Coleção História em Debate 2 História Ensino Médio


Texto 2: O imperialismo japonês



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Texto 2: O imperialismo japonês

Desde a Revolução Meiji, o Japão também entrou na era do imperialismo. Mas, neste caso, trata-se de uma população numerosa e pobre e de um país exíguo e desprovido de matérias-primas, forçado a exportar a qualquer preço para poder se alimentar. Fruto da aliança entre as castas tradicionais, o exército e o mundo dos negócios, o expansionismo nipônico se dirige primeiramente à China, cujas ricas províncias do nordeste do país ele cobiça. Em 1894, ele destrói a frota chinesa, ocupa o sul da Manchúria, que sofre os ataques japoneses.

Depois de uma primeira entrada vitoriosa no continente, as operações se precipitam e, em maio de 1905, a marinha japonesa destrói a frota russa em Tsushima, no mar Amarelo. Pelo tratado de Portsmouth (Estados Unidos), o Japão obtém a metade sul da ilha de Sakalina e a concessão de Guandong e herda os direitos da Rússia sobre a ferrovia sul-manchuriana. Finalmente, em 1910, o império japonês anexa a Coreia.

BERSTEIN, Serge; MILZA, Pierre. História do século XX: 1900-1945 – o fim do “mundo europeu”. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2007. v. 1. p. 69.



Sugestões de aprofundamento

• CATANI, Afrânio Mendes. O que é imperialismo. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. (Coleção Primeiros Passos). Trabalho voltado ao estudo do conceito de imperialismo com base em obras consagradas dedicadas ao tema.

• COUTO, Sérgio Pereira. A extraordinária história da China. São Paulo: Universo dos Livros, 2013. Aborda um amplo panorama da História da China nas suas variadas dimensões: cultura, • religião, economia, política e sociedade.

• FORSTER, E. M. Uma passagem para a Índia. São Paulo: Globo, 2013. Relato sobre a Índia na época da dominação imperialista britânica • com foco nos choques entre as duas culturas.

• SAID, Edward W. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. O autor identifica as influências do pensamento imperialista na política e na cultura contemporâneas.

Orientações e gabaritos de atividades

p. 157 – Organizando ideias

Objetivo: entender os conceitos e as relações fundamentadas no poder econômico da sociedade contemporânea.

Orientação: além do aprimoramento da capacidade de interpretação de charge, uma das fontes históricas utilizadas no estudo da história, a seção traz, na terceira questão, uma oportunidade para que os alunos possam se manifestar em relação ao assunto tratado na tirinha. Destaque o poder crescente do dinheiro como mediador em diversas dimensões da vida nas sociedades capitalistas modernas, pautada, entre
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outros fatores, pelo consumismo. Se houver condições, os alunos podem, em pequenos grupos, compor suas próprias charges, mantendo a ideia da tirinha apresentada, e publicá-las no mural.



Respostas sugeridas

1. O jovem expressa uma opinião alinhada com os conceitos mercantis e comerciais que imperam atualmente. A opinião do militar, o avô, reflete uma concepção associada ao combate, ao confronto ideológico e, no caso, permeada por violência, típico das décadas anteriores, nas quais os conflitos que envolviam lados opostos da política eram resolvidos, não raramente, pelo uso da força.

2. Enquanto as concepções do avô são respaldadas por valores ideológicos, a concepção expressa pelo personagem mais jovem, o neto do militar, relaciona-se ao caráter comercial da sociedade contemporânea, na qual o dinheiro seria o intermediário natural das relações humanas. Essa tirinha expõe, portanto, as mudanças causadas pela expansão, no sistema capitalista, da sociedade de consumo, em que quase tudo acaba sendo reduzido à economia.

3. Resposta pessoal. Os alunos devem discutir a extensão do poder do dinheiro na sociedade atual. Assim, estimule-os a refletir na maneira que as pessoas se relacionam com o mundo: quais são as ideias, os conceitos, os valores morais, a ética e a política predominantes. Até que ponto os indivíduos devem abrir mão de suas crenças em prol do dinheiro é uma questão que deve ser discutida e aprofundada, pois em uma sociedade de consumo é comum as pessoas, de maneira geral, aceitarem que tudo pode ser mediado por dinheiro.

p. 159 – Pausa para investigação

Objetivo: a abordagem propiciada pela pesquisa estimula os alunos a compreender as transformações dos produtos comerciais e dos produtores ao longo dos séculos.

Orientação: o ideal é deixar claro que a Ásia é tanto um centro exportador de produtos quanto um polo de consumo, com grande destaque para a sociedade japonesa, ávida consumidora de diversos tipos de produtos (não só tecnológicos). Destaque também o consumo na China, país que, mesmo apresentando quedas sucessivas nos níveis de produção econômica, ainda é um forte mercado consumidor.

Resposta sugerida

Resposta de acordo com a pesquisa. Os alunos podem dar preferência aos produtos tecnológicos, atualmente exportados em larga escala por países asiá ticos, como a China e a Índia, que se aprimoram cada vez mais no ramo, além do Japão, tradicional desenvolvedor de novas tecnologias.



p. 162 – Pausa para investigação

Objetivo: compreender aspectos da história chinesa.

Orientação: a pesquisa deve ser integrada aos conhecimentos adquiridos ao longo do capítulo, assim, os alunos terão condições de elaborar textos com bastante informação e mais precisos. Oriente-os a compor textos não só informativos, mas a elaborar análises e observações críticas pautadas nas informações coletadas na pesquisa.

Resposta sugerida

Os ingleses foram motivados a comercializar com a China por causa dos produtos valiosos produzidos nesse país, como a seda e o chá, cujo valor no mercado europeu alcançava altas cifras. Eles conseguiram abrir os portos da economia chinesa, tradicionalmente fechada, e começaram a vender-lhes ópio, produto apreciado por grande parte da população. Contudo, o aumento na oferta desse alucinógeno começou a causar prejuízos às finanças da China, assim como à saúde das pessoas, motivando uma resposta incisiva do governo imperial e levando a uma guerra contra os britânicos. O Tratado de Nanquim (1842), apesar de ter selado o fim da guerra, não trouxe benefícios para a China. O império asiático foi forçado a aceitar os termos de rendição, que favoreciam os britânicos: indenizações, concessão de territórios e abertura comercial em algumas regiões. Não obstante, norte-americanos e franceses também aproveitaram para lucrar com o enfraquecimento da China. A população chinesa teve de encarar fome, epidemias e desemprego, houve aumento da corrupção e do vício em ópio e enfraquecimento do exército e da economia. Nesse cenário, em 1842, Hong Kong, antiga região dominada pela China, tornou-se território sob controle da Grã-Bretanha. As causas históricas desse evento podem ser encontradas, portanto, na derrota chinesa na Guerra do Ópio, que levou à entrega dos territórios de Hong Kong ao Império Britânico, entre outras concessões. Somente em 1997 a China conseguiu reaver a posse da região.



p. 163 – Organizando ideias

Objetivo: analisar a imagem e os aspectos do imperialismo na China.

Orientação: peça aos alunos que observem atentamente a imagem, identifiquem a região que está sendo partilhada e os personagens que atuam na partilha. Essa observação prévia os auxiliará na resolução das questões.
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Respostas sugeridas

1. A imagem mostra um chinês desesperado ao ver Inglaterra, Alemanha, Rússia, França e Japão dividindo seu território.

2. Os que estão à mesa são os representantes das potências imperialistas. O chinês que está atrás representa o povo dominado.

3. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos descrevam o imperialismo na China comparando-o com a imagem. Devem citar as ações imperialistas perpetradas pelas nações representadas na imagem e as consequências delas para a população chinesa.

p. 167 – Organizando ideias

Objetivo: entender o conflito entre China e Japão relacionado a um arquipélago no continente asiático.

Orientação: o texto mencionado é um trecho de uma reportagem sobre conflitos territoriais envolvendo a China e o Japão. Essa atividade ajuda os alunos a perceber que eventos do presente podem carregar muitos resquícios do passado. Mostra também a evolução das instituições internacionais, uma vez que a Organização das Nações Unidas (ONU) foi chamada para mediar o conflito.

Respostas sugeridas

1. A reportagem aborda o conflito diplomático entre China e Japão pela soberania de um arquipélago localizado no Mar da China Oriental, no Oceano Pacífico.

2. O governo chinês acusou o Japão de tomar o controle das ilhas Diaoyu, ou Senkaku (em japonês), de forma ilegal, e afirmou que o conjunto de ilhas pertencia à China desde tempos remotos. As autoridades japonesas reagiram rapidamente declarando que a China reclamou o controle das ilhas apenas recentemente.

3. O arquipélago motivo do conflito é abundante em recursos pesqueiros e pode ter reservas de gás natural, o que explica o interesse geopolítico das nações em oposição.

4. As ações imperialistas japonesas não são exclusivas dos tempos atuais, iniciaram no século XIX, com as medidas modernizantes decorrentes da pressão do Ocidente, em particular dos Estados Unidos, para que o Japão abrisse sua economia ao mundo. Antes dessa época, já em 1580, China e Japão se enfrentaram pelo domínio da Coreia, com vitória nipônica. Em 1895, mais uma vez chineses e japoneses enfrentaram-se pela dominação territorial e pelo aumento de influência na Ásia, especialmente o controle da Península Coreana. Outros confrontos opuseram o Japão à Rússia, como a disputa pela região chinesa da Manchúria, em 1905, com mais uma vitória do “país do Sol nascente”.

p. 170 – Organizando ideias

Objetivo: compreender as relações do domínio imperialista britânico sobre os indianos.

Orientação: leia os dois textos historiográficos e peça aos alunos que observem a ilustração. Explique-lhes que ela foi produzida no final do século XIX por um periódico francês. Você pode fazer uma comparação com o caso chinês, já estudado, e pontuar diferenças e semelhanças entre os dois exemplos mais sintomáticos do imperialismo britânico na Ásia.

Respostas sugeridas

1. Afetou principalmente suas estruturas sociais históricas, destruindo-as.

2. Para garantir que nada fugisse ao controle do dominador e assegurar a assimilação da situação pelos dominados.

3. Significa que o imperialismo foi o responsável pela destruição da estrutura social vigente, o que deixou os indianos suscetíveis ao domínio britânico.

4. A imagem mostra a fome e a miséria que assolaram a Índia em razão dessa dominação.

p. 171 – Resgate cultural

Objetivo: apresentar uma celebração tradicional indiana.

Orientação: o texto e as imagens apresentam o Festival Holi, festa popular indiana. Por meio desses elementos, é possível compreender uma das manifestações culturais da Índia e sua transformação ao longo da história.

Resposta sugerida

1. Resposta de acordo com a pesquisa. Espera-se que os alunos ressaltem a transformação da comemoração e sua apropriação pela comunidade indiana jovem ao redor do mundo, como forma de reforçar sua identidade cultural e se apropriar de antigas tradições.

p. 172-173 – Debate interdisciplinar

Objetivo: identificar a origem portuguesa de palavras da língua japonesa.

Orientação: como o texto ressalta, os jesuítas foram os primeiros ocidentais a traduzir esse idioma. Vale ressaltar que tiveram a mesma preocupação na época da colonização da América, quando viveram em contato com os indígenas. Após apresentar essas informações aos alunos, é interessante conduzi-los a concluir que a linguagem também foi um elemento importante nas diversas fases de expansão de um povo sobre outro, seja como instrumento de entendimento, seja como forma de submissão (como no caso dos índios da América portuguesa). Essa atividade pode ser realizada em conjunto com as disciplinas de Língua Portuguesa e Sociologia.
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Resposta sugerida

1. Na ordem em que aparecem na atividade: álcool, veludo, Jesus, inglês, capa, sabão, confeito, irmão e frasco.

p. 174 – Testando seus conhecimentos

Resposta sugerida

4. A Revolução Industrial, primeiro aspecto a ser considerado, incrementou a produção de bens em larga escala. Isso estimulou a busca por novos mercados, tanto consumidores quanto fornecedores de matérias-primas, como ferro e petróleo. Para resolver essa questão, as potências capitalistas estimularam a ampliação de mercados consumidores nos países da Ásia e da África. O fornecimento de mão de obra barata também foi um dos objetivos da corrida imperialista, fechando o ciclo redução de custos/maximização de vendas, com consequente ampliação dos lucros. Apoiando as empresas capitalistas, os Estados buscavam criar condições políticas e econômicas para ampliar o capital, o que aprofundaria ainda mais os monopólios industriais, típicos da fase imperialista do capitalismo.

Sugestão de atividade complementar

Reproduza o texto abaixo para os alunos.

A Inglaterra tem uma dupla missão a alcançar na Índia: uma destrutiva, outra regeneradora – aniquilação da velha sociedade asiática e a instalação dos fundamentos materiais da sociedade ocidental na Ásia. Árabes, turcos, tártaros, mongóis, que invadiram sucessivamente a Índia, foram prontamente “hinduizados”, com os conquistadores bárbaros sendo, por uma lei eterna da História, conquistados eles próprios pela civilização superior de seus assujeitados. Os britânicos são os primeiros conquistadores superiores e consequentemente inacessíveis à civilização hindu. Eles a destruíram destruindo as comunidades indígenas, extirpando-lhe a indústria indígena e nivelando tudo o que era grande e superior na sociedade indígena. A história de sua dominação na Índia não retrata outra coisa que seja diferente dessa destruição. [...]

MARX, Karl. Os resultados eventuais da dominação britânica na Índia [1853]. Marxists Internet Archives. Disponível em: . Acesso em: maio 2016.

Em seguida, pergunte aos alunos como Marx interpretou as ações imperialistas britânicas na Índia. Resposta sugerida Para Marx, os britânicos foram os primeiros a não ter sido submetidos à cultura hindu. Ao contrário, eles aniquilaram a sociedade local e destruíram o povo dominado.

6.6 África: do escravismo ao imperialismo

Nesse capítulo, é traçado um panorama da escravização na África, para os alunos compreenderem a situação interna desse continente e como os africanos passaram a protagonizar o “comércio de gente”, a partir da Era Moderna, em outras regiões do mundo.

São abordados aspectos referentes à escravização interna, ao comércio de seres humanos inaugurado pelos europeus e ao imperialismo, que dominou a região até o século XX.

É importante debater com os alunos a mentalidade dos europeus, que se consideravam seres superiores e, portanto, credenciados a dominar outros povos sem respeitar sua organização social e cultural. É fundamental salientar essa questão e buscar informações sobre essa mentalidade atualmente, se subsiste ou não.



Competências e habilidades

As competências trabalhadas nesse capítulo são: C1, C2, C3, C4, C5 e C6.

As habilidades desenvolvidas nesse capítulo são: H1, H3, H4, H5, H6, H7, H9, H10, H11, H14, H15, H18, H23, H27 e H29.

Objetivos

• Identificar a presença de escravidão no continente africano antes da chegada dos europeus.

• Perceber o caráter violento da escravização em qualquer situação.

• Identificar as diversas formas de escravização no continente africano.

• Compreender o posicionamento das religiões monoteístas com relação à escravidão.

• Reconhecer a pluralidade religiosa da África.

• Reconhecer os europeus como responsáveis pela dimensão comercial da escravidão.
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• Identificar as principais características do colonialismo europeu na África após o século XV.

• Considerar as principais características do neocolonialismo (imperialismo) entre o século XIX e início do século XX na África.

• Entender as teorias que explicam a expansão imperialista.

• Analisar o processo de disputa do continente africano pelas potências imperialistas.

• Identificar as formas de resistência dos africanos contra os imperialistas.



Conteúdo

• A escravização na África.

• Religião e escravidão.

• O colonialismo europeu.

• O imperialismo e a partilha da África.

• A disputa pelos territórios africanos.

• Os conflitos regionais.

• Os movimentos de resistência.



Textos complementares

Texto 1: Escravização no começo do século XIX

[...] Não há melhor testemunho para a consciência do processo de escravização do que o relato de Samuel Crowther, que foi capturado, juntamente com a sua família, durante uma das muitas batalhas que irromperam no território iorubano. As mulheres e crianças tinham tentado escapar dentro do matagal, mas “enquanto elas estavam procurando se desvencilhar dos arbustos, foram alcançadas e capturadas pelos inimigos com uma laçada de corda jogada sobre o pescoço de cada uma, para serem conduzidas à maneira das cabras amarradas juntas, sob direção de um homem. Em muitos casos uma família era violentamente dividida entre três ou quatro inimigos, e cada um levado embora, para não se verem mais. Seu humilde servo foi assim capturado – com sua mãe, duas irmãs (uma delas uma criança de cerca de dez meses) e uma prima – enquanto tentava escapar da maneira descrita acima”.

Joseph Wright, outro escravo ioruba que também deixou seu relato, registrou uma determinação semelhante por parte do exército escra- vizado. “Os inimigos se satisfaziam com crianças pequenas, meninas, jovens do sexo masculino e jovens do sexo feminino; e dessa forma eles não se importavam com as pessoas de mais idade e idosas. Eles as matavam sem misericórdia [...]. Uma profusão de pilhas de cadáveres estava nas ruas, e não havia ninguém para enterrá-los.” Na década de 1820, aproximadamente 115 000 escravos deixaram o golfo de Benim, enquanto nas décadas de 1830 e 1840, outros 187 000 escravos foram exportados, cerca de 88 000 na década de 1830 e 99 000 na de 1840. Depois disso o tráfico caiu rapidamente, de modo que apenas 23 000 escravos deixaram a região na década de 1850 e somente 3 000 na de 1860. O efetivo final do tráfico se relacionou com a abolição das exportações para o Brasil. E a ocupação britânica de Lagos, ambos ocorrido em 1850. A captura da vizinha Porto Novo pelos franceses na década de 1860 contribuiu para o bloqueio. No interior do continente, no entanto, a escravização e o comércio continuavam nos níveis anteriores.

As guerras iorubanas foram responsáveis por muitos novos escravos, e alguns seguiam da savana para o norte. A situação no interior tornou-se cada vez mais complexa. A escravidão foi uma instituição em expansão desde a década de 1850 até o início da década de 1890.

LOVEJOY, Paul E. A escravidão na África: uma história de suas transformações. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 223-224.

Texto 2: Autobiografias africanas

[Os] costumes dos europeus penetraram no país e destruíram tudo o que nos dava prazer, lamenta-se o zulu. O branco traz o cristianismo e ensina a leitura e a escrita. Ele prega a ordem na vida cotidiana e trava o combate contra as doenças. Conhece e faz mil coisas que impressionam, e a pessoa se aproxima delas com paixão e ao preço de sacrifícios. Todavia, ele permanece como o senhor e difunde a opressão. Ele é o tíbio que “só ama da boca para fora”, o fugidio que se esquece de você amanhã, se não precisar mais de você. É o injusto cuja boca profere facilmente a mentira, o ímpio que espanca anciãos diante dos filhos e dos subordinados deles.

[...]
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Mais tarde, os hábitos dos europeus penetraram no país; tudo o que nos dava prazer foi aniquilado, tudo o que mais amávamos porque o tínhamos aprendido de nossos pais. Os europeus nos dispersaram por toda parte, afirmando: “Vocês fazem seus bois pastarem em nossas fazendas”. Eles discutiam sobre isso com nossos pais, os anciãos do povo. Nós vimos alguns, convocados a partir para servir os europeus; eles serviam porque nós vivíamos na fazenda. Se uma família não tinha filhos, devia dar um boi a cada ano. Outros se arranjavam mais agradavelmente, não tinham nada a pagar, mas deviam vigiar as ovelhas ou o gado dos europeus. Quem se recusasse a fazer isso era espancado, por mais velho que fosse. Muito nos surpreendia, a nós, crianças, isso de ver um homem idoso, que já trazia o círculo sobre a cabeça, ser surrado pelos europeus. Isso nos surpreendia porque nós ignorávamos que um homem idoso pudesse ser surrado por outro homem [...].

M’BOKOLO, Elikia apud FERRO, Marc (Org.). O livro negro do colonialismo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. p. 543.

Sugestões de aprofundamento

• FERREIRA, Carolin Overhoff. África: um continente no cinema. São Paulo: FAP-Unifesp, 2014. Nessa obra, a pesquisadora mergulha na produção cinematográfica africana em uma tentativa de superar visões estereotipadas e mapear o caminho percorrido por diretores e cineastas na busca por espaço e pela descolonização do imaginário.

• FLORENTINO, Manolo. Em costas negras: uma história do tráfico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX). São Paulo: Editora da Unesp, 2014. O historiador se aprofunda nas estruturas que possibilitaram ao Brasil ser o maior importador de escravos africanos entre os séculos XVI e XIX.

• HERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula: visita à História Contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005. Ampla obra dedicada à África contemporânea que abrange do domínio imperalista à conquista de Estados nacionais independentes.



• SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. Obra que se dedica ao estudo dos povos africanos que viveram no continente desde a Pré-História até o período anterior à colonização europeia.

Orientações e gabaritos das atividades

p. 178 – Organizando ideias

Objetivos: exercitar a capacidade de inferência dos alunos sobre o significado da escravidão do ponto de vista do indivíduo que é escravizado e também desenvolver a empatia, ao se colocar no lugar do outro.

Orientação: você pode explorar os sentimentos, que são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades sociais, perguntando aos alunos: O que vocês sentiram durante a elaboração do texto e a etapa de pesquisa de documentos? Como vocês se sentiriam se estivessem no lugar dos escravos? De que forma se poderia tentar resistir a essa situação de afronta aos direitos humanos mais básicos, a começar pelo direito à vida?

Resposta sugerida

1. Resposta pessoal, a depender das hipóteses levantadas pelos alunos e da pesquisa documental. Importa salientar que, a despeito de diferenças locais, em geral, os laços sociais de amizade e de parentesco do escravo eram rompidos violentamente, ele era expurgado de seus hábitos, expulso de seus locais de convívio e transformado em um ser inferior aos olhos dos escravizadores. Os alunos têm à disposição fontes diversas (imagens e textos) que podem ser encontradas na internet – como o Museu Afro Brasil, mantido pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, cujo endereço eletrônico é (acesso em: maio 2016), ou em livros e revistas que abordem o assunto da escravidão africana.

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