Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo


A tropa de choque dos cavaleiros couraçados



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A tropa de choque dos cavaleiros couraçados

Os cavaleiros couraçados eram guerreiros que, para proteger o corpo, utilizavam uma túnica curta de couro recoberta por placas de metal ou por pequenos anéis de ferro entrelaçados.

Com o número crescente de cavaleiros couraçados, a sociedade medieval europeia tornou-se mais militarizada.

Com isso, vilas e abadias tiveram de fornecer não só feno, carroças e roupas para os exércitos, mas também recrutar escudeiros (aprendizes de cavaleiro que afiavam as armas, cuidavam dos cavalos e auxiliavam os cavaleiros nos combates); desenvolver forjas e ferrarias para a produção de armas e armaduras; melhorar a criação de cavalos; e construir estábulos e silos para garantir abrigo e alimentos para os animais.

A imagem ao lado representa um desses cavaleiros.

LEGENDA: Cavaleiro medieval representado em manuscrito do século XIV. Na Idade Média, a coragem e o devotamento aos companheiros de armas estavam entre as virtudes mais valorizadas em um cavaleiro.

FONTE: The British Library, London/Arquivo da editora

1. Inicialmente, o elmo de metal em forma de cone não protegia a face. A partir do século XIII, a peça ganhou uma proteção nasal que podia ser abaixada e levantada.

2. A lança era de ferro com lâmina triangular. Até o século X, media cerca de 2,5 metros. Com o tempo, chegou a medir 4 metros.

3. O escudo de metal, de formato triangular, era usado como proteção.

4. A espada de ferro era longa, larga e com duplo gume. Era empunhada quando a lança se partia ou nos combates corpo a corpo.

5. Para maior equilíbrio durante o galope, o cavaleiro usava uma sela funda, solidamente presa ao cavalo.

6. O estribo dava apoio para os pés e contribuía para o equilíbrio. De origem oriental, tornou-se popular na Europa a partir do século VIII.

Texto elaborado com base em: REZENDE FILHO, Cyro de Barros. Guerra e poder na sociedade feudal. São Paulo: Ática, 2002; LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean-Claude. Dicionário temático do Ocidente medieval. Florianópolis/São Paulo: Edusc/ Imprensa Oficial do Estado, 2002. v. 1; VISSIÈRE, Laurent. O poder no fio da espada. História Viva, São Paulo, n. 34. p. 51-55.

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Renascimento carolíngio

O governo de Carlos Magno também estimulou a criação de instituições de ensino conhecidas como escolas palatinas. O objetivo dessas escolas era instruir jovens da nobreza e preparar interessados em seguir carreira religiosa. Além do estudo da Bíblia, nessas escolas havia ensino de Gramática, Retórica, Dialética, Matemática, Astronomia, Música e, mais tarde, Medicina.

Nessa fase, foi feita a transcrição de vários textos clássicos por meio de cópias cuidadosamente elaboradas por monges copistas, o que garantia sua preservação para a posteridade (leia o boxe abaixo, que descreve o trabalho dos monges copistas). Em todo o império, houve uma intensa renovação cultural, frequentemente chamada de renascimento carolíngio.

LEGENDA: Manuscrito de Fulda, produzido no século IX, retrata Rábano Mauro, acompanhado por Alcuíno de York, apresentando seu trabalho para Otgar, bispo de Mainz. Rábano Mauro Magnentius (c. 780-856) foi um monge beneditino franco, o arcebispo de Mainz, na Alemanha, teólogo e um autor prolífico; Alcuíno de York (c. 735-804) era um erudito, poeta, eclesiástico e professor de York, Inglaterra.

FONTE: De Agostini Picture Library/The Bridgeman/Keystone

Monges copistas

Nos mosteiros beneditinos, durante a Idade Média, os monges copistas copiavam, restauravam ou traduziam textos clássicos que sobreviveram às invasões germânicas dos séculos anteriores.

Os monges faziam as cópias em folhas de pergaminho que, fornecidas pelo abade do mosteiro, eram previamente preparadas com couro de vitela ou de carneiro. Nas cópias manuscritas, os monges usavam escrita carolina, que facilitava a leitura, pois empregava letras pequenas e arredondadas.

A duração da execução de um livro variava, naturalmente, do tamanho do original, mas também segundo a habilidade dos copistas: os mais hábeis copiavam até trinta folhas por dia e, em geral, eram necessários de dois a três meses para copiar um manuscrito de dimensão média. Terminado o trabalho, o texto era revisado e, dependendo da obra, ilustrado com desenhos em miniatura chamados iluminuras. Essas pinturas retratavam cenas do cotidiano e imagens religiosas. Em seguida, os pergaminhos eram costurados e encadernados e, para a capa, geralmente, usava-se pele de cervo.

Em uma época na qual a maior parte da população era analfabeta, mosteiros e abadias funcionavam como um dos poucos centros da cultura letrada. Suas bibliotecas reuniam os maiores acervos da Europa medieval.

Texto elaborado com base em: FAVIER, Jean. Carlos Magno. São Paulo: Estação Liberdade, 2004. p. 429-436; RICHÉ, Pierre. Quando copiar era um estímulo intelectual. História Viva, São Paulo, n. 28, p. 54-60.

LEGENDA: Iluminura do século XV que representa o frade dominicano Vicente de Beauvais, copista e autor da Speculum historiale, principal enciclopédia usada na Idade Média. O desenho encontra-se na Biblioteca Britânica, em Londres.

FONTE: akg/Latinstock

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Fim do Império Carolíngio

O processo de renascimento cultural do Império Carolíngio entrou em crise após a morte de Carlos Magno, em 814. Uma geração depois, a unidade do reino se desfez e o império foi dividido entre seus três netos.

Posteriormente, disputas internas e invasões estrangeiras, como a dos normandos (também chamados de vikings) provenientes da Escandinávia, levaram ao enfraquecimento do poder central. A falência da centralização político-administrativa desses reinos deu origem à sociedade feudal (sobre o feudalismo, veja o próximo capítulo).

Professor(a), veja no Procedimento Pedagógico deste capítulo um texto complementar que aprofunda a temática da falência do sistema de centralização política e administrativa dos carolíngios e a origem da sociedade feudal.



ORGANIZANDO AS IDEIAS

NÃO ESCREVA NO LIVRO

ATIVIDADES

1. As invasões germânicas provocaram mudanças significativas na organização de diversas regiões da Europa. Explique as principais transformações políticas, econômicas e sociais ocorridas nessas regiões, a partir do século V.

2. A Igreja católica alcançou um intenso fortalecimento institucional a partir do século V. Explique como se deu esse fortalecimento e qual a participação do reinado carolíngio nesse processo.

3. O Império Carolíngio atravessou um período de importante transformação cultural. O que foi o renascimento carolíngio e qual o papel dos monges copistas nessa fase?

4. A estrutura política do Império Carolíngio teve curta duração na história europeia. Como essa estrutura se organizou e por que ela entrou em declínio rapidamente?

INTERPRETANDO DOCUMENTOS: TEXTO

ATIVIDADES



DIALOGANDO COM...BIOLOGIA

Leia o texto a seguir. Trata-se de um fragmento do Regimento para preservar-se da peste, escrito pelo médico catalão Jacme d'Agramont, em 1348, no qual ele descreve as principais causas da peste negra. Em seguida, observe a fotografia contemporânea do bacilo Yersinia pestis. Considerando seus conhecimentos sobre História e Biologia e a análise dos dois documentos, responda ao que se pede.

Aqueles que têm o corpo cheio de humores, especialmente humores pútridos e corruptos. E também aqueles que durante o ano todo deleitam-se em comer e beber muito. E aqueles que têm frequentes intercursos com mulheres. E aqueles que têm as porosidades de seus corpos naturalmente ou artificialmente abertas, assim como aqueles que se banham frequentemente. Naturalmente, aqueles que são hipersensíveis ao calor ou ao frio. E aqueles que suam sem muita razão. E aqueles cujos corpos são cabeludos, porque abundância de cabelos denota porosidades amplas do corpo.

CZERESNIA, Dina. Do contágio à transmissão: uma mudança na estrutura perceptiva de apreensão da epidemia. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro, v. IV, mar.-jun. 1997. p. 78.

Glossário:

Humores: fluidos corporais.

Fim do glossário.

a) De acordo com o médico Jacme d'Agramont, quais são as principais causas que provocam o contágio da peste?

b) Como a ciência contemporânea explica o contágio da peste? Justifique sua resposta (depois de observar a imagem), explicando o que é um bacilo e como a sua descoberta influenciou a compreensão da comunidade médica a respeito do contágio de algumas doenças.

c) A medicina medieval e a medicina contemporânea explicam o contágio da peste pelos mesmos critérios? Justifique.

LEGENDA: Bacilo Yersinia pestis, causador da peste negra, visto por microscopia eletrônica com ampliação de 19 mil vezes.

FONTE: SPL/Latinstock

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4. A Igreja no início do século XI

No período medieval, a Igreja católica estava organizada em províncias e dioceses comandadas, respectivamente, por um arcebispo ou por um patriarca, de acordo com o lugar, e por um bispo. Abaixo deles vinham os diáconos, que lhes davam assistência e também socorriam os doentes. As comunidades rurais de cada diocese eram assistidas por padres.

Os membros da Igreja (também chamados de eclesiásticos) junto com o patriarca de Roma (chamado de papa a partir do século V) formavam o clero. Segundo a doutrina da Igreja, o patriarca de Roma, instalado no palácio de Latrão (no atual Vaticano), era sucessor direto de São Pedro, apóstolo a quem Cristo teria confiado a missão de edificar sua Igreja na Terra.

Status social e poder

No início do século XI, a Igreja era uma instituição da sociedade medieval e, em seu interior, reproduziam-se características desse sistema. O alto clero, por exemplo, tinha o mesmo status da nobreza, com acesso à terra e a outros bens materiais. Com isso, estava sujeito aos mesmos defeitos que outros membros da sociedade, inclusive, vulnerável à corrupção.

A fim de corrigir esses desvios, alguns clérigos decidiram realizar uma profunda reforma moral e religiosa na instituição. Em 910, foi aberto um mosteiro beneditino em Cluny, cidade da França atual, cujos monges reformaram radicalmente o modo de vida monástica. Outros mosteiros beneditinos foram criados então por quase toda a Europa, todos eles submetidos à autoridade do abade de Cluny.

Posteriormente, em 1059, durante o concílio de Latrão, o papa Nicolau II estabeleceu outras mudanças: confirmou o celibato dos padres, proibiu a indicação de bispos por reis sem autorização papal (prática conhecida como investidura) e definiu que os papas seriam eleitos por cardeais. Até então, eram reis e imperadores que selecionavam os papas. Essas mudanças contribuíram para restaurar durante algum tempo a dignidade da Igreja, do papado e do clero.

Outro importante momento de ampliação do poder eclesiástico ocorreu em 1075. Naquele ano, o papa Gregório VII publicou uma bula (documento com ordens do papa), na qual assegurava o direito papal de derrubar imperadores, reafirmava a infalibilidade da Igreja e estabelecia a pena de excomunhão (que, segundo a Igreja, privava o penitente da salvação divina após sua morte) para quem desobedecesse às determinações da instituição.

Boxe complementar:



FILME

Veja o filme O nome da rosa, de Jean-Jacques Annaud, 1986. A atuação do Tribunal da Inquisição serve de pano de fundo para uma série de assassinatos ocorridos em um mosteiro medieval.

Fim do complemento.

Glossário:



Beneditino: clérigo pertencente à Ordem de São Bento. Nascido em Núrsia, na península Itálica, São Bento teria vivido entre 480 e 570. Em Monte Cassino, fundou um mosteiro que se tornou a base de todo o sistema monástico católico.

Fim do glossário.

LEGENDA: Iluminura do século XIII com representação do papa Honório III. Ele iniciou a prática da elevação da hóstia durante a liturgia. Eleito papa já com idade avançada, cuidou especialmente de aspectos disciplinares e jurídicos da eleição do papa e dos bispos, fixando as regras e a cerimônia.

FONTE: Roger Viollet, Paris/The Bridgeman/Keystone

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5. As Cruzadas



O movimento das Cruzadas - expedições de caráter religioso e militar organizadas com o objetivo de retomar Jerusalém do domínio muçulmano - teve início em 1095, quando o papa Urbano II convocou os cristãos prometendo a salvação da alma a todos que participassem do movimento.

O aspecto religioso foi apenas um pretexto; muitos outros interesses estavam em jogo. Com as Cruzadas, o papa pretendia recuperar o prestígio e a unidade da Igreja, abalados pela corrupção e pelo Cisma do Oriente, em 1054. Os nobres estavam interessados em pilhar riquezas e conquistar novas terras; já os mercadores da península Itálica esperavam que as Cruzadas promovessem a reabertura do comércio no Mediterrâneo, dominado pelos muçulmanos. Os camponeses, por sua vez, ingressaram nas Cruzadas sonhando com a conquista da liberdade.

Entre os séculos XI e XIII, foram organizadas oito dessas expedições militares, algumas sob o comando de reis e da alta nobreza. Embora o ponto de chegada fosse Jerusalém, na região da Palestina, o lugar de origem de cada Cruzada era bem variado, assim como as rotas traçadas, passando por toda a Europa (veja o mapa a seguir).

FONTE: Adaptado de: WORLD History Atlas: Mapping the Human Journey. London: Dorling Kindersley, 2005. Créditos: Banco de imagens/Arquivo da editora

Antes mesmo da Primeira Cruzada (oficial), um número expressivo de pobres e miseráveis marchou para Jerusalém; essa expedição ficou conhecida como "Cruzada dos Mendigos" e foi destruída antes de chegar a Jerusalém.

Glossário:



Cisma do Oriente: nome dado a uma disputa pelo domínio da Igreja católica. A Igreja católica, sediada em Roma, buscava impor a liderança do papa em todo o mundo, o que não era aceito por Justiniano, imperador do Império Bizantino e chefe da Igreja católica de Constantinopla. A tensão culminou em 1054, com a separação entre Igreja Católica Apostólica Romana (sediada em Roma e controlada pelo papa) e a Igreja Cristã do Oriente (sediada em Constantinopla e subordinada ao imperador bizantino).

Fim do glossário.



216

A Primeira Cruzada (1095-1099), composta principalmente por grande contingente de cavaleiros, foi a única que conquistou Jerusalém, o que ocorreu em 1099. Os muçulmanos, porém, reconquistaram a cidade, sob a liderança do sultão Saladino, em 1187. Depois dessa primeira expedição, nenhuma das outras Cruzadas alcançou o objetivo de recuperar a Terra Santa definitivamente. No entanto, elas contribuíram para estimular o comércio entre o Oriente e o Ocidente, trazendo riqueza para muitas cidades da península Itálica, como Veneza e Gênova. Outra consequência foi o fortalecimento da figura do cavaleiro (veja o boxe a seguir).



DIALOGANDO COM... LITERATURA

As ordens de cavalaria

A participação dos cavaleiros nas Cruzadas fez com que a cavalaria assumisse um caráter quase sagrado na sociedade medieval. Conscientes da importância conquistada, os cavaleiros passaram a se organizar em torno de confrarias chamadas ordens.

O cavaleiro tinha de obedecer fielmente às regras da cavalaria: proteger a Igreja, os órfãos, as viúvas; não matar um adversário indefeso nem mentir; e seguir valores como fidelidade, lealdade e dedicação.

Por causa disso, a cavalaria deu origem a narrativas em prosa, chamadas romances de cavalaria.

LEGENDA: Iluminura intitulada Justiniani em Fortiatum, do século XIV, representando um cavaleiro atacando outro com uma espada, e um cavaleiro escrevendo seu testamento com uma espada manchada de sangue.

FONTE: Biblioteca do Monastério Escorial, Madri, Espanha/The Bridgeman/Keystone



DIÁLOGOS

Dom Quixote de La Mancha é uma narrativa do escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616) que satiriza os romances de cavalaria e a própria cavalaria medieval.

Reúna-se com colegas de grupo e, sob a orientação do professor de Língua Portuguesa ou Literatura, selecionem um trecho da obra que expresse o tratamento satírico dado ao tema da cavalaria. Preparem uma leitura em voz alta do trecho para apresentar à classe, acrescentando seus próprios comentários sobre o trecho selecionado.

6. A Inquisição (Tribunal do Santo Ofício)

A Igreja católica levou vários séculos para consolidar sua doutrina religiosa como um credo único e universal. Durante o período de estabilização, ideias divergentes sobre questões dogmáticas suscitaram diversas polêmicas entre os dirigentes da Igreja e até entre os fiéis.

A partir do século XII, todos os que divergissem ou levantassem dúvidas sobre os dogmas (os chamados hereges) passaram a sofrer forte repressão. Em 1184, uma bula papal determinou que os bispos excomungassem não apenas os hereges, mas também as autoridades que se omitissem ou que se negassem a puni-los. A opressão tornou-se mais rigorosa a partir de 1233, quando o papa Gregório IX criou o Tribunal do Santo Ofício, também conhecido como Inquisição para investigar, perseguir e punir os hereges.

Boxe complementar:



FILME

Veja o filme O incrível exército de Brancaleone, de Mário Monicelli, 1965. No ano 1000, o atrapalhado Brancaleone se faz passar por cavaleiro e, com seu "exército", passa por várias aventuras.

Fim do complemento.

217


Durante sua vigência, a Inquisição aterrorizou a Europa, pois qualquer pessoa podia ser acusada de heresia e condenada à morte na fogueira. Em 1252, o papa Inocêncio IV autorizou os inquisidores a utilizarem a tortura como método de extrair confissões dos acusados.

Crise do poder religioso

O renascimento do comércio e das cidades europeias a partir do século XI favoreceria aos poucos a centralização do poder político nas mãos dos reis (ver próximo capítulo), provocando o enfraquecimento da autoridade religiosa e do poder temporal do papa.

Para esse declínio contribuiriam também as denúncias cada vez mais frequentes contra o luxo e a corrupção do alto clero. A crise chegaria a tal ponto que, no início do século XV, a Igreja seria comandada por três papas ao mesmo tempo. A reação a tudo isso viria no início do século XVI com a Reforma protestante (como veremos no Capítulo 13).

LEGENDA: Assassinato do arcebispo Thomas Becket, pintura em pergaminho do século XV, presente na obra Crônicas de São Albans. Por causa de um conflito com o rei Henrique II, da Inglaterra (que governou de 1154 até 1189), pelos direitos e privilégios da Igreja, o arcebispo foi assassinado por seguidores do rei na Catedral de Canterbury. A pintura pertence ao acervo da Biblioteca do Palácio de Lambeth, em Londres.

FONTE: Bridgeman/Keystone

Boxe complementar:

ENQUANTO ISSO...

Os judeus e a Igreja católica

Durante a Idade Média, a atitude da Igreja católica em relação à comunidade judaica da Europa foi marcada pela intolerância. Enquanto tentava retomar Jerusalém por meio das Cruzadas, a Igreja promovia sistemáticas perseguições aos judeus, confiscando seus bens e obrigando-os a deixarem suas profissões. Em 1096, cerca de mil judeus foram mortos por cruzados na atual região da Alemanha.

Em 1215, o papa Inocêncio III determinou que, para distinguirem-se dos cristãos, os judeus deveriam exibir uma insígnia sobre as roupas. As razões para isso eram tanto doutrinárias quanto de ordem econômica. A Igreja alegava que os judeus não só negavam a divindade de Jesus Cristo, mas também haviam sido responsáveis por sua crucificação. Além disso, como muitos judeus eram comerciantes e banqueiros, a Igreja os condenava pela prática de usura (empréstimo de dinheiro com cobrança de juros).

LEGENDA: Nesta iluminura de fins da Idade Média, alguns judeus são queimados vivos durante o período em que a peste negra assolou Tournai, na Bélgica atual. Alvo da intolerância religiosa, muitos cristãos responsabilizaram os judeus pela disseminação da doença, que dizimou boa parte da população europeia no século XIV.

FONTE: Biblioteca Real Alberto I, Bruxelas/Arquivo da editora

Fim do complemento.

218

ESQUEMA-RESUMO



Reinos medievais e fortalecimento da Igreja

A partir do séc. V

Formação dos reinos germânicos

· Integração das culturas germânica e romana

· Relações pessoais de dependência com o soberano

· Forte militarização da sociedade

· Economia ruralizada

Fortalecimento da Igreja

Instituição mais rica e poderosa da Europa entre os séc. V e XV)

Entre os séc. X e XI:

· Reforma moral e religiosa dos beneditinos

· Movimento das Cruzadas

· Criação do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição)

· Lenta crise do poder da Igreja

Aliança

Reino Franco e

Império Carolíngio

· Expansão do poder da Igreja na Europa medieval

· Renascimento carolíngio

· Criação de modelo de estrutura hierárquica de outros reinos

Observe atentamente o esquema. Com base nele, explique qual o impacto da formação dos reinos germânicos e do fortalecimento da Igreja católica na organização social da Europa a partir do século V.

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ATIVIDADES

ORGANIZANDO AS IDEIAS

NÃO ESCREVA NO LIVRO

1. No período medieval, existia uma profunda articulação entre questões políticas, econômicas e religiosas. Explique a relação entre as Cruzadas e a articulação desses diferentes aspectos da sociedade medieval.

2. A Igreja católica detinha simultaneamente, na Idade Média, poderes espirituais e poderes materiais. De que modo esses dois poderes transformaram a Igreja na instituição mais forte e influente daquele período?

3. Como estava organizada a estrutura hierárquica da Igreja e de que modo essa estrutura reproduzia a divisão da sociedade feudal?

4. No século X, em reação à grave crise moral que atingiu a Igreja, alguns clérigos fundaram um mosteiro beneditino na cidade de Cluny (atual França). O objetivo principal era reformar a Igreja internamente. Qual foi a importância da reforma promovida por esses monges?

5. O que foi o Tribunal do Santo Ofício e com que finalidade a Igreja católica decidiu criar essa instituição no século XII?

6. A partir do século XI, o poder da Igreja católica começou a declinar. Aponte dois fatores que contribuíram para esse processo.



INTERPRETANDO DOCUMENTOS: TEXTO E IMAGEM

DIALOGANDO COM... LITERATURA

1 Leia o texto a seguir. Trata-se de um fragmento da obra Decameron, do italiano Giovanni Boccaccio. Escrita no século XIV, a obra é marcada pela experiência da peste negra e traça um grande painel da sociedade medieval. Com base na leitura, responda ao que se pede.

O povo costuma dizer o seguinte provérbio: "O mau tido por bom pode fazer o mal sem ser notado". Esta máxima me dá ampla matéria para o que lhes pretendo contar hoje e, de resto, demonstra quanto é grande a hipocrisia dos religiosos, que, com panos largos e longos, rostos artificialmente pálidos, vozes humildes e mansas ao pedir, mas duras e ferozes ao condenar nos outros seus próprios vícios, querem fazer crer que a salvação consiste em que lhes doemos tudo sem que eles nada nos deem; além disso, não acham que precisam conquistar o Paraíso como nós, mas, quase como se fossem seu dono e senhor, dão a cada um que morre um lugar melhor ou pior, a depender da quantidade de dinheiro que lhes é deixada, e com isso creem favorecer primeiro a si mesmos e, depois, àqueles que prestam fé a suas palavras e são por eles enganados. De modo que, se me fosse permitido revelar o que sei a seu respeito, diria a muita gente simples o que eles levam escondido sob suas capas larguíssimas. Mas quisera Deus que suas mentiras fossem desmascaradas, tal como aconteceu a um frade menor, homem já maduro, considerado em Veneza um dos maiores sacerdotes, cuja história terei enorme prazer em contar-lhes e, quem sabe, aliviar com risos e alegria suas almas cheias de compaixão pela morte de Ghismunda.

BOCCACCIO, Giovanni. Decameron. São Paulo: Cosac Naify, 2013. p. 71-72.

a) Essa narrativa inicia com um provérbio. Qual é o sentido do provérbio narrado por Boccaccio?

b) Os religiosos são representados de forma positiva ou negativa no texto do autor? Justifique sua resposta.

c) É possível relacionar a imagem dos religiosos medievais, proposta por Boccaccio, com as transformações na autoridade religiosa e no poder temporal da Igreja a partir do século XI? Justifique sua resposta.

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