tanto sobre o sucesso e o fracasso, a separação, a solidão e o fulgor afetuoso da amizade no túnel da vida como sobre o cérebro.
Tenho de agradecer a David Kupler e a Thomas Detre, respectivamente o atual e o ex-presidente do departamento de psiquiatria da Universidade de Pittsburgh. Há vinte anos, eles acreditaram suficientemente em mim a ponto de me convidar - um estudante estrangeiro - a vir até Pittsburgh para perseguir esses interesses. Ambos apoiaram infalivelmente minhas buscas desde então, aonde esses interesses me levaram, mesmo quando se desviaram completamente dos deles.
Herbert Simon, meu diretor de tese, e Jay McClelland, que me aconselharam o tempo todo, foram modelos de estatura formidável. Eles me ensinaram tudo o que sei sobre audácia e rigor no pensamento científico.
No lado clínico de minha vida, nenhum outro pensador me impressionou tanto quanto Francine Shapiro, a criadora do EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento pelo Movimento Ocular). Francine transpira inteligência, sensibilidade, coragem e determinação em face da considerável adversidade e, às vezes, da calúnia. Também quero louvar seu respeito pela ciência e o exame crítico de seu método, que foi o que me convenceu de que é digno de ser pesquisado.
Minha analista, Judith Schachter, possibilitou que eu confiasse suficientemente em mim mesmo para buscar minhas próprias idéias. Ela foi generosa e acolhedora e eu jamais esquecerei o dia em que transgrediu a ortodoxia - muito embo- ra ela tivesse se tornado presidente da Associação Psicanalíti- ca Americana - e segurou minha mão quando lhe pedi que o fizesse porque eu estava triste demais.
Olga Tereshko, com sua alma russa, sua força, sua paixão, seu humor e sua inteligência penetrante, me deu muito amor e influenciou profundamente minhas idéias a respeito da natureza humana. Ela também me deu a coragem e o apoio necessários para deixar o caminho batido do sucesso acadêmico convencional numa época em que eu estava cheio de dúvidas.
Entre os membros da minha família, a mãozinha de meu filho Sacha dentro da minha tem me dado a melhor razão do mundo para escrever. Meu irmão Edouard tem sido um companheiro firme, cujos insights em relação a estas páginas foram dos mais úteis e penetrantes. Os conselhos de meu irmão Franklin sobre comunicação e relações com a mídia evitaram que eu cometesse todos os erros comuns de um novato. E a força, a determinação e a sagacidade de meu irmão Emile são um modelo para mim há muito tempo. Minha mãe, Sabine, mantém-se atenta e me ajuda a equilibrar firmemente o curso de minha vida, um papel em que ela se sobressai. Meu tio Jean- Louis gentilmente organizou meu retorno à França e, na hora certa, com exortações altamente eficazes. Ele me ensinou a escrever para o público e também lhe devo meus agradecimentos por sugerir o título original deste livro (Guérir, que significa “curar”). Sou grato à minha tia Bernardette e a seu filho Diego por sua inventividade e lealdade familiar em uma situação alarmante que poderia ter inviabilizado o término do manuscrito a tempo. A sempre fiel Liliane, que compreende tudo, pensa em tudo e tem organizado os detalhes da vida familiar nos últimos quarenta anos, permitindo que me concentrasse no meu projeto. Annick, que não só ajudou a me criar de um modo tão meigo, como também contribuiu para a vida familiar. Finalmente, Anatole e Tamara Tereshko, os avós de meu filho, que deram tanto de seu tempo e energia para cuidar de Sacha enquanto eu estava ocupado descobrindo novos aspectos da minha profissão.
A “parteira” que assistiu ao nascimento - à feitura - deste livro foi Madeleine Chapsal, em suas tranqüilas e hospitaleiras casas de campo, “La Sauterie”, no coração da França, e “La Maison Blanche”, no pequeno paraíso da ilha de Ré. Madeleine me incentiva a escrever desde que eu tinha quinze anos. Ainda me lembro de seus comentários no exame final do ensino médio, um ensaio sobre o filósofo existencialista Mer- leau-Ponty. Foi na sala Merleau-Ponty em “La Sauterie” que escrevi as primeiras linhas deste livro e, durante aquelas semanas de isolamento forçado, comemos bastante peixe e rimos muito.
Meus amigos Benoit Mulsant, Maurice Balick, Heidi Feld- man, Tamara Cohen, Nikos Pediaditakis e Lotti Gaffney foram conselheiros leais, cada qual a seu modo, das idéias aqui expressas. Sua paciência e lealdade, apesar de minhas distrações, têm sido uma dádiva preciosa. A força, a coragem e a visão generosa da medicina de Heidi, e seu puro poder de convicção, podem ter salvado nosso recém-nascido centro durante seu difícil parto.
Meus companheiros de carteado no domingo à noite - primeiro em Pittsburgh, agora em Paris - são uma das razões por que é tão bom existir. Toda a minha gratidão a Christine Gon- ze, Madjid, Youssef, Isabelle, Benoit, Géraldine e Nicolas. Re- descobri o “chamado” de meu país de origem depois de vinte anos de exílio voluntário quando nos encontramos pela primeira vez em Pittsburgh, pelo simples prazer de jogar e dar risada. Isso me ajudou muito a ver com clareza o que estava faltando em minha vida, às vezes ascética, e o que era essencial para curar a alma - a minha, pelo menos.
Nos momentos-chave de criação, Roy e Susie Dorrance, e, por intermédio deles, o espírito de sua filha Emilie, que faleceu aos 24 anos, acreditaram neste livro. Nunca conheci pessoas que, após tão pouco tempo de conviência, tenham sido tão ge- nerosas como eles foram comigo. Sua gentileza está gravada em meu coração. Só espero ser digno da confiança que depositaram em mim. Sou grato a Sonny Richards, um dos últimos xamãs lakota. Filho espiritual do grande Corvo do Tolo, ele é a encarnação da tradicional medicina indígena norte-americana, baseada na busca das emoções, na integração comunitária e nos rituais sagrados.
Minha gratidão também vai para Michael Lerner - provavelmente um dos intelectuais norte-americanos mais fascinantes da atualidade. Ele está profundamente empenhado em uma vida de ação e está sempre pronto a brigar nas batalhas cruciais com que nossa sociedade se depara. Obrigado, Michael, por me olhar nos olhos e dizer “Você tem que escrever este livro”.
Sou imensamente grato a Carol Mann, minha agente em Nova York. Primeiro, porque disse a meus amigos e a mim mesmo que eu tinha “uma agente em Nova York” (!) quando este livro nem sequer existia, e, mais importante ainda, porque seu ótimo juízo e seu profissionalismo me permitiram transformar as vagas idéias de um clínico em um livro de verdade e legível. Gostaria de mencionar igualmente o entusiasmo firme e dedicado de meu editor na Rodale - a acolhedora Mariska van Aaalst - e o empenho e o incentivo de Amys Rhodes, que foi um dos primeiros editores a ver um projeto empolgante no que era apenas uma proposta incompleta.
Sem a paciência e as habilidades organizacionais de Del- phine Pécoul, minha assistente, e a inquebrantável amizade de Daniele Stern, que juntou todas as pontas deste projeto nas últimas semanas antes do prazo final, eu não teria tido tempo nem liberdade de me concentrar no essencial.
Finalmente, gostaria de saudar o espírito de meu pai, Jean- Jacques, que impregna cada página deste livro. Eu me lembro, quando criança, de vê-lo à sua escrivaninha na casa da família na Normandia, trabalhando o verão inteiro enquanto escrevia O desafio americano. Com suas idéias novas e provocantes, aque- le livro abriu a cabeça de muita gente no mundo todo. Eu estava sentado na mesma escrivaninha quando desenhei os primeiros esboços deste Curar. Não tive de revisá-lo uma única vez desde então.
Ilha de Ré agosto de 2003
Notas
Capítulo 1: A nova medicina das emoções
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Capítulo 2: Mal-estar na neurobiologia: o difícil casamento de dois cérebros
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Damásio, A. The feeling of what happens (San Diego: Harcourt, 1990). Em seu livro mais recente, Damásio explora com mais profundidade as conseqüências dessa noção e atribui a descoberta da conexão entre emoções e reações psicológicas no corpo ao grande filósofo do século XVII Baruch Spinoza. Damásio, A. Looking for Spinoza: joy, sorrow and the feeling brain (San Diego: Harcourt, 2003).
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