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se expressa sob todas as formas socioeconômicas, em todas as sociedades, através da
obrigação de seus membros de aderir a heterossexualidade. Quem se opõe ao padrão
de ―normalidade‖ estabelecido, ou seja, a heterossexualidade sempre é punido ou
considerado portador de uma doença, vítima de discriminação.
Esta discriminação variou de intensidade nas diferentes épocas, mantendo
porém, uma absoluta continuidade, o famoso escritor Oscar Wilde
sofreu com a
condenação a partir do parágrafo 175
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foi julgado culpado de "práticas estranhas à
natureza" e condenado a dois anos de trabalhos forçados pelo tribunal de Old Baley.
A condição de gay ou lésbica é atacada de forma sistemática pela sociedade. Só o
fato de haver grupos sociais que colocam em discussão a heterossexualidade é visto
por muitos como um atentado.
A discriminação não é obviamente operativa se gays e lésbicas mantiverem
na clandestinidade a própria orientação sexual. É no momento em que se assumem
publicamente que começa a guerra contra eles. Essa discriminação atua em todos os
setores: no local de trabalho, onde, além de correrem o risco de demissão, são
molestados pelos outros trabalhadores (as); na sociedade, que os impede de ter
qualquer posto de comando; na família, em que a declaração de homossexualidade
chega a gerar crises e chantagens de várias naturezas.
A discriminação opera com tal violência, física e psicológica, que o
indivíduo não tem coragem de reconhecer nele mesmo a própria essência de sua
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O Parágrafo 175, conhecido formalmente como §175 StGB e também como "Section 175" na língua
inglesa, foi uma medida do Código Criminal Germânico em vigor de 15 de maio de 1871 a 10 de
março de 1994. O Parágrafo 175 considerava as relações homossexuais como crime, sendo que nas
primeiras edições também criminalizava as relações sexuais humanas com animais, conhecidas
como bestialidade. O dispositivo legal sofreu várias emendas ao longo do tempo. Quando
os nazistas assumiram o poder em 1935, as condenações através do Parágrafo 175 aumentaram na
ordem de magnitude de 10 vezes.
orientação sexual. Porém, se há oprimidos, existem também os opressores. Estes se
encontram geralmente nos heterossexuais, eles encontram uma série de falsas
vantagens de natureza quase exclusivamente psicológica para contribuir com a
opressão.
Tornar os homossexuais alvo de chacota e mostrar, em público, o desprezo
para com eles, assegura a própria identidade heterossexual para si mesmo e para os
outros, mantendo assim a participação na ―normalidade‖ sexual dominante.
Concluindo, alguns indivíduos recebem salários menores que outros mesmo
tendo a mesma qualificação profissional, pois os fatores que determinam essa
situação estão nas diversidades de etnia, gênero, orientação sexual e de geração. Ou
seja, essas diferenças entre os indivíduos são transformadas, nas relações sociais,
em desigualdades. Portanto, quando ouvimos piadas, frases discriminatórias sobre
mulheres, judeus, adolescentes, jovens, homossexuais e negros, elas reforçam e
refletem as desigualdades sociais.
Negros e negras não são ―incapazes‖, ―ignorantes‖, ―primitivos‖,
―bandidos‖, etc., e que por isso recebem menores salários que os brancos. É o
modelo capitalista que se aproveita da ideologia da inferioridade racial para
explorar ainda mais os trabalhadores e trabalhadoras e extrair mais-valia maior. As
mulheres não são inferiores intelectualmente aos homens, não são apenas objetos,
nem todas são fúteis e desatentas, afinal existem homens com as mesmas
características, portanto essas não são características exclusivas das mulheres e não
são gerais, as mulheres possuem raciocínio lógico, senso de direção, essas
afirmações infundadas só servem para reforçar a dominação masculina. Enfim, no
mundo do trabalho, em qualquer profissão, além das desigualdades de classe, certos
indivíduos podem sofrer duas, três, quatro ou cinco vezes mais exploração e as
desigualdades sociais.