Aos residentes do Hospital Presbiteriano-Shadyside da



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A primeira dieta do Homo sapiens
Para compreender o misterioso efeito dos ácidos graxos Omega-3 sobre o cérebro e o equilíbrio emocional, talvez seja necessário voltar às origens da humanidade. Há dois tipos de "ácidos graxos essenciais”: o Ômega-3s e Ômega-6s. O Ôme- ga-3s vem das algas, do plâncton e de algumas folhas, incluindo grama. O Omega-6s vem sobretudo de grãos e é encontrado em abundância na maioria dos óleos vegetais e na gordura animal, especialmente na carne de animais alimentados com grãos. Em­bora o Ômega-6s também seja um importante constituinte das células, quando presente em excesso provoca respostas infla­matórias em todo o corpo, o que pode levar a uma enorme quan­tidade de problemas (voltaremos ao assunto mais adiante).

Quando o cérebro humano moderno se desenvolveu, os pri­meiros humanóides viviam ao redor dos lagos da Grande Fen­da na África Oriental. Os cientistas acreditam que seu forneci­mento de alimento era perfeitamente equilibrado, com razão 1:1 de Omega-3s e Ômega-6s. Essa proporção ideal teria for­necido ao corpo os blocos de construção perfeitos para novos tipos de neurônios, os quais desenvolveram novas habilidades, tais como autoconsciência, linguagem verbal e a capacidade de utilizar ferramentas.22

Hoje, o desenvolvimento difundido de certas práticas da cria­ção de gado, incluindo a alimentação com grãos em vez de com grama, além da presença de óleo vegetal enriquecido com Ôme- ga-6 em todos os tipos de ração, criou um desequilíbrio marcante entre o Omega-6s e o Omega-3s. A razão típica de 3s:6s na dieta ocidental é de 1:10 e de 1:20.23 Alguns nutricionistas já descreve­ram nossos cérebros como motores de carros de corrida, sofistica­dos, feitos para correr movidos a um combustível de alta octana- gem, mas que são obrigados a andar por aí movidos a óleo diesel.24

Esse descompasso entre o que o cérebro precisa e o que nós lhe damos de comer explicaria, em parte, a enorme diferença na porcentagem de casos de depressão entre os países ociden­tais e os orientais. Em lugares como Taiwan, Hong Kong ou Ja­pão - onde o consumo de peixe e marisco é maior -, as porcen­tagens de depressão são consideravelmente mais baixas do que nos Estados Unidos. Isso é verdade mesmo depois de levar em consideração diferenças culturais que podem afetar a auto-ex- posição a sintomas depressivos.25 E possível que tal descom­passo também tenha contribuído para o rápido crescimento da depressão no Ocidente nos últimos cinqüenta anos. Hoje, o con­sumo de ácidos graxos Ômega-3 na dieta ocidental talvez seja menos da metade do que era antes da Segunda Guerra Mun­dial.26 E foi precisamente a partir daquele evento que as taxas de depressão subiram consideravelmente.27

O excesso de Omega-6s no corpo acarreta reações inflama­tórias.28 Um dos desenvolvimentos mais fantásticos em pes­quisas médicas recentes é a revelação de que todas as princi­pais doenças do mundo ocidental são causadas, ou agravadas, por reações inflamatórias: doenças cardiovasculares - tais como a doença arterial coronária, infartos do miocárdio ou derrames -, mas também câncer, artrite e até o mal de Alzheimer.29 E há uma incrível coincidência entre os países com as taxas mais elevadas de doenças cardiovasculares30 e aqueles com as taxas mais elevadas de depressão.31 Isso, na verdade, sugere a possi­bilidade de causas comuns para ambos. E, de fato, o Omega-3s traz benefícios claramente estabelecidos para as doenças car­díacas, conhecidos há muito mais tempo do que aqueles que acabaram de ser estudados com respeito à depressão.

Um dos primeiros estudos sobre a relação entre o Ômega- 3s e as doenças cardiovasculares foi realizado em Lyon, a capi­tal da gastronomia francesa, pelos pesquisadores Serge Renaud, Ph.D., da Universidade de Bordeaux, e Michel de Lorgeril, M.D., da Universidade de Grenoble. Em um artigo publicado na re­vista Lancet, eles mostraram que pacientes cardíacos seguido­res de uma dieta mediterrânea, rica em ácidos graxos Ômega- 3, tinham uma chance 76% menor de morrer nos dois anos seguintes de infarto do miocárdio do que aqueles que seguiam uma dieta recomendada pela American Heart Association.32 Vários outros estudos igualmente documentaram como os áci­dos graxos Omega-3 fortalecem a variabilidade do batimento cardíaco e protegem o coração contra arritmias.33 Como vimos no capítulo 3, maior variabilidade no ritmo cardíaco também está associada a menos ansiedade e depressão. Portanto é con­cebível que a depressão e as doenças cardiovasculares aumen­tem, ambas, em sociedades com grandes desequilíbrios na taxa de Ômega-3 e Ômega-6 em sua dieta.

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