Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo



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HISTÓRIA · ENSINO MÉDIO

HISTÓRIA 1

passado e presente

DOS PRIMEIROS HUMANOS AO RENASCIMENTO

MANUAL DO PROFESSOR

GISLANE AZEVEDO

· Mestra em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

· Professora universitária, pesquisadora e ex-professora de História dos ensinos Fundamental e Médio nas redes privada e pública.

· Coautora da coleção Teláris (Editora Ática) para alunos do Ensino Fundamental II.

REINALDO SERIACOPI

· Bacharel em Língua Portuguesa pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e em Jornalismo pelo Instituto Metodista de Ensino Superior (IMS-SP).

· Editor especializado na área de História.

· Coautor da coleção Teláris (Editora Ática) para alunos do Ensino Fundamental II.

1ª edição

São Paulo, 2016



2

Diretoria editorial

Lidiane Vivaldini Olo

Gerência editorial

Luiz Tonolli

Editoria de Ciências Humanas

Heloisa Pimentel

Edição


Solange Mingorance, Marina de Sena Nobre, Mariana Renó Faria (estag.) e Thamirys Gênova da Silva (estag.)

Gerência de produção editorial

Ricardo de Gan Braga

Arte


Andréa Dellamagna (coord. de criação), Adilson Casarotti (progr. visual de capa), Silvio Testa (progr. visual de miolo), Claudio Faustino (coord.), Yong Lee Kim (edição), Luiza Massucato (assist.) e Dito e Feito Comunicação (diagram.)

Revisão


Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Rosângela Muricy (coord.), Gabriela Macedo de Andrade, Heloísa Schiavo, Patrícia Travanca e Paula Teixeira de Jesus; Brenda Morais e Gabriela Miragaia (estagiárias)

Iconografia

Sílvio Kligin (superv.), Denise Durand Kremer (coord. e pesquisa), Cesar Wolf e Fernanda Crevin (tratamento de imagem)

Ilustrações

Ricardo Cammarota

Cartografia

Eric Fuzii, Loide Edelweiss Iizuka e Marcelo Seiji Hirata

Fotos da capa: Vista de sítio arqueológico na península de Iucatã, próximo a Chichén-Itzá, México. Foto de 1910, aproximadamente. ullstein bild/Getty Images

Plataforma do Jaguar, no Templo de Kukulcán, e pirâmide Chichén-Itzá, Iucatã, México, sem data. Kord.com/Getty Images

Protótipos Magali Prado

Direitos desta edição cedidos à Editora Ática S.A.

Avenida das Nações Unidas, 7221, 3º andar, Setor A

Pinheiros - São Paulo - SP - CEP 05425-902

Tel.: 4003-3061

www.atica.com.br / editora@atica.com.br

2016

ISBN 978850817979 4 (AL)

ISBN 978850817980 0 (PR)

Cód. da obra CL 713425

CAE 566701 (AL) / 566702 (PR)

1ª edição

1ª impressão

Impressão e acabamento



Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Azevedo, Gislane

História : passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo Seriacopi. -- 1ª ed. -- São Paulo : Ática, 2016.

Obra em 3 v.

Conteúdo: V.1 Dos primeiros humanos ao Renascimento -- v.2 Do mundo moderno ao século XIX -- v.3 Do século XX aos dias de hoje.

1. História (Ensino médio) I. Seriacopi, Reinaldo. II. Título.

16-02954 CDD-907

Índices para catálogo sistemático:

1. História : Ensino médio 907

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APRESENTAÇÃO



Digo adeus à ilusão

mas não ao mundo. Mas não à vida,

meu reduto e meu reino.

Do salário injusto,

da punição injusta,

da humilhação, da tortura,

do terror,

retiramos algo e com ele construímos

[um artefato

um poema

uma bandeira.

Ferreira Gullar

O bserve ao seu redor: praticamente tudo o que está à nossa volta e utilizamos na escola, em casa ou no trabalho foi construído por seres humanos. Pense também no sistema político que rege nossa sociedade, nas leis que regulam nossas relações e em tudo o que consideramos justo ou injusto, certo ou errado: todos esses princípios e valores também foram estabelecidos por pessoas ao longo do tempo.

Estudar História não é apenas conhecer e entender os caminhos trilhados pelos seres humanos no passado. Graças ao estudo da História, podemos fazer uma leitura crítica de nosso presente e compreender como e por que nossa sociedade encontra-se hoje constituída da maneira que a conhecemos.

Com base nessa visão, procuramos elaborar um livro que, ao tratar de assuntos do passado, tivesse como ponto de partida o presente. Com essa proposta, você verá como a História está intimamente relacionada a aspectos centrais do mundo contemporâneo e de nossa vida, constituindo um assunto extremamente interessante e instigante.

O texto central do livro é complementado por boxes e seções. Na seção Eu também posso participar, discutimos, com base em contextos históricos específicos, quanto os atos de cada um de nós pode interferir no destino da humanidade. A seção Olho vivo, por sua vez, é voltada para o trabalho com imagens e oferece uma ampla leitura das informações contidas em pinturas, esculturas e outros materiais iconográficos. Já a seção Enquanto isso... revela que não existe uma história linear e única da humanidade.

Todos os volumes desta coleção estão permeados de imagens, mapas, documentos e diferentes tipos de atividades que vão auxiliá-lo a refletir sobre o passado e o presente.

Nossa proposta é oferecer instrumentos para interpretar e analisar criticamente a realidade de nosso mundo. Você perceberá que a História exerce um papel privilegiado no processo de consolidação da cidadania e na construção de uma sociedade mais solidária, fraterna e tolerante.

Os autores

4

CONHEÇA SUA COLEÇÃO



Esta coleção é composta de três volumes. A seguir mostraremos algumas das principais características da obra.

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1. Abertura das Unidades: apresenta sempre um texto introduzindo um conceito importante para os dias de hoje - como cidadania, ética, violência - e que será trabalhado ao longo da Unidade. O texto vem acompanhado de fotos e da seção de atividades Começo de conversa.



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2. Abertura dos capítulos: relaciona um assunto atual com algo do passado a ser visto no capítulo, mostrando que a História está presente em nosso dia a dia. Em Objetivos do capítulo, você é informado sobre os principais tópicos abordados nas páginas seguintes.



3

3. Fechando a Unidade: de forma multidisciplinar, a seção utiliza diferentes documentos, como quadrinhos, poema, relatório, fotografia, etc. O conceito da Unidade é retomado por meio de atividades.

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SEÇÕES

4

4. Olho vivo: a seção oferece uma ampla leitura das informações contidas em pinturas, esculturas e outros materiais iconográficos.



5

5. Passado presente: por meio desta seção, percebemos que assuntos do passado influenciam no presente muito mais do que imaginamos.

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6. Enquanto isso...: trabalha a simultaneidade histórica, revelando que a história da humanidade não é única nem linear.



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7. Esquema-resumo: síntese esquemática do capítulo que auxilia na revisão do conteúdo abordado. Acompanha atividade.



Eu também posso participar: por meio de contextos históricos específicos, a seção discute quanto os atos praticados por cada um de nós podem interferir no destino da humanidade.

Você sabia?: texto complementar ao tema central, que traz alguma curiosidade a respeito dele.

Minha biblioteca: rica e diversificada seleção de sites, livros, filmes e HQs relacionados ao conteúdo do capítulo.

ATIVIDADES

Dentro dos boxes temos quatro tipos de atividade: Sua opinião, Sua comunidade, Diálogos e De olho no mundo, cada um com objetivo bem específico. Diálogos, por exemplo, trabalha a interdisciplinaridade, e Sua comunidade, a relação entre o local e o global.

Ao final do capítulo temos:

Organizando as ideias - retoma o conteúdo visto no capítulo.

Interpretando documentos - trabalha a capacidade de leitura e interpretação de diferentes tipos de documento, como fotografias, mapas, gráficos, tabelas, charges, textos impressos, etc.

Teste seu conhecimento - perguntas de múltipla escolha extraídas dos principais vestibulares do Brasil e do Enem.

Hora de refletir - atividade que relaciona o capítulo com o conceito da Unidade.

No decorrer dos capítulos se encontram: Sugestões de filmes e livros: acompanhadas de breves resumos, localizam-se na margem da página em que se aborda o assunto relacionado a elas.



Glossário: as palavras marcadas no texto ganham uma explicação aprofundada no glossário.

DIALOGANDO COM... GEOGRAFIA

Esse ícone indica que o texto ou a atividade em questão permitem desenvolver trabalho interdisciplinar.

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SUMÁRIO


INTRODUÇÃO, p. 8

UNIDADE 1 - Conhecimento e criatividade, p. 22

CAPÍTULO 1 - Origens da humanidade e importância da agricultura, p. 24

1. Os hominídeos do gênero Homo, p. 25

Olho vivo, p. 26

2. O domínio da agricultura, p. 28

Esquema-resumo, p. 32

Atividades, p. 33

Minha biblioteca, p. 38

CAPÍTULO 2 - Origens do ser humano na América, p. 39

1. O povoamento da América, p. 40

2. Sítios arqueológicos no Brasil, p. 41

Olho vivo, p. 42

Esquema-resumo, p. 48

Atividades, p. 49

Minha biblioteca, p. 52



FECHANDO A UNIDADE, p. 53

FONTE: Akg/Latinstock

UNIDADE 2 - Urbanização, p. 54

CAPÍTULO 3 - Povos da Mesopotâmia e do Egito antigo, p. 56

1. Povos da Mesopotâmia, p. 57

2. Os egípcios na Antiguidade, p. 60

Esquema-resumo, p. 65

Atividades, p. 66

Minha biblioteca, p. 70

CAPÍTULO 4 - Oriente antigo: China, Índia e Japão, p. 71

1. Formação da China, p. 72

Olho vivo, p. 77

2. A Índia antiga, p. 79

3. O Japão dos samurais, p. 81

Esquema-resumo, p. 84

Atividades, p. 85

Minha biblioteca, p. 89

CAPÍTULO 5 - Fenícios, persas e hebreus, p. 90

1. Os fenícios, p. 91

2. Os persas, p. 94

3. Os hebreus, p. 97

Esquema-resumo, p. 101

Atividades, p. 102

Minha biblioteca, p. 107



FECHANDO A UNIDADE, p. 108

UNIDADE 3 - Direito e democracia, p. 110

CAPÍTULO 6 Grécia antiga, p. 112

1. Origens da Grécia antiga, p. 113

2. Pólis gregas: Esparta e Atenas, p. 118

Olho vivo, p. 120

3. O Império Macedônio e o helenismo, p. 124

Esquema-resumo, p. 127

Atividades, p. 128

Minha biblioteca, p. 132

CAPÍTULO 7 - Os primeiros séculos de Roma, p. 133

1. Formação e organização, p. 134

2. Período monárquico, p. 135

3. Período republicano, p. 136

Olho vivo, p. 138

4. Cultura greco-romana, p. 140

5. Declínio da república, p. 141

6. Militares no poder, p. 144

FONTE: Bridgeman/Keystone

7

Esquema-resumo, p. 147



Atividades, p. 148

Minha biblioteca, p. 152

CAPÍTULO 8 - Império Romano e Império Bizantino, p. 153

1. Primeiros tempos do Império Romano, p. 154

2. Invasões e divisão do império, p. 158

3. Império Bizantino, p. 162

Olho vivo, p. 163

4. Declínio de um império, p. 165

Esquema-resumo, p. 166

Atividades, p. 167

Minha biblioteca, p. 170

FECHANDO A UNIDADE, p. 171

UNIDADE 4 - Diversidade religiosa, p. 172

CAPÍTULO 9 - Mundo árabe-muçulmano, p. 174

1. A base da cultura árabe, p. 175

2. O islamismo, p. 175

3. Expansão islâmica, p. 177

4. Aspectos culturais do mundo islâmico, p. 180

5. Divisão do território islâmico, p. 181

Esquema-resumo, p. 183

Atividades, p. 184

Minha biblioteca, p. 188

CAPÍTULO 10 - Reinos africanos, p. 189

1. O continente africano, p. 190

2. Reino de Axum, p. 191

3. Reinos do Sahel, p. 194

4. Civilização iorubá, p. 195

5. Cultura banto, p. 199

Esquema-resumo, p. 200

Atividades, p. 201

Minha biblioteca, p. 205

CAPÍTULO 11 - Reinos medievais e fortalecimento da Igreja, p. 206

1. Reinos germânicos, p. 207

2. A Igreja católica se fortalece, p. 209

3. Os francos e o Império Carolíngio, p. 210

Olho vivo, p. 211

4. A Igreja no início do século XI, p. 214

5. As Cruzadas, p. 215

6. A Inquisição (Tribunal do Santo Ofício), p. 216

Esquema-resumo, p. 218

Atividades, p. 219

Minha biblioteca, p. 222

CAPÍTULO 12 - Feudalismo e formação dos Estados Nacionais, p. 223

1. O mundo feudal, p. 224

2. Fortalecimento do poder do rei, p. 229

3. Origens da França, p. 231

4. A Inglaterra, p. 231

5. Portugal e Espanha, p. 233

Esquema-resumo, p. 236

Atividades, p. 237

Minha biblioteca, p. 241

CAPÍTULO 13 - Fim da Idade Média, Renascimento e Reforma protestante, p. 242

1. A Baixa Idade Média, p. 243

Olho vivo, p. 248

2. O Renascimento artístico, científico e intelectual, p. 250

3. O contexto das críticas à Igreja, p. 256

4. Teses e ideias de Lutero, p. 258

5. O calvinismo e a Igreja anglicana, p. 260

6. Reação da Igreja católica, p. 261

Esquema-resumo, p. 263

Atividades, p. 264

Minha biblioteca, p. 267

FECHANDO A UNIDADE, p. 268

BIBLIOGRAFIA, p. 270

FONTE: Radiokafka/Shutterstock

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INTRODUÇÃO



Muitos entendem que estudar História serve apenas para conhecermos fatos ocorridos no passado e sem qualquer relação com a nossa realidade. Porém, o estudo de História vai muito além disso.

Para que se possa fazer uma análise mais completa do presente, é importante saber e refletir sobre a sequência e o encadeamento de fatos históricos, as conjunturas econômicas, sociais e políticas e as visões de mundo de determinada época que se relacionam com as realidades atuais.

1. Por que estudar História?

O conhecimento da História ajuda na compreensão do ser humano como indivíduo e como coletividade que constrói seu tempo. Um dos grandes valores do estudo da História está em relacionar os fatos e perceber que as transformações de um país, grupo ou sociedade não são naturais ou espontâneas, mas sim determinadas por uma série de fatores que se desdobraram ao longo do tempo e do espaço.

Por exemplo, quem está iniciando o Ensino Médio hoje em dia, provavelmente tem entre 14 e 15 anos. Vive nas primeiras décadas do século XXI, num mundo informatizado, com comunicações instantâneas e por diferentes meios, como computadores, celulares, tablets, entre outros.

Há também todo um estilo que caracteriza a juventude do século XXI, estruturado em comportamentos, maneirismos, modos de falar, roupas e acessórios. Isso ocorre, sobretudo, nos países ocidentais, constituindo uma espécie de cultura jovem.

LEGENDA: Na foto, vemos jovens vestidos em estilo informal. Nela destaca-se o uso do jeans, traje popular, introduzido por estudantes nas universidades americanas na segunda metade do século XX. Esses universitários procuravam uma forma de se vestir que os diferenciassem dos seus pais. Hoje o uso do jeans popularizou-se e é adotado por pessoas de diferentes faixas etárias.

FONTE: Mike Flippo/Shutterstock

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Mas por que existe na atualidade essa cultura jovem? Como, quem, quando e onde ela foi formada? A História ajuda a responder a essas perguntas. Para o historiador britânico Eric Hobsbawm, grandes e rápidas mudanças ocorreram a partir da segunda metade do século XX, pelo menos nos países ocidentais. Entre elas, houve o desenvolvimento de uma cultura juvenil específica, que ampliou a distância entre as gerações. Formado por um grupo que se estendia da puberdade até os 25 anos de idade, esses jovens passaram a ter desejos, anseios, ideais e condutas - diferentes das de outras faixas etárias.



Essa cultura formou-se, primeiramente, nas sociedades urbanas dos países capitalistas desenvolvidos e tinha como marcas da sua "modernidade" o blue jeans e o rock.

Na década de 1960, muitos desses jovens participaram de movimentos políticos radicais em diversos países, como manifestações estudantis por reformas educacionais, pelo fim de guerras regionais e lutas contra regimes ditatoriais. Para além da radicalização política, essa juventude representou um novo e potente mercado consumidor para empresas ligadas à moda e para indústrias fonográficas, principalmente as ligadas ao rock.

1

FONTE: Georges Melet/Paris Match/Getty Images



2

FONTE: Harold Adler/Underwood Archives/Getty Images

3

FONTE: Arquivo/Agência Estado/AE



LEGENDA DAS FOTOS: O mundo em efervescência no fim dos anos 1960: na França, o movimento estudantil liderado por Daniel Cohn-Bendit (com o microfone), em maio de 1968, abala os alicerces do governo de Charles de Gaulle 1 ; nos Estados Unidos, os hippies bradam contra a guerra do Vietnã 2 ; e, no Brasil, um protesto de janeiro de 1968 mostra a indignação dos estudantes com a ditadura militar 3 .

Dessa forma, surgiu um novo perfil de jovem, que se identificava pela rebeldia contra o "sistema" e contra as gerações anteriores, que haviam produzido duas guerras mundiais. Esse processo levou a uma nova identidade, que valorizava a juventude diante da experiência da vida adulta.

Portanto, para compreendermos a noção de juventude ou qualquer outra nos dias atuais, é preciso conhecer a História. Nesse sentido, a reflexão histórica se constitui em uma das ferramentas para a compreensão da realidade, pois ela propicia um diálogo entre o presente e o passado. Como afirma o historiador francês Marc Bloch, a História é "a ciência dos homens [dos seres humanos] no tempo que tem de vincular incessantemente o estudo dos mortos ao dos vivos".

Professor(a), no Procedimento Pedagógico deste capítulo, há uma proposta de Atividade Alternativa, que visa explorar o conceito de cultura juvenil.



ARTIGO

Leia o artigo sobre cultura juvenil intitulado Jovens como agentes sociais e culturais na sociedade contemporânea. Disponível em: www.unicap.br/jubra/wp-content/uploads/2012/10/TRABALHO-40.pdf. Acesso em: 1º fev. 2016.



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2. Visões historiográficas

A História está presente nos mais variados aspectos de nossa realidade. Imaginemos, por exemplo, as suas origens. Provavelmente, você é brasileiro, porém, seus antepassados podem ter vindo de outros lugares do mundo. Seu bisavô paterno pode, por exemplo, ter vindo da Itália e sua bisavó materna ser afrodescendente. Nesse caso, você é brasileiro com ascendência europeia e africana. Ou seja, pesquisando a sua história você pode traçar um perfil mais completo de quem você é, compreender melhor suas características físicas e também muitos costumes de sua família. Você pode até descobrir que muitos desses costumes são uma herança de seus antepassados. Afinal, o passado dialoga com o presente e se reflete nele.

Definir o que é História, porém, é uma questão muito mais complexa.

Na atualidade, muitos historiadores e pesquisadores que escrevem a História refletem sobre o que é História. As respostas dependem das linhas teóricas e metodológicas adotadas pelos historiadores, além do tipo de sociedade e dos grupos sociais que eles representam.

No século XIX, por exemplo, a narrativa histórica concentrava-se nos grandes feitos de personalidades importantes, como estadistas, generais ou autoridades eclesiás ticas. A partir da primeira metade do século XX, uma renovação na historiografia ampliou os objetos e as fontes de estudo dessa ciência. Os historiadores passaram a incluir em seus estudos múltiplos sujeitos históricos: mulheres, trabalhadores em geral, crianças, enfim, pessoas comuns, que constroem a história no seu cotidiano.

Professor(a), no Procedimento Pedagógico deste capítulo, há um texto complementar que discute a questão dos múltiplos sujeitos históricos na historiografia contemporânea.

LEGENDA: Óleo sobre tela, criado em 1806 pelo artista francês Jean Auguste Dominique Ingres, representa Napoleão Bonaparte no trono imperial. O foco das narrativas históricas no século XIX estava nas personalidades então consideradas mais significativas, como estadistas, generais, etc.

FONTE: Reprodução/Musée de l'Armée

LEGENDA: Manifestação em São Paulo, em 2015. Os participantes protestam contra o machismo, a homofobia, a transfobia, o racismo e outras formas de opressão. Entre os objetivos da manifestação estava incentivar as mulheres que sofrem violência física e sexual a denunciarem seus agressores.

FONTE: Douglas Pingituro/Brazil Photo Press/AFP

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3. Passado e presente



Como vimos, o historiador Marc Bloch ressalta a importância da relação passado-presente para a pesquisa histórica, mostrando que as questões do presente dirigem o olhar do historiador para o estudo do passado. E, por outro lado, as reflexões sobre o passado ajudam a compreender os problemas a tuais e influenciam as nossas ações no presente.

Uma questão atual em que a História cumpre um papel muito importante para a reflexão e tomada de posições é, por exemplo, a preservação das populações indígenas e do seu modo de vida no território brasileiro. Nativas do território, essas populações sofreram muito com a chegada dos portugueses, tendo sido vítimas de guerras, epidemias, escravidão e invasão de terras.

Assim, o estudo da História pode nos ajudar a reconhecer a diversidade de povos indígenas do país, suas necessidades e direitos à terra e à preservação de sua cultura, colaborando para que possamos ser mais críticos em relação às políticas indigenistas brasileiras.

LEGENDA: Em Aldeia de caboclos em Cantagalo, litografia de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), está presente a visão do estrangeiro sobre nossos indígenas.

FONTE: Reprodução/Coleção particular

LEGENDA: Entre os povos indígenas do Brasil, há uma grande variedade de línguas, costumes e crenças. Entre os Kamayurá, a dança é presença constante, como se observa na foto da dança tawaranã, no Parque do Xingu, Mato Grosso. Foto de 2014.

FONTE: Ricardo Teles/Pulsar Imagens

Encontram-se cerca de 900 mil indígenas no Brasil, segundo dados do Censo IBGE 2010. Estima-se que, em 1500, esse número variava entre 2 milhões e 4 milhões de pessoas. A maioria das comunidades indígenas vive atualmente nas chamadas Terras Indígenas (TIs). São áreas demarcadas pelo governo, que estabeleceu como exclusividade desses povos a exploração dos recursos naturais dessas regiões.

Um dos critérios utilizados para a demarcação das TIs pela Fundação Nacional do Índio (Funai) é o estudo histórico e antropológico dessas populações, buscando, assim, delimitar o seu território. Todavia, um dos grandes desafios da preservação da vida e da cultura dos povos indígenas está no conflito com algumas empresas agroexportadoras e alguns mineradores, madeireiros e pecuaristas que praticam o desmatamento e atividades extrativistas ilegais, prejudicando a biodiversidade e ferindo também o tradicional modo de vida indígena.

Glossário:



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