Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo



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DIALOGANDO COM... ARTE

2 Observe a imagem a seguir. Trata-se de um detalhe de uma representação do século XII, criada pelo frade francês Vincent de Beauvais, em sua obra Le miroir historial, na qual aborda o milagre de São Domingos. No episódio do milagre, um grupo de hereges tentou queimar os originais que ele escrevera sobre a fé católica, mas os textos não se queimaram no fogo. Considerando essas informações e a análise da imagem, responda ao que se pede.

LEGENDA: Pergaminho do século XV representando o milagre de São Domingos.

FONTE: Universal Images Group/SuperStock/Glow Images

a) Descreva a imagem e indique de que forma os hereges e o santo são representados no trabalho de Vincent de Beauvais.

b) A imagem está relacionada com a perseguição aos hereges, prática da Igreja católica amplamente disseminada na sociedade medieval. Porém, esse episódio provoca uma inversão da lógica dessas perseguições. Justifique essa ideia.



TESTE SEU CONHECIMENTO

NÃO ESCREVA NO LIVRO

1. (Uece)

A primeira maneira de integrar-se é tornar-se cristão. Assim, no início do século X, o chefe normando Rollon aceita ser batizado. Ele muda de nome, adotando o de seu padrinho, Robert. Com ele, todos os guerreiros que o cercam mergulham nas águas do batismo. Por volta do ano 1000, o duque da Normandia chama um homem que sabia escrever bem o latim, formado nas melhores escolas - o portador da cultura carolíngia mais pura. Encomenda-lhe uma história dos normandos. Nela vemos como se deu a integração, ao menos, entre os aristocratas. Eles firmaram, com as famílias dos países francos, casamentos que foram, com o cristianismo, o fator essencial do enfraquecimento das disparidades étnicas e culturais. Tornavam-se realmente participantes da comunidade do povo de Deus assim que começassem a compreender alguns rudimentos de latim e se pusessem a construir igrejas na tradição carolíngia.

DUBY, G. Ano 1000, ano 2000. Na pista de nossos medos. Trad. Eugênio Michel da Silva e Maria Regina L. Borges-Osório. São Paulo: Editora Unesp, 1998.

Segundo o texto de G. Duby, o batismo de Rollon é nitidamente:

a) uma necessidade para o casamento.

b) uma reivindicação de nacionalidade.

c) um aprendizado da língua latina.

d) um ato político.

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2. (Mackenzie)



Aquilo que dominava a mentalidade e a sensibilidade dos homens da Idade Média era o seu sentimento de insegurança [...] que era, no fim das contas, a insegurança quanto à vida futura, que a ninguém estava assegurada [...]. Os riscos da danação, com o concurso do Diabo, eram tão grandes, e as probabilidades de salvação, tão fracas que, forçosamente, o medo vencia a esperança.

LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente medieval. O mundo medieval configurou-se a partir do medo, da insegurança, como retratado no texto acima. Encontre a alternativa que melhor condiz com o assunto.

a) A crise econômica decorrente do final do Império Romano, a guerra constante, as invasões bárbaras, a baixa demográfica, as pestes, tudo isso aliado a um forte conteúdo religioso, de punição divina aos pecados, contribuiu para o clima de insegurança medieval.

b) A peste bubônica provocou redução drástica na demografia medieval, levando a crenças milenaristas e apocalípticas, sufocadas, por sua vez, pela rápida ação da Igreja, disponibilizando recursos médicos e financeiros para a erradicação das várias doenças que afetavam seus fiéis.

c) O clima de insegurança que predominou em toda a Idade Média decorreu das guerras constantes entre nobres - suseranos - e servos - vassalos, contribuindo para a emergência de teorias milenaristas no continente.

d) As enfermidades que afetavam a população em geral contribuíram para a demonização de algumas práticas sociais, como o hábito de usar talheres nas refeições, adquirido, por sua vez, no contato com povos bizantinos.

e) A certeza da punição divina a pecados cometidos pelos humanos predominava na mentalidade medieval; por isso, nos vários séculos do período, eram constantes os autos de fé da Inquisição, incentivando a confissão em massa, sempre com tolerância e diálogo.

3. (Enem)

Sou uma pobre velha mulher,

Muito ignorante, que nem sabe ler.

Mostraram-me na igreja da minha terra

Um Paraíso com harpas pintado

E o inferno onde fervem almas danadas,

Um enche-me de júbilo, o outro me aterra.

Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de:

a) Refinar o gosto dos cristãos.

b) Incorporar ideais heréticos.

c) Educar os fiéis através do olhar.

d) Divulgar a genialidade dos artistas católicos.

e) Valorizar esteticamente os templos religiosos.

4. A Igreja católica passou por grandes transformações a partir do século X. Leia as seguintes afirmativas sobre o tema e identifique a opção correta. Em seguida, justifique no caderno o erro das afirmativas falsas.

I. Durante o Concílio de Latrão, o papa Nicolau II tomou medidas reformadoras da Igreja, visando restaurar a dignidade da instituição e ampliar o poder da Igreja.

II. As Cruzadas foram movimentos de caráter religioso-militar apoiadas pela Igreja católica e que tinham a retomada de Jerusalém entre seus objetivos.

III. A criação do Tribunal do Santo Ofício, a partir de 1233, visava combater as heresias e fortalecer os dogmas da Igreja católica.

IV. Apesar das reformas e medidas tomadas pela Igreja católica a partir do século XI, o poder da Igreja católica entrou em um lento declínio. Esse movimento culminou na Reforma protestante no século XVI.

a) As afirmativas I e III estão corretas.

b) As afirmativas II e IV estão corretas.

c) As afirmativas I, II e III estão corretas.

d) As afirmativas II, III e IV estão corretas.

e) Todas as afirmativas estão corretas.

5. Com as invasões germânicas, teve início um processo de intensa transformação das estruturas políticas da Europa a partir do século V. Sobre esse tema, leia as

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seguintes afirmativas e identifique a opção correta. Em seguida, justifique no caderno o erro das afirmativas falsas.

I. As invasões germânicas provocaram a total dissolução das estruturas políticas da Europa, o que provocou o completo abandono das cidades e a formação de pequenas comunidades rurais em todo o continente.

II. O Império Carolíngio se formou após a queda do Império Romano e conseguiu manter a unidade da Europa até a morte de Carlos Magno, em 814.

III. Os reinos germânicos se formaram a partir do lento processo de integração de elementos romanos e germânicos, dando origem a uma nova estrutura política em regiões da Europa.

IV. Uma das características do reino franco foi a aliança estabelecida entre seus reis e a Igreja católica, especialmente a partir do governo de Clóvis.

a) As afirmativas I e II estão corretas.

b) As afirmativas II e IV estão corretas.

c) As afirmativas III e IV estão corretas.

d) As afirmativas II, III e IV estão corretas.

e) Todas as afirmativas estão corretas.



HORA DE REFLETIR

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Na formação do Reino Franco, a Igreja católica tornou-se uma instituição fundamental, participando ativamente da organização administrativa dos governos e definindo a orientação religiosa dos súditos do reino. Discuta com seus colegas quais são os aspectos positivos da atual separação entre Estado e Igreja observada em muitos países, entre eles o Brasil. Registrem as respostas do grupo num texto escrito para ser discutido pela classe.

MINHA BIBLIOTECA



PARA NAVEGAR

Biblioteca Digital Mundial. Site com documentos de diferentes períodos históricos (em inglês). Disponível em: www.wdl.org/pt/time/. Acesso em: 7 dez. 2015.

Museu do Vaticano. Exposições virtuais sobre o Vaticano (em inglês). Disponível em: http://mv.vatican.va/3_EN/pages/MV_Visite.html. Acesso em: 7 dez. 2015.

PARA ASSISTIR

Rei Arthur. Direção: Antoine Fuqua. EUA/Reino Unido/ Irlanda, Walt Disney Pictures, 2004, 126 min. História lendária de Arthur, o rei que teria formado, em parceria com Lancelot, a confraria dos Cavaleiros da Távola Redonda, dando origem à Inglaterra, que lutam com ele pela liberdade.

Excalibur. Direção: John Boorman. EUA/Reino Unido, Warner Home Vídeo, 1981, 140 min. O filme conta as aventuras do lendário rei Arthur e seus Cavaleiros da Távola Redonda, desde o momento em que ele remove da pedra a espada mágica, Excalibur, em sua busca pelo Santo Graal.

PARA LER

As Cruzadas vistas pelos árabes, de Amin Maalouf. São Paulo: Brasiliense. O autor franco-libanês Maalouf descreve a visão que os muçulmanos tinham dos cruzados, os europeus cristãos - culturalmente atrasados e mesquinhos, sem nenhuma ética - que invadiam suas terras com o objetivo de conquistar Jerusalém.

A demanda do Santo Graal, de autoria anônima. São Paulo: Hedra. Há várias versões escritas dessa coleção de histórias, originalmente orais, sobre a busca do Santo Graal, como ficou conhecido o cálice que Cristo teria usado na Santa Ceia.

As brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley. Rio de Janeiro: Imago (4 volumes). A lenda do rei Arthur e de seus cavaleiros da Távola Redonda contada pelo ponto de vista das mulheres - feiticeiras, fadas, mães, esposas e amantes - que determinaram os rumos dessa história.

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CAPÍTULO 12 - Feudalismo e formação dos Estados Nacionais

Segundo a Organização das Nações Unidas, existem atualmente 196 Estados soberanos no mundo. Todos contam com território, sistemas jurídico e econômico próprios e mecanismos de arrecadação de impostos para custear as despesas com saúde, educação, forças armadas, funcionalismo público, etc.

Tal forma de organização é um fenômeno relativamente recente na História. Durante a Idade Média, na Europa ocidental, por exemplo, muitas das responsabilidades hoje atribuídas ao Estado, como a cobrança de impostos, a defesa territorial e a aplicação da justiça, estavam sob a responsabilidade dos senhores feudais, que concentravam um enorme poder dentro dos limites de suas terras.

Essa situação começou a mudar a partir do século XI, quando teve início um lento processo de centralização do poder nas mãos dos reis. A formação das primeiras monarquias nacionais europeias é o tema deste capítulo.

Professor(a), veja no Procedimento Pedagógico deste capítulo uma breve discussão teórica acerca da utilização política, no final da Idade Média, da história da formação dos Estados Nacionais.

LEGENDA: Ellen Johnson Sirleaf, presidenta da Libéria, discursa durante encontro anual em comemoração ao 50º aniversário do Banco de Desenvolvimento Africano, em Abidjan, Costa do Marfim. Foto de 2015.

FONTE: Luc Gnago/Reuters/Latinstock

OBJETIVOS DO CAPÍTULO

· Conhecer a sociedade da Europa ocidental no período da Idade Média.

· Identificar as origens e analisar as características do feudalismo.

· Entender as relações de suserania e vassalagem.

· Analisar a organização socioeconômica dos feudos.

· Perceber métodos e estratégias empreendidas pelos reis para a centralização do poder.

· Identificar o papel e as reações dos diferentes grupos sociais - burguesia, nobreza, clero e as camadas baixas (camponeses pobres) - durante esse processo.

· Conhecer os principais acontecimentos e interesses envolvidos na fase de formação das primeiras monarquias nacionais europeias.

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1. O mundo feudal

Professor(a), no Procedimento Pedagógico deste capítulo há uma proposta de Atividade Alternativa, que visa, a partir do conceito de tradições inventadas, problematizar assuntos que serão importantes para se pensar a formação dos Estados Nacionais.

O feudalismo foi a forma de organização política, social e econômica dominante na Europa ocidental durante boa parte da Idade Média (do século V ao século XV). Mesmo não tendo se manifestado de maneira idêntica em todas as regiões do continente, de modo geral, o feudalismo teve algumas características fundamentais. Veja abaixo.

· Agricultura como principal atividade produtiva;

· Sociedade rigidamente hierarquizada, com indivíduos subordinados uns aos outros por laços de dependência pessoal;

· Pequena elite, no topo da sociedade, formada por grandes senhores de terra e pelo alto clero;

· Poder político fragmentado entre os senhores feudais e o rei;

· Grande quantidade de servos da gleba, ou seja, camponeses que viviam nas terras dos senhores feudais, sob o domínio deles, garantindo-lhes o sustento.

O feudalismo começou a se estruturar por volta do século VIII no Reino Franco, propagando-se depois para outras regiões da Europa ocidental. Uma das razões para o início ter ocorrido entre os francos foi o fato de os governantes carolíngios terem colocado em prática, com modificações, um antigo costume dos povos germânicos: a vassalagem.



O feudo

A vassalagem era o juramento de fidelidade e obediência em troca de proteção. Nessa relação, uma pessoa prestava o juramento a um chefe guerreiro, comprometendo-se a viver sob suas ordens durante certo tempo. Inicialmente, seu caráter era claramente militar: enquanto vigorasse o acordo, aquele que prestava o juramento tornava-se vassalo de seu chefe, chamado de suserano.

No período carolíngio, a vassalagem assumiu novo significado. Nessa época, os reis passaram a conceder aos nobres o direito de uso e as garantias de poder (mas não de propriedade) sobre algum bem, chamado feudo. Geralmente, o feudo era uma extensão de terra (valorizada e símbolo de poder) ou o direito de cobrar impostos, de controlar a justiça ou de administrar um castelo.

O rei devia garantir a proteção de seus vassalos, agora transformados em senhores feudais. Além disso, ele costumava ceder-lhes parte das pilhagens obtidas nas expedições guerreiras. Em troca, os senhores feudais juravam fidelidade política e militar ao rei, prestavam serviços administrativos e arcavam com as despesas de seus exércitos, que deviam socorrer o soberano quando necessário.

LEGENDA: Ilustração em pergaminho do século XV de um feudo medieval: a colheita à esquerda e a tosquia de ovelhas à direita. A imagem é uma das diversas existentes no Les très riches heures du duc de Berry (As muito ricas horas do duque de Berry, em português), elaborado aproximadamente em 1410. O desenho faz parte do acervo do museu Victoria e Albert, em Londres.

FONTE: Bridgeman/Keystone

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Os castelos medievais

Construídos geralmente em elevações de difícil acesso, os castelos eram fortalezas que protegiam os senhores feudais, suas famílias e dependentes dos ataques inimigos. Cercados por altas muralhas, os castelos possuíam frequentemente ao seu redor um fosso com (ou sem) água, destinado a impedir invasões. Na parte interna, havia uma torre elevada, onde ficavam as dependências dos moradores, o forno, o armazém, o curral, a estrebaria, um poço para coleta de água e, às vezes, mais de uma capela.

Do castelo, o senhor feudal exercia seu domínio sobre um vasto território, ocupado por vassalos e servos que lhe prestavam serviços e obrigações. Quanto maior o castelo, maior o prestígio e o poder do senhor feudal.

Geralmente, era a esposa do senhor do castelo quem se encarregava do suprimento de alimentos e roupas e da administração dos empregados domésticos. Nos momentos em que o senhor precisava se afastar de suas terras, fosse para uma viagem, fosse para a guerra - e isso poderia durar muito tempo -, cabia a ela a responsabilidade pela administração do castelo.

Castelos de pedra como o desta foto só se tornaram comuns durante a Baixa Idade Média. Antes disso, eram construções mais simples, feitas de madeira. Por ser a madeira um material mais frágil e perecível que a pedra, hoje praticamente não existem mais castelos da Alta Idade Média na Europa.

Glossário:



Baixa Idade Média: fase da Idade Média entre os séculos XI e XV. O período denominado Idade Média é considerado muito longo pelos historiadores (do século V ao XV). Por isso, convencionou-se dividir essa época em dois momentos: Alta Idade Média (do século V ao X) e Baixa Idade Média (do século XI ao XV).

Fim do glossário.

LEGENDA: O castelo de Segóvia, construído no século XII, foi por muito tempo a residência dos reis de Castela. Os salões e os aposentos foram decorados luxuosamente por artistas mudéjares, ou seja, que utilizaram elementos e materiais de estilo ibero-muçulmano. Foto de 2014.

FONTE: ppl/Shutterstock



Ramificações dos feudos

Como as guerras eram constantes e aumentar o número de cavaleiros e soldados não era tarefa simples, os senhores feudais passaram a ceder parte de seus feudos - terras ou outro bem - a cavaleiros. Assim, os cavaleiros tornavam-se também senhores feudais, assumindo a responsabilidade de cuidar da defesa do território e formar seus exércitos.

Com isso, um grande senhor feudal era ao mesmo tempo vassalo do rei e suserano dos cavaleiros aos quais concedia feudos. Às vezes, até mesmo um rei podia ser vassalo de outro rei, e uma mesma pessoa chegava a receber feudos de mais de um suserano, o que a tornava vassalo de mais de um senhor feudal.

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Senhores feudais

As transformações nas relações entre os feudos se estenderam pelos séculos VIII a XI e contribuíram para o fortalecimento dos grandes senhores feudais. Eles detinham grande poder em seus feudos: cobravam impostos e aplicavam a justiça, sem nenhuma interferência de um Estado centralizado, que nem chegou a existir. Dessa forma, o rei exercia um papel secundário, tornando-se apenas um entre muitos senhores feudais.

Gradativamente, a partir do século X, os vassalos conseguiram que os feudos deixassem de ser uma concessão temporária e passassem a ser hereditários. Para aumentar ainda mais seus bens ou seu poder político e econômico, os grandes senhores feudais procuravam dominar territórios vizinhos (o que fez as guerras aumentarem) ou arranjavam o casamento dos filhos (veja o boxe a seguir).

LEGENDA: Cerimônia de investidura (posse de um cargo) de um cavaleiro na Idade Média. Pintura sobre pergaminho de aproximadamente 1290, reproduzida da obra Metz Codes. O objetivo da ordenação era iniciar o candidato à dignidade de cavaleiro.

FONTE: Bridgeman/Keystone

Casamentos arranjados

Ao suceder o pai, o filho mais velho passava a controlar a propriedade comum deixada pelos antepassados [...]. A família permitia só a um filho, o mais velho, ou no máximo a dois, contrair casamento legítimo; tanto quanto possível, aos outros era assegurada posição de alto nível no clero superior ou em mosteiros; em outras palavras, confiava-se nos recursos da Igreja para evitar as divisões do patrimônio familiar. Esse mesmo desejo levou à prática de entregar um dote em bens móveis às filhas casadoiras, privando-as de qualquer pretensão à herança em terras. [...] Assim, a nobreza ficou mais firmemente enraizada nas suas propriedades.

DUBY, Georges. Guerreiros e camponeses. Lisboa: Stampa, 1980. p. 187.

DE OLHO NO MUNDO

Em 2003, entrou em vigor no Brasil o novo Código Civil, que substituiu o anterior, de 1916. O Código Civil regulamenta uma série de aspectos da vida social, inclusive os relacionados com a vida conjugal e matrimonial. O novo Código trouxe conquistas sociais importantes, como a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres numa relação matrimonial. Porém, outras legislações relacionadas com a temática matrimonial e com o direito familiar criaram situações inversas, provocando perda de direitos sociais para muitos indivíduos, como no caso de casais homossexuais.

1. Faça uma pesquisa sobre as transformações na legislação brasileira que regulamenta a temática do matrimônio e das relações familiares.

2. Redija um texto descrevendo o cenário atual e respondendo à questão: a legislação brasileira garante direitos igualitários para todos os indivíduos que desejam se casar e constituir família?

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Os camponeses

Embora representassem a maioria da população na sociedade feudal (mais de 80%), o volume de informações que chegou até nós sobre os camponeses é bem inferior ao que temos sobre a nobreza. Isso ocorre porque os camponeses medievais eram majoritariamente analfabetos e, por isso, os poucos dados sobre eles foram escritos por pessoas de outros grupos sociais.

Diante disso, os historiadores utilizam fontes de informação não escritas sobre os camponeses, como os achados arqueológicos, que revelam sua cultura material (objetos de uso pessoal, utensílios domésticos, ferramentas, roupas, etc.), e suas práticas religiosas.

Graças a essas pesquisas, sabemos que o sustento econômico da sociedade feudal era proveniente do trabalho dos camponeses e dos impostos que pagavam. Na maior parte das vezes, as terras em que trabalhavam eram cedidas aos camponeses por um senhor feudal em troca de parte da colheita ou da prestação de serviços.

As mulheres camponesas eram responsáveis por todas as tarefas da casa, que incluíam os cuidados com o gado e com a produção leiteira. Além disso, cabia a elas a fabricação do pão e da cerveja para uso diário, além da confecção das roupas. Os homens passavam o dia no campo, lavrando e semeando a terra, ou colhendo seus frutos.

LEGENDA: Calendário dos doze meses do ano com ilustrações das atividades rurais apropriadas a cada mês, criado pelo italiano Pietro de Crescenzi (1230-1320). A primeira cópia impressa do calendário foi feita no século XV.

FONTE: René-Gabriel Ojeda/Rmn-Réunion des Musées Nationaux/Other Images

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Servos e vilões

Os camponeses se dividiam em dois grupos. Os servos, que não tinham liberdade plena, viviam como arrendatários dos grandes senhores de terras, que lhes garantiam sustento e proteção. Estavam presos à terra na qual trabalhavam, devendo permanecer nela e cultivá-la junto com seus familiares.

Os vilões, por sua vez, eram camponeses livres. No passado, foram proprietários que entregaram suas terras a um senhor feudal em troca de proteção. Tinham permissão para continuar trabalhando nas terras, mas na qualidade de arrendatários.

Obrigações e impostos

Para continuar vivendo nas terras do senhor feudal, servos e vilões tinham diversas obrigações, como as abaixo.

· Corveia: execução de diversos serviços nas terras exclusivas do senhor durante alguns dias da semana.

· Banalidade: pagamento de uma taxa pelo uso de certas instalações do senhor feudal, como moinhos e fornos.

Além disso, o camponês só podia reter para si (de tudo o que produzia) a quantidade de alimentos necessária à sua subsistência. O excedente deveria ser entregue ao senhor feudal. Caso vendesse uma parte da produção, era obrigado a dividir com o senhor feudal o valor obtido na transação.

Além dessas obrigações, sobre os servos incidiam impostos e taxas que não eram cobrados dos vilões. Por exemplo, os senhores feudais cobravam uma taxa quando a mulher de um servo engravidava ou quando se descobria que ela havia cometido adultério. Quando um servo se casava, alguns senhores feudais exigiam o direito de passar a noite de núpcias com a noiva (privilégio conhecido como direito de pernada) ou cobravam, do marido, o pagamento de uma indenização.

LEGENDA: Em decorrência da peste negra e da Guerra dos Cem Anos (veja o boxe da página 232), durante o século XIV, houve uma grande crise na Europa. Assim, os senhores feudais passaram a aumentar os tributos dos camponeses, o que levou a diversas revoltas, conhecidas como Jacqueries, em referência à expressão Jacques Bonhomme (Jacques, o simples), apelido pejorativo dado aos camponeses pela nobreza. Iluminura do século XIV representando uma revolta camponesa conhecida como Massacre em Meaux, pertencente ao acervo da Biblioteca Nacional de Paris.

FONTE: AKG/Latinstock

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