mento para fora».) Existera outras alteraçöes do estado do corpo que so
säo perceptiveis pelo dono do corpo em que ocorrem. Mas as emoçöes vao
além da sua essência.
Em conclusäo, a emoçäo é a combinaçäo de um processo avaliatôrio men
tal, simples ou complexe, com respostas disposicionais a esseprocesso, na sua
maioria dirigidos ao corpopropriame.nte dito, resultandonum estado emocio
nal do corpo, mas também dirigidos ao prôprio cérebro (núcleos neuro
transmissores no tronco cerebral), resultando em alteraçöes mentais
adicionais. Repare que, de momento, estou a deixar de fora da emoçäo a
percepçäo de todas as mudanças que constituera a resposta emocional.
Como irá descobrir em breve, reservo o termo sentimento para a experiên
cia dessas mudanças.
154 O ERRO DE DESCARTES
A especificidade do mecanismo
neural subjacente às emoçöes
A especificidade dos sistemas neurais dedicados à emoçäo
tem sido estabelecida a partir de estudos sobre lesöes cerebrais
especificas. Na minha perspective, as lesöes do sistema limbico
lirnitam o processamento das emoçöes primarlas; as lesöes nos
cortices pré frontais limitam o processamento das emoçöes se
cundárias. Roger Sperry e os seus colaboradores, entre os quais
se destacam Joseph Bogen, Michael Gazzaniga, Jerre Levy e
Eran Zaidel, estabeleceram uma intrigante correlaçäo neural
para as emoçöes humanas: as estruturas no hemisíério cerebral
direito registam um envolvimento preferencial no processa
mento básico da emoçäo". Outros investigadores, designada
mente Howard Garáner, Kenneth Heilrnan,joan Borod, Richard
Davidson e Guido Gainotti, aduziram novas provas significati
vas a favor da dominäncia do hemisfério direito na emoçäoll. A
investigaçäo em curso no meu labqratório sustenta normal
mente a ideia da assúnetria no processo e. notivo, mas refere
também que as assimetrias näo se reportam de igual modo a
todas as emoçöes.
O grau de especificidade neural dos sistemas dedicados à
emoçäo pode ser avaliado através das limitaçöes da sua expres
säo em casos neurológicos. Quando urn acidente vascular cere
bral destrói o córtex motor no hemisfério esquerdo do cérebro
e, consequentemente, o doente sofre uma paralisia facial direita,
os músculos näo funcionam e a boca tende a ser puxada para o
lado que se move. Se pedirmos ao doente que abra a boca e mos
tre os dentes, isso apenas aumentará a assimetria. No entanto,
quando o doente sorri ou solta uma gargalhada espontanea
mente em reacçäo a um comentário jocoso, o que sucede é bem
diferente: o sorriso é normal, ambos os lados do rosto se movem
correctamente e a expressäo é natural, nada diferente do sorriso
habitual desse individus antes da paralisia. Isto ilustra o facto
de o controlo motor de uma sequência de movimentos rela
cionados com a emoçäo näo se situar no mesmo local que o con
trolo de um acto voluntário. O movimento relacionado com a
emoçäo é desencadeado noutra zona do cérebro, ainda que o
palco do movimento, o rosto e a sua musculatura, seja o mesmo
(Ver Figura 7.3).
Se estudarmos um doente em que um acidente vascular
EMOÇOESESENTIMENTOS 155
cerebral afectou O cingulo anterior no hen iisfério esquerdo,
veremos precisamente o contrário. Em repouso ou em movi
mentos relacionados com a emoçäo, o rosto é assimétrico, com
menor mobilidade do lado direito do que do lado esquerdo.
Mas se o doente tentar contrair intencionalrnente os músculos
faciais, os movimentos säo normais e a simetria regressa. O mo
vimento relacionado com a emoçäo é, pois, controlada a partir
da regiäo do cingulo anterior, de outros cortices limbicos (na fa
ce intema do lóbulo temporal) e dos gänglios basais, regiöes em
que lesäo ou disfunçäo däo origem à chamada paralisia facial
inversa ou emocioiial.
Figura 7.3 O inecaiiistiio neural para o controlo da ilitiscillatlirafacial izo «z@erda
deiro» sorriso duma sittiaçäo emocional (painéis superiores) é diferente do mecanisillo pa
ra o controlo voluntário (näo emocional) da mesma mtisciilattira (painéis itiferiores). O
sorriso verdadeiro é controlada a partir dos cortices limbicos e iitiliza provavelmente os
gänglios basais na sua expressio.
O meu mentor, Norman Geschwind, o neurologista de Har
vard cujo trabalho estabeleceu a ponte entre as épocas clássica
e moderna da investigaçäo do cérebro e da mente dos seres
humanos, gostava muito de referir que a razäo da nossa dificul
dade em sorrirmos naturalmente para os fotógrafos (a situaçäo
156 O ERRO DE DESCARTES
do «olha o passarinho!») reside no facto de nos pedirem para
controlarmos voluntariamente OS mûsculos faciais usando o
córtex motor e o seu feixe piramidal. (O feixe piramidal é O con
junto massive de axónios que começa no córtex motor primário,
área 4 de Brodmann, e leva impulsos nervosas aos núcleos do
tronco cerebral e da espinal medula que controlam o movi
mento voluntário através dos nervos periféricos.) Produzúnos
entäo, como Geschwind gostava de lhe chamar, um «sorriso pi
ramidal». Näo é fácil imitarmos aquilo que o cingulo anterior
consegue sem qualquer esforço; näo possuimos nenhuma via
anatómica que exerça facilmente o controlo volitivo sobre o
cingulo anterior. Para conseguir o sorriso «natura» temos duas
opçöes: aprender a representar ou pedir que nos contem uma
boa anedota. A carrera dos actores e dos politicos depende
deste arranjo irritante e incómodo da neurofisiologia.
Há muito que os actores profissionais conhecem este pro
blema e têm desenvolvido diferentes técnicas de representaçäo.
Algumas dessas técnicas, bem exemplificadas por Laurence
Olivier, assentam na criaçäo habilidosa, sob controlo volitivo,
de um conjunto de movimentos que sugerem emoçäo de uma
forma credivel. A partir do conhecimento pormenorizado de
como as emoçöes (as suas expressöes) säo vistas por um obser
vador externo e da recordaçäo do que normalmente se sente
quando têm lugar essas alteraçöes exteriores, os grandes acto
res dessa tradiçäo simulam na com grande determinaçäo. O
facto de poucos conseguirem triunfar é um sinal dos obstáculos
que a fisiologia do cérebro lhes coloca.
Uma outra técnica, exemplificada através do «Método» de
representaçäo de Lee Strasberg Elia Kazan (inspirado na obra
de Konstantin Stanislavsky), baseia se na criaçäo real das emo
çöes por parte dos actores, dando origem a uma situaçäo real em
vez da sua simulaçäo. Isto poderá afiguram se mais convincente
e cativante, mas requer talento e maturidade especiais para re
frear os processos automatizados desencadeados pela emoçäo
verdadeira.
A diferença entre as expressöes faciais das emoçöes autênti
cas e das emoçöes simuladas foi notada pela primera vez por
Chartes Darwin em A Expressäo das Emoçi5es no Homem e nos
Animais, publicado em 1872". Darwin tinha conhecimento das
observaçöes efectuadas na década anterior por Guillaume Ben
jarnin Duchenne sobre a musculatura interveniente no sorriso e
EMOÇOES E SENTIMENTOS 157
sobre o tipo de controlo necessário à movimentaçäo dessa mus
culatura". Duchenne tinha estabelecida que o sorriso de alegria
verdadeira requeria a contracçäo involuntária e conjugada de
dois músculos, o grande zigomato e o orbicularis oculi (Ver
Figura 7.4). Tinha também descoberto que este último músculo
sá se podia mover involuntariamente; era impossivel activa lo
propositadamente. Os activadores involuntários do músculo
orbicularis oculi, como explicou Duchenne, eram «as doces
emoçöes da alma». Quanto ao grande zigomato, este pode ser
activado tanto involuntariamente como por nossa vontade, e
constitui deste modo o caminho indicado para os sorrisos de
cortesia.
apenas controlo
näo consciente
músculos
orbicularis
músculo
zigomato
controlo consciente
e näo consciente
Figura 7.4 O controlo consciente e näo consciente da musctilaturafacial.
SENTIMENTOS
O que é um sentimento? O que me leva a näo usar indistintamente os
termos «emoçäo» e «sentimento»? Uma das razöes encontra se no facto
de, apesar de alguns sentimentos estarem relacionados com as emoçöes,
existera muitas que näo estäo: todas as emoçöes originam sentimentos, se
se estiver desperto e atento, mas nem todos os sentimentos provêm de
emoçöes. Chamo sentimento de fundo (background) a estes últimos que
n~ao têm origem nas emoçöes e de que falarei mais adiante.
158 O ERRO DE DESCARTES
Vou começar por considerar os sentimen tos de emoçöes e para isso tenho
de retomar o exemplo anterior de estado emocional. Todas as alteraçöes
que um observador externo pode identificar, e muitas outras que esse ob
servador näo pode identificar, tal como a aceleraçäo dos batimentos car
diacos ou uma contracçäo do intestine, foram percebidas interiormente
por si. Todas estas alteraçöes estäo constantemente a ser representadas ao
seu cérebro através das terminaçöes nervosas que lhe levam os impulsos
da pele, dos vasos sanguineos, das visceras, dos músculos volunta'rios,
das articulaçöes, etc. Em termos neurais, a etapa de regresso desta viagem
depende dos circuitos que têm origem na cabeça, pescoço, tronco e
membros, passam pela espinal medula e pelo tronco cerebral em direcçäo
à formaçäo reticular (um conjunto de núcleos do tronco cerebral in
tervenientes, entre outras funçöes, no controlo da vigilia e do sono) e ao
tálamo, e viajam até ao hipotálamo, às estruturas limbicas e aos vários
cortices somatossensoriais colocados nas regiöes insular e parietal. Estes
últimos, em particular, recebem um relato do que está a acontecer no seu
organisme em cada momento que passa, o que significa que obtêm uma
«imagem» da paisagem do seu corpo no decurso de uma emoçäo, a qual
se encontra em incessante mutaçäo. Se recordar a imagem da cama de
água em movimento, poderá conceber essa imagem como uma sinali
zaçäo constante das muitas alteraçöes locais na cama os movirnentos
ascendentes e descendentes a que é submetida quando uma pessoa ca
minha sobre ela. Nos cortices cerebrais que recebem a todo o momento
esses sinais, verifica se um padräo de actividade neural em constante
mutaçäo. Näo há nada de estático, nenhuma linha de base, nenhum
homenzinho o homúnculo sentado dentro do cérebro como uma es
tátua, recebendo sinais da parte correspondente do corpo. Regista se, em
vez disso, uma mudança incessante. Alguns dos padröes estäo organiza
dos de forma topográfica, outros näo tanto, näo constando de um único
mapa, de um só centro. Existera muitos mapas, coordenados por cone
xöes neuronais mutuamente interactivas. (Qualquer que seja a metáfora
que se use para ilustrar este aspecto, é importante apercebermo nos de
que as representaçöes do corpo reais näo ocorrem num mapa cortical ri
gido, como os tradicionais diagramas do cérebro hu@nano nos levaram a
supor erradamente. Manifestam se através de uma representaçäo di
nâmica, constantemente renovada em instanciaçöes novas e de acesso
imediato (on line) do que está a suceder no corpo em cada momento. O
seu valor reside nessa actualizaçäo e acessibilidade imediata täo bem de
monstrados na obra de Michael Merzenich anteriormente referida.)
Para além da «viagem neural» do seu estado emocional até ao cérebro,
o seu organisme também fez uma «viagem quirnica» paralela. As hor
EMOÇOES E SENTIMENTOS 159
monas e os péptidos libertados no seu corpo durante a emoçäo alcançam
o cérebro através da corrente sanguinea e penetram nele activamente
através da chamada barrera sangue cérebro ou, ainda mais facilmente,
através das regiöes cerebrais destituídas dessa barrera (por exemplo, a
area postrema) ou que possuem mecanismos de comunicaçäo com diver
sas partes do cérebro (por exemplo, o órgäo sub fornical). Näo só pode o
cérebro construir, em alguns dos seus sistemas, uma imagem neural múl
tipla da paisagem do corpo, como a construçäo dessa imagem, bem como
a sua utilizaçäo, podem ser também influenciadas directamente pelo
corpo (pensemos na oxitocina referida no Capitulo Seis). Näo é apenas
um conjunto de sinais neurais que confere ao organisme o seu carácter
num dado momento, mas também um conjunto de sinais quimicos que
alteram o modo como os sinais neurais säo processados. Esta é, sem dú
vida, a razäo por que determinados substänclas quimicas têm desempe
nhado uma funçäo importante em tantas culturas. O problema da droga
que a nossa sociedade enfrenta hoje em dia e reíiro me tanto às drogas
ilegais como às legais näo pode ser resolvido sem a profunda com
preensäo dos mecanismos neurais a que me estou a referir aqui.
A medida que as alteraçöes no seu corpo väo tendo lugar, fica a saber
da sua existência e pode acompanhar continuamente a sua evoluçäo.
Apercebe se de mudanças no seu estado corporal e segue o seu desenro
lar durante segundos ou minutes. Este processo de acompanhamento
contínuo, esta experiência do que o corpo está a fazer enquanto pensamen
tos sobre conteúdos especificos continuam a desenrolar se, é a essência
daquilo a que chamo um sentimento (Figura 7.5). Se uma emoçäo é um
conjunto das alteraçöes no estado do corpo associadas a certas imagens
mentais que activaram um sistema cerebral especiíico, a essência do sentir
de uma emoçäo é a experiência dessas alteraç(5es em justaposiçäo com as imagens
mentais que iniciaram o ciclo. Por outras palavras, um sentimento depende
da justaposiçäo de uma imagem do corpo propriamente dito com uma
iinagem de alguma outra coisa, tal como a imagem visual de um rosto ou
a imagem auditiva de uma melodia. O substrato de um sentimento com
pleta se com as alteraçöes nos processos cognitivos que säo induzidos em
simultäneo por substäncias neuroquimicas (por exemplo, pelos neuro
transmissores numa série de pontos neurais, em resultado da activaçäo
dos núcleos neurotransmissores que faziam parte da resposta emocional
iniciar)*.
* As definiçöes de «emoçäo» e «sentimento» aqui apresentadas näo säo orto
doxas. Outros autores usam estas mesmas palavras indistintamente. O termo
«sentimento» pode nem sequer ser usado, ou o termo «emoçäo,@ ser dividido
numa componente e numa componente experienciada. O uso sistemático dos
termos diferentes que proponho pode ajudar o avanço da futura investigaçäo
destes fenómenos.
160 O ERRO DE DESCARTES
Figura 7.5 Para
se sentir uma emoçiio é
necessário,masnäosu
ficiente, que os sinais
neurais das visceras, dos
músculos e articzilaçöes
e dos núcleos neuro
transmissores todos
eles activados durante o
processo da emoçäo
atinjam determinados
núcleos subcorticais e o
córtex cerebral. Os sinais
endócrinos e outros de
natureza quimica che
gam também ao sistema
nervoso central através
da corrente sangtti'nea,
entre outras vias.
sinais dos núcleos
neurotransmissores
sinais sinais dos músculos
das visceras e articulaçöes
sinais endócrinos
e outros
Neste ponto, devo apresentar duas clarificaçöes. A primera diz res
peito à noçäo de «justaposiçäo» que ocorre na definiçäo anterior. Escolhi
este termo porque penso que a imagem do corpo propriamente dito surge
apés a imagem desse «algo mais» que se formou e se manteve activo e que
estas duas imagens se mantêm separados, em termos neurais, tal conio su
geri na secçäo sobre as imagens no Capitulo Cinco. Por outras palavras,
verifica se uma «combinaçäo» em vez de uma
adequado usar o termo sobreposiçäo em relaçäo ao que parece suceder às
imagens do corpo propriamente dito e esse tal «algo mais» na nossa ex
periência integrada.
A ideia de que o «qualificado» (um rosto) e o «qualificador» (o estado
corporaljustaposto) se combinam mas näo misturam ajuda a explicar a ra
zäo por que é possivel sentirmo nos deprimidos quando pensamos em
pessoas ou situaçöes que de modo algum significam tristeza ou perda, ou
nos sentimos animados sem qualquer razäo imediata que o explique. Os
estudos qualificadores podem ser súbitos e, por vezes, mesmo indesej'a'
veis. A sua motivaçäo psicológica pode näo ser aparente e até näo existir,
surgindo o processo de uma alteraçäo fisiológica neutra em ter mos psi
cológicos. Em termos neurobiolôgicos, porém, os qualificadores inexpli
cáveis revelam a relativa autonomia da maquinaria neural subjacente às
emoçöes. Mas lembram nos também a existência de um vasto dominio de
EMOÇOES E SENTIMENTOS 161
processos näo conscientes, parte dos quais é susceptivel de explicaçäo psi
cológica e outra parte näo.
A essência da tristeza ou da felicidade é a percepçäo combinada de
determinados estudos corporais e de pensamentos a que estejam justa
postos, complementados por uma alteraçäo no estilo e na eficiência do
processo de pensamento. Em geral, e porque tanto o sinal do estado do
corpo (positive ou negativo), como o estilo e a eficiência do conhecimento
foram accionados pelo mesmo sistema, estas componentes tendem a ser
concordantes (apesarde a concordäncia entre a informaçäo sobre o estado
corporal e o estilo cognitivo poder desaparecer tanto em estudos normais
como em estudos patológicos). Em conjunçäo com os estudos corporais
negativos, a criaçäo de imagens é lenta, a sua diversidade é pequena e o
raciocinio ineficaz; em conjunçäo com os estudos corporais positivos, a
criaçäo de imagens é rápida, a sua diversidade é alargada e o raciocinio
pode ser rápido, embora näo necessariamente eficiente. Quando os
estudos corporais negativos se repetem com frequência, ou quando se
verifica um estado corporal negativo persistente, como sucede numa de
pressäo, aumenta a proporçäo de pensamentos susceptiveis de serem as
sociados às situaçöes negativas, e o estilo e a eficiência do raciocinio säo
afectados. A euforia persistente dos estudos maniacos produz o resultado
contrário. William Styron apresentou em Escliridäo Visivel, que é a re
cordaçäo da sua depressäo, descriçöes muito concretas desse estado.
Fala nos da sua essência como uma sensaçäo atormentadora de dor «[ ... ]
intimamente ligada ao afogamento ou à sufocaçäo mas mesmo estas
imagens ficam aquém duma boa descriçäo». E näo deixa de apresentar a
descriçäo do estado paralelo dos seus processos cognitivos: «O pensa
mento racional encontrava se normalmente ausente da minha mente
nessas ocasiöes, dai o transe. Näo me ocorre uma palavra mais adequada