OLHO VIVO
A seção Olho vivo tem o objetivo de levar o aluno a perceber que as imagens são resultado de seu tempo e estão, portanto, condicionadas à evolução técnica e científica das sociedades que as produziram (ver, por exemplo, a seção Olho vivo dos capítulos 13 do Volume 1, 11 do Volume 2 e 8 do Volume 3).
Na seção Olho vivo, procuramos mostrar, entre outros aspectos, o caráter ideológico da produção de obras imagéticas. Ao estudá-las, os alunos terão recursos para compreender como imagens aparentemente "neutras" podem transmitir valores, ideologias, convencer pessoas, consolidar estereótipos etc.33
Finalmente, para que o trabalho de leitura e interpretação de imagens seja consolidado, é fundamental um exercício constante em sala de aula. Para isso, sugerimos alguns procedimentos específicos, como:
· orientar os alunos a observar a técnica empregada na produção do registro visual em questão;
· pedir a eles uma descrição minuciosa da imagem, incentivando-os a observar detalhes como enquadramento, ponto de vista, primeiro plano e fundo, personagens e objetos representados, cenário, entre outros, que poderiam passar despercebidos em uma leitura menos atenta; incentivá-los a identificar quem produziu a imagem e em que época, com o objetivo de compreender o contexto histórico;
· estimulá-los a fazer uma interpretação do objeto analisado, considerando seu valor como testemunho
31 Uma pesquisa realizada em 40 países em 2015 constatou que o Brasil lidera o ranking de grau de apreensão da população diante dos riscos das mudanças climáticas no planeta. Ver matéria Maioria em 40 países é favorável à redução de emissão de gases. Disponível em: http://tinyurl.com/gvtefc8. Acesso em: 19 mar. 2016.
32 FREITAS NETO, José Alves de. A transversalidade e a renovação no ensino de História. In: KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2008. p. 64-65.
33 Ver, por exemplo, a seção Olho vivo dos Capítulos 11 e 13 do Volume 1, 14 e 16 do Volume 2 e dos capítulos 4 e 8 do Volume 3.
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de uma época (intenções de quem o produziu, se o objeto foi encomendado, provável significado etc.) e emitindo comentários com sua impressão sobre ele.
É interessante reforçar aos alunos sobre a variedade de interpretações que um mesmo documento pode ter, fazendo com que eles percebam que a interpretação realizada na atividade apenas é um possível caminho para compreender o objeto analisado.
ESQUEMA-RESUMO
Inserido no final de todos os capítulos, o Esquema-resumo apresenta uma síntese esquemática dos conteúdos trabalhados. A proposta da seção é fornecer ferramentas para que os alunos organizem de forma visual os conceitos e as informações analisados anteriormente, de modo a possibilitar uma retomada geral dos conteúdos. A seção é sempre acompanhada por uma atividade de síntese, que solicita a produção de um texto relacionando as informações trabalhadas no capítulo com o esquema. Dessa forma, a seção possibilita a revisão e a avaliação daquilo que foi discutido em sala de aula e pode ser utilizada também como um recurso adicional de estudo para os alunos.
ENQUANTO ISSO
Seção que tem por objetivo trabalhar a simultaneidade entre acontecimentos históricos de diferentes civilizações e regiões do mundo. Os assuntos nela registrados, em geral, não se relacionam ao tema central do capítulo. Outra contribuição desta seção é a possibilidade de abordar povos, processos, invenções e descobertas que geralmente são excluídos do cotidiano escolar, mas que nem por isso são menos importantes34.
Longe de reduzir os temas e as questões abordados ao aspecto da "curiosidade", essa seção proporciona ao professor instrumentos para trabalhar com os alunos o fato de não existir uma história linear e única para a humanidade.
MINHA BIBLIOTECA
Como afirma Eucidio Pimenta Arruda, "as mídias contemporâneas representam, ainda, o uso de diferentes linguagens (hipertexto, tevê, vídeo, áudio, etc.) pelos sujeitos e proporcionam transformações cognitivas, mudanças na forma de pensar e relacionar saberes e raciocínios"35. Por essa razão, indicamos uma série de sugestões de filmes, romances, histórias em quadrinhos e sites relacionados aos assuntos abordados ao longo do capítulo. Essas informações foram reunidas ao final de cada capítulo na seção Minha Biblioteca. Ela está dividida em três partes: Para Navegar, Para assistir e Para ler. A primeira traz indicações de sites, a segunda de filmes e a terceira de livros variados. Algumas dessas obras também são indicadas na lateral do texto central de cada capítulo. Acreditamos que, dessa forma, os alunos se sentirão motivados a entrar em contato com a "leitura de mundo" que outras áreas do saber fazem dos acontecimentos históricos.
O cinema pode ser um importante instrumento para a compreensão de determinados eventos ou acontecimentos históricos. Entretanto, os alunos precisam ser frequentemente alertados a perceber que, por mais realistas que aparentam ser, os filmes constituem representações da realidade e, como tal, transmitem valores ideológicos, políticos, sociais e culturais de quem os produziu.
Como afirma o historiador Marc Ferro, é necessário ter cautela ao analisar um filme, "principalmente a narrativa, o cenário, o texto, as relações do filme com o que não é filme: o autor, a produção, o público, a crítica, o regime. Pode-se assim esperar compreender não somente a obra como também a realidade que representa36."
Assim, é recomendável orientar os alunos a buscar informações básicas sobre um filme antes de assistir a ele: quem é o diretor; se os personagens retratados são verídicos; se existem críticas quanto à fidelidade historiográfica; se existem abordagens diferentes da que é apresentada pelo filme etc.
Além disso, antes de assistir a algum dos filmes indicados nesta obra, é importante que o professor verifique se eles são adequados à realidade ou ao perfil de sua classe, região e escola.
Se for realizar uma exibição, o professor pode orientar a sua turma a prestar atenção em determinadas passagens do filme que deseja ressaltar. Ao término da exibição, é interessante propor aos alunos que emitam opiniões sobre a obra. Peça a eles que comparem informações apresentadas pelo filme com seus conhecimentos e os conteúdos estudados no capítulo. Dessa maneira, eles estarão aguçando a capacidade de olhar criticamente filmes de conteúdos históricos.
Os sites indicados na seção também são outros instrumentos importantes que podem ser utilizados para complementar e ampliar as informações encontradas no livro didático. Fizemos uma seleção criteriosa, tendo como principal preocupação sugerir ao aluno, preferencialmente, sites confiáveis desenvolvidos por universidades, instituições públicas, organizações não governamentais etc. Procuramos, sempre que possível, apresentar sites em língua portuguesa e cujos conteúdos sejam acessíveis aos alunos de Ensino Médio. Porém, em alguns momentos, diante da qualidade do material encontrado, indicamos sites estrangeiros; quando isso acontece, informamos o idioma daquelas páginas. Sites cujos conteúdos são mais complexos encontram-se indicados no Manual do Professor, ao final dos procedimentos pedagógicos de cada capítulo. Sugerimos que o professor avalie a pertinência de apresentar estes sites para seus alunos.
34 Ver, por exemplo, a seção Enquanto isso... dos Capítulos 3 e 8 dos Volumes 1, 2 e 11 dos Volumes 2 e 7 e 10 do Volume 3.
35 ARRUDA, Eucidio Pimenta. Na tessitura das tramas virtuais: entre histórias, tecnologias e aprendizagens. In: FONSECA, Selva Guimarães; GATTI JÚNIOR, Décio (Orgs.). Perspectivas do ensino de História. Uberlândia: Edufu, 2011. p. 135.
36 Citado em ROCHA, Antonio Penalves. O filme: um recurso didático no ensino de História? São Paulo: FDE. Diretoria Técnica, 1993. p. 17 (Série Lições com o cinema, n. 2).
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Finalmente, por meio da utilização de obras literárias e histórias em quadrinhos, é possível aprofundar aspectos históricos abordados no capítulo e refletir sobre eles, além de estabelecer relações com outras áreas do conhecimento. A esse trabalho podem ser atribuídos outros significados se o professor desenvolver uma parceria com a disciplina de Língua Portuguesa ou Literatura, por exemplo, ou ainda incentivar a leitura completa da obra. Por isso, selecionamos obras clássicas, de autores consagrados da literatura mundial e nacional, assim como de autores contemporâneos.
» Atividades no interior dos boxes
As atividades dos boxes podem ser feitas individualmente ou em grupo. Elas estão divididas em quatro categorias descritas a seguir.
SUA COMUNIDADE
Por meio desta atividade, pretendemos valorizar a história e a realidade da comunidade em que o aluno vive. Além disso, como explicamos anteriormente, essa proposta tem também por objetivo demonstrar ao aluno que muitos aspectos da sua comunidade ou região estão diretamente relacionados a questões mais globais. Esta seção possibilita ao professor incentivar os alunos a desenvolver outras relações entre a história local e a nacional e/ou global (dimensão micro e dimensão macro) ao longo do curso. SUA OPINIAO
Nesta atividade, não se espera que os alunos forneçam uma "resposta correta". O objetivo é valorizar o conhecimento ou a opinião que ele tem sobre determinado assunto e dar-lhe voz, um espaço de manifestação. Ao mesmo tempo, procuramos instigá-lo a formular hipóteses e a refletir criticamente sobre temas importantes, como ética e cidadania. Pode ser uma excelente oportunidade para incentivar os alunos a participar da aula. Mas é importante solicitar a eles que elaborem conceitualmente suas ideias e apresentem argumentos coerentes para que o debate não se limite ao "achismo".
DIÁLOGOS
Esta atividade, que em boa parte das vezes envolve pesquisas e consolidação de informações, tem o propósito de sugerir que o conhecimento não deve ser encarado de forma compartimentalizada. Espera-se que os alunos percebam que o conhecimento está vinculado às várias áreas do saber. Por isso, as atividades aqui propostas envolvem pesquisas com outras disciplinas, como Literatura, Química, Biologia etc.
DE OLHO NO MUNDO
É mais uma estratégia para os alunos aprofundarem o conhecimento sobre questões relacionadas ao presente. Pretende-se, nesta seção, que eles aprimorem sua capacidade de elaborar pesquisas e expor o resultado a que chegaram de forma objetiva e organizada, por meio de relatório, apresentação oral, dramatização, exposição etc.
» Atividades ao longo e ao final dos capítulos
INTERPRETANDO DOCUMENTOS: TEXTO E IMAGEM
Por meio desta atividade, procuramos trabalhar uma das questões centrais dos estudos históricos: a leitura e a interpretação de documentos. Apresentando documentos extremamente variados, procuramos desenvolver nos alunos a capacidade de reconhecer a natureza das fontes históricas e o papel das diferentes linguagens. Além das orientações específicas apresentadas em cada uma dessas atividades, é sempre possível incentivar os alunos a buscar respostas para perguntas, como: Qual a natureza do documento? Quem o produziu? Quando? Com que objetivo? Como chegou até nós? Qual a questão central do documento? Que tipo de mensagem seu autor quer transmitir? Que leitura você faz desse texto? Em sua opinião, existe algo que esteja subentendido na leitura do documento? Como ele nos permite conhecer o passado?
No caso de documentos textuais é recomendável, ainda, orientar os alunos a identificar as ideias principais e anotar no caderno palavras ou expressões-chave e, em seguida, definir seus significados.
ORGANIZANDO AS IDEIAS
Esta seção é apresentada em todos os capítulos. São atividades de verificação de leitura, compostas geralmente de perguntas distribuídas ao longo do capítulo. De modo geral, essas atividades permitem ao aluno desenvolver competências de interpretação de texto, localização e sistematização de informações, elaboração de textos mais sintéticos e objetivos, memorização etc.
HORA DE REFLETIR
Inserida no final de alguns capítulos, esta seção trabalha os vínculos existentes entre o conceito da Unidade, o texto do capítulo e questões do presente, como formação cidadã e direitos humanos. Também tem como objetivo levar o aluno a questionar valores, rever posições de forma responsável e coerente, formular hipóteses e analisar sua própria realidade37.
Nesta seção, algumas vezes também são empregados gráficos e tabelas, para que os alunos exercitem a leitura e a análise desse tipo de linguagem.
TESTE SEUS CONHECIMENTOS
Inserida ao longo dos capítulos, esta seção traz atividades de vestibulares do Brasil, especialmente de universidades públicas estaduais e federais, e do Enem,
37 Ver, por exemplo, Hora de refletir dos Capítulos 11 e 13 do Volume 1, dos Capítulos 4 e 7 do Volume 2 e dos Capítulos 1 e 10 do Volume 3.
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possibilitando aos alunos o desenvolvimento de competências relacionadas à leitura e à interpretação de texto, bem como contribuindo para que eles apliquem os conhecimentos apreendidos nas aulas de História em outras situações. Há atividadades do Enem, e também um panorama dos vestibulares de diferentes regiões do país. Com isso, a seção fornece instrumentos que, combinados com outros elementos trabalhados e desenvolvidos em sala de aula, podem ajudar na avaliação das propostas desenvolvidas durante as aulas. Como afirma a Diretoria de Avaliação da Educação Básica do Inep, "os especialistas reconhecem que os instrumentos de medida educacional possuem vantagens e limitações, sejam eles objetivos ou não. No entanto, ambos podem ser utilizados, indistintamente, para medir os mesmos aspectos do desempenho acadêmico. É assim que os itens objetivos permitem verificar tanto comportamentos simples, de memorização ou reconhecimento, como comportamentos mais complexos, envolvendo compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação"38.
Considerações gerais
Como foi dito anteriormente, esta coleção procura desenvolver atividades de naturezas variadas. No entanto, é importante observar que, em todos os casos propostos ao longo da obra, cabe ao professor avaliar se as atividades são adequadas à sua turma, se necessitam ser adaptadas ou, até mesmo, se não é o caso de dispensar algumas delas.
Igualmente importante é fazer um trabalho contínuo no sentido de estimular os alunos a deixar sempre uma marca pessoal em suas respostas. Assim, eles acabarão desenvolvendo a capacidade de escrita clara e objetiva, de reflexão crítica, entre outras competências. Muitas das atividades sugeridas exigem dos alunos a elaboração de respostas complexas, na forma de relatórios ou dissertações. Nesses casos, acreditamos ser importante orientá-los a criar previamente um roteiro, no qual identifiquem o que pretendem abordar na introdução, no desenvolvimento e na conclusão do texto.
Da mesma forma, nas atividades que envolvem pesquisa de campo, é importante orientar os alunos a elaborar um roteiro prévio que contemple os acervos a ser pesquisados e os temas centrais da pesquisa. Em casos de depoimentos orais, eles devem ser orientados a respeito dos critérios que serão utilizados para a escolha dos entrevistados e quais perguntas serão formuladas. Pensamos ser fundamental também que seja ressaltada aos alunos a importância da bibliografia em suas pesquisas, elaborada de forma correta e citando as fontes utilizadas.
Com relação às atividades interdisciplinares, é recomendável que o professor discuta as propostas com os professores das disciplinas envolvidas e, só depois, coloque-as em prática.
Embora saibamos que a exclusão digital atinge boa parte da população brasileira, não podemos ignorar o fato de que muitos alunos utilizam a internet como fonte para suas pesquisas. Entendemos que ela é apenas mais um entre os múltiplos recursos de pesquisa disponíveis e, portanto, seu uso não deve ser desestimulado. A nosso ver, a questão central no uso da internet pelos alunos é que eles saibam utilizá-la com senso crítico. Eles podem, por exemplo, aprender em quais sites buscar uma informação, pois, se por um lado o volume de informações disponível na internet é gigantesco, por outro, é também imenso o número de informações incorretas, imprecisas ou até mesmo falsas.
Dessa forma, procure orientá-los a pesquisar nos chamados "sites confiáveis", ou seja, aqueles que contam com a chancela de universidades públicas, organizações não governamentais respeitadas, instituições conceituadas etc.
É fundamental que os alunos tenham consciência de que a pesquisa na internet não dispensa a consulta em outros acervos (como bibliotecas, centros de memória, arquivos públicos etc.) e fontes (como livros de autores especializados, documentos, jornais, entre outros).
4. Nossa coleção e o Enem
Quando foi implantado Novo Exame Nacional do Ensino Médio (Novo Enem), em 2009 o Ministério da Educação (MEC) estabeleceu princípios já citados por estudiosos e sugeridos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)39: "O valor da formação não reside no armazenamento de muitas informações ou na memorização de muitos fatos, mas no desenvolvimento de estruturas mentais que permitem ao jovem e ao adulto enfrentar problemas novos usando as velhas e boas teorias científicas"40.
Com essa perspectiva, acreditamos que a questão central dos profissionais da educação e da sociedade deve ser como transformar o ciclo básico em um processo educacional que de fato tenha sentido para os jovens e para sua ação no mundo de hoje. É nossa expectativa, portanto, que a educação básica brasileira priorize o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico do aluno, requisitos indispensáveis para a formação de uma sociedade voltada para a cidadania, a democracia e a justiça.
Em nossa concepção, trata-se de valorizar o papel do aluno como sujeito pensante; priorizar sua capacidade de análise e de interação com a realidade à sua volta; desenvolver seu raciocínio lógico e articular diferentes áreas do conhecimento.
Nossa coleção busca contemplar igualmente as recomendações e exigências da Matriz de Referência para o Enem 2016 (disponível em: http://tinyurl.com/ guhqeaz; acesso em 25 maio 2016). E foi preparada
38 Ver Guia de elaboração e revisão de itens. Disponível em: www.if.ufrj.br/~marta/enem/docs_enem/guia_elaboracao_revisao_itens_2012.pdf. Acesso em: 19 mar. 2016.
39 Ver Parâmetros Curriculares do Ensino Médio. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/33009. Acesso em: 25 maio 2016.
40 CASTRO, Maria Helena Guimarães de; TIEZZE, Sérgio. A reforma do Ensino Médio e a implantação do Enem no Brasil. Disponível em: http://tinyurl.com/gm6n8k4. Acesso em: 12 abr. 2016.
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com o propósito de colocar os alunos em condições de mobilizar os conhecimentos tradicionais do currículo de História e de outras disciplinas na busca de soluções criativas para os problemas de seu cotidiano e do mundo contemporâneo. Em diversos momentos da coleção, buscamos incentivar os alunos a enfrentar situações-problema, construir argumentação e elaborar propostas, como recomenda a Matriz de Referência.
5. Procedimentos pedagógicos
Sabemos que há diversos caminhos que podem ser percorridos para se ter uma aula de qualidade. Mas isso também depende de alguns fatores, como a atualização do professor, o material didático utilizado, o perfil da classe, entre outros. É por essa razão que, às vezes, uma dinâmica ou um caminho tem bons resultados com uma turma, mas não com outra.
Assim, os procedimentos pedagógicos elaborados para esse Manual evitam fornecer receitas para ministrar uma aula, mas buscam indicar caminhos ou metodologias que possam ser úteis para o melhor aproveitamento do conteúdo de cada capítulo com os alunos. Conforme mencionado anteriormente, o papel do professor como mediador do conhecimento é insubstituível, e este manual é apenas mais uma das ferramentas de que ele dispõe para planejar suas aulas.
Nos Procedimentos pedagógicos dos capítulos existem textos complementares, indicações bibliográficas, sites, filmes e atividades alternativas. Esperamos que esse material auxilie o professor a aprofundar discussões ou aspectos abordados no capítulo e a trabalhar o respeito e a tolerância em sala de aula.
Após essas indicações, seguem-se as orientações de respostas para as atividades de cada capítulo. Salientamos, porém, que o professor não deve tomá-las como verdade única a ser alcançada, mas, sim, como mais uma possibilidade de compreensão do tema estudado.
Em diversos pontos desta coleção, ao lado do texto do aluno, foi inserido um texto na cor azul, cujo objetivo é informar ao professor que nos Procedimentos pedagógicos existem informações capazes de auxiliá-lo em seu trabalho em sala de aula. São propostas de atividade alternativa ou atividade de inclusão, textos complementares ao conteúdo do livro, sugestões de encaminhamentos dos assuntos com os alunos, etc.
Inclusão
Uma das preocupações que tivemos neste Manual foi inserir informações e atividades que estimulem a reflexão sobre a diversidade observada nas mais variadas organizações sociais ao longo do tempo. Nesse sentido, um tema importante foi o da inclusão.
Em nosso entender, a ampliação dos mecanismos de cidadania nos países democráticos, nas últimas décadas, está diretamente relacionada à criação de uma escola capaz de atender os mais diversos grupos sociais, inclusive as pessoas com deficiência. Para isso, é imprescindível ir além da simples noção de permitir o acesso à escola desse grupo, mas criar um ambiente escolar no qual todas as pessoas possam participar efetivamente das atividades e se apropriar do currículo e dos conteúdos propostos. Tendo em vista esse objetivo, que envolve um amplo e variado conjunto de ações, esta coleção traz propostas, na parte 4 deste Manual (Procedimentos pedagógicos), de atividades de inclusão que propõem discussões e reflexões sobre o tema da deficiência e sobre formas de mobilizar os alunos e a comunidade escolar nessa questão.
Destacamos o que Pilar Arnaiz Sánchez explica sobre o tema da inclusão.
O conceito de inclusão trata de abordar as diferentes situações que levam à exclusão social e educativa de muitos alunos. E dessa forma faz referência não somente aos alunos com necessidades educacionais especiais [...], mas a todos os alunos das escolas. Ainda que este conceito esteja evoluindo, nesse momento pode ser muito útil considerá-lo como um agente de mudança conceitual. Quando defende que não basta que os alunos com necessidades educacionais especiais estejam integrados às escolas comuns, eles devem participar plenamente da vida escolar e social dessa comunidade escolar. Isto significa que as escolas devem estar preparadas para acolher e educar todos os alunos, não somente os considerados 'educáveis'. Por isso, a inclusão assume que a convivência e a aprendizagem em grupo são a melhor forma de beneficiar a todos, não somente às crianças rotuladas como diferentes [...].
A educação inclusiva é antes de tudo uma questão de direitos humanos, já que defende que não se pode segregar nenhuma pessoa como consequência de sua deficiência, de sua dificuldade de aprendizagem, do seu gênero ou mesmo se esta pertencer a uma minoria étnica (seria algo que contraria os direitos humanos). Em segundo lugar, é uma atitude, representa um sistema de valores e de crenças, não uma ação simplesmente, mas sim um conjunto de ações. Uma vez adotada esta perspectiva por uma escola ou por um sistema de ensino, deverá condicionar as decisões e ações de todos aqueles que a tenham adotado, posto que incluir significa ser parte de algo, formar parte do todo [...]. A noção de inclusão compreende dois conceitos básicos: o de comunidade e o de participação. Ambos caracterizam-se por sua conexão com os processos de inclusão e o caráter de processo atribuído a ela. Portanto, a educação inclusiva se propõe a aumentar a participação de todos os alunos no currículo escolar [...].
SÁNCHEZ, Pilar Arnaiz. A educação inclusiva: um meio de construir escolas para todos no século XXI. In: Inclusão - Revista da Educação Especial. Brasília: Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial, n. 1, out. 2005. p. 11-12.
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