Centro de humanidades

8. Moral

Para o encerramento deste breve ensaio, fez-se a opção de dissertar de algo que está 

presente em toda a obra de Durkheim, a moral. Como é possível observar, a moral e o seu 

trabalho de construção são os principais aspecto da vida social segundo o autor. Problemas 

sociais são gerados pela moral, e suas soluções também estão nessa via.  De acordo com 

Durkheim a moral consiste em “um sistema de normas de conduta que prescrevem como o 

sujeito deve conduzir-se em determinadas circunstâncias” (1955, p. 44). É a sociedade a 

autoridade moral, é ela que confere às normais morais seu caráter obrigatório. O autor afirma 

que: 

“é tudo o que é fonte de solidariedade, tudo o que força o indivíduo a 

contar com seu próximo, a regular seus movimentos com base em outra coisa 

que não os impulsos de seu egoísmo, e a moralidade é tanto mais sólida quanto 

mais numerosos e fortes são estes laços” (2010, p. 338).

Segundo Durkheim “as paixões humanas não detêm senão diante de um poder moral 

que respeitem” (2010, p,8). O autor acreditava que a moral social elevava o indivíduo à 

humanidade,   que   sem   ela   o   indivíduo   passa   a   ser   um   ser   entregues   as   paixões   como   o 

egoísmo. A hostilidade e a desconfiança passam a tomar conta quando a moral não exerce sua 

coerção. A desordem e os conflitos passam a predominar na vida social.

É   interessante   perceber   a   aparição   da   moral   em   relação   ao   desenvolvimento   do 

capitalismo.   De   acordo   com   Durkheim,   mesmo   colocando   uma   enorme   quantidade   de 

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indivíduos cuja vida se passa quase que inteiramente no meio industrial”, tais atividades não 

exerciam a coação, sem a qual não há moral, isto é, não se lhes apresentavam como uma 

autoridade que lhes impusesse deveres, regras, limites. 

É possível observar uma divergência com o pensamento de Marx e Engels (2004) 

quando Durkheim afirma que mesmo que a atividade econômica venha acompanhando a 

civilização, ela não tem, por si só, nada de moralmente obrigatório, e afirma que não tem 

servido   ao   progresso   da   moral.   Durkheim   não   enxerga   o   progresso   econômico   como 

necessariamente   positivo,   assim   como   Marx,   mas   o  que   diferem   é   na   relação   entre   esse 

desenvolvimento e a moralidade. Segundo Marx, em seu materialismo histórico, as sociedade 

estão condicionadas em relação ao estágio de desenvolvimento técnico que atingiu sobre o 

domínio da natureza. É a relação entre estágio técnico dos meios de produção que determina 

todas as outras esferas sociais, inclusive a moral. Já em Durkheim a variável independente 

está nas formas de vida construídas pela coletividade, através de um trabalho histórico da 

síntese dos indivíduos associados. A moral, a coesão e a solidariedade vivida na sociedade, e 

por ela exercida, é o que determinam a vida social segundo a teoria durkheimiana. 

Não seria imprudente dizer que no pensamento de Durkheim, expresso em suas obras, 

a moral se constitui enquanto o mais importante fato social.

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