ColecçÃo dois mundos frederick forsyth o punho de deus cmpv tradução livros do brasil lisboa rua dos Caetanos



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161 Chupou o cachimbo quase com volúpia, sem se preocupar com o facto de cair alguma cinza nos papéis à sua frente. Desculpe a interrupção -disse Sir Paul-, mas esse reactor destinava-se à produção de electricidade? Suponho que sim-admitiu Hipwell.-Uma insensatez, claro, e os franceses sabiam-no. O Iraque possui os três maiores depósitos de petróleo do mundo. Por conseguinte, podia construir uma central de energia alimentada com esse carburante por menos de metade do preço. Não, a intenção consistia em abastecer o reactor de urânio de baixa concentração, denominado bolo amarelo ou caramelo, que poderiam convencer fornecedores estrangeiros a vender-lho. Depois de utilizado num reactor, o produto final é plutónio. Verificaram-se inclinações de cabeças em torno da mesa. Todos sabiam que o reactor britânico de Sellafield criava electricidade para a rede de abastecimento e produzia o plutónio que seguia para os domínios do Dr. Hipwell, destinado às suas ogivas. Portanto, os israelitas entraram em acção- prosseguiu este último. -Primeiro, uma equipa de comandos fez ir pelos ares a enorme turbina de Toulon, antes de ser expedida, o que obrigou o projecto a recuar dois anos. Depois, em 1981, quando as preciosas fábricas de Saddam, Osirak Um e Dois, se preparavam para entrar em laboração, caças-bombardeiros israelitas reduziram-nas a escombros. Desde então, o homem não conseguiu comprar novo reactor, até que desistiu de tentar. Por que carga de água procedeu assim? -perguntou Harry Sinclair, do extremo oposto da mesa. Porque mudou de rumo -esclareceu Hipwell, com um largo sorriso, como se acabasse de resolver o problema de palavras cruzadas do Times em meia hora, -Até então, seguia a via do plutónio para chegar à bomba atómica. A partir daí, enveredou pela do urânio. Com algum êxito, diga-se de passagem. Mas não o suficiente. Em todo o caso... Não estou a compreender-confessou Sir Paul Spruce. -Qual é a diferença entre uma bomba atómica baseada no plutónio e outra obtida com base no urânio? A do urânio é mais simples -informou o físico. -Há várias substâncias radioactivas que se podem empregar para uma reacção em cadeia, mas para uma bomba atómica simples, básica e eficiente, o urânio é o ideal. Daí o interesse de Saddam nele desde 1982. Ainda lá não chegou, mas continua a tentar e, um dia, será bem sucedido. -E recostou-se no espaldar da cadeira, com novo sorriso, como se agora tivesse decifrado o enigma da Criação. 162 No entanto, à semelhança da maior parte dos que se sentavam em torno da mesa, Sir Paul Spruce continuava perplexo. - Se Saddam pode comprar esse urânio para o reactor destruído, por que não consegue fabricar uma bomba com ele? O interpelado lançou-se sobre a pergunta como um agricultor a regatear o preço de um novilho numa feira de gado. Tipos diferentes de urânio, meu caro. O urânio é um corpo curioso. Muito raro. De mil toneladas de minério, obtém-se apenas um bloco do tamanho de uma caixa de charutos. Bolo amarelo. Chama-se Urânio Natural, com o número isotópico de 238. Pode-se abastecer um reactor industrial com ele, mas não fabricar uma bomba. Não é suficientemente puro. Para isso, há necessidade do isótopo mais leve, o Urânio 235. De onde vem? -perguntou Paxman. Está dentro do bolo amarelo. No bloco do tamanho de uma caixa de charutos, há Urânio 235 bastante para colocar debaixo de uma unha sem desconforto. O busílis consiste em separá-los. Chama-se a isso separação isotópica. Muito difícil, muito técnica, muito dispendiosa e muito lenta. Mas você disse que o Iraque caminhava para lá -argumentou Sinclair. Pois disse, mas ainda não chegou. Existe apenas uma maneira viável de purificar e refinar o bolo amarelo para obter a pureza necessária de noventa e três por cento. Há anos, no Projecto Manhattan, os americanos tentaram vários métodos. Emest Lawrence optou por um e Robert Oppenheimer por outro. Naquela época, usavam-se ambos de forma complementar e criavam Urânio 235 em quantidade suficiente para produzir o Little Boy. "Após a guerra, foi inventado o método centrífugo, aperfeiçoado lentamente. Hoje, só se emprega esse. Basicamente, coloca-se o bloco alimentar numa coisa chamada centrifugadora, a qual gira tão rapidamente que todo o processo tem de se desenrolar num vácuo; de contrário, os rolamentos convertem-se em geleia. A pouco e pouco, os isótopos mais pesados... os que não interessam... são atraídos para a parede exterior da centrifugadora e expelidos. O que resta é um pouco mais puro do que inicialmente. Apenas um pouco, note^se. Tem de se repetir a operação milhares de horas, só para obter uma hóstia, chamemos-lhe assim, de urânio do tamanho de uma estampilha postal. Mas ele está a fazer isso? -insistiu Sir Paul. Está. Há um ano. Quanto às centrifugadoras... bem, para poupar tempo, ligamo-las em séries a que damos o nome de cascatas. Mas são necessárias milhares de centrifugadoras para dispor de uma cascata. 163 Se eles enveredaram por esse caminho desde 1982, por que tardaram tanto? -interpôs Terry Martin. Não se pode entrar numa loja de utilidades e comprar uma centrifugadora de difusão de gás de urânio-lembrou Hipwell. -Ainda tentaram fazê-lo, mas levaram sopa, como os documentos revelam. Desde 1985 que compram as partes com ponentes para construir um complexo fabril destinado a esse objectivo. Obtiveram cerca de quinhentas toneladas de bolo amarelo de urânio básico, metade disso de Portugal. Adquiriram grande parte da tecnologia da centrifugadora à Alemanha... Eu pensava que os alemães tinham assinado um conjunto de acordos internacionais limitadores da difusão da tecnologia de bombas nucleares -protestou Paxman. Talvez assinassem, mas os iraquianos conseguiram peças de várias origens. Vejamos se estou a abarcar a situação -disse Harry Sinclair.-O Saddam ainda tem centrifugadoras de separação de isótopos ao seu serviço? Sim, uma cascata. Está a funcionar há cerca de um ano. E em breve entrará outra em actividade. Sabe onde tudo isso se encontra? A fábrica da centrifugadora situa-se num local chamado Taji... aqui.-O cientista estendeu uma fotografia aérea ampliada ao americano, em que se via uma série de edifícios industriais.-A cascata parece encontrar-se no subsolo, não longe dos destroços do velho reactor francês, em Tuwaitha, a que chamavam Osirak. Não sei se vocês conseguirão localizá-la com um bombardeiro, porque está muito bem camuflada. E a nova cascata? Não faço a menor ideia. Pode estar em qualquer lugar. Provavelmente noutro sítio -opinou Terry Martio. -Os iraquianos praticam a duplicação e dispersão, desde que puseram todos os seus ovos numa cesta, que os israelitas pulverizaram. Sinclair emitiu um grunhido de contrariedade. Como podemos ter a certeza de que Saddam Hussein não possui já a bomba? -inquiriu Sir Paul. É uma questão de tempo -disse o físico. -Ainda não dispôs do suficiente. Para uma bomba atómica básica, mas utilizável, precisa de trinta a trinta e cinco quilogramas de Urânio 235 puro. Tendo partido do zero há um ano, mesmo admitindo que a cascata pode funcionar vinte e quatro horas por dia... que não é o caso... um programa de centrifugação carece pelo menos de doze horas por centrifugadora. "São precisas mil rotações para passar de zero por cento 164 para os noventa e três indispensáveis. O que representa quinhentos dias de centrifugação. Isto sem contar com as pausas para limpeza das peças de manutenção e eventuais avarias. Mesmo com mil centrifugadoras a funcionar em cascata actualmente e nos últimos trezentos e sessenta e cinco dias, haveria necessidade de cinco anos. Admitindo que começava a funcionar uma segunda cascata no próximo ano, poderia abreviar-se o prazo para três. Por conseguinte, ele só disporá de trinta e cinco quilos em 1993, pelo menos? -interpelou Sinclair. Exacto. Uma última pergunta. Se obtiver o urânio, quanto tempo faltará para conseguir uma bomba atómica? Pouco. Algumas semanas. Um país que pretenda fabricar o seu próprio engenho atómico, terá a engenharia nuclear a funcionar paralelamente. Não se trata de uma operação muito complicada, desde que se saiba o que se está a fazer. E Jaafar sabe-o, pois treinámo-lo em Harwell. No entanto, o caso é que o Saddam ainda não tem urânio puro em quantidade suficiente. Dez quilogramas, quando muito. Está atrasado três anos... pelo menos. O Dr. Hipwell foi felicitado pelo resultado das semanas de análise a que se dedicara e a reunião chegou ao fim. Sinclair regressaria à embaixada para redigir extensos relatórios que seguiriam para a América, devidamente codificados. Uma vez aí, seriam comparados com as análises dos peritos locais, efectuadas nos laboratórios de Sandia, Los Alamos e, principalmente, Lawrence Livermore, na Califórnia, onde, durante anos, uma secção secreta denominada Departamento Z acompanhava a disseminação da tecnologia nuclear em redor do mundo por conta do Departamento de Estado e do Pentágono. Embora Sinclair não o soubesse, o resultado das pesquisas das equipas britânicas e americanas confirmavam-se mutuamente com um rigor notável. Terry Martin1 e Simon Paxman abandonaram o local da reunião juntos e percorreram Whitehall sob o sol benigno de Outubro. - Que alívio -murmurou o segundo. -O velho Hipwell foi bem categórico. Ao que parece, os americanos concordam inteiramente. O filho da mãe ainda está longe de possuir a bomba atómica. Enfim, menos um pesadelo para nos afligir. Separaram-se na esquina. Paxman atravessou o Tamisa em direcção à Century House e Martin cruzou a Trafalgar Square e seguiu em direcção à Gower Street. 165 Estabelecer o que o Iraque possuía, ou mesmo provavelmente possuía, era uma coisa. Averiguar com exactidão onde se situava diferia por completo. As fotografias continuavam a ser tiradas. Os KH-11 e KH-12 cruzavam os céus numa sequência interminável para captar tudo o que se lhes deparava em território iraquiano. Em Outubro, mais um dispositivo passou a cruzar o espaço: um avião de reconhecimento americano tão secreto, que o-Capitólio desconhecia a sua existência. Tinha o nome de código Aurora, voava na periferia do espaço interior e atingia velocidades da ordem de Mach 8, quase oito mil quilómetros por hora, muito para além do alcance do radar iraquiano ou dos mísseis de intercepção. Ironicamente, enquanto o Blackbird era retirado do activo, outro aparelho ainda mais idoso sobrevoava o Iraque, naquele Outono. Com quase quarenta anos de existência, denominado Dragon Lady, o U-2 ainda funcionava e tirava fotografias. O modelo renovado de 1990 tinha sido reequipado mais como "ouvinte" do que como "observador", embora ainda tirasse fotos. Toda a informação de professores e cientistas, analistas e intérpretes formava uma imagem global do Iraque que de modo algum se podia considerar tranquilizadora. Graças a milhares de fontes, tudo se concentrou finalmente numa sala muito secreta, dois pisos abaixo do Ministério da Força Aérea da Arábia Saudita, denominada simplesmente "Buraco Negro". Foi no isolamento do Buraco Negro que se assinalaram os locais que deveriam ser destruídos, num total de setecentos, seiscentos dos quais militares-no sentido de que constituíam centros de comando, pontes, aeródromos, arsenais, rampas de lançamento de mísseis e concentrações de tropas -e os restantes albergavam armas de destruição maciça, laboratórios químicos e armazéns. Foi igualmente registada a linha de manufactura da centri-fugadora de gás em Taji, nas proximidades do complexo de Tuwaitha. Mas a fábrica de "engarrafamento" de água de Tarmiya não figurava nos planos, assim como Al-Qubai. Na realidade, ninguém conhecia a sua localização. Uma cópia do relatório minucioso de Harry Sinclair foi fazer companhia às de outros provenientes de várias partes dos Estados Unidos e do estrangeiro. Por último, uma síntese do conjunto deu entrada numa secção muito discreta e confidencial do Departamento de Estado, conhecida por Political Intelligence and Analysis Group. O PIAG é uma espécie de 166

estufa de análise de assuntos estrangeiros e redige relatórios absolutamente vedados ao consumo público. Com efeito, a unidade depende directa e unicamente do Secretário de Estado, na altura James Baker. Dois dias mais tarde, Mike Martin encontrava-se deitado de bruços no terraço do qual podia observar a secção de Abrak Kheitan, onde marcara o encontro com Abu Fouad. À hora combinada, viu um carro abandonar a estrada Rei Faisal que conduzia ao aeroporto e enveredar por uma rua transversal. Pouco depois, imobilizava-se diante do local que ele descrevera na sua mensagem a Al-Khalifa e apearam-se duas pessoas: um homem e uma mulher. Olharam em volta para se certificarem de que nenhum veículo os seguira e encaminharam-se para um grupo de árvores. Abu Fouad e a companheira tinham recebido instruções para aguardar meia hora. Se, até lá, o beduíno não aparecesse, retirar-se-iam. Na realidade, esperaram quarenta minutos antes de regressar ao carro, visivelmente frustrados. - Deve ter sido retido-observou Abu Fouad. -Talvez se lhe deparasse uma patrulha iraquiana. Que maçada! Terei de começar tudo de novo.

Acho que fazes mal em confiar nele -replicou a mulher.

Não sabes de quem se trata. Exprimiam-se em voz baixa, e o dirigente da resistência koweitiana não parava de olhar nos dois sentidos da rua para se certificar de que não havia soldados iraquianos nas imediações.

É hábil e astuto e actua como um profissional. Basta-me saber isso. Gostava de colaborar com ele, se concordar. - Não tenho nada a objectar. Ela soltou um grito abafado e Abu Fouad estremeceu no seu lugar ao volante.

Não se voltem-indicou a voz no banco de trás.- Conversemos assim. Pelo espelho retrovisor, o koweitiano viu os contornos de um Keffiyeh de beduíno e detectou o odor de quem não dispõe de muito tempo livre para tomar banho, o que o levou a emitir um suspiro de alívio.

Actua com subtileza, beduíno.

Não há necessidade de fazer barulho, Abu Fouad. Atrai os iraquianos, coisa que não me agrada, a menos que esteja preparado para os receber.



Muito bem. Agora que nos encontrámos um ao outro, conversemos. Mas por que se escondeu no carro? 167 Se este encontro tivesse sido uma armadilha para mim, as suas primeiras palavras quando entrou difeririam. Auto-incriminadoras... Exacto. E?...

Você já não estaria vivo. Entendido. Quem é a sua companheira? Não mencionei testemunhas. Como foi você que preparou o encontro, eu também tinha de tomar precauções. É uma colega de confiança. Asrar Qabandi. Muito bem. Saudações, Miss Qabandi. De que querem falar? Armamento. Pistolas automáticas Kalashinov, granadas de mão modernas, Semtex-H. Com esse material, o meu povo poderia tornar-se muito mais eficiente. O seu povo está a ser capturado. Dez homens foram cercados na mesma casa por uma companhia da infantaria iraquiana chefiada por homens da AMAM. Não escapou um. Todos adolescentes. Abu Fouad não replicou. De facto, fora um desaire importante. - Nove -acabou por corrigir.-O décimo fingiu-se morto e fugiu mais tarde. Está ferido, mas cuidamos dele. Foi ele que nos informou. ? . -De quê? Foram traídos. Se também tivesse morrido, nunca nos inteiraríamos. Sim, a traição. É um perigo sempre possível num movimento de resistência. E o traidor? Sabemos quem é, claro. Pensámos que podíamos confiar nele. Mas é de facto culpado? Parece que sim. _ , , , , .."-.-? Parece apenas? ; Abu Fouad suspirou. O sobrevivente jura que somente o décimo primeiro homem estava ao corrente da reunião e do local. No entanto, pode ter havido uma inconfidência noutro ponto, ou talvez algum fosse seguido. Nesse caso, o suspeito deve ser testado. E, no caso de a culpabilidade se confirmar, punido. Importa-se de nos deixar sós por uns momentos, Miss Qabandi? A jovem volveu o olhar para Abu Fouad, o qual assentiu com um movimento de cabeça. Em seguida abandonou o carro 168 e encaminhou-se para o grupo de árvores. O beduíno explicou a Abu Fouad o que pretendia dele. - Só sairei da casa às sete -concluiu. -Por conseguinte, em caso algum o telefonema se deve efectuar antes das sete e meia. Entendido? Em seguida, apeou-se e desapareceu na escuridão, enquanto Abu Fouad punha o carro em movimento e ia recolher Asrar QabEndi. O beduíno não tornou a vê-la. Antes da libertação do Koweit, foi capturada pela AMAM, torturada, violada em grupo, fuzilada e decapitada, sem ter revelado uma única palavra. Terry Martin falava ao telefone com Simon Paxman, o qual se achava assoberbado de trabalho e dispensava perfeitamente as interrupções. Foi apenas graças à simpatia que o laborioso professor lhe merecia que atendeu a chamada. Desculpe incomodá-lo, mas conhece alguém no GCHQ? Com certeza. Sobretudo no Serviço Arábico. O director, por exemplo. É capaz de lhe telefonar e perguntar se me quer receber? Sem dúvida. Qual é a sua ideia? Trata-se da informação que está a chegar do Iraque. Estudei todos os discursos de Saddam, naturalmente, reparei nas alusões a reféns e escudos humanos e assisti a discursos bombásticos na televisão. Mas gostava de verificar se está a ser recebida mais alguma coisa que não tenha sido autorizada pelo Ministério da Propaganda. Bem, é o que o GCHQ costuma fazer -admitiu Paxman. -Não vejo qualquer inconveniente. Uma vez que você pertence à Comissão Medusa, dispõe automaticamente de autorização. Vou telefonar. Naquela tarde, Terry Martin seguiu de carro para Glouces-tershire e apresentou-se à entrada do bem guardado edifício que compreendia o terceiro braço principal dos serviços secretos britânicos, juntamente com o M. I. 6 e o M. 5, quartel-general das comunicações do governo. O director do Serviço Arábico era Sean Plummer, sob cujas ordens trabalhava o mesmo Al-Khouri que testara o arábico de Mike Martin no restaurante de Chelsea, onze meses atrás, embora Terry Martin e Plummer não estivessem ao corrente disso. Este último acedera em recebê-lo a meio de um dia atarefado, porque ouvira falar do jovem catedrático da SOAS e admirava as suas pesquisas sobre o califado dos Abássidas. - Em que lhe posso ser útil? -perguntou, depois de se sentarem, diante de chávenas de chá. Ao ouvir o interlocutor 169 referir que estava surpreendido com a escassez das intercepções procedentes do Iraque que lhe haviam mostrado, o seu olhar iluminou-se. -Tem toda a razão. Como sabe, os nossos amigos árabes gostam de pairar como gralhas em circuitos abertos. Nos últimos anos, o tráfego interceptável diminuiu. Agora, ou a índole do nativo mudou ou... Cabos enterrados -aventurou Martin. Exacto. Tudo indica que o Saddam e os seus rapazes enterraram mais de sete mil quilómetros de cabos de comunicação de fibras ópticas. Em face disso, como-querem os luminares de Londres que a minha unidade continue a fornecer-lhes catadupas de informações? Que pretende ver? Durante as quatro horas seguintes, Martin examinou uma variedade de intercepções. As transmissões pela rádio eram demasiado anódinas. Interessava-lhes mais algo do género de um telefonema irreflectido, uma palavra aparentemente deslocada, um erro qualquer. Por fim, fechou o grosso volume e pediu a Plummer: - Importa-se de prestar atenção especial a qualquer por menor que pareça estranho e, à primeira vista, careça de sentido? Mike Martin começava a pensar que um dia deveria escrever um guia turístico sobre os terraços da cidade do Koweit. Afigurava-se que permanecera tempo considerável deitado num deles, para vigiar a área em baixo. Por outro lado, constituíam lugares excelentes para um PP, ou posição de pé. Havia quase dois dias que se encontrava naquele, para observar a casa cujo endereço fornecera a Abu Fouad, uma das seis que lhe haviam sido cedidas por Ahmed Al-Khalifa e não voltaria a utilizar. Embora tivessem transcorrido cerca de quarenta e oito horas e não devesse acontecer nada até àquela noite de 9 de Outubro, não interrompera a vigilância, dia e noite, alimentando-se de pão e fruta. Se aparecessem soldados iraquianos antes das sete e meia da tarde de 9, saberia quem o traíra: o próprio Abu Fouad. Consultou o relógio-19.30. O coronel koweitiano devia estar a fazer o telefonema, como lhe fora indicado. Com efeito, no outro extremo da cidade, Abu Fouad acabava de levantar o auscultador e marcava um número. Alguém atendeu ao terceiro toque. Salah? O próprio. Quem fala? Não nos conhecemos pessoalmente, mas constaram-me muitas coisas agradáveis a seu respeito. Sei que é leal e cora- 170 joso, um dos nossos. Dou pelo nome de Abu Fouad. -Registou-se uma exclamação abafada no outro lado do fio. -Preciso da sua ajuda, Salah. Podemos... o movimento... contar consigo? Sem dúvida, Abu Fouad. Basta dizer o que pretende de mim. Não sou eu propriamente, mas um amigo. Está ferido e debilitado. Sei que é farmacêutico. Leve-lhe medicamentos: antibióticos, analgésicos, ligaduras. Ouviu falar de alguém conhecido por beduíno? Com certeza. É das suas relações? Isso não interessa, mas há semanas que trabalhamos juntos. Reveste^se de uma enorme importância, para nós. / Vou descer à farmácia imediatamente, para recolher os produtos necessários e levar-lhos. Onde o encontrarei? Está refugiado numa casa em Shuwaikh e não se pode mover. Leve também papel e lápis. Abu Fouad fitou o endereço que lhe fora indicado. Irei no carro, sem demora -prometeu Salah.-Pode confiar em mim. É um bom homem e será recompensado. Abu Fouad cortou a ligação. O beduíno dissera que telefonaria ao amanhecer, se não acontecesse nada, e o farmacêutico estaria livre de suspeitas. Mike Martin viu, mais do que ouviu, o primeiro camião pouco antes das oito e meia. Rolava graças ao impulso adquirido, com o motor desligado para não produzir qualquer ruído, e transpôs o cruzamento antes de parar, poucos metros adiante. Martin inclinou a cabeça, num gesto de aprovação. O segundo camião fez mais ou menos o mesmo, momentos depois, e desceram vinte homens de cada um. Boinas Verdes bem compenetrados da missão que lhe fora cometida. Avançaram em fila indiana ao longo da rua, precedidos de um oficial que segurava um civil pelo braço. Com as placas arrancadas de virtualmente todas as esquinas, os militares iraquianos precisavam de um guia para localizar a rua que lhes interessava. No entanto, os números das portas ainda prevaleciam nos devidos lugares. O civil deteve^se diante de uma casa, consultou o número e apontou. O oficial manteve breve diálogo com o seu sargento, o qual se afastou com quinze soldados em direcção a um beco para cobrir as traseiras do prédio. Seguido dos que restavam, o oficial -um capitão -impeliu o portão de ferro de acesso a um pequeno jardim. Depois de o transpor, viu que havia luz numa janela do primeiro piso. A maior parte do rés-do^chão era ocupada pela garagem, que se encontrava vazia. Uma vez junto da porta da frente, as pre- 171 cauções foram abandonadas. O oficial verificou que se achava trancada e gesticulou para um soldado, que disparou uma rajada com a espingarda automática, e a fechadura foi destruída. Os Boinas Verdes irromperam pela abertura, sempre precedidos do capitão. Alguns dividiram-se pelos aposentos do piso térreo, enquanto ele e os outros subiam a escada. Do patamar do primeiro andar, o capitão avistou o interior do quarto debilmente iluminado, com uma poltrona de costas para a porta e o keffiyeh de xadrez que assomava no topo. Não fez fogo. O coronel Sabaawi, da AMAM, fora bem explícito: queria o homem vivo para o interrogar. Quando começou a avançar, o jovem oficial não se apercebeu do fio de nylon em contacto" com as canelas. Ouviu os seus homens irromper nas traseiras e outros a subir a escada. Viu a túnica encardida recheada com almofadas e a melancia a que fora enrolado o keffiyeh. O seu rosto contorceu-se de cólera e ainda dispôs de tempo para dirigir um insulto ao trémulo farmacêutico que se imobilizara à entrada do quarto. Três quilogramas de Semtex-H não produzem um ruído espectacular e ocupam pouco espaço. As casas das cercanias eram de pedra e betão, razão pela qual sofreram apenas estragos superficiais. No entanto, aquela em que os militares se encontravam desapareceu virtualmente. Telhas dela foram encontradas mais tarde a várias centenas de metros do local. O beduíno não aguardou para assistir à sua obra. Achava-se já a dois quarteirões de distância, caminhando despreocupadamente, quando ouviu o estrondo abafado, como o bater de uma porta, o subsequente segundo de silêncio e o desmoronar de pedra e caliça. No dia seguinte, aconteceram três coisas, todas depois de anoitecer. No Koweit, o beduíno teve o segundo encontro com Abu Fouad. Desta vez, o koweitiano compareceu sem companhia e os dois homens conversaram à sombra de um portal a apenas duzentos metros do Sheraton ocupado por dezenas de oficiais superiores iraquianos. Ouviu, Abu Fouad? Muito bem. Eles estão em polvorosa. Perderam mais de duas dezenas de homens e tiveram numerosos feridos. - O interpelado suspirou. -Vai haver mais represálias. Vocês querem parar, agora? Não. É impossível. Mas durante quanto tempo teremos ainda de sofrer? Os americanos e ingleses virão salvá-los. Um dia. Esperemos que Alá o permita em breve. Salah encontra va-se com eles? 172 Pelo menos, acompanhava-os um civil. Não falou a mais ninguém? Não, só com ele. Tem as vidas de nove homens a pesar- -lhe na cabeça. Não ingressará no Paraíso. Muito bem. Que mais pretende de mim? Não lhe perguntarei quem é ou de onde vem. Como oficial do exército treinado, sei que não pode ser um mero beduíno do deserto. Dispõe de reservas de explosivos, armas, munições e granadas. O meu povo poderia ocasionar muitos estragos com material desse. E a sua oferta? Junte-se a nós e traga o material. Ou então, continue isolado e partilhe-o connosco. Não vim para o ameaçar^ mas apenas para pedir. Se quer ajudar a nossa resistência, é essa a maneira de o fazer. Martin reflectiu por um momento. Ao cabo de oito semanas, dispunha de metade do material inicial, ainda sepultado no deserto ou disperso pelas duas vivendas que só utilizava como armazéns. Das outras quatro, uma fora destruída e outra, onde se reunira com os pupilos, estava comprometida. Podia entregar o material e solicitar mais -operação possível, embora arriscada, desde que as suas mensagens para Riadie não fossem interceptadas, do que não existia a mínima garantia. Ou mais uma viagem através da fronteira e regresso com novo carregamento, devidamente dissimulado. Esta última hipótese também não se achava despida de riscos, pois havia actualmente dezasseis divisões de iraquianos postadas ao longo daquela área, o triplo das existentes quando ele chegara. Era altura de voltar a contactar com Riade e pedir instruções. Entretanto, daria a Abu Fouad quase tudo o que possuía. Havia mais, a sul da fronteira, e necessitaria de o ir buscar, de uma maneira ou de outra. Onde quer que o entregue? -perguntou, por fim. Temos um armazém em Shuwaikh. Oferece a maior segurança. O dono, que é dos nossos, guarda lá peixe. Daqui a seis dias. Combinaram a hora e local onde um homem de confiança de Abu Fouad se encontraria com o beduíno, que o acompanharia ao armazém. Martin descreveu o veículo que conduziria e o seu próprio aspecto naquela altura. Na mesma noite, mas duas horas mais tarde, devido à diferença dos respectivos fusos horários, Terry Martin encontrava-se num restaurante sossegado próximo do seu apartamento e fazia girar um copo de vinho numa das mãos. O convidado que aguardava, entrou poucos minutos mais tarde-- 173 um indivíduo idoso, de cabelo grisalho, óculos e gravata de pintas pretas e brancas. - Estou aqui, Moshe -indicou Martin, vendo-o olhar em volta. O israelita aproximou-se dele, que se levantara, e cumprimentaram-se efusivamente. Como vai isso, meu rapaz? Melhor, agora que chegou. Não podia permitir que passasse por Londres sem ao menos uma oportunidade de jantarmos juntos e palestrar um pouco. Moshe Hadari tinha idade suficiente para ser pai de Martin, porém a sua amizade baseava-se em interesses comuns. Eram ambos académicos e estudiosos incansáveis das antigas civilizações árabes no Médio Oriente, com as suas culturas, arte e línguas. Foi um jantar animado e agradável e o tema abordado limitou-se quase exclusivamente às recentes pesquisas, as novas percepções do estilo de vida nos reinos do Médio Oriente, dez séculos atrás. Consciente de que estava vinculado pelo sigilo, as suas actividades na Century House não podiam ser abordadas. Não obstante, na altura do café, a conversa orientou-se naturalmente para a crise no Golfo e perspectivas de uma guerra. - Parece-lhe que ele retirará do Koweit? -perguntou Moshe. Martin meneou a cabeça com veemência. - Não o pode fazer, a menos que lhe concedam uma via marcada com clareza, concessões que lhe seja permitido invocar para justificar a retirada. Se regressa a Bagdade de mãos vazias, está perdido. O outro suspirou. Tanto dinheiro, suficiente para converter o Médio Oriente num paraíso na Terra, esbanjado, com a imensidade de talentos e vidas de jovens. E para quê? Diga-me uma coisa, Terry. Se houver guerra, os ingleses combaterão ao lado dos americanos? Com certeza. Já enviámos a Sétima Brigada de Blindados e creio que a Quarta não tardará a partir para lá. Só isso, constitui uma divisão, sem falar dos "caças" e vasos de guerra. Não se preocupe com o assunto. Pois sim, mas morrerão mais jovens. Martin inclinou-se para a frente e deu uma leve palmada no braço do amigo. - É indispensável travar o homem. Mais cedo ou mais tarde. Israel deve saber até que ponto ele se aventurou com as suas armas de destruição maciça. Pode dizer-se que, de 174 certo modo, estamos a descobrir gradualmente a verdadeira escala do que possui. Nós temos colaborado, sem dúvida. Aliás, talvez sejamos o seu principal alvo. O nosso problema fundamental é a obtenção de informações directamente do local. Não dispomos de um agente infiltrado em Bagdade. Tanto nós como os americanos ou mesmo vocês. O jantar terminou vinte minutos mais tarde, e Terry Martin acompanhou o convidado a um táxi, que o conduziria ao hotel. Por volta da meia-noite, três estações de triangulação eram implantadas no Koweit por ordem de Hassan Rahmani, em Bagdade. Tratava^se de "pratos" de rádio destinados a localizar a fonte de uma emissão. Uma dessas estações era fixa, montada no telhado de um edifício alto no bairro de Ardiya, a sul da cidade do Koweit, com o prato voltado para o deserto. As outras duas eram imóveis instaladas em carrinhos, com os pratos no tejadilho e uma verdadeira cabina de escuta no interior. Um dos veículos encontrava-se fora de Jahra, a oeste do seu homólogo de Ardiya, e o terceiro noutro ponto da costa, no recinto do Hospital Al Adão, onde a irmã do estudante de Direito fora violada, nos primeiros dias da invasão. Na base aérea de Ahmadi, de onde outrora Khaled Al-Kha-lita descolara no seu Skyhawh, um helicóptero Hind de fabrico soviético, devidamente armado permanecia em estado de alerta permanente. A tripulação pertencia à força aérea e os técnicos incumbidos do rastreio eram membros do serviço de contra-espionagem. O professor Moshe Hadari passou uma noite agitada. Algo que o amigo dissera preocupava-o profundamente. Considerava-se a todos os títulos leal a Israel, oriundo de uma antiga família que emigrara no princípio do século com homens como BenYehuda e David Ben Gurion. Nascera nas cercanias de Yaffa, quando ainda era um concorrido porto dos árabes palestinianos, e aprendera arábico em criança. Criara dois filhos, assistira à morte de um, na sequência de uma infame emboscada no sul do Líbano e tinha cinco netos. Por conseguinte, quem se podia atrever a sugerir sequer que não amava a pátria? Mas havia algo de errado. Se eclodisse a guerra, morreriam muitos jovens, como acontecera ao seu Zeev, mesmo que fossem ingleses, americanos e franceses. Seria o momento opor- 175 tuno de Kobi Dror se revelar vingativo e mesquinhamente chau-vinista? Levantou-se cedo, pagou a conta, fez as malas e mandou chamar um táxi para o conduzir ao aeroporto. Antes de abandonar o hotel, conservou-se uns minutos junto dos vários telefones públicos no átrio, mas acabou por mudar de ideias. A meio caminho do aeroporto, indicou ao motorista que saísse da estrada M4 e procurasse uma cabina. A sorte protegia-o, pois foi Hilary quem atendeu o telefone no apartamento em Bayswater. - Um momento, que ele vai a caminho da porta. A voz de Terry Martin surgiu na linha no momento imediato. É o Moshe e disponho de pouco tempo. Comunique aos seus amigos que o instituto tem na verdade uma fonte altamente situada em Bagdade. Que perguntem o que aconteceu a Jericó. Adeus, meu amigo. Um instante, Moshe! Tem a certeza? Como o sabe? Não interessa. Você nunca ouviu falar de mim. Adeus. Em Chiswick, o idoso académico regressou ao táxi e prosseguiu em direcção a Heathrow. Tremia devido à enormidade do que acabava de cometer. Como poderia explicar a Terry Martin que fora ele, o professor de arábico da universidade, que codificara a primeira resposta a Jericó, em Bagdade? O telefonema de Martin surpreendeu Simon Paxman sentado à secretária, na Century House, pouco depois das dez. Almoçar? Lamento, mas não posso. É um dia infernal. Talvez amanhã. Tem de ser hoje, Simon. É urgente. Paxman suspirou. O mais certo era o académico ter descoberto uma nova interpretação de uma frase numa emissão da rádio iraquiana que supunha susceptível de alterar o significado da vida. - Garanto-lhe que me é impossível. Tenho uma reunião importante aqui. Só se for uma bebida rápida. No Hole-in-the- -Wall, um botequim debaixo da Ponte de Waterloo, perto do meu antro de trabalho. Às duas? Posso conceder-lhe meia hora. - Chega e sobeja -asseverou Martin. -Até logo. Pouco depois do meio-dia, os dois sentavam-se diante de cervejas no estabelecimento por cima do qual os comboios da linha do sul rugiam em direcção a Kent, Sussex e Hampshire. Sem revelar a sua fonte, Martin repetiu o que lhe fora dito naquela manhã. Com a breca! -murmurou Paxman. -Quem lhe disse? Não o posso divulgar. -Tem de o fazer. 176 -Ele cometeu uma indiscrição, por assim dizer. Prometi-lhe guardar segredo. Só posso acrescentar que é um catedrático de meia-idade. Reflectiu por um momento. Um académico que convivia com Martin. Também arabista, sem dúvida. A informação tinha de ser transmitida à Century House e o mais depressa possível. Por fim, agradeceu a revelação, deixou a cerveja a meio e regressou apressadamente à base. Em virtude da reunião à hora do almoço, Steve Laing não abandonara o edifício. Assim, Paxman chamou-o à parte e elucidou-o. O outro apressou-se a comunicá-lo ao chefe. Sir Colin, pouco propenso a exageros, considerou o general Kobi Dror "um tipo altamente maçador", prescindiu do almoço normal, ordenou que deixassem algo na sua secretária e subiu ao último piso, onde recorreu a uma linha extremamente segura para falar com o juiz William Webster, director da CIA. Ainda eram apenas 8.30 em Washington, porém o magistrado gostava de começar o dia cedo, pelo que se encontrava no seu gabinete para atender a chamada. Fez duas ou três perguntas sobre a fonte da informação, emitiu um grunhido ante a reserva do colega britânico e terminou por reconhecer que se tratava de algo que não podia ser ignorado. Em seguida, repetiu a revelação ao subdirector (Operações), Bill Stewart, o qual explodiu de fúria, após o que conferenciou durante meia hora com Chip Barber, chefe das Operações do Médio Oriente. Este último ainda se mostrou mais furioso, porque fora ele que se sentara diante do general Dror, na sala soalheira no topo da colina nos subúrbios de Herzlia, e este lhe mentira. Combinaram o que pretendiam fazer e foram apresentar a ideia ao director. A meio da tarde, William Webster reuniu-se com Brent Scowcroft, responsável do Conselho da Segurança Nacional, o qual levou o assunto ao conhecimento do Presidente Bush. Perguntou o que pretendia que se fizesse e foi-lhe concedida autoridade absoluta para actuar. O Secretário de Estado, James Baker, consultado sobre a eventualidade de uma colaboração íntima, anuiu imediatamente. Naquela noite, o Departamento de Estado enviou um pedido urgente a Telavive, o qual foi apresentado ao destinatário na manhã seguinte, apenas três horas mais tarde, devido à diferença de fusos horários. O Ministro-adjunto dos Assuntos Estrangeiros de Israel na altura era Benjamin Netanyahu, diplomata elegante e bem-parecido e irmão de Jonathan Netanyahu, único israelita morto durante o assalto ao Aeroporto Éntebbe, em que comandos

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