Ateu Graças a Deus


- VALORIZAÇÃO DA VIDA NUMA VISÃO BUDISTA



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65 - VALORIZAÇÃO DA VIDA NUMA VISÃO BUDISTA


Por Antonio Marcio (DS-Comunidade Olaria-RJ)
O que é a vida? Como poderíamos classificar a vida? A vida é amor? A vida é sonhar? A vida é viver? A vida é ter objetivos? Todas essas respostas e tantas outras não respondem a pergunta primária. Isso porque podemos dar características de alguém que está vivo. Alguém que ama, alguém que vive, que sonha, tem objetivos e etc. Mas caracterizar a vida, não conseguimos como, por exemplo, conseguimos caracterizar o que é uma mesa, uma televisão, o que é o sol, as estrelas, um ser humano. Isso se dá por ser a vida abstrata, inexplicável, misteriosa, mística.

E muitas filosofias têm se preocupado com a vida, com o ser humano, tentando explicar o surgimento dessa vida. E nessas reflexões se perdem por lançar, muitas vezes teorias, que não encontram respaldo no pensamento lógico e acabam por não responder perguntas básicas e essenciais para os seres humanos.

O Budismo, pelo contrário, colocou seu foco de investigação não na origem da vida, mas na própria vida. O Budismo analisa a vida e se aprofunda nela em todos os seus aspectos. Isso aconteceu primeiro com o Buda Sakyamuni 500 a.C quando ele observou e constatou que o sofrimento existia e era real. E então ele começou a se preocupar com a extinção desse sofrimento. É interessante que Sakyamuni não começou sua filosofia por conta de visões sobrenaturais, de espíritos que apareciam, ou anjos mensageiros, mas tudo surgiu de seu olhar observador, sua meditação a respeito da vida.

O Budismo nasce, dessa observação e conseqüentemente, da reflexão de como solucionar os problemas básicos dos seres humanos nessa vida. Nascimento, doença, velhice e morte foram os principais aspectos identificados pelo Buda como causas do sofrimento. Ao simples ato de nascer o ser humano já estaria fadado ao sofrimento causado pelos outros fatores: doença, velhice e a certeza inevitável do fim, a morte.



Estudando a vida e todas as questões que a envolvem, o Buda funda sua filosofia que afirma categoricamente que a vida é o maior bem do universo. [Uma contradição]

Num artigo sobre a vida, o Presidente Ikeda faz uma comparação do corpo humano com a máquina. “Qual a diferença entre o corpo humano e a máquina?” - pergunta o sensei para depois responder: “Antes de tudo, a máquina dever ser desenhada pelo homem e sua energia tem de vir de uma fonte externa, pois não pode, por si mesma, criar toda a força de que necessita.”

E assim o Presidente Ikeda vai discorrendo sobre a maravilhosa máquina que é o corpo humano com suas funções, sua organização e a conclusão de que toda essa harmonia entre as células, os órgãos e toda a complexidade do corpo humano, se dá por conta de alguma enigmática força vital. Sensei nos alerta para a existência de uma força intrínseca em todos os seres, a mesma que rege o universo, ou seja, o Nam Myoho-Rengue-Kyo.

Analisando essa questão vemos que nossa vida é a própria vida do universo. Somos parte dessa grande vida universal. E que mesmo uma única vida tem um valor imensurável dentro dessa grande cadeia cósmica. Sendo parte da vida universal e mais uma vez ao observar esse universo, o Buda conclui que nele existem leis imutáveis que regem os corpos celestes, conclui que o mesmo se dá com todas as coisas vivas e principalmente com os seres humanos.

E o Budismo oferece os meios com os quais colocamos nossa vida no ritmo desse grande universo através da nossa prática. Sensei nos lembra que, “A prática budista é, portanto o caminho de ilimitado auto-aprimoramento.”, enfrentar a vida e todas as suas adversidades, principalmente aquelas detectadas pelo Buda como causa de todos os sofrimentos (nascimento, doença, velhice e morte), é a maneira como o Budismo nos ensina a enfrentar a vida. Nitiren Daishonin, o Buda Original, dizia que, “a alegria de viver não é gozada fugindo dos sofrimentos da existência, mas lutando contra eles até o fim.”.

Através da prática, da recitação do Daimoku, da participação nas atividades pela paz mundial, aprimoramos nossas vidas, evidenciando estados interiores de vida bem superiores. Evidenci-amos nosso estado latente de Buda, que não é como alguns pensam um estado sobrenatural de santidade ou perfeição. O estado de Buda é um estado de profunda humanidade. É quando nos tornamos profundamente humanos e somos capazes de compreender a vida e as outras pessoas como iguais a nós e tornarmos solidários com o sofrimento alheio, sabendo que também estamos sujeitos aos mesmos.

A prática possibilita-nos a compreensão da dinâmica da vida e de suas leis. Entendemos como a Lei de Causa e Efeito age sobre todos nós. Aprendemos que todo sofrimento que passamos tem uma causa e que esta causa está em nós e somente nós, através da oração e da ação, poderemos transformar essas causas negativas em efeitos positivos para nosso crescimento e nossa felicidade, influenciando nosso ambiente e as pessoas que nos rodeiam.

A vida numa condição como essa ao invés de um fardo pesado a ser carregado, torna-se um desafio a ser vencido, fazendo com que percebamos nossa missão como bodhisatvas da terra. Compreendemos que somos importantes na transformação da sociedade e que temos de ser valores contribuindo na defesa da dignidade humana nas diversas áreas em que atuamos. No nosso trabalho, na nossa escola, na nossa rua, com os nossos vizinhos, familiares e amigos.

Passamos a ser defensores de uma vida com os mais altos valores. Nos empenhamos em atividades que a valorizem. Entendemos que todas as atividades na área da educação, cultura e tudo que façam o ser humano sentir-se valorizado são atividades que defendem a vida.

Por outro lado temos presenciado fatos mundiais que se opõem radicalmente a essa visão humanística da vida. A guerra e todas as formas de violência e desrespeito à vida, tais como: o racismo e o preconceito de toda natureza, são atos que devem ser violentamente combatidos por nós, praticantes budistas.

Devemos reprovar todo ato, toda visão distorcida da vida que coloca em risco o ser humano em sua dignidade e direitos.

Temos uma grande missão nesse mundo. Mostrar que o Budismo tem a solução para toda problemática e caos que se instalaram nas sociedades modernas. O Budismo oferece as ferramentas para a solução. Fazendo, cada um, sua revolução humana, elevando assim seu estado de vida interior, fará o meio externo se influenciar e criar-se-á uma sociedade pacífica, justa e igualitária. Um ambiente digno da grandiosidade da vida humana.



[Nota: Budismo é uma filosofia atéia tida como religião.]



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