Coleção História em Debate 2 História Ensino Médio


Galinhas Essas aves domésticas espalharam-se em razão da riqueza de seus ovos e de sua carne. Palmeiras



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Galinhas

Essas aves domésticas espalharam-se em razão da riqueza de seus ovos

e de sua carne.
Palmeiras

Elas forneciam palmito, coco e outros produtos considerados exóticos na Europa.


Cavalos, burros e jumentos

Eram utilizados pelos nativos americanos para transporte de cargas.



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©Sol 90 Images


Página 73

O impacto da criação de animais

O encontro entre europeus e nativos americanos foi espantoso para os dois povos, que se surpreenderam com as diferenças físicas, culturais e alimentares entre eles. Os conquistadores trouxeram ao Novo Mundo diversos animais que facilmente foram integrados à diversidade geográfica e às tradições culinárias locais.



Atividades

1. Qual foi o impacto nos hábitos alimentares dos seres humanos após a chegada dos europeus à América?

2. Explique a influência da domesticação dos animais na cultura europeia.

Professor, as orientações e respostas referentes a esta seção estão no Manual do Professor.


Página 74

Testando seus conhecimentos

Responda no caderno



1. (UFPA) Em 1533, ao descobrir a cidade de Cuzco, os espanhóis ficaram impressionados com o plano harmonioso de suas dimensões. O edifício mais notável da cidade era o Templo do Sol, o que revela a importância do culto solar, tanto que o Imperador Inca

Alternativa: a.



a) ao ser investido no cargo era transformado em “filho do Sol”, constituindo-se em mediador privilegiado nas relações deste mundo com o sobrenatural.

b) assumia o controle de todas as cerimônias religiosas, visto que o imperador era considerado da linhagem dinástica de Manko Kapaq.

c) desposava uma irmã, o que o envolvia cada vez mais com os laços familiares, tornando o incesto uma instituição necessária à manutenção da dinastia de Kapaq.

d) era apresentado como “órfão e pobre”, embora reconhecesse o grupo de parentesco como condição necessária para que fosse reconhecido como “filho do Sol” e tivesse o direito de morar no Templo do Sol.

e) estabelecia alianças com outras dinastias Incas, com o propósito de fortalecer o mito de Manko Kapaq e garantir a perpetuação de uma linhagem, ao mesmo tempo, divina e terrena.

2. (Enem) Segundo a explicação mais difundida sobre o povoamento da América, grupos asiáticos teriam chegado a esse continente pelo Estreito de Bering, há 18 mil anos. A partir dessa região, localizada no extremo noroeste do continente americano, esses grupos e seus descendentes teriam migrado, pouco a pouco, para outras áreas, chegando até a porção sul do continente. Entretanto, por meio de estudos arqueológicos realizados no Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí), foram descobertos vestígios da presença humana que teriam até 50 mil anos de idade. Validadas, as provas materiais encontradas pelos arqueólogos no Piauí

Alternativa: e.



a) comprovam que grupos de origem africana cruzaram o Oceano Atlântico até o Piauí há 18 mil anos.

b) confirmam que o homem surgiu primeiramente na América do Norte e, depois, povoou os outros continentes.

c) contestam a teoria de que o homem americano surgiu primeiro na América do Sul e, depois, cruzou o Estreito de Bering.

d) confirmam que grupos de origem asiática cruzaram o Estreito de Bering há 18 mil anos.

e) contestam a teoria de que o povoamento da América teria iniciado há 18 mil anos.

3. (Enem) O índio era o único elemento então disponível para ajudar o colonizador como agricultor, pescador, guia, conhecedor da natureza tropical e, para tudo isso, deveria ser tratado como gente, ter reconhecidas sua inocência e alma na medida do possível. A discussão religiosa e jurídica em torno dos limites da liberdade dos índios se confundiu com uma disputa entre jesuítas e colonos. Os padres se apresentavam como defensores da liberdade, enfrentando a cobiça desenfreada dos colonos.

CALDEIRA, J. A nação mercantilista. São Paulo: Editora 34, 1999 (adaptado).

Entre os séculos XVI e XVIII, os jesuítas buscaram a conversão dos indígenas ao catolicismo. Essa aproximação dos jesuítas em relação ao mundo indígena foi mediada pela

Alternativa: e.



a) demarcação do território indígena.

b) manutenção da organização familiar.

c) valorização dos líderes religiosos indígenas.

d) preservação do costume das moradias coletivas.

e) comunicação pela língua geral baseada no tupi.

4. (ESPM-SP) Figura ativíssima durante o século XVI, quando os espanhóis conquistaram e exploraram a América, o frei Bartolomeu de las Casas tornou-se conhecido por:

Alternativa: a.


Página 75

Responda no caderno



a) atuar como grande defensor da vida, da liberdade e da dignidade dos índios, tendo enfrentado diversos teólogos que defendiam a legitimidade da conquista e a escravidão dos mesmos.

b) haver sido o principal teórico a fornecer a justificativa teológica para a conquista espanhola da América e a escravização da população indígena.

c) criticar intransigentemente a utilização de escravos africanos nas regiões da América espanhola, sob a alegação de negros e espanhóis pertencerem à raça humana e de terem sido criados à imagem e semelhança de Deus.

d) teorizar sobre o direito ou não de os espanhóis escravizarem os indígenas embora jamais tenha vivido em terras da América.

e) elaborar a obra Brevíssimo relatório da destruição das Índias, que admitia o direito da coroa espanhola de conquistar a América e escravizar os indígenas em casos de guerra justa.

5. (Fuvest-SP) A colonização, apesar de toda violência e disrupção, não excluiu processos de reconstrução e recriação cultural conduzidos pelos povos indígenas. É um erro comum crer que a história da conquista representa, para os índios, uma sucessão linear de perdas em vidas, terras e distintividade cultural. A cultura xinguana – que aparecerá para a nação brasileira nos anos 1940 como símbolo de uma tradição estática, original e intocada – é, ao inverso, o resultado de uma história de contatos e mudanças, que tem início no século X d.C. e continua até hoje.

FAUSTO, Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

Com base no trecho acima, é correto afirmar que:

Alternativa: b.



a) o processo colonizador europeu não foi violento como se costuma afirmar, já que preservou e até mesmo valorizou várias culturas indígenas.

b) várias culturas indígenas resistiram e sobreviveram, mesmo com alterações, ao processo colonizador europeu, como a xinguana.

c) a cultura indígena, extinta graças ao processo colonizador europeu, foi recriada de modo mitológico no Brasil dos anos 1940.

d) a cultura xinguana, ao contrário de outras culturas indígenas, não foi afetada pelo processo colonizador europeu.

e) não há relação direta entre, de um lado, o processo colonizador europeu e, de outro, a mortalidade indígena e a perda de sua identidade cultural.

Para você ler

Breve história dos astecas, de Marco Antonio C. Obregón. Rio de Janeiro: Versal editores, 2015. O livro aborda a história dos astecas, suas origens míticas, as crenças e os rituais religiosos, além de destacar as construções monumentais desse povo. Traça ainda um panorama da conquista de seus territórios pelos espanhóis.

Índios no Brasil, de Manuela Carneiro da Cunha. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. A autora examina aspectos da história dos indígenas no Brasil e procura desconstruir preconceitos sobre a organização desses povos. Apresenta ainda um histórico dos direitos indígenas no país e os fundamentos para sua implementação.

Para você assistir

1492: a Conquista do Paraíso, direção de Ridley Scott. EUA/Espanha/França/Inglaterra, 1992, 155 min. Lançado em 1992, em comemoração ao 500º aniversário da chegada de Cristóvão Colombo às Américas, o filme mostra os efeitos desastrosos da chegada dos europeus sobre os habitantes nativos e a luta de Colombo para conquistar o Novo Mundo.



Para você navegar

Museu Nacional de Antropologia do México. Disponível em: . Acesso em: mar. 2016. O site, em espanhol, dá acesso virtual ao museu, cujo acervo conta a história do país desde antes da chegada de Cristóvão Colombo.


Página 76

3 Colonização da América: exploração e resistência

Neste capítulo
A América do século XXI
A empresa colonial espanhola
A empresa colonial portuguesa
A colonização da América Inglesa
Revolução Americana: a primeira reação americana contra a metrópole
Independências na América Espanhola
Independência da América Portuguesa


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Museu de Arte de São Paulo/The Bridgeman Art Library/Getty Images

Jean-Baptiste Debret (1768-1848). O caçador de escravos. Óleo sobre tela, 27 cm × 25,2 cm.

A chegada dos conquistadores ao continente americano no século XV mudou o “mapa do mundo”, pois essas terras não eram conhecidas até então, ao menos pelos europeus que aqui chegaram. E, ao desembarcarem no continente, eles depararam-se com uma enorme diversidade étnica e cultural.

Depois, veio a colonização. Espanhóis, portugueses e ingleses instalaram-se em seus domínios coloniais. Das terras que hoje formam o continente americano, retiraram metais preciosos, e nelas iniciaram produções agrícolas que visavam ao enriquecimento e ao sustento das metrópoles.
Página 77

O processo de colonização ocorreu de maneira diferente em cada região, pois dependeu dos interesses e da organização de cada metrópole.

Neste capítulo, abordaremos o processo de conquista e colonização do continente americano, as sociedades coloniais, a organização política, o trabalho, a vida cultural, as contradições entre metrópoles e colônias, os movimentos de rebelião e os processos emancipatórios.
Página 78

A América do século XXI

O continente americano que conhecemos hoje é fruto da combinação entre a colonização europeia, que se iniciou no século XVI, e a diversidade de povos que aqui viviam. Naquele período, os europeus encontraram um continente habitado por povos com enorme diversidade étnica e cultural. Algumas sociedades eram, inclusive, altamente organizadas social e economicamente.

Enquanto em países como a Bolívia e o Peru a maioria da população é formada por descendentes de indígenas, em outros, como a Colômbia e a Venezuela, predomina a descendência espanhola. No Brasil, temos ao mesmo tempo algumas áreas onde predominam os descendentes europeus e outras com grande número de afrodescendentes.

A atual divisão do continente em países é fruto dos movimentos de independência das metrópoles. Foram lutas que aconteceram de formas diversas em busca da libertação do jugo das nações conquistadoras. Assim se fez a América e assim ela se tornou dos americanos.

No texto a seguir, o autor define a América Latina no século XXI. Seu conceito pode ser estendido a todo o continente.

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Mark Green/Alamy Stock Photo/Latinstock

Mulheres da etnia quíchua vendendo tecidos tradicionais no Vale de Lares. Cuzco, Peru, 2013.

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Meridith Kohut/Bloomberg/Getty Images

Família de venezuelanos. Venezuela, 2014.

A América Latina pode ser vista como um vasto, complexo e movimentado laboratório de culturas e civilizações, formas de sociabilidade e jogos de forças sociais, etnias e racismos; compreendendo estruturas de dominação e apropriação, nativismo e nacionalismo, colonialismo e imperialismo; ingressando na época do globalismo. Parece um labirinto ou nebulosa, experimentando ciência e tecnologia, realizações e frustrações, ideologias e utopias. [...]

Ainda não se sabe se a América Latina é um continente, um conglomerado de territórios e fronteiras, ilhas e arquipélagos; uma coleção de nações geradas por dentro e por fora do colonialismo, imperialismo e globalismo, atravessadas pelo escravismo, enraizadas no indigenismo, afro-americanismo, iberismo, europeísmo, americanismo e ocidentalismo.

IANNI, Octávio. Enigmas do pensamento latino-americano. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. p. 2-3. Disponível em: . Acesso em: mar. 2016.


Página 79

A empresa colonial espanhola

A colonização da América foi parte do processo de expansão comercial europeia. Espanhóis e portugueses procuravam explorar suas colônias, colocando em prática uma política mercantilista. De acordo com essa política, as relações entre a metrópole e a colônia sempre beneficiariam a primeira, que reservava para si o monopólio (exclusividade) do comércio com suas colônias. Era o pacto colonial. matérias-primas e gêneros tropicais



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A mineração tornou-se, logo de início, a atividade econômica básica do império hispano-americano, conforme descrito no texto a seguir.

A busca das minas foi o motor da conquista: o processo da economia mineira – explorar até o esgotamento e, depois, partir para mais longe – marcou toda a economia da América Latina. Situadas pela natureza no coração da cadeia dos Andes, a 3.400 metros de altitude, e por vezes mais [...] as minas americanas foram devoradoras de índios fornecidos pela mita (rezava-se por eles o ofício dos mortos antes da partida). [...]

As minas americanas não marcaram apenas a economia do Continente: têm as maiores responsabilidades na história europeia. Houve entre a América e a Europa um amplo intercâmbio. [...] A América deu à Europa o fumo, o milho [...] mas deu-lhe sobretudo os seus metais preciosos. A sua responsabilidade na história europeia é capital. Quando, impelida pela sede de ouro e prata tanto quanto pela sua sede de especiarias, a Europa foi ao encontro da América, encontrou primeiro o ouro das Antilhas em pequena quantidade, mas, a partir de 1530-1540, a descoberta das minas de prata do México e do Peru, e a adaptação aos minérios americanos (1558- 1560, na Nova Espanha; 1572-1575, no Peru) do processo de fabrico por amálgama com o mercúrio, fez dar à produção de prata no Novo Mundo um salto prodigioso. Foi esse fato que desencadeou a crise dos preços no século XVI e salvou a Europa de uma nova Idade Média, permitindo a reconstituição de seu estoque metálico. A prata do México e, sobretudo, a do Peru escoam regularmente, [...], a partir de Sevilha, ponto inicial, através da Espanha, depois entra na França, na Itália, na Inglaterra, na Alemanha e nos Países Baixos, fortalecendo por todo o lado a economia, à sua passagem. Graças principalmente à abundância das espécies monetárias, o século XVI é um período de prosperidade.

CHAUNU, Pierre. História da América Latina. São Paulo: Difel, 1976. p. 55-56.

Mita foi o nome utilizado no Peru para designar uma organização de trabalho indígena que os espanhóis herdaram dos incas no Período Colonial. Essa forma de trabalho compulsório consistia em deslocar certo número de indígenas de suas comunidades para atuar quase ininterruptamente na extração de minérios. Como a atividade tinha prazo determinado, os indígenas trabalhavam por uma quantidade de meses, que variava de acordo com a região. Embora eles recebessem pelo serviço, as quantias eram irrisórias.
Página 80

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© DAE/Sonia Vaz

Fonte: BETHELL, Leslie (Org.). História da América Latina: a América Latina Colonial, 2. ed. São Paulo: Edusp; Brasília: Funag, 1998. v. 1. p. 100-101.

Pela leitura do texto, é possível perceber que os metais preciosos da América foram de suma importância para a economia europeia do período. Entre os anos de 1503 e 1660, chegaram à Espanha oficialmente (cabe salientar que o contrabando era intenso) cerca de 85 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata. Apesar de todas essas riquezas, a Coroa espanhola estava com graves problemas financeiros. Sem indústrias, com uma aristocracia dependente da Coroa, enfrentando guerras em diversas frentes, os espanhóis viviam na ilusão de que eram ricos e poderosos – já que, na verdade, as riquezas extraídas da América iam parar nas mãos de holandeses, franceses, italianos, ingleses e alemães como forma de pagamento das dívidas contraídas pela Espanha. Como se percebe, por intermédio da Espanha e também de Portugal, a América financiava as transformações no modo de produção europeu.


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ENTRADAS DE OURO E PRATA AMERICANOS NA CASA DE CONTRATAÇÃO DE SEVILHA

Período

Kg de ouro

Kg de prata

Valor total das entradas em milhões de pesos

1551-1560

42620

303121

17,86

1561-1570

11530

942858

23,34

1571-1580

9429

1118592

29,15

1581-1590

12101

2103027

53,20

1591-1600

19451

2707626

69,60

1601-1610

11764

2213631

53,38

1611-1620

8855

2192255

52,10

1621-1630

3889

2145339

49,67

1631-1640

1240

1396759

31,98

1641-1650

1549

1056430

24,36

Fonte: VILAS, Pierre. Oro y moneda en la historia (1450-1920) apud SANTIAGO, Théo (Org.). América Colonial. São Paulo: Ícone, 1988. p. 144.

A grande afluência de metais preciosos provocou a chamada “revolução dos preços” na Europa, ou seja, um gigantesco processo inflacionário. De acordo com o preceito mercantilista adotado pelos espanhóis, o acúmulo de metais preciosos representava o enriquecimento da nação. A consequên cia dessa política podia ser notada na pobreza da produção de manufaturas, no encarecimento dos meios de subsistência, no comércio especulativo e nos gastos exagerados de uma aristocracia improdutiva, o que contribuiu para aprofundar a pobreza das camadas sociais exploradas. Em suas colônias americanas, as autoridades espanholas não aplicaram integralmente a doutrina mercantilista, pois toleraram a continuidade da produção artesanal nativa mediante o sistema chamado de obraje.

As obrajes eram manufaturas de tecidos e roupas de lã da América Espanhola. Desenvolveram-se na região de Quito e no México. Para essa atividade, utilizou-se, de forma mais intensa, o trabalho escravo e a mão de obra livre assalariada. Indígenas e criminosos eram sentenciados a trabalhar nas obrajes por meses e até anos. As principais tarefas eram lavar, cardar, fiar e tecer. Eram oficinas de exploração, com baixa remuneração e péssimas condições de trabalho e alimentação.

Os colonos produziam os mais diversos artigos. À medida que as especialidades aumentaram, a produção colonial passou a fazer frente, com relação a qualidade e preços, à produção metropolitana.

O rendimento da economia colonial era baixo em razão dos métodos de exploração: as relações de produção – escravidão e relações “servis” – e a exploração metropolitana, que impedia o desenvolvimento das forças produtivas.

Nas colônias, as atividades mineradoras causaram grande impacto, por exemplo, o aumento dos rendimentos das coroas e também mudanças no dia a dia dos colonos, que passaram a ser escravizados para as atividades mineradoras.

Muitos vilarejos, e posteriormente cidades, desenvolveram-se graças ao aumento das atividades mineradoras. O caráter exploratório dessa relação fez com que a metrópole promovesse a retirada de minérios até o limite em determinadas regiões, o que, além de esgotar os recursos naturais da região, expunha as populações nativas ao trabalho exaustivo nas minas.

Um exemplo desse processo foram as minas de prata do Potosí, localizadas no Cerro de Potosí, no Alto Peru, atual território boliviano. Inicialmente, as



Glossário
Cardar: destrinchar, desembaraçar.

Página 82

minas foram lavradas e exploradas externamente, ou seja, em veios que corriam na superfície das montanhas. Entretanto, no decorrer da exploração, foram cavados túneis para explorar o interior das montanhas e retirar dali o máximo possível de riquezas.

Com o declínio da atividade mineradora, a exploração agropecuária – como as plantações de cana-de-açúcar, os engenhos, as plantações de cacau e café e a criação de gado, sobretudo nos pampas e planícies – passou a ter muita importância. O predomínio dos latifúndios, da mão de obra escrava africana e a produção voltada para o mercado externo caracterizaram esse período.



O trabalho nas minas

Nos séculos XVI e XVII, a busca por metais preciosos levou os espanhóis a ocupar todos os cantos do território americano, o que constituiu uma contribuição marcante para a rápida exploração e colonização do continente.



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Bildarchiv Steffens/AKG-Images/LatinStock

Antonio de Herrera y Tordesillas. As minas de Potosí, c. séc. XVI-XVII. Gravura.

Com o objetivo de encontrar ouro, os espanhóis colonizaram, primeiramente, as Antilhas, mas, tendo encontrado pouca quantidade desse metal, instalaram-se gradativamente em Istmo, Nova Espanha (atual México), e em seguida no Peru, regiões dotadas de muitas jazidas. Na busca por minérios, descobriram jazidas no atual México e, na América do Sul, nos Andes centrais orientais.

Conforme os distritos começaram a gerar aumento de renda para a Espanha, novas vilas foram surgindo em regiões antes habitadas apenas pela população nativa. As estradas e o comércio expandiram-se proporcionalmente ao desenvolvimento dos novos centros econômicos, possibilitando a circulação, pelas vilas mineiras, de mercadorias como roupas e vinhos, escravos da África, seda e especiarias do Oriente. Os habitantes das vilas pagavam por tudo isso com enormes quantidades de metais preciosos, o que gerou um grande acúmulo de minérios pelos espanhóis.

Nessas regiões, a mineração também estimulou o cultivo agrícola e a criação de gado bovino, o que contribuiu para o crescimento econômico e populacional.

Entretanto, esse grande crescimento se apoiou na exploração da mão de obra indígena, tendo em vista que as atividades mineradoras utilizaram o trabalho dos nativos em larga escala. As péssimas condições de trabalho, contudo, somadas à alimentação precária, ao alcoolismo (incentivado pelos europeus) e ao crescente endividamento – considerando os sistemas de exclusividade e cadernetas de compras nas vendas das vilas mineradoras –, contribuíram para desestruturar comunidades nativas. Os mitaiosque atuavam nas minas raramente voltavam para casa. A expectativa de vida era baixíssima em razão das doenças, dos acidentes e das duras condições de trabalho.

Essas condições contribuíram para a extinção de grande parte das populações nativas da América Espanhola, que migraram do ambiente rural para o urbano. Nesses locais, além de terem sido, muitas vezes, escravizados ou forçados ao trabalho em troca de pagamentos irrisórios, os indígenas tiveram sua cultura esmagada pelo sistema de produção imposto pelos colonizadores.



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