Contributo dos sig na análise da distribuição da Obesidade, Diabetes e Hipertensão Estudo de caso nas Unidades de Saúde Familiar do aces espinho/Gaia



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Em 2009 a prevalência da diabetes era de 11,7% da população, correspondendo a 905 mil indivíduos com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos.

Verificou-se a existência de uma diferença estatisticamente relevante na prevalência da diabetes entre os homens e as mulheres com maior prevalência nos homens em todas as idades, com menor destaque na faixa etária dos 60 aos 79 anos.

De acordo com o INE e a Direção Geral de Saúde estima-se que sejam diagnosticados anualmente em Portugal, entre 500 e 700 novos casos de Diabetes por 100 000 habitantes. (OND, 2010)

Complicações associadas

Alberti et al. (2007) advertem que cerca de 75 a 80 % das pessoas com diabetes morrem de doença cardiovascular, estando simultaneamente sujeitas a um risco redobrado de doença coronária ou cerebrovascular. O mesmo autor (citando Manuel D, Schultz S.(2001)) estima em 12 a 14 anos de vida perdidos devido à mortalidade prematura associada à diabetes.

As complicações aliadas à doença ocorrem ainda ao nível dos pequenos vasos sanguíneos (microvascular), onde se incluem as lesões oculares, doenças renais e o pé diabético (que em situações extremas pode conduzir a amputação)3 responsáveis por elevada morbilidade e deterioração da qualidade de vida (WHO, 2006)

A diabetes e a obesidade surgem como doenças crónicas em expansão, constituindo importantes fatores de risco para as principais causas de morte em Portugal (doenças cardiovasculares e cancro) e conduzindo a elevados custos sociais e financeiros(ACS, 2010)

A relação entre obesidade e diabetes mellitus tipo 2 é clara, indivíduos com excesso de peso têm um risco de desenvolver diabetes cerca de 3 vezes superior ao da população com peso normal. O aumento de 1 kg no peso corporal aumenta em 9% o risco de se desenvolver diabetes.(Silveira, 2003)

.HIPERTENSÃO ARTERIAL

O que é a Hipertensão Arterial

A pressão arterial define-se como a pressão que o sangue exerce, aquando da sua circulação, sobre a parede das artérias4. A hipertensão arterial acontece quando o coração ao bombear o sangue, este exerce uma força excessiva contra a parede das artérias. (Miranzi et al., 2008)

A pressão sanguínea normal apontada é <120/80 mmHg (milímetros de mercúrio). Os casos de pressão arterial ≥140/90 mmHg definem-se como hipertensão (referindo-se o primeiro valor à pressão sistólica e o segundo à pressão diastólica). Os casos em que a pressão sistólica ronda a medida de 120–139 mmHg ou a pressão diastólica se apresenta entre os 80–89 mmHg são definidos como situações de pré-hipertensão(WHO, 2009)

De forma usual, apenas um dos valores surge fora do padrão. «Quando os valores da “máxima” estão alterados, diz-se que o doente sofre de hipertensão arterial sistólica; quando apenas os valores da “mínima” se encontram elevados, o doente sofre de hipertensão arterial diastólica.»4O primeiro caso é mais usual em idades avançadas.

Causas e fatores de risco

A hipertensão arterial é uma doença de natureza multifatorial, associada habitualmente a alterações metabólicas e hormonais . (Miranzi et al., 2008)

O portal da saúde 4, refere que quase 90% dos casos de diagnóstico de hipertensão não têm causa conhecida, no entanto, não raras vezes, esta doença surge como consequência de outras patologias diagnosticadas previamente (alguns exemplos referidos: a apneia do sono, a doença renal crónica, a coartação da aorta ou a doença tiroideia).

Os níveis de tensão arterial têm tendência a aumentar com o avançar da idade, assim, este é por si só um fator de risco, ao qual se acresce a hereditariedade(Carlos, Palha, Veiga, & Beccaria, 2008). O Portal da Saúde aponta que cerca de dois terços das pessoas com mais de 65 anos, em Portugal, sofrem de hipertensão, sendo a hipertensão sistólica isolada, o diagnóstico mais frequente neste grupo etário.

Pierin AMG, Mion Jr D (2001) citado por Carlos et al. (2008) indicam que nas classes etárias até aos 50 anos, a prevalência é superior nos indivíduos do género masculino, sendo a partir daqui, superior no sexo feminino.

Os maus hábitos alimentares, o excessivo consumo de sal, o sedentarismo e o tabagismo são comportamentos modificáveis que estão também associados a esta doença(Ferreira & Zanella, 2000).

A obesidade é indicada como um fator importante que concorre no aumento dos níveis de pressão arterial, estando a perda de peso amplamente recomendada no tratamento da hipertensão. (idem)

Complicações associadas

A hipertensão arterial é frequentemente apontada como causa de insuficiência renal crónica e de doenças cardiovasculares (como cardiopatia isquêmica, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca) (Costa et al., 2007).Indíviduos com hipertensão e diabetes têm o risco de mortalidade por doença cardiovascular duplicada, aumentando também o risco de retinopatia ou nefropatia (lesão renal).

A OMS aponta que a descida da pressão arterial tem comprovadas melhorias nas complicações mencionadas, e que por cada 10 mmHg de descréscimo na pressão arterial sistólica conduz a uma redução da mortalidade relacionada com diabetes em 15 % e com enfarte de miocárdio em 11%, independentemente do género. (WHO, 2009)

A hipertensão representa por isso um dos fatores de risco de morbilidade e mortalidade cardiovascular, todavia ela está muito associada à obesidade estimando-se que o índice de massa corporal elevado poderá explicar até 30% dos casos de hipertensão arterial. Ferreira and Zanella (2000) referindo um estudo de Kannel et al. (1961) estimaram que para cada quilograma de peso ganho, pelos participantes no estudo, a pressão arterial sistólica subia 1 mmHg.

SÍNDROME METABÓLICA

A hipertensão somada à obesidade e à diabetes estão associadas à síndrome metabólica. Esta refere-se a uma série de factores de risco cardiovasculares de origem metabólica, normalmente de tendência progressiva (vão-se somando doenças e aumentando o risco cardiovascular).(Silveira, 2003) Alguns estudos epidemiológicos indicam a prevalência elevada desta síndrome nas sociedades ocidentais, e a tendência para o seu agravamento como resultado da epidemia de obesidade, em particular nos grupos etários mais jovens.(Fiuza, Cortez-Dias, Martins, & Belo, 2008; WHO, 2003)

Fiuza et al. (2008)

O meio- Questões sócio económicas

Ficou já demonstrada a importância da obesidade, diabetes e hipertensão como determinantes na mortalidade e morbilidade associadas a problemas cardiovasculares.

No entanto, percebe-se também a importãncia que as os hábitos alimentares e o estilo de vida têm no incremento da prevalência destas doenças.

Para além do envelhecimento populacional, os padrões de atividade física inadequados existem também fatores ambientais culturais e psicológicos associados à disseminação das patologias em análise (Ferreira & Zanella, 2000; Santana, 2005)

A Organização Mundial de Saúde (2009) refere que os componentes da síndrome metabólica frequentemente ocorrem no seio da mesma família, estando o ambiente familiar fortemente ligado ao “contágio”.

Um fato que reforça este cenário é que mais de 95% dos diagnósticos de obesidade se justificam por questões nutricionais ou exógenas (L. D. Soares & Petroski, 2003). Neste seguimento Berheman & Kliegman, (1994) citado por L. D. Soares and Petroski (2003) aventa que uma criança cujos pais são obesos possui 80% de hipóteses de desenvolver obesidade, caindo a probabilidade ( 40%) se apenas um dos pais for obeso, ou se forem ambos com peso normal (7%).

Santana, Nogueira, and Santos (2007) referem a existência de “ambientes “obesogénicos” que propiciam o aumento de peso, pois promovem excessos ao nível do aporte calórico e/ou por desencorajam o dispêndio de energia nas rotinas quotidianas.

Desta forma, não apenas os comportamentos individuais justificam a existência das enfermidades, o Alto Comissariado da Saúde (2010) aponta a importância da estrutura social cultural e económica onde o indivíduo se insere, demonstrando que o combate tem de ser feito muito para além (a montante e a jusante) dos serviços de saúde.

Havendo de forma genérica uma associação entre a degradação do estado de saúde com a diminuição do rendimento e a classe social menos favorecida (Santana, 2005), a pobreza material é apontada em diversos países como um indicador fortemente ligado à obesidade(Popkin, 2004).

Da mesma forma, os níveis de instrução estão relacionados com a compreensão e adesão ao tratamento, estando os baixos níveis de escolaridade, em primeira instância, associados a comportamentos alimentares pouco esclarecidos e por isso frequentemente erróneos.(Carlos et al., 2008)

O rendimento e a educação são por isso «dois atributos individuais indispensáveis que potenciam o acesso a diferentes estilos de vida com impacto na saúde e a cuidados de saúde de boa qualidade e com grande potencial de intervenção». (Santana 2005:77)

A ocorrência de “clusters” de vulnerabilidade onde a coexistência de vários fatores de risco serve como potenciador de doença começa a ser defendida em vários estudos. (Popkin, 2004; Santana, Nogueira, & Santos, 2006; Santana, Santos, & Nogueira, 2009)

O índice de massa corporal pode ser influenciado pela existência ou não de equipamentos desportivos, a privação socio material e os níveis de criminalidade. (Santana, 2005)

Num estudo sobre a prevalência de hipertensão arterial e fatores associados Costa et al. ( 2007) indicam uma percentagem superior a 30% de indivíduos pertencentes às classes média baixa, pobre e muito pobre. No mesmo estudo, concluiu-se que os indivíduos com menos de quatro anos de escolaridade tinham quase duas vezes mais probabilidade de apresentar hipertensão arterial.

Numa análise sobre diabetes e hipertensão Miranzi et al. (2008) apontam que 33,3% dos pacientes eram analfabetos e 56,7% tinham a escolaridade obrigatória incompleta.

Os esforços direcionados para a alteração dos estilos de vida têm repercussões ao nível do controlo da obesidade, diabetes e hipertensão, no entanto estes têm de ser direcionados a toda a população e em especial aos grupos de risco. ( Tavassoli et al., 2011)

Sistemas de Informação Geográfica (Sig)

Os sistemas de informação geográfica (Sig) são sistemas de apoio à decisão de âmbito territorial, orientados para a resolução de problemas envolvendo a integração de dados georreferenciados. (Cowen, 1988).

A base de dados regista atributos de entidades, atividades ou eventos espacialmente distribuídos, representados por pontos, linhas ou áreas.

A organização do Sig permite a análise estatística e de modelos espaciais dos fenómenos estudados, possibilitando a realização de “questões” sobre as entidades espaciais que integram a base de dados.(Santana, 2005)

As ferramentas disponíveis nos Sig permitem então recolher, armazenar, recuperar, transformar e visualizar dados sobre o mundo real (Burrough,1986).

Tendo a sua génese entre as décadas de 1960 e 1970 nos Estados Unidos, os sistemas de informação geográfica vivem a sua maior disseminação a partir de 1980 com a democratização da utilização da internet, a melhoria das características de processamento dos computadores e a disponibilização, mais recente, de informação cartográfica por diversas entidades.

Os setores público, comercial e industrial foram responsáveis pelo desenvolvimento dos Sig, uma vez que o acréscimo exponencial das base de dados nestes setores, criaram um know-how muito relevante, transportado para os Sig e, sucessivamente, incrementando a sua eficiência( Esteves 2010)

Para além do hardware e software os Sig têm como componentes importantes a informação geográfica e a inteligência humana. (Marnoto, 1999 cit por (Santana, 2005)

A informação geográfica é a grande riqueza e por vezes a grande dificuldade no funcionamento de um Sig, informações de diferentes fontes têm muitas vezes projecções diferentes não havendo homogeneidade nas informações.(Matos, 2001)

Neste seguimento, foram assumidas regras de representação, elementos de qualidade que permitam que toda a informação obedeça aos mesmos critérios de consistência lógica, exactidão posicional ou exactidão temática (referindo apenas alguns exemplos)

Esta uniformização possibilita que a informação seja partilhada e (re)utilizada por diferentes utilizadores, assumindo as mesmas premissas.

A nível europeu a CORINE (Coordination of Information on the Environment), constitui um programa que providencia um exemplo da criação de um ambiente SIG à escala internacional, (responsável pela uniformidade na aquisição de dados, racionalizando a recolha, de acordo com técnicas específicas e controladas).

No nosso país, refira-se a COS´90 que estipula a utilização pelas Câmaras Municipais do sistema de coordenadas ETRS-89 e a escala 1:25000 na classificação dos usos do solo. (Esteves, 2010)

Os Sig exigem muito mais dos seus utilizadores que os tradicionais mapas e arquivos, isto por causa dos perigos da sua má utilização onde informação importante pode ser alterada inadvertidamente. Se por um lado os Sig fazem com que hoje seja possível não só apresentar a qualquer pessoa de uma forma acessível, esclarecedora e interactiva, o conhecimento científico sobre o território e as suas constantes evoluções, por outro colocam novos desafios na seleção de informações relevantes, uma vez que o excesso de informação pode também tornar-se “desinformação”.(Neto, 1998)

Os SIG em Portugal

Os sistemas de informação geográfica tiveram a sua primeira implantação em Portugal, no final da década de 1960 no extinto Gabinete da Área de Sines, um projeto que permitiu aferir das vantagens desta ferramenta (apesar de bastante rudimentar se comparada com as potencialidades atuais) num conjunto de dados económicos, sociais, demográficos e biofísicos, representados num sistema de quadricula cuja área variava entre o decámetro e o quilómetro quadrado (Grancho, 2006)

Em 1985 o munícipio de Almada devido à necessidade de condensar informação dispersas nos vários departamentos da autarquia, arranca com a utilização de um software Sig, sendo o primeiro passo na utilização dos Sig a nível autárquico. (idem).

Atualmente os Sistemas de informação geográfica encontram-se já bastante disseminados tanto na esfera da cartografia pública como na utilização por entidades privadas e empresas.

O entusiasmo de crescimento da década de 1990 acalmou, incrementando-se a utilidade dos sistemas, cada vez mais direcionados para responder às necessidades dos utilizadores.

Presentemente os Sig estão difundidos no setor privado bem como no setor público, nos municípios e a nível nacional com o Instituto Geográfico Português- organismo responsável pela execução da política de informação geográfica- estando as informações, cada vez mais acessíveis ao público (como exemplo refira-se o Atlas do Ambiente)

Sig e Saúde



«Place makes the difference» (Santana, 2005:42)

Esta é cada vez mais a ideia que justifica a disseminação dos sistemas de informação geográfica aplicados à saúde.

Para além de permitirem estudos da epidemiologia ambiental, ajudam no planeamento e simulação perante situações de desastre, conseguindo conciliar informações do meio físico e social com dados epidemiológicos tendo em vista a promoção e prevenção da saúde (idem) (tabela 4)

«A categoria espaço tem valor intrínseco na análise das relações entre saúde e ambiente e no seu controle. Conhecer a estrutura e dinâmica espacial permite a caracterização da situação (entendida também no sentido lato de lugar) em que ocorrem eventos de saúde.» (Barcellos & Bastos, 1996:390)

Os Sig têm sido utilizados em diversas situações, como na definição de um local ótimo para a instalação de um novo hospital, ou ainda para estudos de acessibilidade dos pacientes aos equipamentos de saúde tendo em atenção diversos fatores.

Assim, não apenas o mapeamento dos fenómenos em saúde como também a exploração, cruzamento de dados e criação de modelos são um papel importante a ser desempenhado pelos Sistemas de informação geográfica.(Higgs & Gould, 2001), que permitem ainda a consideração de um importante fator em análises em saúde, o tempo. (Kistemann, Dangendorf, & Schweikart, 2002)

Desta forma, os Sig, coligados com técnicas de análise espacial podem auxiliar na busca de uma melhor compreensão sobre as interações do indivíduo e do meio, no âmbito da saúde pública. (Lopes, 2010)

Atualmente existem já vários centros de investigação que utilizam os Sig na saúde pública, como é o caso das americanas Agency for Toxic Substances and Disease Registry e US Environmental and Protection Agency5 ou ainda a Organização Mundial de Saúde com o programa “Public Health Mapping and GIS”6

Em Portugal, o Web Sig7 assim como os estudos de reorganização da rede hospitalar e das urgências médicas são exemplos de projetos ligados à àrea da saúde com forte sustentação nas ferramentas Sig. No entanto esta utilização é ainda muito embrionária, justificada também pelos constrangimentos da informação disponível e pela confidencialidade associada aos dados.

Potencialidades

Fraquezas

Integração de dados de fontes diversas

Detecção de problemas e monitorização em saúde

Validação de dados

Identificação detalhada de insconsistências

Suporte na decisão e planeamento de cuidados de saúde

Suporte ao planeamneto das respostas por parte dos profissionais de saúde perante emergência ou acidente

Permite compreender como a exposição ao meio ambiente influencia a saúde humana

Possibilita a criação de modelos epidemiológicos



Sem informação não é possível desenvolver o Sig

A informação geográfica nem sempre está disponível em forma digital

Muitas vezes a informação toponímia apresenta-se contraditória

Não há normalização dos padrões cromáticos e de intervalos de classes na apresentação cartográfica dos resultados de morbilidade e/ou mortalidade, por exemplo

Desequilíbrios entre o que se recolhe e o que se pretende extrair da informação

Os dados são dearticulados no tempo

Os dados não são normalizados

Critérios díspares de preenchimento do nome

Apresentção apenas do último local de residência

Omissão e/ou mau preenchimento dos registos

A confidencialidade dos dados

Discrepância temporal entre os fatores de risco e a eclosão da doença, sobretudo em doenças crónicas

A qualidade dos dados é discutível: há falta de sistematização, repetição e representação; precariedade na comparabilidade dos dados; variabilidade dos dados; grande percentagem de causas de morte desconhecidas; a morbilidade conhecida é, sobretudo, de base hospitalar; Mau conhecimento das doenças de notificação obrigatória


Tabela : Síntese das potencialidades e fraquezas do Sig aplicado à área da saúde

(fonte: adaptado de Santana (2005)



Análise Espacial

Uma análise espacial pressupõe um conjunto de medidas e observações num ou vários atributos de acordo com uma localização específica.

O propósito desta análise está relacionado com a criação de modelos ou com o acesso a diferentes hipoteses de acordo com a organização dos dados, segundo parâmetros espaciais ou não espaciais. (Haining, 1990)

A identificação e o mapeamento de “clusters” de maior concentração de um determinado indicador têm sido ferramentas importantes em estudos de análise espacial de diversa índole.

Respondendo à questão: há clusters espaciais com significância estatística ou a distribuição é aleatória? E onde estão esses clusters? João (2009) criou um modelo hot spot da criminalidade no concelho de Lisboa realizando a partir da correlação dos dados de criminalidade ocorrida, previsões de evolução estagnação e ocorrência de crimes.

Aplicada à área da saúde Almeida, Andrade, and Ortiz (2009) avaliaram a autocorrelação espacial da dengue e das variáveis significativamente correlacionadas com a enfermidade. A conclusão foi que os problemas de saneamento básico contribuem significativamente para a disseminação da doença.

Lopes (2010) estabeleceu correlações entre os problemas de saúde respiratória e as queimadas de cana-de-açúcar na região centro sul do Brasil, utilizando técnicas de análise espacial e modelos estatísticos. O resultado foi o mapeando dos clusters e a sua análise à luz da dependência espacial, concluindo uma correlação positiva entre os internamentos por patologias respiratórias e as queimadas de cana de açúcar e, uma correlação negativa entre os internamentos e variáveis sócio-económicas.

A análise de um padrão espacial nos bebés com baixo peso à nascença e a sua correlação com factores socio-económicos e ambientais, na Índia levou Francis, .S., Mohan, Balraj, and George (2012) a indicarem cerca de 10 locais como hot spots relacionando, nas mães, a baixa instrução e a anemia como preditivos de baixo peso à nascença nos bebés.

Michaelis (2011) por seu lado, defendendo que os Sig podem servir para ajudar na prevenção de doenças e epidemias criou um modelo de risco para a saúde testando-o na diabetes de tipo 2 (em Humboldt County na Califórnia), relacionando a doença com diversos parâmetros sócio-economicos, cujo peso pode ser ajustado de acordo com as necessidades do estudo. Esta ferramenta demonstra que é possível modelar alguns parâmetros e identificar áreas de maior risco de ocorrência das doenças, abrindo um leque de investigação para técnicos de saúde e planeadores nessas áreas que, carecerão de maior estudo e acompanhamento.

Dos estudos referidos emerge a pertinência da utilização dos Sig na análise de fenómenos com correlação espacial, tendo em conta que muitos dos problemas enfrentados pelos serviços de saúde têm forte componente geográfica.

.CASO DE ESTUDO

Partindo da ideia base: Analisar e perceber a distribuição da obesidade, diabetes e hipertensão nas freguesias de influência das Unidades de Saúde Familiar (USF) de Espinho Gaia, procedeu-se à georreferenciação de todos os utentes com pelo menos uma destas patologias.

Após a utilização de 3 softwares, a taxa de sucesso foi de 93%, num total de 24 559 indivíduos, dos quais 22 723 foram georreferenciados.

As falhas de registo, foram eliminadas numa fase inicial, no entanto nas moradas não localizadas (7%), estão incluídas situações de moradas incompletas, sem número de porta, ou sem indicação específica de local, apenas com designações de bairro ou lugar.

Esta questão remete-nos mais uma vez para a necessidade de um correto registo de todas as informações do utente, por forma a permitir a utilização de informações noutros sistemas que não o de registo das Unidades de Saúde

João (2009) refere o mesmo problema no tratamento de dados de criminalidade em Lisboa, tendo optado o autor por fazer uma georreferenciação somente à escala da freguesia.Pina and Olhero (2004) na georreferenciação de participantes de um estudo epidemiológico denominado EpiPorto refere uma taxa de 84% na georreferenciação realizada de forma automática.

Importa também referir que a georreferenciação em micro-áreas depende da qualidade da base cartográfica, com arruamentos atualizados e informações sobre o nome das ruas, assim como o número de polícia inicial e final dos segmentos das ruas. Porém, o acesso a estas bases é difícil e limitado uma vez que a sua aquisição pode ser muito dispendiosa. Neste trabalho utilizamos uma base fornecida pela ESRI ao abrigo de um protocolo com a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com algumas lacunas que comprometeram o sucesso da georreferenciação no Arc-Gis.

Ultrapassada a fase de georreferenciação, pretendeu-se fazer um estudo ao nível da subsecção, procurando definir-se os principais dados sócio económicos associados à prevalência das três enfermidades.

Mantendo a escala da subsecção e recorrendo à estatística espacial, investigou-se a existência de zonas de maior vulnerabilidade e nestas, qual o comportamento dos dados sócio económicos identificados anteriormente.

Refira-se que os dados utilizados, no caso da diabetes dizem respeito aos diabéticos de tipo I e II assim como, no caso da obesidade incluem as situações de obesidade e excesso de peso, não havendo desagregação dos dados optou-se por trabalhar o conjunto.

O estudo debruçou-se especificamente sobre as USF, pelo que se optou pelo exame focado nas freguesias indicadas como área de influência das Unidades. Todavia, por acharmos importante manter a análise das 23 freguesias, no que à distribuição dos pacientes diz respeito, optou-se pela representação da distribuição das patologias mantendo as 23 freguesias, como forma de perceber também a dispersão dos utentes inscritos nas USF.

Sempre que nos foi possível recorremos a dados dos Censos 2011, contudo, dada a restrição dos dados disponíveis à subsecção, utilizou-se apenas a população residente 2011 optando-se pelos resultados de 2001 na análise dos parâmetros socioeconómicos.

Na realização dos mapas recorreu-se à representação por “natural breaks8, este método de classificação agrupa os dados de acordo com disparidades significativas entre eles, estabelecendo as classes com base nessas diferenças.

O Agrupamento de Centros de Saúde de Espinho e Gaia

Tendo como propósito a melhoria da centralidade do cidadão no âmbito da organização dos cuidados de saúde primários, em 2008 lançaram-se as bases legais para uma nova estrutura dos cuidados de saúde a este nível. Com o Decreto -Lei n.º 28/2008, de 22 de Fevereiro, as sub- regiões de saúde deram lugar aos Agrupamentos de Centros de Saúde9 (ACES) definidos como «um agrupamento de concelhos, a um concelho ou a grupos de freguesias, tendo em conta a necessidade da combinação mais eficiente dos recursos disponíveis e determinados fatores geodemográficos» devendo a sua delimitação corresponder às NUTS III

A portaria n.º 273/2009 de 18 de Março define a área Geográfica do Agrupamento de Centros de Saúde do Grande Porto IX — Espinho/Gaia. (Fig.3)





Figura : Enquadramento do Agrupamento de Centros de Saúde Porto IX- Espinho e Gaia no contexto dos Agrupamentos de Centros de Saúde de Portugal Continental

Atualmente o ACES Espinho Gaia integra todo o concelho de Espinho (5 freguesias), A freguesia de Lomba (concelho de Gondomar) e 17 freguesias do concelho de Vila Nova de Gaia numa área que ronda os 159 km2. (Fig.4)

O ACES Espinho Gaia inclui 8 Unidades de Saúde Familiar, que são os postos acerca dos quais analisamos a informação, e 15 Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados.10





Figura : Enquadramento das freguesias que compõem o Agrupamento de Centros de Saúde de Espinho e Gaia

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