentos que pareciam sufocá-la.

Sarah correspondeu ao beijo com uma paixão que jamais julgara possuir, entregando-se à caricia com total abandono. Ao sentir os dedos fortes massagearem-lhe sensualmente as costas, ela estremeceu, pensando que deveria parar ali mesmo, mas sabendo-se incapaz de fazê-lo.

Ao sentir a língua de Wade penetrar-lhe a boca, Sarah hesitou apenas por um segundo, surpresa com a novidade. Tudo era tão desconhecido e sensual! Nunca antes fora beijada daquela maneira íntima, nunca experimentara um desejo tão alucinado.

Ela entreabriu os lábios, cedendo ao comando da língua masculina, ávida e imperiosa. A boca de Wade era deliciosa demais e só gostaria de saber retribuir o prazer que estava recebendo.

Wade estremeceu ao perceber que Sarah correspondia ao seu beijo com igual paixão, embora de um jeito um tanto tímido e inexperiente. Ele acariciou o corpo feminino colado ao seu, quase que com reverência, notando que sob a camisola fina, ela não usava mais nada. Oh, sim, ele a desejava acima de tudo, mas precisaria ser um canalha para tirar vantagem de uma situação daquelas, aproveitando-se de um momento altamente emocional, desencadeado pela visita do ladrão, para induzi-la a fazer amor.

Não era preciso ser nenhum gênio para perceber o quanto Sarah era inexperiente no que dizia respeito a sexo (quem sabe fosse até mesmo virgem!), portanto aquele não era o momento nem o lugar certo para amá-la, um instante fugaz no chão da sala de estar.

Não, ela merecia muito mais do que isso!

Wade apertou-a com força, sentindo os seios firmes pressionarem-lhe o peito, desejando-a com um ardor desesperado, com uma urgência que beirava a loucura. Porém não se perdoaria se a possuísse num momento em que a percebia atordoada, fragilizada. Relutante, ele interrompeu o beijo e abraçou-a com ternura:

Você está bem, querida? — perguntou com delicadeza. — Desculpe-me o que aconteceu. Não queria ter perdido a cabeça dessa maneira.

A culpa também é minha — ela murmurou, desejando ter coragem de falar sobre seus medos e desejos, mas sentindo-se embaraçada demais para fazê-lo. — Wade?

Sim?



De repente Sarah levantou-se, o corpo inteiro tomado de tensão.

Procurando recuperar o controle, tentou assumir uma postura profissional e prática.

Vou fechar a porta da frente. Acho... acho melhor chamarmos a polícia e notificarmos o acontecido. Como está sua cabeça? Talvez devêssemos telefonar para um médico.

Minha cabeça está OK — retrucou ele sem interesse. — Dói um pouco, mas não há porque preocupar-se.

Não sei, Wade. Creio que você deveria ser examinado, afinal foi uma pancada na cabeça que causou...

Já lhe disse que estou bem. Vá vestir um robe, ou coisa assim, enquanto eu ligo para a polícia.

Sarah permaneceu imóvel durante alguns segundos, observando-o afastar-se na direção do telefone. Ele soubera durante todo o tempo que ela estava usando apenas uma camisola fina sobre a pele nua. Oh, Deus, como tivera a coragem de comportar-se de forma tão desavergonhada, praticamente oferecendo-se ao seu paciente?

Já era quase três horas da madrugada quando os policiais, depois de um interrogatório minucioso quanto ao ocorrido, deram-se, enfim, por satisfeitos e partiram. Não sem antes anotarem cada detalhe do tipo físico do ladrão e prometerem entrar em contato tão logo tivessem novidades. Sarah e Wade viram-se outra vez a sós.

Desajeitada, ela tocou-lhe a têmpora esquerda, como se desejando certificar-se de que a queda não lhe causara dano maior.

Tem certeza de que não quer que eu chame um médico? — insistiu.

Diga-me, Sarah Jane Morrison — ele falou, tomando-lhe a mão entre as suas e beijando as pontas dos dedos. — Posso ficar ainda pior do que estou? Talvez duplamente cego?

Aquela era a primeira vez em que o ouvia referir-se à sua condição de uma maneira tão desesperançada. Já o vira deprimido, agressivo, mas nunca derrotado ou resignado como agora.

Pare com isso! — ela gritou angustiada. — Não permitirei que fale nesse tom! Não permitirei que se entregue, que cruze os braços e vegete! Você ainda tem muito a oferecer ao mundo!

Você não permitirá? O que a faz pensar que manda em tudo aqui?

Até que a dra. Cameron me tire do caso, sou responsável pelo que você diz, sente ou pensa. Não há nada na sua vida que não me diga respeito.



Sarah estava sendo propositalmente agressiva, desejosa de forçar uma reação qualquer em Wade, de arrancá-lo daquela apatia perigosa.

Você se acha mesmo capaz de controlar cada faceta da minha vida? — perguntou ele, agarrando-a pelos ombros e abraçando-a com rudeza. — Então o que pretende fazer a respeito disso?



O beijo que se seguiu foi impetuoso, quase violento na maneira com que a língua dele forçou os lábios de Sarah a abrirem-se, sugando a maciez feminina com uma volúpia enlouquecedora.

Por um breve instante ela tentou resistir, tentou ignorar o desejo ardente, capaz de assustá-la e excitá-la ao mesmo tempo.

Então o inimaginável aconteceu. Sua mente deixou de lutar e os instintos reprimidos vieram à tona. Sarah agarrou-se a Wade e beijou-o com sofreguidão, correspondendo às exigências daquela língua imperiosa que parecia queimá-la como ferro em brasa.

Percebendo a resistência da mulher em seus braços esvair-se, ele estremeceu, apertando-a ainda com mais força, obrigando-a a sentir o pulsar da sua virilidade intumescida.

Sarah contorcia-se de prazer, saboreando sensações que jamais julgara existir. Ela estava em fogo, dominada por um desejo visceral de ser possuída por Wade Danforth. Completamente tomada pelos sentidos, já não queria resistir, já não queria mais pensar. Um gemido alto escapou-lhe dos lábios ao sentir as mãos másculas livrarem-na do robe, deixando-a apenas com a camisola fina sobre a pele nua e ardente.

Wade espalmou a mão sobre um dos seios firmes e redondos e então, bem devagar, baixou a cabeça até abocanhar o mamilo ereto, sugando-o com paixão.

Sarah puxou a cabeça dele para o peito, completamente transtornada. Em um ano de casamento, Wardell jamais a tinha acariciado daquela maneira e só tocara seus mamilos para beliscá-los. Jamais imaginara que a boca de um homem pudesse lhe dar tanto prazer!

Sarah Jane Morrison — Wade murmurou, esforçando-se para afastar-se. — Se você quiser que eu pare, por favor fale agora, pois estou a beira de perder o controle.



A resposta dela veio rápida e definitiva, pressionando os quadris de encontro ao membro ereto e pulsante.

Eu a desejo tanto... Não é possível que estejamos fazendo algo errado — ele falou, tomando-a pela mão e conduzindo-a ao quarto. Querendo certificar-se uma vez mais, insistiu: — Tem certeza de que é isso mesmo o que quer, Sarah?

Você me disse que estava a beira de perder o controle e eu não levantei objeções — respondeu ela entre nervosa e excitada. — O que o está preocupando?

Sarah... — As palavras pareciam faltar-lhe, no entanto ele precisava saber. — Você é virgem?



Como responder àquela pergunta? Embora não fosse virgem, nunca tinha, realmente, feito amor, apenas fora possuída algumas vezes, de modo brutal e insensível.

Fui casada durante um ano. Não, não sou virgem.

Espero não tê-la embaraçado com a pergunta. Eu precisava...

Ainda não terminei de responder — ela murmurou, tocando-lhe os lábios com as pontas dos dedos. — Fui casada durante um ano e embora não seja virgem, não tenho a mais vaga ideia de como fazer amor. Você pode me ensinar?

Sinto-me honrado por você depositar tanta confiança em mim. Tentarei não desapontá-la — ele respondeu com delicadeza, livrando-a da camisola com gestos lentos e sensuais.

Trêmula e excitada, ela arrancou-lhe a camiseta, expondo o peito forte aos seus olhos ansiosos, deslizando os dedos sobre a pele bronzeada, maravilhando-se com a firmeza dos músculos bem torneados. Tudo naquele homem era perfeito, viril, fascinante.

Wade tocou-a na parte interna das coxas, enquanto sugava-lhe os lábios com uma avidez incontrolável, deixando-o zonza, louca de desejo.

Desça o zíper da minha calça, Sarah — pediu com a voz rouca.



Ela obedeceu ao pedido, acidentalmente esbarrando no membro ereto. Um calor forte pareceu inundá-la, fazendo-a arrepiar-se da cabeça aos pés.

Você é uma mulher encantadora, adorável e... tão especial — ele falou, seguindo o contorno do rosto delicado com as pontas dos dedos.



Sarah nunca se sentira tão querida, tão verdadeiramente amada e num gesto de abandono total, arqueou as costas, oferecendo os seios à sofreguidão da boca masculina.

Ao senti-lo prender os mamilos entre os dentes, ela gemeu, experimentando sensações que jamais julgara existir.

Ofegante, Wade parecia perdido num turbilhão de sensualidade.

Nunca em sua vida encontrara uma mulher assim, delicada, doce e sincera, capaz de fazê-lo sentir emoções profundas e avassaladoras.

Toque-me aqui ele pediu, tomando-lhe a mão e depositando-a sobre sua virilidade intumescida. Assim.



Logo Sarah encontrava o ritmo, excitando-a além da imaginação.

Ele queria beijá-la por inteiro, conhecer cada pedacinho daquele corpo enlouquecedor, beber na fonte da sua feminilidade, porém precisava ir devagar, pois tinha medo de assustá-la com a urgência do seu desejo.

Wade deslizou os dedos pelo ventre macio de Sarah, até alcançar o triângulo de cabelos escuros e perfumados, incendiando-a com carícias ousadas e ardentes.

Oh, Wade... Já não consigo pensar, já não posso raciocinar. Nunca sonhei que pudesse existir algo assim...



Com um carinho infinito ele a penetrou e então sentiu-a ficar tensa.

Sarah, Sarah querida, você está bem? perguntou ansioso. Eu a machuquei?

Não, você não me machucou. Fiquei apenas surpresa. Por favor, não pare.

Quisera poder enxergá-la para ter certeza de que não a estou magoando de alguma maneira.



Como única resposta Sarah procurou-lhe a boca, sugando-lhe a língua com um ardor apaixonado. As investidas de Wade tomaram-se mais rápidas, o ritmo mais frenético, até que não existia no mundo nada além do que seus corpos úmidos em busca do prazer.

Eles agarraram-se um ao outro e gritaram dentro da noite, arrastados por um êxtase total e intenso. Ainda tonta de paixão, ela mal conseguiu ouvir as palavras doces, ditas em voz suave:

Sarah, minha querida Sarah. Minha mulher encantadora. Eu...



CAPÍTULO X

Ele parou de súbito, assustado com as palavras que estivera a ponto de dizer. Como poderia falar de amor, quando não tinha nada a oferecer à mulher de seus sonhos? A menos que recuperasse a visão, o que era pouco provável, não tinha o direito de pedir à ela que partilhasse sua vida e seu destino para sempre.

Fora amor à primeira vista o que Sarah sentira por Wade Danforth e mais do que tudo no mundo desejava que ele recuperasse a visão, embora soubesse que aquele seria o fim da relação entre ambos. Tão logo Wade voltasse a enxergar, concluiria que não a queria ao seu lado.

Sarah, você está bem? Está com frio? Deixe-me apanhar um cobertor. Espere-me aqui, OK?



O carinho daquelas palavras trouxeram-lhe lágrimas aos olhos, tamanha a preocupação demonstrada.

Fazer amor. A experiência excedera os seus mais loucos sonhos, fora além da imaginação. Não havia palavras capazes de descrever a emoção que sentira ao entregar-se àquele homem sensível e envolvente. Não importava o que lhe reservava o futuro, pois nada a faria arrepender-se do que haviam feito juntos.

Ainda está com frio? — perguntou ele, estendendo um cobertor e voltando para a cama.

Não, estou bem agora. Wade, eu me sinto tão... Gostaria de encontrar as palavras certas. Nunca me aconteceu algo assim antes. Jamais pensei que fazer amor pudesse ser uma experiência tão gloriosa.

Oh, Sarah...



Sufocado de emoção, ele não conseguiu dizer mais nada e apenas abraçou-a com força, como se temesse vê-la desaparecer no ar.

Lá fora, a chuva não parava de cair, embalando o sono dos corpos cansados e saciados.

Sarah acordou ao ouvir o som da voz de Wade, falando ao telefone com alguém. A chuva continuava forte, as gotas grossas batendo na vidraça.

Quero um sistema de segurança instalado aqui tão logo quanto possível, Rich. Sarah poderia ter sido ferida. Não quero pensar na possibilidade de que isso venha a acontecer outra vez. Não, não é preciso continuar com aquela investigação. Pare tudo.



Wade desligou o telefone e percebendo que Sarah já estava acordada, não hesitou em tomá-la nos braços.

Bom dia. Dormiu bem?

Sim — respondeu ela baixinho. — Nunca dormi melhor em toda minha vida. E você?

Eu? — perguntou ele, acariciando as nádegas redondas e empinadas. — Dormi o sono dos justos e inocentes.

Seu machucado ainda dói? — indagou ela, tocando o corte na têmpora esquerda muito de leve.

Está apenas um pouco sensível.

Acho que deveríamos mostrá-lo a um médico.

Está OK. Além do mais o dr. McKendrick poderá dar uma olhada na próxima terça-feira.

Wade... Gostaria de agradecer-lhe pela noite passada. Foi muito importante para mim e você a transformou num acontecimento verdadeiramente especial. Nunca pensei o quão maravilhoso, o quão excitante, fazer amor pode ser.

É você quem tem o dom de transformar cada momento em algo especial, Sarah. Eu...



Sem coragem de abrir o coração, ele calou-se uma vez mais, odiando-se por não poder oferecer um futuro à mulher amada.

Wade, já está tarde. Acho melhor levantarmos.

Por que não podemos ficar aqui o dia inteiro? Quero fazer amor com você outra vez, e outra vez, hoje e durante todos os dias que estão por vir.

Precisamos levantar, pois tínhamos combinado ir ao shopping center.

Veremos — respondeu ele, acariciando-lhe o abdômen em movimentos circulares e sensuais. — Vamos apostar uma corrida até o chuveiro? Dou-lhe minha palavra que a deixarei vencer, se você prometer esfregar minhas costas.

Sarah sorriu, corando da cabeça aos pés. Era incrível como podia sentir-se tão excitada com as mais simples e ingênuas brincadeiras daquele homem maravilhoso.

Apesar do convite ao banho a dois, ela foi para o chuveiro sozinha enquanto Wade esforçava-se para preparar um café da manhã especial.

Sábado, doze horas e trinta e dois minutos — entoou a voz metálica.

Oh, você já está aí! — ele exclamou sorrindo, ao ouvi-la entrar na cozinha. — Quis preparar tudo para agradá-la.

É muito gentil da sua parte — respondeu ela emocionada com tanta delicadeza. — O que vamos comer: café da manhã ou almoço?

Qual dos dois você prefere?

Sarah aproximou-se e abraçou-o com força, os olhos cheios de lágrimas.

Estou tão confusa. Não sei o que quero e nem o que devo fazer. Isso não devia estar acontecendo... A noite passada não devia ter acontecido. O que faremos a respeito de tudo isso, Wade? Não posso permanecer aqui, fingindo estar trabalhando num caso. Nosso envolvimento ultrapassou um relacionamento profissional.

Eu não sei o que dizer-lhe, Sarah. Se as coisas fossem diferentes, se ao menos eu pudesse enxergar... — Eles permaneceram abraçados e em silêncio durante um longo tempo, como se tentando aquecer suas almas através da proximidade dos corpos. — Acho que não teremos tempo de fazer mais nada hoje, já é tão tarde.

Não tente me fazer mudar de ideia. Havíamos combinado ir ao shopping center

Vamos nadar um pouco.

Mas como?! Está chovendo forte!

É, eu sei. Só que a piscina fica numa das varandas fechadas e a água é aquecida. Podíamos ficar lá juntinhos, bebendo champanhe e ouvindo o barulho da chuva. Sabe, você não quis esfregar minhas costas no chuveiro, portanto tem obrigação de me acompanhar na piscina.

Obrigação?— indagou ela rindo e deixando-se beijar no pescoço.

Claro! Você tem que estar por perto para ter certeza de que eu não corro o risco de me afogar.

Mas eu não trouxe maiô!

E nem será preciso. Prometo não ficar olhando. Oh, Sarah... O beijo foi ardente, ousado e sedento. Se não fosse aquele corpo másculo pressionando o seu, ela teria caído, tal a bambeza das pernas.

Wade, por favor, não podemos fazer isso.

Por que não?

Temos coisas... ah, coisas a fazer. Temos que sair, ficar no meio de muita gente e barulho.

Podemos deixar para amanhã — Num instante a blusa dela estava aberta, expondo os seios firmes às mãos ávidas de Wade. — Quero nadar ao seu lado e então fazer amor com você louca e apaixonadamente, durante toda a noite.

O telefone tocou, quebrando o clima de sedução e encantamento que os estava entorpecendo. Trêmula, Sarah atendeu.

Era Rich, dizendo que na segunda-feira alguém virá instalar o sistema de segurança.

Não vou deixá-la longe de mim por um segundo, até que esta casa esteja segura. Agora vamos nadar.

CAPÍTULO XI

Aquela contração constante do nervo na têmpora esquerda e uma dor chata atrás dos olhos, estavam começando a incomodá-lo. Talvez o desconforto fosse devido ao seu estado de tensão, e Deus sabia como tinha motivos para tal.

Pelo jeito vamos ter mesmo que ficar em casa — Sarah falou olhando pela janela. — A rua está alagada e não para de chover.

Prometo que sairemos amanhã — ele respondeu beijando-a de leve no rosto e encostando-se no balcão da cozinha.

A dor atrás dos olhos estava se transformando agora numa espécie de coceira intensa. Alguma coisa devia estar errada. Talvez fosse melhor pedir a Sarah que o levasse ao hospital. Não, que tolice! Se os médicos decidissem interná-lo novamente, ela ficaria naquela casa sozinha, desprotegida. O melhor era não dizer nada.

Decidido a ignorar o desconforto físico, ele abriu uma garrafa de vinho e colocou-a sobre a mesa:

O almoço está servido. Não tenho muita certeza de qual prato tirei do freezer, mas acho que é fettuccine de frango, umas das receitas deliciosas de Edith. Venha, vamos almoçar.

Você me faz sentir tão especial. Ninguém nunca me tratou assim. Gostaria que essa sensação não terminasse jamais.

Como era possível permanecer indiferente, tendo alguém como Sarah ao seu lado?, Wade perguntou-se sentando-se à mesa. Que tipo de pais e marido ela tivera para deixá-la tão magoada e insegura?

Ao terminarem a refeição Sarah cuidou da louça suja e estava guardando os últimos talheres quando percebeu que Wade cocava os olhos insistentemente.

Algo errado? Você está bem? — perguntou ansiosa, correndo para o lado dele. — Foi aquela pancada na têmpora, não é mesmo? Eu sabia que devia tê-lo levado ao hospital. E é o que vamos fazer neste momento.

Não, estou ótimo — ele respondeu depressa, puxando-a para o colo. — Se você tem tanta energia assim, posso pensar em algo melhor para fazermos. Agora, se não parar de se remexer no meu colo...

Wade!



As implicações daquela última frase a desconcertaram um pouco, entretanto era delicioso ouvi-lo fazer comentários sobre o fato de estarem ambos tão excitados com o simples roçar dos corpos. Ao sentir as mãos fortes soltarem o fecho de seu sutiã, ela gemeu alto e entregou-se aos lábios que procuravam avidamente os seus. O calor da paixão envolveu-os no mesmo instante, aquecendo-lhe as almas, despertando o desejo.

O beijo foi-se aprofundando e Wade não perdeu tempo em livrá-la da blusa, acariciando os seios empinados com sensualidade. Bem devagar, passou a lamber e sugar os mamilos intumescidos, enquanto escorregava a mão sob o cós da calça de Sarah.

Nós não devíamos — ela começou com a voz quase sumida —, estar fazendo isso no meio da tarde. Não é... não é certo.

Se eu quero e você também quer; por que não estaria certo?

Incapaz de continuar lutando contra o desejo, ela abandonou qualquer hesitação e colou-se ao corpo másculo, entregando-se aos sentidos com uma volúpia que jamais julgara possuir.

O toque súbito do telefone arrancou-os do transe erótico, deixando-os insatisfeitos e irritados.

Essa é a segunda vez hoje que o telefone interrompe algo especial — ele falou ouvindo-a afastar-se para atender. — Se acontecer de novo acho que serei obrigado a arrancar o fio da parede.



Vários minutos se passaram antes que Sarah voltasse e Wade não conseguiu disfarçar a ansiedade:

Você demorou muito. Está tudo bem?

Era o sargento Hubbell, da polícia. Eles pegaram o homem que tentou nos roubar ontem à noite. Parece que o assaltante invadiu uma outra casa , tão logo saiu daqui, e foi preso em flagrante. O sargento disse que a menos que ocorra alguma novidade, estamos liberados de quaisquer depoimentos futuros e podemos deixar o incidente para trás.

Essas são certamente boas notícias — Wade falou abraçando-a e suspirando aliviado. — Estava preocupado com a possibilidade do marginal voltar aqui. Agora posso relaxar. Venha para cama comigo. Quero tocá-la, sentir seu gosto, amá-la.

Como é possível que você possa me transtornar dessa maneira? Você me faz perder a cabeça, o senso de lógica e pudor.

Isso é um sim?

Sim, oh, sim!

Wade beijou-a com sofreguidão, sendo correspondido com o mesmo ímpeto e ardor.

Com o corpo em fogo, Sarah já não queria mais pensar, apenas deixar-se arrastar pela paixão desenfreada.

Lá fora a chuva continuava forte, o barulho ininterrupto servindo apenas para acentuar a sensação de proximidade.

Wade acordou devagar, a chuva e o uivar do vento afastando os últimos vestígios de sono. Estendendo um braço para o lado, à procura de Sarah, percebeu que estava só e logo uma sensação de pânico pareceu gelar seu sangue nas veias. Onde teria ela ido?

Num átimo, ele ficou de pé. Eram estranhos aqueles pontos luminosos espalhados pela escuridão do quarto, como minúsculos vagalumes dançando num céu sem luz. Uma vertigem repentina obrigou-o a sentar-se na cama, o coração batendo descompassado no peito. O que estava acontecendo? Com dedos hesitantes, tocou a têmpora esquerda e esfregou os olhos. Não era possível que seu estado estivesse piorando, pois já não tinha mais nada a perder.

Wade vestiu uma calça jeans e desceu a escada. Os pontos luminosos pareciam estar em todo lugar, dançando de um lado para o outro, não importando para onde virasse a cabeça. Onde estaria Sarah? Outra vez a sensação de pânico ameaçou engolfá-lo, deixando-o tenso e ansioso.

Aproximando-se do quarto dela, chamou-a algumas vezes, mas não obteve resposta.

Sarah? Onde está você? Está tudo bem?

Estou na cozinha — retrucou a voz adorada.

Aliviado, Wade caminhou naquela direção, notando que os pontos luminosos torvam-se maiores e fundiam-se uns nos outros.

O que você está fazendo aí? Ouvi um barulho estranho, acordei e não encontrei-a ao meu lado. Está tudo bem?

Sábado, vinte horas e trinta e dois minutos anunciou a voz computadorizada.

Oh! Achei que era muito mais tarde, o meio da noite talvez. Acho que pegamos no sono muito cedo comentou ele com um sorriso maroto.

Muito cedo? Ainda estava de dia! —Aproximando-se de Wade, ela enlaçou-o pela cintura, beijando-o de leve no rosto. Está tudo bem, só não quis perturbá-lo. Eu acordei às oito e como não consegui voltar a dormir, decidi dar um jeito na cozinha e preparar o jantar.

Wade piscou várias vezes e balançou a cabeça de um lado para o outro, tentando livrar-se dos pontos de luz. Embora eles estivessem diminuindo de intensidade, pareciam estar aumentando de tamanho, flutuando em seu mundo de eterna escuridão.


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