ColecçÃo dois mundos frederick forsyth o punho de deus cmpv tradução livros do brasil lisboa rua dos Caetanos



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E de que melhor maneira pode um homem morrer Do que enfrentando uma situação temíve, Perante as cinzas dos seus pais E os templos dos seus Deuses?

Com um suspiro de determinação, conduziu o MIG Fulcrum para uma altitude mais elevada e foi ao encontro dos americanos. Os quatro Eagle surgiram quase imediatamente no ecrã do radar. . - Jesus! -exclamou Tim. -Ele avança directamente para nós! Walker não necessitava que o wizzo o informasse, pois o seu radar indicava-o com a maior clareza. Entretanto, encolhido no seu canto, o coronel Osman Badri sentia-se totalmente apavorado. Só sabia que o aumento repentino da velocidade e o acréscimo da altitude lhe sacudiam o corpo de uma forma incontrolável. -^Que está a acontecer? -bradou através da máscara, 416 sem se dar conta de que o irmão não o podia ouvir, por não haver premido o respectivo botão. Entretanto, Don Walker concentrava-se nos comandos dos mísseis. Deparavam-se-lhe duas opções: o AIM-7 Sparrow de longo alcance era guiado por radar do próprio Eagle, enquanto, por outro lado, dispunha do AIM-9 Sídewinder de curto alcance, que visava uma fonte de calor. Avistou o outro aparelho a vinte e cinco quilómetros -um ponto negro que avançava para ele. identificou-o como sendo um MIG 29 Fulcrum, mas não sabia que se tratava da versão UB de treino. Sabia, sim, que podia transportar o míssil soviético AA-10, com alcance não inferior ao dos seus AIM-7. Foi por essa razão que optou pelos Sparrow. A vinte quilómetros, disparou dois. Os mísseis captaram a energia do radar proveniente do MIG e seguiram-na obedientemente. Abdelkarim Badri avistou os clarões, estendeu o braço para a esquerda e premiu um manípulo. Dois segundos depois de disparar os Sparrow, Don Walker arrependeu-se de não ter preferido os Sidewincter. E por um motivo muito simples: estes últimos localizavam o alvo, independentemente da posição do Eagle, enquanto os outros necessitavam de ser guiados. Se ele cortasse o contacto naquele momento, vagueariam no espaço e acabariam por precipitar-se no solo inofensivamente. Estava na iminência de o fazer, quando viu os "mísseis" lançados pelo MIG rolarem em direcção ao chão. Compreendeu, incrédulo, que não o eram. O revestimento de alumínio dos depósitos de combustível reflectia os raios solares. Tratava-se de uma artimanha em que quase caíra. No MIG, Abdelkarim BadSri verificou que o americano não reduziria a velocidade. Pusera-lhe a coragem à prova e perdera. Entretanto, atrás dele, o irmão lembrou-se de que tinha de carregar no botão para ser ouvido e, ao ver o aparelho elevar-se quase na vertical, gritou: - Para onde vamos? A última coisa que ouviu neste mundo foi a voz calma de Abdelkarim: - Calma, rapaz. Vamos cumprimentar o nosso pai. Allah- -o-Akhbar. Walker viu os dois Sparrow explodir naquele momento e provocar um mar de chamas e fragmentos de metal, ao mesmo tempo que sentia a transpiração deslizar em grossas gotas pelo peito.



417

O piloto do aparelho mais próximo da sua esquadrilha, Rartdy Roberts, ergueu a mão enluvada, com o polegar voltado para cima. Walker retribuiu o gesto e a formação prosseguiu em direcção à ponte de Al Kut. Os acontecimentos sucedem-se tão rapidamente num combate aéreo, que toda a operação, desde o primeiro sinal do radar à destruição do Fulcrum, não durou mais de trinta e oito segundos. O Vigilante apresentou-se no Winkler Bank às dez horas em ponto, acompanhado do "contabilista", que segurava uma volumosa attaché case com cem mil dólares. O dinheiro constituía na realidade um empréstimo temporário preparado pelo sayan bancário, o qual se sentiu profundamente aliviado quando lhe asseguraram que ficaria depositado no Winkler apenas por um breve lapso de tempo, para depois lhe ser restituído. Quando viu as notas verdes, Herr Gemutlich ficou encantado. No entanto, não se mostraria tão entusiasmado se soubesse que os dólares ocupavam apenas metade da altura da attaché cas& e ficaria mesmo horrorizado se se inteirasse do que se encontrava sob o fundo falso. Como medida de discrição, o contabilista ficou na sala de Fraulein Hardenberg, enquanto o advogado e o banqueiro combinavam os códigos de funcionamento confidenciais para a nova conta. Reapareceu em cena para guardar o recibo do dinheiro, e, por volta das onze horas, o assunto ficou encerrado. Herr Gemutlich chamou o porteiro para acompanhar os visitantes à saída. Enquanto desciam no elevador, o contabilista murmurou algo ao ouvido do advogado americano, que o traduziu ao porteiro. Com uma breve inclinação de cabeça, este último imobilizou a cabina na sobreloja e saíram os três. O advogado indicou a porta das instalações sanitárias ao companheiro e este entrou, enquanto ele e o porteiro aguardavam no corredor. Naquele momento, acudiu-lhe aos ouvidos o som de um tumulto no átrio, nítido porque se situava ao fundo de quinze degraus de mármore, na extremidade oposta do corredor, a meia dúzia de metros do ponto em que se encontravam. Com um murmúrio de desculpa, o porteiro encaminhou-se para lá, a fim de poder ver o que se passava em baixo. O que se lhe deparou, obrigou-o a descer apressadamente, como que para resolver qualquer problema. 418 Era uma cena insólita. Três arruaceiros, visivelmente embriagados, assediavam a recepcionista para que lhes desse dinheiro para reatarem a libação. Esta explicaria mais tarde que a tinham convencido a abrir a porta, intitulando-se funcionários dos Correios. Dominado pela indignação, o porteiro tentou expulsar os desordeiros. Ninguém se apercebera de que um deles, ao entrar, largara um maço de tabaco junto do batente da porta, pelo que esta, apesar de dispor de uma forte mola, não se fechara por completo. E também ninguém se deu conta de que, a coberto da confusão, um quarto homem se introduzira no átrio a gatinhar como uma criança. Quando se levantou, reuniu-se-lhe imediatamente o advogado de Nova Iorque, que seguira o porteiro na escada de mármore. Conservaram-se a um lado, enquanto este último conseguia finalmente expulsar os intrusos. Quando se voltou, viu que o advogado e o contabilista tinham descido da sobreloja e, com pedidos de desculpa, acompanhou-os à saída. Uma vez na rua, o contabilista emitiu um profundo suspiro de alívio. Espero nunca mais ter de fazer isto. Não se preocupe -tranquilizou-o o advogado. -Saiu-se estupendamente. Exprimiam-se em hebraico, porque o "contabilista" não falava qualquer outro idioma. Na realidade, era caixeiro de um banco em Beersheeva e encontrava-se em Viena na sua primeira e última missão secreta por ser irmão gémeo e idêntico do Arrombador, então encerrado na arrecadação da sobreloja, onde se conservaria durante doze horas. Mike Martin chegou a Ar Rutba a meio da tarde, depois de levar vinte horas a percorrer uma distância que normalmente não lhe consumiria mais de seis, de carro. Nos arrabaldes da vila, encontrou um pastor com um rebanho de cabras, o qual surpreendeu e encheu de alegria ao comprar-lhe quatro pelos dinares que lhe restavam, por um preço que era quase o dobro do que obteria no mercado. As cabras não pareceram contrariadas por serem conduzidas para o deserto, apesar de agora usarem cabrestos de corda. Ignoravam, naturalmente, que se destinavam apenas a justificar a razão pela qual ele percorria aquela área a sul da estrada, ao sol intenso da tarde. 419 O problema de Martin consistia em que não dispunha de uma bússola, pois ficara com o resto do seu equipamento no esconderijo da barraca em Maosour. Servindo-se do Sol e do seu relógio barato, determinou o melhor possível a localização do uade onde enterrara o transporte. Era um trajecto de oito quilómetros, retardado pelas cabras, mas a presença destas revelou^se útil em duas ocasiões; Soldados com os quais se cruzou na estrada acompanharam-no com a vista até que desapareceu ao longe, embora não o abordassem. Descobriu o uade que lhe interessava pouco antes do pôr-do-Sol e aproveitou o tempo que faltava para anoitecer para descansar, enquanto as cabras dispersavam, depois de as soltar. A máquina permanecia intacta, envolta num saco de plástico. Tratava-se de uma Yamaha de 125 centímetros cúbicos preta. Juntamente com ela, achava-se a bússola e uma pistola e respectivas munições, A arma era uma Browning de treze tiros, protegida; com um coldre que ele fixou com fita adesiva à coxa direita. Doravante, não haveria mais dissimulações. Se fosse interceptado, teria de disparar e pôr-se em fuga. Rolou durante toda a noite, a uma média muito melhor do que acontecera com os Land-Rover. À meia-noite, efectuou uma breve pausa para reabastecer de combustível a Yamaha, com o conteúdo de um dos depósitos de reserva e beber água e tragar parte das rações-K que também retirara do esconderijo. Nunca chegou a saber quando cruzou a fronteira, pois a paisagem era incaracterística, com uma extensão de rochas, areia e cascalho. Esperava certificar-se de que se encontrava em território saudita, quando alcançasse a Tapline Road, única auto-estrada naquelas paragens. O piso melhorava sensivelmente e ele deslocava-se a quarenta quilómetros horários, quando avistou o veículo. Se não estivesse tão cansado, teria reagido mais rapidamente, mas os reflexos eram afectados pela exaustão. A roda da frente da Yamaha colidiu com o arame atravessado na estrada e ele descreveu uma série de voltas, até se imobilizar de costas. Quando abriu os olhos, viu um vulto na sua frente e o brilho baço de metal. -Bouge pas, mec. ? Não se tratava de arábico. Martin esquadrinhou a memória e recordou-se vagamente de um professor que tentava ensinar--lhe os meandros da língua de Corneille, Racine e Molièré. 420 - Ne tirez pas-articulou, pausadamente. -Je suis angíais. Existem apenas três sargentos britânicos na Legião Estrangeira Francesa, um dos quais se chama McCuIlin. - Ah, sim? -replicou naquele idioma. -Para já, levante-se. De caminho, passe para cá a pistola, se não se importa. A patrulha da Legião encontrava-se muito a oeste da posição atribuída na linha dos Aliados e percorria a Tapline Road em busca de possíveis desertores iraquianos. Com o sargento McCuIlin a servir de intérprete, Martin explicou ao tenente francês que estivera no Iraque no exercício de uma missão. A revelação era perfeitamente aceitável para a Legião, pois actuar atrás das linhas constituía uma das suas especialidades. E, pormenor altamente útil para Martin, possuía um transmissor de rádio. O Arrombador aguardou pacientemente na escuridão da arrecadação durante o resto de terça-feira e ao longo da noite. Ouviu vários membros do pessoal do banco entrar nas instalações sanitárias, satisfazer as necessidades fisiológicas e retirar-se. Através da parede, detectava igualmente o ruído do elevador. Conservava-se sentado na pasta que o acompanhava e, de vez em quando, consultava o mostrador luminoso do relógio. Entre as cinco e meia e as seis, apercebeu-se do movimento dos funcionários em direcção à saída. Sabia que o guarda-nocturno chegaria às seis, admitido pelo porteiro, o qual, entretanto, se teria certificado de que todos se haviam retirado, em conformidade com as anotações na lista que possuía. Quando ele se retirasse por sua vez, pouco depois das seis, o guarda-nocturno trancaria a porta da rua e ligaria os alarmes. Em seguida, sentar-se-ia diante do televisor portátil que trazia sempre, até à hora da primeira ronda. Segundo a equipa yarid, até o pessoal da limpeza se achava sujeito a inspecção. Ocupava-se das partes comuns -salas, escadas e instalações sanitárias-durante as noites de segunda-feira, quarta e sexta, mas na de terça ninguém incomodaria o Arrombador. No sábado, voltava para limpar os gabinetes, sob as vistas do porteiro, que nunca se afastava. A rotina da vigilância nocturna era aparentemente sempre a mesma. O guarda efectuava três rondas-às dez da noite, e duas e cinco da madrugada. 421, No período entre a entrada em serviço e a primeira, via televisão e tragava o jantar que trazia de casa. No lapso de tempo mais longo, entre as dez e as duas, passava pelo sono, depois de acertar um pequeno despertador para o acordar. O Arrombador tencionava efectuar a sua tarefa nessa altura. Já vira o gabinete de Gemutlich e a espessa porta de madeira maciça, mas, afortunadamente, sem qualquer dispositivo de alarme. A janela continha um, e ele apercebera-se da leve protuberância de dois pedais entre o parquete e a carpeta. Às dez em ponto, ouviu o elevador deslocar-se para cima, transportando o guarda-nocturno, que iniciaria a ronda no último piso, onde verificara se as portas permaneciam trancadas, e desceria a pé até ao piso térreo. Por último, satisfeito com o resultado normal da inspecção, regressou ao poiso habitual e entreteve-se a ver um concurso gravado. Às 22.45, o Arrombador abandonou a arrecadação e subiu a escada até ao quarto andar, em plena escuridão. A porta do gabinete de Gemutlich consumiu-lhe quinze minutos, após o que entrou. Embora usasse uma fita em torno da cabeça para fixar uma minúscula lanterna eléctrica, puxou de outra maior e mais potente para inspeccionar o aposento. Conseguiu assim evitar os dois pedais que activariam o alarme e aproximar-se da secretária. Em seguida, apagou-a e voltou a orientar-se apenas pelo clarão da que tinha à cabeça. As fechaduras das três gavetas superiores não provocaram qualquer problema. Depois de tirar estas últimas, introduziu a mão e, após várias tentativas, localizou o botão que lhe interessava. Quando o premiu, soou um leve estalido e abriu-se um espaço estreito, com cerca de três centímetros, mas suficiente para conter vinte e duas folhas de papel fino, cada uma das quais era uma réplica da autorização oficial para movimentar as contas ao cuidado de Gemutlich. O Arrombador puxou de uma pequena máquina fotográfica e de um dispositivo metálico em que a montou para obter uma reprodução nítida. A folha do topo do pequeno maço descrevia o método de operar a conta aberta na manhã anterior pelo Vigilante, em nome do cliente fictício da América. A que lhe interessava figurava em sétimo lugar. Ele já conhecia o número, pois a Mossad depositara dinheiro na conta de Jericó durante dois anos antes de passar a trabalhar para os americanos. 422 Para descargo de consciência, decidiu fotografar todas. Por fim, certificou-se de que deixava tudo como o encontrara e à uma e dez regressara ao seu esconderijo na arrecadação. De manhã, aproveitou um momento em que o corredor se achava deserto, desceu ao átrio pela escada, misturou-se com as várias pessoas presentes para tratar de assuntos com o banco e transpôs calmamente a saída. Quando o helicóptero B\ackhawk depositou Mike Martin na Base Aérea Militar de Riade, ao meio-dia, havia um pequeno grupo de homens ansiosos à sua espera, entre os quais Steve Laing e Chip Barber. No entanto, Martin não contara com a presença do seu comandante, coronel Bruce Craig. Enquanto ele permanecera no Iraque, as posições do SAS no deserto a oeste da fronteira iraquiana haviam-se estendido a uma área mais vasta, com duas companhias das quatro existentes em Hereford. Conseguiu-a, Mike? -perguntou Laing. Consegui, mas não me foi possível enviá-la pela rádio. Explicou rapidamente o motivo e entregou a folha de papel dobrada que continha a última mensagem de Jericó. Ficámos preocupados, quando não apareceu nas últimas vinte e quatro horas -confessou Barber. -Executou um excelente trabalho. Uma pergunta simples, meus senhores -interpôs o coronel Craig. -Se já não precisam do meu oficial, posso recuperá-lo? Laing, que lia o texto da folha, decifrando o arábico o melhor que podia, ergueu os olhos. Acho que sim. Com os nossos sinceros agradecimentos. Um momento -acudiu Barber. -Que destino tenciona dar-lhe, coronel? Proporcionar-lhe alimento e uma cama mais ou menos confortável para que se recomponha... Tenho uma ideia melhor. Que diz a um bom bife com batatas fritas, uma hora imerso numa banheira de mármore e uma cama fofa? Já ouvi ofertas menos atraentes -disse Martin, com um sorriso. Muito bem, coronel. O seu homem vai-se instalar numa suite do Hyatt, perto daqui, durante vinte e quatro horas. De acordo? Não vejo qualquer inconveniente. Até amanhã a esta hora, Mike -despediu-se Craig. 423 No breve percurso até ao hotel diante do quartel general do GENTAF, Martin traduziu a mensagem de Jericó para Laing e Barber. -Excelente -declarou este último. -Os rapazes da aviação irão lá e arrasarão tudo. Martin permaneceu de facto imerso numa banheira de mármore durante uma hora, barbeou-se, lavou a cabeça e, quando emergiu da casa de banho, o bife com batatas fritas aguardava-o na sala. Achava-se a meio da refeição, quando o sono desencadeou uma ofensiva irresistível. Encaminhou-se para a confortável cama no quarto contíguo e adormeceu quase instantaneamente. Enquanto dormia, aconteceram várias coisas. Em Viena, Gidi Barzilai enviou os pormenores da movimentação da conta numerada de Jericó a Telavive, onde foi preparada uma réplica idêntica com o texto apropriado. Karim encontrou-se com Edith Hardenberg, quando ela saiu do banco, após mais um dia de trabalho, levou-a a tomar café e anunciou que tinha de ir à Jordânia durante uma semana, a fim de visitar a mãe, que adoecera. Edith aceitou a explicação, exerceu pressão na mão dele quando se despediram e rogou-lhe que voltasse o mais depressa possível. Seguiram ordens especiais do Buraco Negro para a base aérea de Taif, onde um aparelho 77-1 se preparava para descolar no cumprimento de uma missão no norte do Iraque, no intuito de fotografar um importante complexo de armamento em As-Sharqat. A missão sofreu algumas alterações, com novas coordenadas, especificamente para visitar e fotografar uma área em que se situava uma série de colinas no sector setentrional de Jebal ai Hamren. Quando o comandante da esquadrilha protestou, explicaram-lhe que as ordens se achavam subordinadas à palavra-chave de "Jeremias". Os protestos extinguiram-se imediatamente. O TR-1 descolou pouco depois das duas e, às quatro, as suas imagens começavam a aparecer nos ecrãs da sala de reuniões do Buraco Negro. Havia nuvens e chuva sobre a cordilheira Jebal, naquele dia, mas, graças ao seu radar de infravermelhos, o dispositivo ASARS-2, o avião espião obteve as fotografias que pretendia. Foram examinadas à medida que chegavam pelo coronel Beatty, das USAF, e o chefe de esquadrilha Peck, da Royal Air Force, os dois melhores especialistas na matéria do Buraco Negro. 424 A reunião de planeamento principiou às seis. Havia apenas oito horas presentes. Presidia o adjunto do general Horner, o igualmente firme, embora mais jovial, general Buster Glosson. Os dois membros dos serviços secretos, Steve Laing e Chip Barber, também tinham comparecido, porque haviam sido eles os reveladores do alvo e conheciam os seus antecedentes. Os dois analistas, Beatty e Peck, foram convocados para explicar a sua interpretação das fotografias da área. E havia igualmente três oficiais do estado-maior -dois americanos e um inglês-, que anotariam o que se devia fazer e providenciariam para que fosse feito. O coronel Beatty iniciou a sessão com aquilo que se tornaria o fulcro da reunião. Temos problema. Então, descreva-O-indicou o general. A informação referida dá-nos uma grade de referência. Doze algarismos: seis de longitude e seis de latitude. Mas não se trata de uma referência SATNAV que limite a área a meros metros quadrados. Estamos a falar de um quilómetro quadrado. Para jogar pelo seguro, alargámo-la para dois. E daí? --Aqui a temos. Beatty gesticulou em direcção à parede, que era quase totalmente ocupada por uma fotografia ampliada de alta definição, com cerca de dois metros de lado. Não vejo nada de especial -confessou o general.- Apenas montanhas. O problema é precisamente esse. Não está aí. O quê? -insistiu, enrugando a fronte, A peça. Qual peça? A chamada peça Babilónia. Estava convencido de que vocês tinham interceptado todas na fase de construção. -E fizemo-lo. Mas parece que nos escapou uma. Já discutimos o assunto. Trata-se de um míssil ou de uma base secreta de caças-bombardeiros. Nenhuma peça pode disparar um projéctil tão grande. Esta pode. Consultei Londres a esse respeito. Um cano de cento e oitenta metros de comprimento e um de diâmetro. Uma carga superior a meia tonelada e o alcance de mil quilómetros, consoante o propulsor utilizado, 425 e a distância daqui ao Triângulo?

-Setecentos e cinquenta quilómetros. Os seus "caças" podem interceptar um obus, general?



; -Não. - E mísseis Patriot? -Talvez, se estiverem no lugar apropriado no momento conveniente e o detectarem a tempo. As probabilidades são reduzidas. O essencial é que, peça de artilharia ou míssil, não se encontra lá -salientou o coronel Beatty. Está enterrado, como a fábrica de montagem de Al- -Qubai?-sugeriu Barber. Isso foi dissimulado com um cemitério de veículos - lembrou o comandante de esquadrilha Peck.-Aqui, não há nada. Estrada, cabos de alta-tensão, defesas, heliporto, arame farpado, barracões. Apenas uma paisagem árida de colunas, com vales no meio. E se tiverem recorrido ao mesmo estratagema que em Tarmiya?-aventurou Laing. -A colocação do perímetro de defesa muito longe do ponto fulcral. Já considerámos essa hipótese -disse Beatty. -Esquadrinhámos oitenta quilómetros em todas as direcções e nada. Somente uma pura operação ilusória? -aventou Barber. Nem pensar. Os iraquianos defendem sempre os seus bens valiosos, mesmo dos próprios compatriotas. Vejam isto.- Beatty aproximou-se da fotografia e indicou um grupo de cabanas.-Uma aldeia de camponeses nas proximidades. Fumo de lenha, cercados de cabras, outras à solta no vale... Talvez escavassem todo o interior da montanha-admitiu Laing. -Vocês fizeram-no, na de Cheyenne. Isso é uma série de cavernas, túneis e um conjunto de salas atrás de portas reforçadas -esclareceu Beatty. -Estamos a falar de um cano de cento e oitenta metros. Se alguém tentasse metê-lo no interior de uma montanha, vinha tudo abaixo. Impossível. Seguiram-se uns momentos de silêncio, com todos os olhares cravados na fotografia. No interior do quadrado, havia três colinas e parte de uma quarta. A maior das primeiras não se achava marcada por qualquer porta reforçada ou estrada de acesso. - Se não se encontra aí, por que não se bombardeiam os dois quilómetros quadrados? -propôs Peck -Assim a elevação ruía em cima da peça. 426 É uma boa ideia -aprovou Beatty -Podíamos utilizar os Buff, general. Posso apresentar uma sugestão? -perguntou Barber. Com certeza -assentiu o general Glosson. Se eu fosse Saddam Hussein, com a sua paranóia, e dispusesse de uma arma tão valiosa, confiaria a guarda a um homem da máxima idoneidade. E dar-lhe-ia ordens no sentido de que, se a fortaleza fosse submetida a um ataque aéreo, fizesse fogo. Por outras palavras, se as primeiras duas ou três bombas errassem o alvo... e dois quilómetros quadrados são uma área enorme... as restantes poderiam revelar-se inúteis, por demasiado tardias, ainda que fosse uma fracção de segundo. O general Glosson enrugou a fronte. Onde pretende chegar, Mr. Barber? Se o Punho de Deus se encontra no interior dessas colinas, está oculto com uma operação enganadora extremamente ardilosa. A única maneira de haver cem por cento de certeza de destruir consiste numa operação similar. Um único avião que atinja o alvo em cheio logo à primeira tentativa. Não sei quantas vezes vou ter de repetir isto -articulou Beatty, exasperado. -Não conhecemos a localização exacta do alvo. Creio que o meu colega se refere à marcação do alvo - observou Laing. Mas isso implica mais um avião-objectou Peck.- Como os Buccaneer a procederem à marcação para os Tornado. O próprio marcador do alvo tem de o ver primeiro. Com os Scud, resultou-recordou Laing. Pois, os homens do SAS marcaram os locais de lançamento dos mísseis e nós destruímo-los. Mas encontravam-se à superfície. Precisamente. Registou-se novo silêncio de alguns segundos. - Está a falar de colocar homens nas montanhas para nos fornecer um alvo de um quadrado com dez metros de lado - murmurou o general Glosson. O debate prolongou-se por mais duas horas. Mas regressava sempre ao argumento de Laing. - Primeiro localizá-lo, depois marcá-lo e por fim destruí-lo - e tudo sem os iraquianos se aperceberem antes de ser demasiado tarde. 427 À meia-noite, um cabo da Royal Air Force dirigiu-se ao Hotel Hyatt. Como não obtivesse resposta da suite, o recepcionista abriu-lhe a porta. O militar entrou no quarto e sacudiu pelo ombro o homem de roupão de banho que dormia profundamente. -Solicitam a sua presença na casa em frente, major.

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