Uma das primeiras ideias sobre ideologia foi expressa por Francis Bacon
ideologia, mas, ao recomendar um estudo baseado na observação, declarava que, até
aquele momento, o entendimento da verdade estava obcurecido por ídolos, ou seja,
O termo ideologia foi utilizado inicialmente pelo pensador francês Destutt
"ciência da gênese das ideias". Tracy procurou elaborar uma explicação para os
fenômenos sensíveis que interferem na formação das ideias, ou seja, a vontade, a
afirmou nesse discurso que seus adversários, que questionavam e perturbavam a sua
38
ação governamental, eram apenas metafísicos, pois o que pensavam não tinha
conexão com o que estava acontecendo
na realidade, na história.
Auguste Comte (1798-1857), em seu Curso de filosofia positiva (1830-
1842), retomou o sentido de ideologia utilizado por Tracy — o de estudo da
formação das ideias, partindo das sensações (relação do corpo com o meio) — e
acrescentou outro, o de conjunto de ideias de determinada época.
Karl Marx também não apresentou uma única definição de ideologia. No
livro A ideologia alemã (1846), ele se referiu à ideologia como um sistema
elaborado de representações e de ideias que correspondem a formas de consciência
que os homens têm em determinada época. Ele afirmou ainda que as ideias
dominantes em qualquer época são sempre as de quem domina a vida material e,
portanto,
a
vida
intelectual.
Marx desenvolveu a concepção de que a ideologia é a inversão da realidade, no
sentido de reflexo, como na câmera fotográfica, em que a imagem aparece
"invertida". Contrapondo-se a muitos autores que acreditavam que as ideias
transformavam e definiam a realidade, Marx afirmava que a existência socail
condicionavam a consciência dos indivíduoas sobre a situação em que viviam.
Assim, para Marx, as ideologias não são meras ilusões e aparências — e muito
menos o fundamento da história —, mas são uma realidade objetiva e atuante.
No mesmo livro de Marx, pode-se encontrar a explicação de que a ideologia
é resultante da divisão entre o trabalho manual e o intelectual. O trabalho intelectual
esteve nas mãos da classe dominante e , assim à medida que pôde "emancipar-se" da
realidade concreta em que foi produzido e se transformar em teoria pura, pôde
tembém transformar-se em teoria geral para todas as sociedades, sem levar em conta
a história de cada uma delas. Essa emancipação das ideias é muito bem
exemplificada por Marx. Ele se refere a um indivíduo que afirmava que os homens
só se afogavam porque estava possuídos pela ideia de gravidade. Se abandonassem
essa ideia, estariam livres de qualquer afogamento. Mark não diz se esse homem foi
bemsucedido na luta contra a ilusão de gravidade nem se trntou testar sua teoria.
Émile Durkheim, ao discutir a questão da objetividade científica em seu
livroAs regras do método sociólogico (1895), afirma que, para ser o mais
precisopossível, o cientista deve deixar de lado todas as pré-noções, as noções
vulgares, as ideias antigas e pré-científicas e as subjetivas. São essas ideias que ele
entende por ideologia, ou seja, o contrário de ciência.
Karl Mannheim (1893-1947) talvez seja o sociólogo depois de Marx que
mais tenha influenciado a discussão sobre ideologia. No livro Ideologia e
utopia (1929), ele conceitua duas formas de ideologia: a particular e a total. A
particular corresponde à ocultação da realidade, incluindo mentiras conscientes e
ocultamentos subconscientes e inconscientes, que provocam enganos ou mesmo
autoenganos. A ideologia total é a visão de mundo (consmovisão) de uma classe
socialou de uma época. Nesse caso, não há ocultamento ou engano, apenas a
reprodução das ideias próprias de uma classe ou ideias gerais que permeiam toda a
sociedade.
Para Mannheim, as ideologias são sempre conservadoras, pois expressam o
pensamento das classes dominantes, que visam à estabilização da ordem. Em
contraposição, ele chama de utopia o que pensam as classes oprimidas, que buscam
a transformação.
Dostları ilə paylaş: