Baianidade nas letras de Caetano Veloso e Gilberto Gil



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1. Introdução

A música brasileira sempre teve e continua a ter um grande renome no mundo musical. São raras, por exemplo, as pessoas que não sabem que o samba provém do Brasil. Outro estilo tipicamente brasileiro é a bossa nova. A bossa nova conquistou o mundo na primeira metade dos anos 60 do século passado, com sua leveza e a batida típica, mas não foi a última contribuição do país tropical para a variedade musical. Os ritmos e danças brasileiros, surgidos durante a folia carnavalesca, causaram enormes ondas do sucesso nos anos 80 e 90 (mencionemos a lambada ou axé-music).

A riqueza e a diversidade dos gêneros musicais brasileiros é incrível. O que teve um grande impacto na música popular brasileira (MPB) e seguiu-se ao sucesso da bossa nova foi a produção musical do movimento tropicalista. O tropicalismo, “o único “ismo” tipicamente brasileiro1, não se limitou apenas à música, mas foi essa que superou as outras manifestações tropicalistas e que com suas letras acendeu também o grande interesse por parte dos críticos literários ou dos próprios poetas. O distinguido poeta, tradutor e crítico literário Augusto de Campos afirmou, em fins dos anos 60, que o que melhor estava se fazendo em poesia no Brasil estava sendo produzido por compositores da MPB que foi influenciada pelo tropicalismo. O mesmo considerou Caetano Veloso o maior poeta da sua geração.

Assim, Caetano Veloso, o “pai-fundador” do movimento tropicalista, e seu “irmão-gêmeo”, Gilberto Gil, entraram no centro do interesse deste trabalho, cujo objetivo é pesquisar de que maneira a origem baiana, ou a chamada “baianidade”, deixou vestígios em sua obra poética. Vamos tentar identificar alguns dos principais assuntos e idéias baianos propostos pelos compositores ao longo de sua criação artística, sem usar nenhum limite periódico, esforçando-se tanto por identificar o sentido das letras das canções em sua totalidade quanto por a analisar detalhamente cada fragmento do enunciado referente à Bahia.

É, porém, preciso destacar que a obra dos dois artistas não é a poesia em stricto senso. Antes pode ser designada como a poesia da canção. A designação “poesia“ tem aqui seu fundamento porque a presença dos elementos literários na linguagem da canção brasileira contemporânea é inegável e merece consideração. É verdade que a poesia da canção e a poesia destinada à leitura possuem a mesma origem histórica e mantêm muitas afinidades, mas não são exatamente iguais. A avaliação literária das letras da música, sem tomar em consideração também a parte musical, é sempre incompleta. A letra é a parte de um todo (a canção) e deve estar em sincronia com o código musical, obedecendo a uma métrica, a uma sonoridade e a um tamanho correspondentes a essa parte. Feita para compor a unidade com o elemento musical, os dois se influenciam mutuamente, tanto ao nível da seleção temática, quanto ao nível estrutural: em sua origem, texto e música são inseparáveis.2 Portanto é claro que a análise trazida nesse trabalho tem certos limites e não pode exprimir toda a riqueza da canção, a irrepetível junção da palavra e do tom.

Apesar de ser muito ampla a literatura sobre Caetano Veloso e Gilberto Gil, dedica-se quase toda a outros aspectos. A única fonte, que se aproxima do problema determinado por este trabalho, é a tese de Anes Francine de Carvalho Mariano com o título A arte de ser baiano: segundo as letras das canções da música popular3, mas a tese, abrangendo um período do inteiro século XX, só traz percepções básicas ao tema sem grande profundidade. Outra obra, com o título prometedor A presença da Bahia na música popular brasileira de Luiz Américo Lisboa4, limita a sua pesquisa só ao ano de 1964, quando os músicos por nós analisados ainda não lançaram nenhum disco LP. Somente uma breve menção ao nosso tema é trazida por Felix Ayoh’omidire em sua tese de doutoramento intitulada Yorubanidade mundializada: o reinado da oralitura em textos yorubá – nigerianos e afro-baianos contemporâneos5. Então, não restava nada do que tentar fazer o mosaico dos estilhaços encontrados nos depoimentos de Caetano Veloso e Gilberto Gil e na literatura secundária sobre eles. Não podemos esqueçer, porém, as próprias letras, que se tornam a fonte fundamental e o objeto deste trabalho.

No que diz respeito à estrutura deste trabalho, primeiro, queremos aproximar brevemente a cultura baiana porque ela tem muitas especifidades e sem esse conhecimento fundamental não podemos desdobrar o discurso sobre a baianidade. A seguir, vamos questionar o conceito da baianidade de vários ângulos – o que esse termo significa para os baianos, para outros brasileiros e, para completar, queremos também trazer „o olhar de fora“. Antes de começar com o núcleo do trabalho, com a análise dos elementos baianos na obra de Caetano Veloso e Gilberto Gil, queremos também mencionar como se a baianidade refletiu nas letras dos compositores mais antigos, com a maior atenção prestada a Dorival Caymmi.


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