Organizando ideias
Pensando a respeito da origem dos povos americanos, responda às questões seguintes.
1. Quais são as teorias citadas no texto sobre o povoamento da América? O que elas afirmam?
2. Em sua opinião, por que as pesquisas sobre a chegada dos primeiros habitantes ao continente americano divergem tanto?
Professor, as orientações e respostas referentes a esta seção estão no Manual do Professor.
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A chegada dos europeus à América
A chegada dos europeus à América está relacionada ao processo de expansão marítima que interligou regiões do mundo até então desconhecidas.
Foram vários os acontecimentos que impulsionaram essa expansão. Entre eles, destacamos a tomada de Constantinopla pelos turcos, que prejudicou o lucrativo comércio de especiarias entre o Ocidente e o Oriente e intensificou a necessidade de os europeus encontrarem novas rotas comerciais. Além disso, o aperfeiçoamento das técnicas de navegação, o surgimento das caravelas e a invenção de novos instrumentos náuticos foram fundamentais para a expansão europeia dos séculos XV e XVI.
O caso dos espanhóis
A serviço da Espanha, Cristóvão Colombo (1451-1506) chegou ao continente que mais tarde foi chamado de América no dia 12 de outubro de 1492, aportando em uma ilha que os indígenas denominavam de Guaanani, pertencente ao atual arquipélago das Bahamas, a qual ele batizou de São Salvador. Acreditando ter chegado às ilhas do continente asiático, na região que era chamada genericamente de Índias, denominou os nativos de índios.
Colombo realizou ainda mais três viagens à América (1493-1494; 1498; 1502-1504), sempre acreditando tratar-se da Ásia Oriental. O nome América apareceu pela primeira vez em um mapa de Martin Waldseemüller (1507), como homenagem ao navegador florentino Américo Vespúcio, que, na obra Mundus Novus (Novo Mundo), relatara suas viagens ao novo continente.
Em seus contatos com os povos originários da América, Colombo escreveu que nunca tinha encontrado pessoas de tão bom coração e tanta franqueza, e descreveu os indígenas como curiosos e amistosos com os desconhecidos. No entanto, desde o primeiro momento, deixou claros seus objetivos colonizadores construindo um forte e aprisionando alguns indígenas para enviá-los como curiosidade ao rei Fernando e à rainha Isabel, da Espanha.
Coleção particular
Martin Waldseemüller. Mapa Universalis cosmographia secundum Ptholomaei traditionem et Americi Vespucii alioru[m]que lustrationes, 1507. Xilogravura, 1,37 m × 1,44 m.
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A atitude de Colombo para com os índios decorre da percepção que tem deles. Podemos distinguir, nesta última, duas componentes, que continuarão presentes até o século seguinte e, praticamente, até os nossos dias, em todo o colonizador diante do colonizado. Estas duas atitudes já tinham sido observadas na relação de Colombo com a língua do outro. Ou ele pensa que os índios (apesar de não utilizar estes termos) são seres completamente humanos com os mesmos direitos que ele, e aí considera-os não somente iguais, mas idênticos e este comportamento desemboca no assimilacionismo, na projeção de seus próprios valores sobre os outros ou então parte da diferença, que é imediatamente traduzida em termos de superioridade e inferioridade (no caso, obviamente, são os índios inferiores): recusa a existência de uma substância humana realmente outra, que possa não ser meramente um estado imperfeito de si mesmo. Estas duas figuras básicas da experiência da alteridade baseiam-se no egocentrismo, na identificação de seus próprios valores com os valores em geral, de seu eu como o universo; na convicção de que o mundo é um.
TODOROV, Tzvetan. A conquista da América. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 51.
A partir do século XVI, os espanhóis instalaram-se nos territórios americanos, apropriaram-se deles e submeteram a população local pela força, assumindo desse modo o controle da região.
Coleção particular
Representação do primeiro encontro entre Cristóvão Colombo e nativos americanos. Litografia colorida à mão, de D. K. Bonatti, 1827.
Organizando ideias
O texto a seguir é do cronista Gonzalo Fernandes de Oviedo, que descreve, no século XVI, a conquista espanhola da América.
O Almirante Colombo encontrou, quando descobriu esta ilha Hispaniola, um milhão de índios e índias [...] dos quais, e dos que nasceram desde então, não creio que estejam vivos, no presente ano de 1535, 500, incluindo tanto crianças como adultos, que sejam naturais, legítimos e da raça dos primeiros índios [...]. Alguns fizeram esses índios trabalhar excessivamente. Outros não lhes deram nada para comer como bem lhes convinha. Além disso, as pessoas desta região são naturalmente inúteis, corruptas, de pouco trabalho, melancólicas, covardes, sujas, de má condição, mentirosas, sem constância e firmeza [...]. Vários índios, por prazer e passatempo, deixaram-se morrer com veneno para não trabalhar. Outros se enforcaram pelas próprias mãos. E quanto aos outros, tais doenças os atingiram que em pouco tempo morreram [...]. Quanto a mim, eu acreditaria antes que Nosso Senhor permitiu, devido aos grandes, enormes e abomináveis pecados dessas pessoas selvagens, rústicas e animalescas, que fossem eliminadas e banidas da superfície terrestre [...].
OVIEDO, Gonzalo Fernandes de. In: ROMANO, Ruggiero. Mecanismos da conquista colonial. São Paulo: Perspectiva, 1973. p. 76.
1. Qual é a opinião do cronista sobre os nativos da América?
2. Segundo o autor, qual foi a justificativa para o massacre dos nativos americanos?
3. A visão do cronista denota etnocentrismo? Explique.
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O caso dos portugueses
No decorrer do século XV, os portugueses enviaram várias expedições em busca de caminhos alternativos para alcançar as Índias. Assim, encontraram diversas regiões habitadas e passaram a conquistá-las. A primeira foi Ceuta, em 1415, seguindo a exploração das regiões costeiras do continente africano. Somente em 1498, numa expedição comandada por Vasco da Gama, os portugueses aportaram em Calicute, na Índia.
Após o retorno de Vasco da Gama, a Coroa portuguesa enviou uma nova expedição para formalizar as relações comerciais com as Índias. Essa expedição, que partiu de Portugal em março de 1500, era comandada por Pedro Álvares Cabral, que, propositalmente ou não, desembarcou em terras ao sul do atual estado da Bahia em 22 de abril de 1500.
Assim como as regiões a que os espanhóis chegaram, a porção sul da América era habitada por povos étnica e culturalmente diferentes, espalhados por um imenso território.
Os contatos iniciais foram pacíficos, conforme relata o escrivão Pero Vaz de Caminha na carta escrita ao rei de Portugal, Dom Manuel, descrevendo as terras e os povos que habitavam a Ilha de
Vera Cruz, primeiro nome dado às terras que hoje formam o Brasil. Nas expedições dos anos seguintes, eles perceberam que não se tratava de uma ilha e alteraram o nome para Terra de Santa Cruz.
A primeira riqueza encontrada nessas terras e enviada à Europa foi o pau-brasil, árvore abundante, de cujo tronco se extraía um corante para tecidos de alto valor comercial. Nas primeiras décadas (1500-1530), os portugueses vieram ao Brasil basicamente para extrair pau-brasil. Essa árvore acabou inspirando um apelido para as novas terras portuguesas: Terra do Brasil.
Inseridos no modo de pensar europeu, os portugueses não procuraram compreender o universo cultural do indígena. Sua concepção de mundo estava fundamentada na religião e nas práticas mercantilistas, e era difícil entender as crenças e práticas dos nativos que cultuavam elementos da natureza e praticavam (alguns grupos) a antropofagia. Os nativos também não entendiam o conceito europeu de propriedade da terra ou de exploração de seus recursos naturais para a obtenção de lucro.
Cartografia Histórica/USP, São Paulo
Giacomo Gastaldi, Giovanni Battista Ramusio. Delle navigazioni e viaggi, 1556. Aquarelado à mão, 29,8 cm × 39,2 cm. Neste mapa, é possível visualizar a retirada do pau-brasil pelos indígenas, que o entregavam aos portugueses em troca de utensílios europeus, numa relação de escambo.
Professor, se necessário, retome com os alunos a discussão sobre a posse das terras da América Portuguesa.
A relação dos indígenas com a terra era bem diferente da estabelecida pelos europeus. Além de usufruir coletivamente dela, os nativos identificavam nos elementos naturais suas representações religiosas.
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Dessa forma, não tinham a intenção de explorar a terra com exclusividade, uma vez que eles se consideravam parte dos elementos presentes nela.
Apesar da associação dos indígenas à imagem de passividade, a curiosidade e amorosidade iniciais, descritas nos relatos de colonizadores e visitantes do Novo Mundo, foram substituídas por reações contrárias à colonização a partir do momento em que as intenções portuguesas de implantação de um sistema agrícola para exploração, escravização e catequização dos povos indígenas, entre outros objetivos religiosos e mercantilistas, foram reveladas.
Antropofagia é o ato de um ser humano ingerir uma ou várias partes do corpo de outro ser humano durante um ritual mágico ou cerimonial.
A antropofagia era comum em diversas comunidades espalhadas por quase todos os continentes, já que muitos povos cultivavam a crença de que, ao se alimentar da carne de seus inimigos, podiam tomar para si as melhores características deles.
Organizando ideias
O trecho a seguir é parte da carta escrita por Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, na ocasião da chegada dos portugueses a terras americanas. Leia-o e depois faça o que se pede.
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d’agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do
que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!
CAMINHA, Pero Vaz. A carta. Disponível em: . Acesso em: mar. 2016.
1. No trecho da carta ao rei de Portugal, o autor reafirma o objetivo mercantil que norteava a Expansão Marítima portuguesa nos séculos XV e XVI. Explique essa afirmação.
2. De acordo com a visão religiosa católica dos portugueses, eles deveriam “salvar” os indígenas. Essa visão é etnocêntrica? Explique.
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O caso dos britânicos
Os ingleses não foram pioneiros na chegada ao território que hoje conhecemos como América do Norte. Há, por exemplo, vestígios concretos da presença dos vikings no atual Canadá, quase cinco séculos antes da chegada de Colombo ao continente.
Franceses, espanhóis e muitos outros já haviam chegado aos atuais Estados Unidos e até mesmo feito contato com as populações indígenas da região. Entretanto, a partir do século XV, os portugueses e espanhóis, que detinham o controle hegemônico da navegação no Oceano Atlântico, dividiram a nova porção de terras encontrada com o intuito de explorá-la com exclusividade.
Contestando o controle do novo continente exercido por Portugal e Espanha, a Inglaterra passou a praticar pirataria realizando muitos saques às riquezas carregadas pelas embarcações das potências de então.
Glossário
Entre Douro e Minho: região ao Norte de Portugal situada entre o Rio Ninho (ao norte) e o Rio Douro (ao sul).
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A Inglaterra, todavia, não se concentrou apenas em roubar os navios ibéricos. No fim do século XV, a Coroa inglesa nomeou encarregados para explorar a América e, na década de 1580, a rainha Elizabeth I concedeu permissão para que a colonização na região fosse iniciada.
A princípio, o projeto de colonização inglês era parecido com os projetos ibéricos, nos quais o soberano europeu concedia partes das novas terras a nobres, que passavam a ser responsáveis por seu povoamento e desenvolvimento econômico.
Mesmo assim, os ingleses inicialmente tiveram muitas dificuldades para se instalar nas novas terras, pois sofreram com doenças e ataques indígenas. No entanto, a partir de 1600, o grande aumento da população nas cidades inglesas fez com que a ideia de uma colônia que abrigasse parte dessas pessoas e ainda gerasse acúmulo de riquezas fosse vista com simpatia.
A partir de então, muitos grupos de pessoas, chamados de companhias, com diferentes objetivos, dirigiram-se para a América com o apoio financeiro da Coroa inglesa. Órfãos, mu - lheres pobres e grupos religiosos, entre outros, passaram a ocupar o território da América do Norte lentamente, dando início ao que se tornaria as Treze Colônias inglesas e, mais tarde, os Estados Unidos.
Three Lions/Getty Images
Currier & Ives. A chegada dos peregrinos em Plymouth. Gravura, nov. 1620.
Organizando ideias
O texto a seguir aborda aspectos da colonização inglesa na América do Norte. Leia-o e depois faça o que se pede.
O processo de êxodo rural estava acentuando-se no decorrer do século XVII. Esse processo inundava as cidades inglesas de homens sem recursos. A ideia de uma terra fértil e abundante, um mundo imenso e possível de enriquecer a todos era um poderoso ímã sobre essas massas.
Naturalmente as autoridades inglesas também viam com simpatia a ida desses elementos para lugares distantes. A colônia serviria, assim, como receptáculo de tudo que a metrópole não desejasse. [...]
Ao contrário de Portugal, nação de pequena população, a Inglaterra já vivia problemas com o crescimento demográfico no momento do início da colonização dos Estados Unidos. Portugal sofreu imensamente com o envio dos contingentes de homens para o além-mar. A Inglaterra faria da colonização um meio de descarregar no Novo Mundo tudo o que não fosse desejável no Velho. [...]
Em 1620, a Companhia de Londres [empresa responsável pela colonização na América] trazia cem órfãos para a Virgínia. Da mesma maneira, mulheres eram transportadas para serem leiloadas no Novo Mundo. É natural concluir que estas mulheres, dispostas a atravessar o oceano e serem vendidas na América como esposas, não eram integrantes da aristocracia intelectual ou financeira da Inglaterra.
KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. p. 44-45.
1. De acordo com o autor, o que levava a Coroa inglesa a incentivar a imigração para a América?
2. Analisando as informações, descreva o perfil dos imigrantes ingleses que iam para a América.
3. Compare a imagem de Currier & Ives com o texto de Leandro Karnal. Anote as semelhanças e diferenças no modo como os ingleses que vieram colonizar a América do Norte são representados.
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A América antes dos europeus
Estudar a história da América antes da invasão europeia é uma tarefa difícil, pois muitas sociedades ameríndias não deixaram textos escritos, e os documentos encontrados até hoje sofreram diversas interpretações, o que dificulta uma percepção adequada de como os nativos americanos viviam. Devemos destacar ainda que inúmeros povos desapareceram sem deixar muitos vestígios, tornando o estudo complexo e sujeito a constantes revisões.
A procura e a interpretação desses vestígios feitas pelos arqueólogos – que buscam, em objetos, pinturas e outros registros, indícios de costumes, cultos religiosos, hierarquia social, alimentação, hábitos funerários, entre outras pistas – possibilitam-nos entender melhor as sociedades ameríndias anteriores à chegada dos europeus.
Um grande desafio surge quando não há documentação escrita produzida pela sociedade estudada, naquilo que chamamos, por convenção, de Pré-História. O historiador que se volta para o passado mais recuado confronta-se com vestígios materiais, em geral, muito limitados. Ossos fossilizados de animais e/ou de humanos, indícios de ocupação no solo, como fogueiras ou buracos feitos por suportes de barracas, restos de objetos de pedra, ou líticos, e, nos casos mais recentes, de cerâmica. Como então avançar na pesquisa? [...]
Na pesquisa e na análise histórica, as fontes que surgem integram-se ao que já é conhecido sobre a sociedade estudada e sobre as sociedades humanas, em geral, e em particular sobre aquelas semelhantes ou comparáveis àquela que nos interessa. No caso das sociedades sem escrita, há que se estudar, antes, o que se disse ou se registrou sobre tais sociedades, o que se sabe sobre o papel da oralidade nesses grupos sociais, as relações pessoais e face a face, sua interação com o meio ambiente, sua religiosidade. São, portanto, leituras de caráter metodológico, antropológico e filosófico que devem ser feitas pelo pesquisador.
FUNARI, Pedro Paulo. Os historiadores e a cultura material. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2006. p. 94-95.
Durante longo período, o continente americano foi povoado por caçadores e coletores. Somente por volta de 5000 a.C. iniciou-se na região um processo que culminou na agricultura. Esse processo não abrangeu todas as sociedades, e aquelas que desenvolveram a agricultura não o fizeram da mesma forma.
Enquanto alguns grupos de nativos americanos mantiveram a caça e a coleta como atividades principais – como os esquimós, que habitavam as regiões geladas –, outros incorporaram também a agricultura a suas atividades, por exemplo, algumas sociedades indígenas brasileiras. Outras sociedades – como a dos maias, astecas e incas –, por sua vez, organizaram-se em torno de Estados, com uma hierarquia bem definida e construção de grandes centros habitacionais e áreas agrícolas capazes, inclusive, de produzir excedentes utilizados em relações de troca de produtos.
Quando os europeus chegaram à América, no século XV, encontraram sociedades organizadas em Estados vivendo na região da América do Norte, da Mesoamérica (terras do atual México e parte da América Central) e na região andina (atuais territórios do Peru, Equador, norte do Chile e Bolívia). Algumas dessas culturas apresentavam sistemas de escrita, desenvolvimento matemático e astronômico, calendários (muitos deles mais precisos que os dos europeus) e grandes centros habitacionais que chegavam a surpreender os recém-chegados.
Glossário
Ameríndio: nome dado aos indígenas da América.
Lítico: formado por fragmentos de rochas.
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Os maias
A civilização maia desenvolveu-se na Península de Yucatán, onde hoje é o sul do México, Guatemala, Belize e partes de El Salvador e Honduras.
A mais antiga inscrição maia data de 292 a.C. e foi encontrada em Tikal, atual Guatemala. Contudo, sabe-se que essa civilização começou a se desenvolver muito antes e foi influenciada culturalmente por povos que a antecederam na região, destacando-se os olmecas, zapotecas e teotihuacanos.
A base da economia maia era a agricultura. As terras eram cultivadas coletivamente, porém os camponeses tinham de pagar tributos pelo seu uso, já que, em última instância, elas pertenciam ao Estado.
Do ponto de vista político, os centros urbanos estavam ligados a vários tipos de “confederações” ou “reinos”. Uma elite formada por sacerdotes e militares detinha o poder e executava as cerimônias religiosas. À frente dos “reinos”, estava o halac uinic (o “homem verdadeiro”), uma espécie de rei-sacerdote. Corporações de artistas, artesãos, camponeses e escravos completavam o quadro social.
Os maias eram politeístas, sua religião deificava a natureza e seus cultos eram singulares. Os ritos sacrificais tinham um papel fundamental na religião. Eles acreditavam que o sangue humano era o que tinham de melhor para oferecer às divindades, procurando nutri-las para mostrar agradecimento ou apaziguá-las em caso de escassez ou seca. Sacrificavam também animais, especialmente o jaguar. Os sacrifícios acompanhavam todos os tipos de cerimônias: coroações de soberanos, festas do calendário, casamentos dos monarcas e ritos de consagração dos templos. Havia também o autossacrifício, que consistia na oferta do próprio sangue obtido pela punção de certas partes do corpo. Reis, rainhas e sacerdotes perfuravam a própria língua e os órgãos sexuais com instrumentos pontiagudos. Essa prática, junto com a dança e a ingestão de substâncias alucinógenas, levava-os a um estado de transe e a ter visões alucinatórias. O autossacrifício era realizado para alimentar a terra visando a boas colheitas.
Em razão da falta de registros precisos, não podemos afirmar com segurança quais foram os motivos que levaram ao declínio da sociedade maia. Entretanto, acredita-se que, por volta do ano 900, tenha começado um processo de desestruturação social que levou a população a abandonar os grandes centros e a se dispersar. Supõe-se que, com a queimada e a devastação das matas, causadas pela agricultura itinerante, houve desgaste do solo, dificultando a alimentação da população, então já bem numerosa. Nesse contexto, ocorreram muitas revoltas internas motivadas pela falta de alimentos e de recursos, o que, somado a um longo período de seca e à invasão da Península de Yucatán, fragmentou gradativamente a sociedade maia.
World History Archive/Ann Ronan Collection/Easypix Brasil
Afresco do século XI, localizado no sítio arqueológico de Bonampak (Chiapas, México). Na imagem vemos o chefe (chamado de Batabob) vestindo uma roupa cerimonial feita com pele de jaguar.
Depois que abandonaram os grandes centros urbanos, os maias voltaram a se reorganizar ao norte da Península de Yucatán. Essa fragmentação tornou possível a conquista do território pelos espanhóis, que chegaram à península em 1511 e depois no final da década de 1520. O fato de a sociedade maia ter se dispersado nas regiões ao norte da península fez com que o processo de dominação pelos espanhóis acontecesse lenta e gradualmente, mas não de modo menos incisivo, já que a estratégia de colocar uma região contra a outra causou grandes guerras entre os diferentes agrupamentos maias.
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Organizando ideias
1. Com base em seus conhecimentos sobre a sociedade maia, responda às questões.
a) Como a sociedade maia era organizada?
b) De que forma a organização dos maias, no começo do século XVI, facilitou a conquista espanhola da Península de Yucatán?
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