Faixa preta e além A maestria na comunicação emocional não é alcançada em um dia ou em um mês. Nem em um ano. Um iniciante em artes marciais começa com a faixa branca e termina com a faixa preta. Depois vêm os infindáveis refinamentos que levam aos títulos mais elevados chamados “dans” ou “mestres”. Mas não há “mestre final”. Você sempre pode melhorar.
Para mim, a arte da comunicação emocional também é assim. Ela exige a maestria de uma energia interna que é provável leve uma vida inteira para ser perfeitamente refinada. Depois de anos analisando a questão - sem nenhum treinamento sistemático, é verdade -, tenho a sensação de ser apenas um “faixa marrom”. Não obstante, já tenho experiência suficiente para me convencer de que é trágico passar pela vida sem se dedicar à tarefa fundamental de melhorar de forma contínua a própria comunicação emocional, mesmo que esse treinamento se prolongue indefinidamente. Mais uma razão para pormos a mão na massa agora.
Adoro aquela história que uma vez ouvi sobre Colbert, o grande ministro de Luís XVI. A França estava precisando muito de barcos para enfrentar o poderio crescente da Inglaterra. Não havia faias suficientes para fazer mastros. Colbert mandou cha- mar os administradores florestais do rei e pediu-lhes que plantassem faiais. “Mas, Vossa Excelência”, responderam-lhe, “são necessários cem anos para que uma faia atinja a altura de um mastro.”
“Oh”, disse Colbert, “nesse caso... temos de começar imediatamente!”
Felizmente, os benefícios da comunicação emocional podem ser sentidos muito antes disso. Jovens médicos que aprenderam este método perceberam uma diferença quase imediata em seu relacionamento com os pacientes e também na energia que economizavam no decurso de seu dia, geralmente longo e difícil. Desenvolver essa maestria é ainda mais fácil quando é combinada com o ideal da coerência do batimento cardíaco. A coerência do ritmo cardíaco estabiliza o cérebro emocional, e isso parece nos tornar mais receptivos a nossos sentimentos, assim como aos sentimentos dos outros; nos ajuda a encontrar as palavras mais facilmente e a permanecer centrados em nossas intenções mais autênticas.
Já discuti longamente sobre a importância de regular nossas emoções e da influência que exercemos nos sentimentos uns dos outros. Depois de nos tornarmos mestres de nossa fisiologia, usando os métodos focados no corpo que são descritos na primeira parte deste livro, o gerenciamento da comunicação é o próximo estágio fundamental para curar o cérebro emocional. Ainda assim, há outro passo na cura que vem sendo muito negligenciado no Ocidente nos últimos cinqüenta anos: o que fazemos, não para nós mesmos, mas para os outros. Cada um de nós tem um papel na comunidade na qual vive, além de nós mesmos e até além das nossas relações mais próximas. Os humanos são animais profundamente sociais. Não podemos ser felizes sem encontrar significados em nossas ligações com o mundo ao redor - isto é, no que damos aos outros.