Baianidade nas letras de Caetano Veloso e Gilberto Gil



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7.1. Alegria


Ser alegre, ou seja, sentir-se bem, satisfeito, expressar esse prazer de viver e também ser capaz de contagiar os outros com um estado do espírito animado, otimista é, possivelmente, reivindicado como a principal característica do “jeito baiano” nas composições da segunda metade do século XX. Também um tema bastante frequente na poesia de Gil e Veloso é a alegria – um pilar da baianidade, por este trabalho considerado o mais importante. A alegria é mencionada, em várias formas, em numerosas músicas. A mais significante das todas que falam de alegria e bom espírito baiano nos parece a música “Odara”, de Caetano, sem que essa nem uma vez mencione a palavra “alegre” ou “feliz”: “Deixe eu dançar / Pro meu corpo ficar odara / Minha cara minha cuca ficar odara / Deixe eu cantar / Que é pro mundo ficar odara / Pra ficar tudo jóia rara / Qualquer coisa que se sonhara / Canto e danço que dará”. Toda a letra, ainda mais na junção com a parte musical, exprime a sensação de bem-estar, mas a chave para interpretar essa canção se encontra na palavra “odara”. O termo “odara” não tem qualquer sentido definido por um emprego usual em português. O que significa então? Segundo o próprio Caetano, ele deparou com esse termo durante sua estadia em Nigéria, no II Festival Mundial das Artes e Culturas Negras em Lagos, em 1977. “Odara” é uma expressão iorubana, formada pelo pronome pessoal “ó” no qual vem embutido o verbo “ser” (ele é), mais o adjetivo “dára” que significa “lindo”.57 É empregada, originariamente, com o sentido de estar bem ou sentir-se feliz e assim também funciona na canção de Caetano. O resgate do conceito de “odara” por Caetano Veloso teve grande repercussão nos meios artísticos baianos e tornou-se quase uma moda. Outra gíria que Caetano ganhou durante sua visita a Nigéria é “Two Naira fifty Kobo”, referente ao preço invariável da corrida de táxi em que se deslocavam com Gil na metrópole de Lagos. Essa expressão mais tarde virará o título de uma composição homônima, em que é também sublinhada, da mesma maneira como já reparamos na canção “Odara”, a alegria exprimida através da música: “O certo é ser gente linda e cantar, cantar, cantar / O certo é fazendo música”.

Com a rapidez e a ambigüidade própria da poesia, em que se passa de um assunto a outro, Gilberto Gil começa tratando da importância da fé para se conviver com a pobreza e segue esboçando um tratado da filosofia da vida baiana onde a alegria ocupa o ponto central: “Onde a gente não tem pra comer / Mas de fome não morre / Porque na Bahia tem mãe Iemanjá / De outro lado o Senhor do Bonfim / Que ajuda o baiano a viver / Pra cantar, pra sambar, pra valer pra morrer de alegria / Na festa de rua, no samba de roda / Na noite de lua, no canto do mar” (“Eu vim da Bahia”). Mais outro exemplo da onipresente alegria na vida dos baianos da caneta de Gil é a canção “Tradição” onde o autor descreve a Cidade de Salvador no tempo que Lessa era goleiro do Bahia e encerra com seguintes versos: “Sempre lindo e sempre sempre / Sempre rindo e sempre cantando”. Aqui e no exemplo anterior, Gil associa, assim como Caetano, a alegria com a dança e o canto.



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