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Aprendi em e memórie
Por úlúmo, a noção de memória, de extrema complexidade, não pode dissociar-se igualmente da noção de aprendizagem, que põe em jogo um certo tipo de memória, isto é, de conservação da experiência anterior. Em certa medida, é o meio através do qual se estabelece a noção de controlo que nasce do exame da experiência anterior, em confronto com a experiência presente. Desta forma, o indivíduo não necessita de partir da primeira experiência para encontrar a resposta adequada; pelo contcário, ele soluciona a situação a parúr da sua última experiência. Esta noção impede o processo arbiúário e espontâneo das tentativas e erros, que se baseia na frequência de tentaúvas e na redução eircunstancial de respostas incorrectas até encontrar a resposta desejada.

A memória compõe-se de dois processos: um bioeléctrico (nível nervoso) e outro bioquímico (nível sináptico), que se fundem na noção de engramaunidade memorial de conservação da informação, consolidada e integrada pela acção dos ácidos nucleicos.

O estímulo, ao ser repetido, é integrado funcionalmente, produzindo por esse efeito facilitações sinápúcas que têm por função conservar a informação. Tais facilitações sinápticas são de dois úpos: de curto termo e de longo termo.

Segundo a teoria de oscilação de Lachman, a amplitude das oscilações das ondas bioeléctricas (ondas alfa) toma-se mais extensa durante a aprendizagem, provando, de ceno modo, a flexibilidade das funções cognitivas. Ao estabelecerem-se as interconexões estímulo-resposta, a transmissão do impulso processa-se sem rzsistências e sem perdas inúteis; daí a modificação da amplitude das ondas bioeléctricas, provocando entre os centros rece tores, integradores e efectores melhores vias de comunicação neurológica.

A memória é a base do raciocínio. Ao chaman, e rechaman a informação, o cérebro está apto a combiná-la e a organizá-la. Não se combina o que não se conserva; daí o pápel integraúvo da memória, função indispensável à análise, à selecção, à conexão, à síntese, à formulação e à regulação das informações necessárias à elaboração, à planificação e à execução de comportamentos.
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INSUCESSO ESCOLAR - ABORDAGEM PSICOPEDAGr7GICA


A memória armazena e preserva a informação. Só depois da consolidação (Eysenck) se dá a compreensão. Só reconhecemos estímulos depois de estes se encontrarem retidos.
Novas a Prendizagens
EXPRESSÃO
PENSAMENTO I I RESPOSTAS
percepção organismo modificada organìsmo modificado

modificado MEMÓRIA /


ARMAZENAMENTO

REMEMORIZAÇÃO


Figura 50 - Modelo integrado da aprendizagem
Este dado é válido até mesmo para a aprendizagem da linguagem falada. A sua aquisição requer que a informação auditiva seja armazenada e conservada, depois de ter sido compreendida (linguagem interior). Só a partir daqui a linguagem é integrada e formulada, para ser posteriormente exprimida.

A memória associa, portanto, as funções de recepção e as funções de expressão, pois estas não se dão sem as funções de armazenamento, compreensão, integração e formulação (rememorização).

Esquecer é desaprender. Esquecer coisas é provavelmente o resultado de as não ter aprendido, ou de as não ter organizado de forma suficiente interiormente.

Está provado por investigações que a dificuldade em adquirir novas recordações, ou em se lembrar de nomes e acontecimentos, interfere significativamente com a aprendizagem e com as suas transferências proactivas. Da mesma forma se sabe hoje que a memória envolve a função do hipocampo e do ciclo de Papez, para além do sistema límbico. Quer dizer: a memória é um sistema funcional, e inter-hemisférico, extremamente complexo, que afecta a aprendizagem, principalmente no que respeita à memória de curto termo. Cada vez mais a memória tem de ser dinamicamente (e não mecanicamente) colocada em situação, pois parece estar provado que a sua treinabilidade facilita a aprendizagem.


Aprendizagem, noção de desenvolvimento, noção de deficiência e de dificuldade de aprendizagem
Certamente que há variadíssimos critérios que associam a aprendizagem aos conceitos de evolução, maturação, hierarquização, em suma, ao desen
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VISÃO INTEGRADA DA APRENDIZAGEM


volvimento, noções estas que historicamente têm caracterizado o estudo da criança, da noção de deficiência e de dificuldade de aprendizagem.

As definições destes termos, porém, não são normalmente concordantes. No nosso caso, desejamos apenas avançar com alguns subsídios que nos ajudem a ver a aprendizagem e as dificuldades (DA) e a noção de deficiência no contexto, não do comportamento que acabámos de abordar, mas no contexto do desenvolvimento.

O desenvolvimento, de uma forma global, compreende todas as mudanças contínuas que ocorrem desde a concepção até à morte, e nelas entram em interacção a evolução, a maturação e a hierarquização (Quiros 1978).

A evolução refere o desenvolvimento biológico dos comportamentos inatos. Os processos como a mielinização sinastrogenese, a migração neuronal ou outras modificações bioquímicas, como as várias mudanças metabólicas, hormonais, electrolíticas e outras modificações do organismo, estão aqui incluídas. Em resumo, compreende a evolução filogenética.

A hierarquização refere a complexiflcação crescente da experiência que nasce com a sensação (estimulação), prolonga-se pela percep ão (sensações convertidas e interpretadas), pela imagem (diferenciação, retenção e significação da experiência), pela simbolização (representação da experiência), e culmina na conceptualização (classificação e categorização da experiência).

Consequentemente, a aprendizagem reflecte a aquisição de comportamentos hierarquizados que, no seu todo dialéctico, compreendem o desenvolvimento, reciprocamente dependente das multi-influências do envolvimento.

Ao longo dos tempos, variadíssimas concepções sobre desenvolvimento têm sido estudadas e dentro delas destacamos fundamentalmente: o préformismo, o pré-determinismo, o envolvimentalismo e o interaccionismo (Smyth e Neisworth 1975).

No préformismo, o desenvolvimento foi encarado apenas como um aumento de tamanho, como se tudo estivesse pré- formado no momento da concepção. Nesta perspectiva, o envolvimento não tem qualquer função. A criança é vista puramente como um mini-adulto. O desenvolvimento resume-se a verificar uma escala de reacções pré-estabelecidas. Esta concepção foi dominante até ao período da Revolução Francesa.

E interessante notar que a deficiência e a DA nesta concepção são aceites como inatas e estáticas, não se alterando sob qualquer tipo de intervenção. A deficiência e a DA são, portanto, aceites com resignação, traduzindo muitas vezes atitudes de rejeição imediata, como se viu em Esparta, com a eliminação de crianças que apresentassem no momento do nascimento qualquer anomalxa, ou atitudes de punição divina ou de paternalismo, como se viu no cristianismo. Noutros movimentos culturais a deficiência e a dificuldade foram consideradas intoleráveis, subsistindo aqui abusos do poder da normalidade ideál que foram, na Idade Média, explorados ao extremo, com atitudes de segregação associadas a manifestações demoníacas, a perseguições e encarcerações.
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INSUCESSO ESCOLAR - ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA


No pré-determinismo, posição defendida inicialrmente por Rousseau (1712-1779) e, posteriormente, por Pestalozzi (1746-1827) e Froebel (1782-1852), posição esta dominante até aos princípios de 1900, o desenvolvimento compreende um conjunto de mudanças qualitativas. Reconhece-se o papel do envolvimento, mas apenas numa dimensão corruptiva. A criança é vista como um ser diferente do adulto a quem se deve dar liberdade para que as suas capacidades naturalmente se expressem. A criança nesta posição é encarada como atravessando um conjunto de fases (estádios) até chegar à idade adulta. O desenvolvimento é encarado exclusivamente como uma maturação biológica e como uma auto-regulação espontânea endógena, centrada na criança. Cabem também aqui as concepções do inatismo e do naturalismo onde se destacam Lombroso com o seu conceito de personalidade criminal Esquirol e outros, e de certa forma, as de Gesell 1948, e Piaget 1960, nos seus primeiros escxitos. Em estudos mais recentes de base genética, esta concepção eugénica volta a ser defendida numa espécie de darwinismo social", como vemos em Jensen e Eysenck, podendo ser levada ao extremo das uselectividades genéticas perigosas e abusivas.

A deficiência e a DA, nesta posição, dependem de um potencial genético desfavorecido, respeitando igualmente a intrusão inapropriada (ou infeliz") dos factores pré e perinatais. O envolvimento pode fazer pouco para compensar a constituição endogéna pré-deternúnada e inevitável. Parece aqui ressaltar uma concepção despótica da hereditariedade. A deficiência e a DA são observadas como incuráveis e irreversíveis. Tratava- se, segundo os seus defensores, de uma aberração do padrão natural" de desenvolvimento, que é guiado e dominado por variáveis biogenéticas. O envolvimento, em suma, não é a causa do desenvolvimento, é apenas o lugar onde ele decorre. Como o desenvolvimento é biologicamente determinado, a intervenção é quase exclusivamente de natureza médica (cirurgia, medicamentos, hormonoterapia, etc. ).

A deficiência e a DA, aqui, estão associadas a crenças sobrenaturais e a atitudes de compaixão e caridade. À medida que a medicina se foi aprofundando, os estigmas proliferaram, valorizando atitudes de marginalização e de exclusão. Os deficientes e as crianças com DA foram vistos como indesejáveis, porque perturbavam e ameaçavam a ordem social e escolar. É a época dos internamentos e da institucionalização da deficiência.

É claro que esta perspectiva extremista não pode explicar porque é que muitas crianças diagnosticadas como deficientes mentais, e com DA não apresentam qualquer defeito orgânico e não têm, na sua história clínica, qualquer deficiência hereditária (Reese e Lepsitt 1970 e Tredgold e Soddy 1956). Tal perspectiva redncionista defende que a deficiência ou a DA é pré-deternúnada basicamente por factores poligenéticos e biológicos, limitando a prevenção e a intervenção apenas ao foro biomédico.


O KenvolvimentalismoN responde a um extremismo com outro. Os factores biológicos passam a ser minimizados em relação aos factores do meio.
Esta perspectiva, que tem em Locke (1632-1704) o seu primeiro defensor, advoga a filosofia da tábua rasa, ressaltando a convicção de que o
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VISÃO IMEGRADA DA APRF XDl IAGD!


eérebro está em branco no momento do nascimento e negando por essa via o papel dos factores pré-estruturados, como as modificações bioquímicas, metabólicas, neuroéndócrinas, neurológicas, etc.

De uma perspectiva pré-deternúnista, cujo enfoque se dá nos factores biw lógieos, passa-se a uma perspectiva uenvolvimentista cujo enfoque se dá nos factores não biológicos. Estamos no abehaviorismoN, que tem em Watson, 1925 o seu grande impWsionador, emergindo em termos de rcacção à psicanálise, corrente intcospectiva esta que defendeu a aprendizagem como uma função exclusivamente dependente de factores emocionais e inconscientes.

O desenvolvimento é então encarado como dependendo unicamente do meio. Os factores exógenos são agora sublinhados como determinantes quanto à natureza, à direeção e ao ritmo do desenvolvimento.

Itard 1832, Seguin 1866 e Montessori I 912 e muitos outros estão nesta linha, recaindo exageradamente na tese da educação sensorialH como condição indispensável ao desenvolvimento. Esta perspectiva influenciou não só a psicologia através do behaviorismo mas também a educação pelo humanismo, e até mesmo a sociologia e a antropologia por meio do determinismo cultural. As variáveis que se reforça e se considera são as situacionais e as exógenas, não se dimensionando qualquer relação com as variáveis biológicas endógenas. A criança é, portanto, nesta concepção, um produto exclusivo das condições do envolvimento.

De acordo com esta perspectiva, a deficiência e as DA são concebidas sem quaisquer bases psicofisiológicas. A deficiência aqui é vista como gerada pelo envolvimento ou pela sociedade. Negam-se as síndromas genéúcas autossónicas (Edwards, Patau e Down) e genossómicas (Turner, Klinefelter e outros), bem como os exemplos das crianças fenilcetonúricas, em que um erro metabólico, se não for identificado precocemente e corrigido por dieta adequada, pode vir a provocar, inevitavelmente, a mulúdeficiência.

O extremismo destas versões, umas vezes eimpGstas, outras vezes eneantatórias e enganadoras, continua, como força ideológica caraeterísúca, a dificultar a compreensão da dialécúca da ontogénese e da disontogénese.

No interaccionismo, o biológico não se reduz ao social. Um é condição vital do outro. Leontiev 1975, Vygotsky 1962, Ausubel e Sullivan 1970 e especialmente Wallon 1968, Feuerstein 198 I e os seus continuadores são os protagonistas mais significativos desta concepção.

O desenvolvimento é concebido como o resultado de complexas interacções entre a hereditariedade e o meio. A hereditariedade não se opõe ao meio. E em função da sua hereditariedadè que o ser humano cria o seu meio, mas é o meio que dá à hereditariedade as suas expressão, orientação e forma (7 "o I968). A hereditariedade e o meio, quer seja intra, quer extrauterino, não são separados. Em si, constituem uma unidade dialéctica e evolutiva. O desenvolvimento é, portanto; o produto acumulado de relações recíprocas entre a hereditariedade e o meio, que de novo actuam com o envolvimento, como demonstraram vários estudos epidemioIógicos.


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INSUCESSO ESCOIAR - ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA


A deficiência e as DA, nesta perspectiva, são equacionadas como um pro blema de natureza evolutiva cuja causa hereditária é poligenética. Nesta concepção, a hereditariedade só actua sozinha no momento da formação do zigoto. Em todos os outros processos embriológicos e fetais, ou neo e pós-natais, o potencial hereditário é modificado e activado pelas influências do meio.
Desta forma, a hereditariedade desviante pode ser significativamente corrigida através da prevenção ou da intervenção adequada do envolvimento. A investigação médica e genética para lá caminha. O exemplo da amniocentese é disso uma prova concludente.

Com algumas excepções, e neste caso referimos as de ordem genética, os problemas da deficiência e da DA são evolutivos por natureza, poligenéticos na sua etiologia e significativamente modificáveis por meio de intervenções adequadas do meio, como assegurou Feuerstein 1985 com o seu modelo de modiflcabilidade cognitiva, diferenciando factores distais e proximais, conforme o modelo seguinte.


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Figura 51- Modelo de modificabilidade cogniúva, de Feuerstein

VISÃO INTEGRADA DA APRENDI?AGEM


A prevenção, o aconselhamento genético e o planeamento familiar, para além de condições de vida minimamente favoráveis e do desenvolvimento cienúfico de programas e de sistemas de ensino e de reabilitação, podem jogar, no futuro, um papel deternúnante na redução da sua incidência.
Condições de aprendizagem: neurobioló cas, socioculturais e psicoemocionais
Como acabámos de ver, a aprendizagem é, para a criança portadora de deficiência ou não, a tarefa central do seu desenvolvimento. A aprendizagem visa a utilização de todos os recursos da criança, quer sejam endógenos (hereditariedade), quer exógenos (meio), no sentido de uma optimização funcional de modo a garantir uma adaptaçâo psicossocial no maior número de circunstâncias possíveis, onde entra em linha de conta uma multiplicidade de factores: neurobiológicos, socioculturais e psicoemocionais, íntima e dialecticamente inter-relacionados.

A adaptação favorável só é possível quando existe um equilibrio dinâmico mínimo entre todas as variáveis consideradas. Por aqui, apercebemo-nos de que a aprendizagem é um fenómeno adaptativo complexo, influenciado e influenciável pela interacção dos múltiplos factores apontados. Convém focar que este aspecto é válido quer para a criança não deficiente, quer para a criança portadora de deflciência, visto estar em causa um problema de maximização e optimização do potencial humano inerente a cada um dos casos.

Vejamos agora rapidamente as condições que afectam a aprendizagem. Numa breve análise, para além dos factores neurobiológicos referidos na Figura 45, há que entrar em linha de conta com vários sinais de risco naturalmente associados, segundo investigações, a problemas de aprendizagem. De acordo com estudos epidemiológicos, várias condições têm sido apontadas como interferindo negativamente com o potencial de aprendizagem. Dentro dos factores mais significativos indicam-se os seguintes: factores de risco pré, e peri-natais; prematuridade; hipoxia; asfixia neona tal; taxa de hemoglobina baixa; problemas infecciosos; baixo peso ao nascer; viroses; insuficiência placentária; anemia; nível energético baixo; etc. Muitos destes factores encontram-se frequentemente associados a lesões minimas do cérebro, caracterizados por pequenos e equívocos (soft) sinais neurológicos que implicam com o mvel de aprendizagem, como sejam: níveis baixos de atenção selectiva; dispraxia; problemas de controlo; dificuldades visuoconstrutivas; défices auditivos e visuais; disfunções cognitivas; problemas de comportamento; alterações neuropsicológicas ligeiras no EEG (actividade lenta excessiva); etc.

As condições de aprendizagem satisfatória devem obviamente evitar ou eliminar todos estes sinais neurobiológicos que apontámos (Fonseca 1979).


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INSUCESSO ESCOIAR - ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA


Os factores socioculturais mais focados nas estudos longitudinais e que estão significativamente associados à redução do potencial de aprendizagem são os seguintes: envolvimento desfavorável; zonas pobres quer urbanas, quer rurais; malnutrição; familias pobres desorganizadas e superlotadas; grandes fratrias; fracos salários; poucos objectos à disposição; fraca interacção e mediatização entre os adultos e as crianças, quer no plano lúdico, quer no plano linguístico, podendo originar códigos restritos e pouco elaborados; etc. Todas estas condições socioculturais, como é óbvio, tendem a agravar a vulnerabilidade biológica das crianças mais desfavorecidas.
NEUROBIOLÓGICOS SOl'IOf'ULTURAIS
. Org. neurológica intrínseca Envolvimento afecúvo

--l


Atenção-percepção-conceptua- . Nível socioeconómico

lização


Factores aferentes e eferentes Nutrição

(input-output)

Meio urbano-rural

Processo de informação Subcultura

(V-A-TQ) Facilidades de

I7isfunções da linguagem desenvolvimeto

Estimulação precoce

Deficiências somáúcas Serviços médico-sociais

Estatuto dos pais

Expectativas


Privação sensorial

% Interacção mãe-filho

(insuficiência, distorção

e discontinuidade)

Desenvolvimento perceptivo

Padrões de adaptação

Funções cognitivas

Ansiedade - self eoncept

Desenvolvimento

da personalidade
Figura 52 - Factores da aprendizagem
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VISÃO IMEGRADA DA APRENDIltlGFrb


Dentro desta área, devemos igualmente assinalar os sinais de risco inerentes às instituições educacionais. Aqui, vários factores têm sido apontados, como sejam: a inexistência de uma educação pré-primária compensatória; sistema educacional rígido; expectativas negaúvas e atitudes pessimistas dos professores; escolas superlotadas e mal equipadas; professores mal qualificados e inexperientes, que perdem tempo com problemas de diseiplina; cumculo pouco adequado às necessidades especiais das erianças; estimulação excessiva ou inadequada por exigências de avaGação; etc. Tais situações colocam objectivamente a necessidade de modificar a escola e os seus agentes, pois parece cada vez mais evidente que ela não se encontra apta para as crianças. São necessários: centros de recursos; novos processos; programas individualizados; formas de observação e avaliação; planos de intervenção e de identificação precoces; etc.

Por último, os factores psicoemocionais mais relacionados com o haco potencial de aprendizagem têm resultado do produto dos factores neucobiol gicos e socioculturais apontados. Os psicoanalistas, os psiquiatras e os psicólogos clínicos têm focado a importância da noção integraúva da personalidade (ego). A ansiedade, a fantasia, a confusão, o medo, o desinteresse complicam o quadro. O papel da mãe é crucial, como sabemos, para o desenvolvimento da personalidade da criança. Mães deprimidas, isoladas, frustradas e ansiosas ou que abandonem as crianças a si próprias, muitas vezes por razões sociais e de emprego, podem afectar a fonnação do ego. A relação causa-efeito dos problemas escolares com os problemas emocionais merece ser aprofundada, através de mais estudos dinâmicos, de forma a controlar os factores psi coemocionais que possam prejudiear a realização plena do potencial de aprendizagem, pois só com tais estudos se poderá diminuir a incidência das dificuldades de aprendizagem nas populações em risco.

As crianças desfavorecidas, deficientes ou não, devem ter as mesmas oportunidades para realizarem o seu potencial biopsicossocial. Só controlando os factores etiológicos, neurobiológicos, socioculturais e psicoemocionais se pode combater a pobreza e os seus efeitos, promovendo no plano concreto a iguaGzação de oportunidades educacionais e sociais.
Sistemas psiconeuroló cos de aprendizagem
Para aumentannos a eficiência dos processos, precoces ou não, de identifcação, diagnóstico e intervenção (pedàgógica) é necessário estudar as condições de aprendizagem dentro de conceitos mais aprofundados, nomeadamente atcavés de modelos de informação, podendo assim maximizar o potencial de aprendizagem da criança ponadora de deficiência e da criança não deficiente.

Já atrás apontámos que a aprendizagem é uma função do cérebro. É efecúvamente o cérebro que aprende, mas só quando as condições de risco, que apontámos atrás, se encontram reduzidas ao mínimo.


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A aprendizagem satisfatória dá-se quando deternúnadas condições de integridade estão presentes. As condições de integridade mais preponderantes, sem incluir os factores anteriormente assinalados, são as funções do sistema nervoso periférico (receptores à distância, chamados <A aprendizagem envolve, efectivamente, um processamento de informação, jogando com processos sensoriais (recepção), neurológicos (descodificação, transdução, retenção e codificação) e psicológicos (percepção, imagem, simbolização e conceptualização). Em suma, a aprendizagem coloca simultaneamente dois problemas: um neurológico e outro de comportamento; daí que uma dificuldade de aprendizagem seja entendida, por um lado, como uma disfunção cerebral e, por outro, como um problema de comportamento.

A aprendizagem envolve um conjunto de sistemas, denominados por Mykblebust 1978 sistemas psiconeurológicos de aprendizagem. Estes sistemas referem um processo conjunto baseado em operações neurológicas e manifestado em concomitantes psicológicas (Johnson e Myklebust 1967).
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PROCESSAMENTO

SENSORIAL
Legenda: HD- Hemisfóro dimito TQ- Sistema tacÚloquinestésico I -IE - Hemisfbrio esquerdo V - Sistema visual
A - Sistema auditivo
Figura 53 - Sistemas psiconeurológicos de aprendizagem
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VISÃO IMEGRADA DA APRENDTl AGEM


Tais sistemas de processamento da informação constituem a função do sistema nervoso central (SNC) e constam fundamentalmente de três componentes:
1) Sistemas de processamento de conteúdo; 2) Sistemas de processamento sensorial; 3) Sistemas de processamento cogniúvo.
Sistemas de processamento de conteúdo
Vários estudos (Hécaen e Ajuriaguerra 1964, Dimond 1973, Penfield e Roberts 1959) têm assegurado que os dois hemisférios acusam cada um uma especialização. O hemisfério direito tem sido considerado o hemisfério responsável pelos conteúdos não verbais, ao contrário do hemisfério esquerdo, que tem sido considerado o responsável pelos conteúdos verbais.

Mais: as investigações de Elliot e colaboradores 1978 confirmam que o hemisfério direito tem uma maturação mais precoce do que o esquerdo e que essa maturação decorre preferencialmente no periodo sensoriomotor (zero-dois anos) de Piaget.


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