Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo

HORA DE REFLETIR

NÃO ESCREVA NO LIVRO

A aldeia dos povos Kuikuro, situada no alto Xingu, está numa área próxima aos sítios arqueológicos de uma sociedade que se desenvolveu na região entre os anos de 1200 e 1600. Por isso, os pesquisadores trabalham com a hipótese de que essa aldeia seja herdeira cultural de antigos habitantes do alto Xingu. Com base nisso, reflita sobre a importância de conhecer as tradições culturais indígenas que se desenvolveram nessa região ao longo do tempo. Que tipo de informação esse estudo pode fornecer aos pesquisadores? Como a análise das técnicas agrícolas e de outras formas de relacionamento com a natureza, desenvolvidas pelos povos indígenas, podem contribuir para um melhor conhecimento da dinâmica ambiental da região? De que modo a comparação entre as evidências dos sítios arqueológicos e os hábitos atualmente existentes nas aldeias que vivem na região pode ajudar os pesquisadores a compreender melhor as tradições culturais desses povos?

Considerando essas reflexões, escreva um texto em seu caderno sintetizando suas opiniões sobre o tema.

LEGENDA: Festa do Kuarup (de 2012) dos índios Kuikuro na aldeia Afukuri, no Parque Indígena do Xingu, em Gaúcha do Norte (MT).

FONTE: Renato Soares/Pulsar Imagens

MINHA BIBLIOTECA

PARA NAVEGAR

Fundação e Museu do Homem Americano. O site traz informações sobre as pesquisas arqueológicas na serra da Capivara. Disponível em: www.fumdham.org.br. Acesso em: 29 out. 2015.

Arqueologia Brasileira.Site do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP), com diferentes informações sobre as descobertas arqueológicas no país. Disponível em: www.nptbr.mae.usp.br/acervo/arqueologiabrasileira. Acesso em: 13 jul. 2015.

Patrimônio Arqueológico Brasileiro. Dentro do site do Iphan, no Centro Nacional de Arqueologia, é possível obter várias informações sobre os sítios e as coleções arqueológicas tombadas pelo instituto. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/315. Acesso em: 9 out. 2015.

PARA LER

Walter Neves Entrevistas com explicações e detalhes sobre os estudos desse importante arqueólogo brasileiro.

· Revista Pesquisa Fapesp Edição 195, de maio de 2012. Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/05/11/walter-neves-o-pai-de-luzia/. Acesso em: 9 out. 2015.

· Revista de História Edição 71, de agosto de 2011. Disponível em: www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/walter-neves-luzia-e-apenas-a-ponta-do-iceberg. Acesso em: 9 out. 2015.

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FECHANDO A UNIDADE

No curso da história da humanidade, as pessoas têm produzido objetos com as mais variadas intenções: armas para caça e defesa, roupas para proteção, moradias para abrigo, obras de arte para a expressão de ideias e sentimentos, documentos para registro e organização, etc. Nas mãos do historiador, os dados da atividade humana se transformam em evidências de como determinada sociedade, ou grupo de pessoas, vivia e se organizava. Por isso, eles são chamados de documentos ou evidências históricas. Observe os objetos a seguir e responda ao que se pede.

DOCUMENTO 1

LEGENDA: Fragmento de uma roupa de lã usada por trabalhadores de uma mina de sal de Hallstatt , Áustria, entre os séculos VIII a.C.e III a.C.

FONTE: Erich Lessing/Album/Latinstock

DOCUMENTO 2

LEGENDA: Manto da Apresentação, do artista plástico Arthur Bispo do Rosário. Foto de 2014.

FONTE: Rodrigo Lopes/Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

DOCUMENTO 3

LEGENDA: Casaco de frio usado nos dias de hoje.

FONTE: demidoff/Shutterstock

REFLITA E RESPONDA

1. Os artefatos que aparecem nos documentos 1 e 2 foram produzidos com uma diferença de milhares de anos. Que aspectos em comum e que diferenças existem entre eles? O conhecimento que os produziu é o mesmo? Justifique sua resposta.

2. Criada há milhares de anos, a primeira vestimenta (documento 1) foi produzida com a finalidade de aquecer os indivíduos e protegê-los do frio e da chuva. Hoje, podemos considerá-la um "utensílio" ou "artefato" arqueológico. Os casacos modernos também podem ser considerados artefatos arqueológicos? De que modo o conhecimento histórico pode se interessar por esse tipo de objeto? Justifique sua resposta.

3. Em relação à obra Manto da Apresentação, de que maneira a criatividade do artista plástico sergipano Arthur Bispo do Rosário transformou o significado e a função das vestimentas tradicionais? Qual é o sentido novo atribuído ao objeto criado pelo artista?

4. Em sua opinião, o conhecimento e a criatividade do ser humano têm sido utilizados para melhorar as condições de vida nas sociedades modernas? Ou eles também contribuem para trazer novos problemas? Justifique sua resposta e cite exemplos para fundamentá-la.

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UNIDADE 2 - Urbanização

V ivemos em um mundo cada vez mais urbanizado. Hoje, mais da metade dos 7,1 bilhões de habitantes do planeta vive em cidades, algo bem diferente de meio século atrás, quando somente um terço da população do mundo era urbana. Em 1950, apenas 86 cidades no mundo tinham mais de 1 milhão de habitantes. Hoje são quatrocentas e, de acordo com as previsões da Organização das Nações Unidas (ONU), até 2025 serão quinhentas. A maioria encontra-se em países considerados pobres ou em desenvolvimento, como Índia, China, Bangladesh e Brasil (veja as tabelas).

A concentração demográfica nesses países acentua as desigualdades econômicas e sociais. Isso se manifesta das mais diversas formas: falta de moradias e de saneamento básico para a população pobre, marginalidade, desemprego, prostituição infantil, violência, poluição, etc.

Entretanto, os problemas das cidades têm solução, e muitas delas podem estar em nossas mãos. Quando escolhemos vereadores e prefeitos honestos e competentes, por exemplo, colaboramos para a melhoria de nossa cidade. Além disso, no nosso dia a dia podemos discutir os problemas da comunidade e apresentar propostas para sua solução em associações de bairro e outras organizações populares.

Morar em cidades significa, antes de tudo, saber viver em coletividade, ter respeito pelos outros e pelas regras de convivência. Como veremos nesta Unidade, foi graças à preocupação com o coletivo que, há milhares de anos, surgiram as primeiras cidades e as primeiras grandes civilizações.

Regiões metropolitanas mais populosas do mundo

2014

Posição	Região metropolitana	País	População*
1º	Tóquio	Japão	37,8
2º	Nova Délhi	Índia	24,9
3º	Xangai	China	22,9
4º	Cidade do México	México	20,8
5º	São Paulo	Brasil	20,8

2030

Posição	Região metropolitana	País	População*
1º	Tóquio	Japão	37,2
2º	Nova Délhi	Índia	36,1
3º	Xangai	China	30,7
4º	Mumbai	Índia	27,7
5º	Beijing (Pequim)	China	27,7

(*em milhões de habitantes - números arredondados)

(*em milhões de habitantes - números arredondados)

FONTE: Adaptado de: UNITED NATIONS. Department of Economical and Social Affairs. World Urbanization Prospects. The 2007 Revision: Highlights. Disponível em: www.un.org/esa/population/publications/wup2007/2007WUP_Highlights_web.pdf; UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs. World Urbanization Prospects. The 2014 Revision: Highlights. Disponível em: http://esa.un.org/unpd/wup/Highlights/WUP2014-Highlights.pdf. Acesso em: 15 out. 2015.

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Professor(a), veja no Procedimento Pedagógico deste capítulo uma proposta de Atividade Alternativa, que também pode ser uma Atividade de Inclusão, sobre o eixo conceitual da urbanização.

LEGENDA: Micro-ônibus aglomeram-se em frente à estação de trem, em Nova Délhi, na Índia. Foto de 2014.

FONTE: saiko3p/Shutterstock

População rural e urbana no mundo (1950-2050 - projeção)

FONTE: Adaptado de: UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs. World Urbanization Prospects. The 2014 Revision: Highlights. Disponível em: http://esa.un.org/unpd/wup/Highlights/WUP2014-Highlights.pdf.. Acesso em: 15 out. 2015.

Número de cidades com população entre 500 mil e mais de 10 milhões de habitantes (1990-2030 - projeção)

FONTE: Adaptado de: UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs. World Urbanization Prospects. The 2014 Revision: Highlights. Disponível em: http://esa.un.org/unpd/wup/Highlights/WUP2014-Highlights.pdf.. Acesso em: 15 out. 2015. Créditos dos Gráficos: Banco de imagens/Arquivo da editora

COMEÇO DE CONVERS,

1. A vida nas cidades proporciona espaços sociais e momentos de participação coletiva bastante diversificados. De que maneira você participa desses espaços sociais da sua cidade? Que atividades realizam os outros moradores da cidade em que você se encontra?

2. Em sua opinião, quais são as cinco maiores qualidades da sua cidade? E os cinco grandes problemas? Aponte possíveis soluções para eles.

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CAPÍTULO 3 - Povos da Mesopotâmia e do Egito antigo

DIALOGANDO COM... BIOLOGIA

A água é uma substância essencial para a vida na Terra. Nos seres humanos, 71% da massa do corpo é formada por água. Em alguns vegetais, essa porcentagem é ainda maior: 90% da couve e 95% do tomate, por exemplo, são constituídos por água. A falta de água no organismo acarreta adoecimento e até morte.

Por causa da importância da água, nada mais natural que as primeiras civilizações tenham surgido e se desenvolvido em torno de grandes rios. A civilização chinesa, por exemplo, floresceu em torno do rio Amarelo. Já os sumérios surgiram em torno dos rios Tigre e Eufrates, e os egípcios construíram um império às margens do rio Nilo.

Neste capítulo, vamos entender alguns processos históricos envolvendo povos que viveram na região da Mesopotâmia. Os sumérios, por exemplo, criaram um sistema de escrita próprio. Veremos também alguns aspectos da história dos egípcios, povo que realizou obras surpreendentes, como as pirâmides.

LEGENDA: Vista de Bagdá, capital do Iraque, banhada pelo rio Tigre, em foto de 2015. Na Antiguidade, o rio contribuiu fortemente para o florescimento da civilização suméria.

FONTE: rasoulali/Shutterstock

OBJETIVOS DO CAPÍTULO

· Explicitar o conceito de cidade-Estado nas sociedades mesopotâmicas.

· Explicar o surgimento da escrita em diferentes lugares, com destaque para a escrita cuneiforme.

· Apresentar alguns aspectos que caracterizaram os povos mesopotâmicos e os egípcios e conhecer algumas técnicas e invenções desenvolvidas por eles.

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1. Povos da Mesopotâmia

Professor(a), no Procedimento Pedagógico deste capítulo há uma sugestão para relacionar essa temática com o eixo conceitual da Unidade.

Mesopotâmia é uma palavra de origem grega, que significa "entre rios". A região assim chamada localizava-se em um vale entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje se encontram o Iraque, o Kuwait, a Síria e o sul da Turquia, no Oriente Médio (veja o mapa abaixo). Ao longo dos séculos, o regime de cheias das águas desses dois rios deixou o solo dessa região ideal para a prática da agricultura (veja a seção Eu também posso participar na página seguinte).

Há milhares de anos, povos como os sumérios, acadianos, hititas, babilônios, assírios e caldeus se fixaram em aldeias na Mesopotâmia e passaram a viver da agricultura. Por volta de 4000 a.C., as aldeias já haviam se transformado em cidades autossuficientes, nas quais os governantes possuíam poderes políticos e religiosos. Como a autoridade desses governantes era restrita à sua cidade, os historiadores as caracterizam como cidades-Estado, ou seja, com autonomia, independência e governo próprio. Algumas das cidades mais antigas do mundo foram erguidas nessa região.

Boxe complementar:

VOCÊ SABIA?

Por que o nome Crescente Fértil?

No passado, a Mesopotâmia formava com o Egito um arco semelhante à lua na fase de quarto crescente. Devido a isso, e também à qualidade de suas terras, ótimas para a agricultura, esse arco ficou conhecido como Crescente Fértil.

Fim do complemento.

Civilização suméria

Os sumérios foram os primeiros povos a se estabelecer na região ao sul da Mesopotâmia, por volta de 4000 a.C., vindos da Ásia centro-ocidental. Já a partir do ano 3000 a.C., diversas cidades estavam constituídas, entre elas Eridu, Ur, Nippur e Uruk (veja o mapa abaixo). Todas eram pequenas unidades urbanas autônomas, governadas pelo patesi, líder político, religioso e militar.

Com o crescimento da população e a diversificação das atividades além da agricultura, surgiram novos ofícios: comerciante, cesteiro, pastor, marceneiro, etc. Essas atividades eram administradas por funcionários a serviço do governante; eles controlavam as operações comerciais e os tributos. Por volta de 4000 a.C., esses funcionários criaram sistemas de anotações que levaram à invenção da escrita cuneiforme.

Além de terem inventado esse tipo de escrita, os sumérios foram responsáveis por importantes conquistas da humanidade, como a invenção do arado de cobre, o uso da força animal na agricultura e a construção de diques e canais para levar água a regiões distantes dos rios.

FONTE: Adaptado de: DUBY, Georges. Grand atlas historique. Paris: Larousse, 2006. Créditos: Banco de imagens/Arquivo da editora

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Eles estabeleceram também a divisão do ano em 12 meses, da hora em 60 minutos e do círculo em 360 graus; criaram o mais antigo sistema numérico da História, com base em sessenta símbolos, e um calendário formado por meses lunares de 28 dias, que lhes permitia prever com bastante exatidão o melhor momento de semear e colher. Atribui-se a eles, ainda, a invenção do vidro e da roda.

EU TAMBÉM POSSO PARTICIPAR

Água: fonte da vida em perigo

Os rios desempenharam papel fundamental no surgimento das primeiras civilizações, pois asseguravam a sobrevivência da população ao garantir o abastecimento de água potável. Na região da Mesopotâmia e do Egito, quando as águas dos rios transbordavam, as margens eram fertilizadas, e o solo tornava-se muito aproveitável para a agricultura.

As enchentes, porém, podiam também alagar as moradias e destruir as plantações. Para evitar e resolver esse tipo de problema, a população construía diques (para conter as inundações) e canais para irrigar as terras cultiváveis.

Passados muitos séculos, a água continua sendo essencial para a vida na Terra. Porém, fatores como a poluição, a urbanização e a industrialização descontroladas, o desperdício e a distribuição desigual transformaram a água potável e tratada, própria para uso, em recurso escasso e não renovável. Hoje, de cada cinco pessoas no mundo, uma sofre algum tipo de problema resultante da escassez de água potável.

Reverter esse processo é um dos grandes desafios da atualidade. Evitar uma crise mundial de abastecimento e assegurar o acesso à água tanto para as gerações do presente quanto para as do futuro são ações que não dependem apenas do poder público, mas também das empresas e dos indivíduos. Para evitar essa crise anunciada, algumas medidas simples podem ser adotadas no dia a dia para economizar água:

· No jardim e na lavagem do carro: use regadores ou baldes, no lugar de uma mangueira, para regar plantas ou lavar o carro.

· No vaso sanitário: não usá-lo como lixeira nem acionar a descarga sem necessidade. Os vazamentos também produzem grande desperdício de água.

· Na pia do banheiro: escove os dentes ou ensaboe as mãos com a torneira fechada.

· No banho: ligue o chuveiro apenas quando estiver sem roupa, desligue-o enquanto se ensaboa e evite banhos de mais de 10 minutos.

· Na máquina de lavar roupas: reutilize a água para lavar o chão ou o quintal. Também varra o quintal e a calçada antes de lavá-los.

LEGENDA DAS FOTOS: Represa Jaguari/Jacareí, do Sistema Cantareira, em Piracaia (SP), em dois momentos: à esquerda, durante a seca que castigou a região, em setembro de 2015. E, à direita, o mesmo local já se mostra em níveis normais, em dezembro de 2015.

FONTE DAS FOTOS: Moacyr Lopes Junior/Folhapress

DIALOGANDO COM... MATEMÁTICA

A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que cada habitante consuma no máximo 110 litros de água por dia. Faça uma pesquisa sobre a média de consumo de água em sua casa. Analise a conta de água mais recente e calcule o consumo médio diário de sua família. Depois, em grupo, comparem com o consumo das famílias de seus colegas e elaborem um quadro com os seguintes dados: média de consumo das famílias; quantidade de residências que estão de acordo com a recomendação da ONU; economia (em porcentagem) que deve ser feita para que as famílias consumam de acordo com as recomendações. Para sintetizar e concluir o exercício, façam um resumo oral da situação do grupo para a classe, comparando com os resumos dos outros grupos. Com isso, vocês terão uma conclusão única sobre o consumo de água nas famílias dos alunos dessa classe.

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A escrita na Mesopotâmia

Vários povos, em lugares e em épocas diferentes, desenvolveram sistemas de escrita. A suméria foi talvez uma das primeiras, embora os chineses já tivessem rudimentos de escrita por volta de 7000 a.C. Na América, os pioneiros foram os olmecas, cuja escrita data de 900 a.C.

Na sociedade suméria, a escrita começou a surgir durante o quarto milênio antes de Cristo, quando os templos e palácios eram o centro da sociedade, onde se armazenava a produção agrícola e se pagavam os tributos. Tudo isso exigia registros e controles contábeis, feitos por um funcionário que, sobre placas de argila úmida e com uma haste de bambu, imprimia desenhos daquilo que precisava ser registrado: a cabeça de um boi, porcos, jumentos, etc. Cozidas ao sol, as placas de barro endureciam e podiam ser guardadas.

Cerca de quinhentos anos depois, já havia sido desenvolvido outro sistema de notação baseado em marcas na forma de cunha - daí a expressão "escrita cuneiforme" - feitas com um tipo de estilete sobre argila úmida. Ao mesmo tempo, os desenhos - logogramas, termo que significa "sinais representativos de palavras" - tornaram-se cada vez mais abstratos, passando a representar os sons da fala.

LEGENDA: Réplica de placa cuneiforme em língua semítica da região de Ebla, na atual Síria, de cerca de 1650 a.C.

FONTE: Peter Horree/Alamy/Other Images

De cidades-Estado a impérios

Professor(a), no Procedimento Pedagógico deste capítulo há uma sugestão para relacionar o tema dos modelos de organização político-administrativa com o eixo conceitual da Unidade.

As constantes guerras levaram as cidades-Estado sumérias ao enfraquecimento e, por volta de 2350 a.C., elas foram dominadas pelos acadianos. Sargão, um rei desse povo, unificou as diversas cidades sob um único governo. Nasceu, assim, o Primeiro Império Babilônico. Essa foi uma das primeiras experiências da humanidade em que vários territórios, ocupados por povos diferentes, estiveram sob o domínio de um único soberano.

Nos séculos seguintes, a Mesopotâmia esteve sob o domínio de diversos povos até que, aproximadamente em 1950 a.C., os amoritas dominaram a região e instalaram sua capital na cidade de Babilônia. Hamurábi foi um dos reis amoritas e governou a região entre 1792 a.C. e 1750 a.C. Conhecido por sua grande habilidade política e militar, Hamurábi registrou e regulamentou, pela primeira vez, as práticas sociais da população dessa região em um código de leis, o Código de Hamurábi. E, para que as leis fossem de conhecimento de todos, ele ordenou que fossem gravadas em uma pedra.

ORGANIZANDO AS IDEIAS

NÃO ESCREVA NO LIVRO

ATIVIDADES

1. As primeiras cidades da Mesopotâmia formaram-se por volta de 4000 a.C. e foram chamadas pelos historiadores de "cidades-Estado". Sobre esse tema, responda ao que se pede.

a) Por que os historiadores costumam chamá-las de "cidades-Estado"?

b) Que tipo de organização política substituiu as cidades-Estado na região mesopotâmica?

2. Os sumérios foram os primeiros povos a se estabelecer no extremo sul da Mesopotâmia por volta de 4000 a.C. Com os conhecimentos que você já tem, escreva um texto relatando como essa sociedade se desenvolveu. Destaque aspectos sociais, políticos, econômicos e explique qual era a função da escrita cuneiforme nessa sociedade.

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INTERPRETANDO DOCUMENTOS: TEXTO

NÃO ESCREVA NO LIVRO

ATIVIDADES

O Código de Hamurábi registrou, pela primeira vez, as práticas sociais de um povo em um regulamento que poderia ser aplicado a todo tipo de disputa legal. Foi assim chamado por ter sido criado por Hamurábi, rei amorita, que governava a cidade de Babilônia. O documento a seguir é o prólogo desse código. Nele, o governante faz menção aos deuses Anu, Bel e Marduk, bem como às cidades de Nippur, Durilu e Uruk, Borsippa e Urash. Leia atentamente o documento e, em seguida, responda ao que se pede.

Quando o alto Anu, Rei de Anunaki e Bel, Senhor da Terra e dos Céus, determinador dos destinos do mundo, entregou o governo de toda a humanidade a Marduk... quando foi pronunciado o alto nome da Babilônia; quando ele a fez famosa no mundo e nela estabeleceu um duradouro reino cujos alicerces tinham a firmeza do céu e da terra - por esse tempo de Anu e Bel me chamaram, a mim, Hamurábi, o excelso príncipe, o adorador dos deuses, para implantar a justiça na terra, para destruir os maus e o mal, para prevenir a opressão do fraco pelo forte... para iluminar o mundo e propiciar o bem-estar do povo. Hamurábi, governador escolhido por Bel, sou eu, eu o que trouxe a abundância à terra; o que fez obra completa para Nippur e Durilu; o que deu vida à cidade de Uruk; o que supriu água com abundância aos seus habitantes; ... o que tornou bela a cidade de Borsippa; ... o que enceleirou grãos para a poderosa Urash; ... o que ajudou o povo em tempo de necessidade; o que estabeleceu a segurança na Babilônia; o governador do povo [...]

CÓDIGO de Hamurábi. Disponível em: www.dhnet.org.br/direitos/anthist/hamurabi.htm. Acesso em: 16 out. 2015.

a) De que maneira o documento justifica a criação do Código de Hamurábi? Esse conjunto de leis é uma decisão puramente humana ou teve influência dos deuses em sua criação?

b) O prólogo do código apresenta uma definição de justiça. Leia atentamente e explique essa definição.

c) Hamurábi apresenta uma lista de suas realizações como governante dos amoritas. Quais são as realizações apresentadas no documento?

2. Os egípcios na Antiguidade

O Egito atual é um país cujo território é quase todo ocupado pelo deserto do Saara. Por isso, a maior parte de sua população encontra-se nas margens e no delta do rio Nilo, que atravessa o país do sul (onde nasce) ao norte. Essa ocupação é basicamente a mesma há quase 8 mil anos.

Por causa das chuvas tropicais na nascente do rio, todos os anos as águas do Nilo - ricas em húmus - transbordam de seu leito e tornam o solo inundado excelente para a agricultura. Durante milhares de anos, a população aprendeu a utilizar esses terrenos, drenando as áreas alagadas ou construindo diques e canais. Com o tempo, essa organização propiciou excedentes agrícolas que eram comercializados com outros núcleos humanos mais distantes. Assim, os núcleos humanos próximos do rio tornaram-se povoados com maior estrutura, conhecidos como nomos, cujo chefe era o nomarca.

LEGENDA: Trabalhadores rurais egípcios colhem algodão nos arredores da capital, Cairo. Foto de 2015.

FONTE: Mohamed El-Shahed/AFP

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Grande parte da população dos nomos era formada por agricultores - os felás. O rio era o principal sistema de comunicação e de transporte. Para essa população, somente a ação dos deuses explicava o privilégio de morar em uma terra de abundância rodeada por áreas de seca e fome.

Os nomarcas mais eficientes na tarefa de garantir a alimentação de suas comunidades passaram a personificar os deuses protetores dos nomos. Assim, gradativamente, o poder político e administrativo dos nomos se fundiu ao poder religioso.

Por volta de 3500 a.C., os nomos foram unificados em dois reinos: o do delta e o do vale do Nilo - chamados de Baixo Egito e Alto Egito, respectivamente, cada um com sua própria capital, Sais e Tebas (veja o mapa abaixo). Cerca de trezentos anos depois, o rei Menés (também conhecido como Narmer, Men ou Meni), do vale do Nilo, conquistou a região do delta. Pela primeira vez, houve a coroação de um faraó do Egito, ou seja, um misto de rei e chefe religioso. O símbolo de seu poder era uma coroa dupla nas cores branca e vermelha, que representava a união das duas regiões em um único e centralizado império. A capital era Mênfis.

Boxe complementar: