Editora best seller


EFEITOS COLATERAIS MÍNIMOS



Yüklə 0,79 Mb.
səhifə10/16
tarix27.10.2017
ölçüsü0,79 Mb.
#17185
1   ...   6   7   8   9   10   11   12   13   ...   16

EFEITOS COLATERAIS MÍNIMOS
Nunca imponho a radioterapia ou a quimioterapia as pessoas que consideram tóxicas essas formas de tratamento, pois o tempo talvez lhes dê razão. Não é agradável ouvir um paciente exclamar, apontando para os efeitos colaterais:

- Olhe como estou. Não devia ter lhe dado ouvidos.

O oncologista de uma senhora integrante do PCE receitou-lhe um regime medicamentoso, com instruções para que tomasse uma drágea por dia durante uma semana, mas sem contar à senhora que a embalagem só tinha cinco drágeas. Mais tarde, ela telefonou ao oncologista para informá-lo de que estava vomitando e não tinha drágeas suficientes para os sete dias da semana.

- Vamos ajustar a dose - respondeu ele. - Mas, em dois anos, a senhora é a primeira paciente a se queixar de que não tem drágeas suficientes.

Quer dizer, boa parte dos outros doentes talvez tenha jogado os comprimidos no lixo quando começou a vomitar. Uma pesquisa realizada pela dra. Alexandra Levine permitiu verificar que 60 por cento dos doentes analisados não acusavam o menor vestígio de medicação nas amostras de sangue. Ora, as estatísticas da quimioterapia têm como base a pressuposição de que todos os pacientes tomam os remédios. Atualmente, muitos especialistas em câncer insistem em que os medicamentos sejam tomados sob supervisão, mas o preferível seria uma relação de aberta confiança.

Em minha opinião, cerca de 75 por cento dos efeitos colaterais da radiação e da quimioterapia resultam dos pontos de vista negativos dos pacientes, alimentados por uma espécie de hipnose destruidora empregada pelos médicos, que muitas vezes costumam dizer:

- Todas essas más conseqüências poderão acontecer, mas, com um pouco de sorte, teremos algo de bom.

Nenhum hipnoterapeuta digno desse nome entregaria um protocolo como os que estão sendo usados habitualmente a doentes de câncer, pois são arroladas em primeiro lugar todas as coisas más que podem ocorrer, o que infunde uma predisposição negativa. Quando se chega ao fim das indicações, onde se insinua a probabilidade de bons resultados, o doente continuará com as más possibilidades ecoando.

Ninguém pretenderá processar um médico por salientar o lado positivo, mesmo porque não há que oferecer garantias: basta deslocar a ênfase. Por exemplo: "O tratamento pode acarretar várias conseqüências benéficas. É possível que venham a ocorrer alguns efeitos adversos, mas não espero isso". Dessa maneira, os pacientes estarão pensando positivamente e, ao chegar ao final da página, se sentirão convictos da improbabilidade da manifestação de efeitos colaterais. Convém lembrar a todos que as células normais se recuperam mais depressa dos remédios fortes do que as sensibilizadas células cancerosas.

A experiência pela qual passou Martin, um médico membro do nosso grupo, ilustra com perfeição este ponto. Antes de ele ser encaminhado à quimioterapia, conversamos sobre a influência que a expectativa exerce na forma como reagimos. A enfermeira do oncologista dele disse-lhe que tomasse o comprimido antináusea às 8 horas da noite, as drágeas para a quimioterapia às 9 e outro comprimido antináusea às 10. Depois, aconselharam-no a espalhar jornais em cima do tapete do quarto, para o caso de ele não ter tempo de correr até o banheiro, além de manter, encostado à cama, um balde com um pouco de água, para que o vômito não secasse no fundo. Ele ficou tão irritado com as instruções que só duas horas depois do recomendado começou a tomar os remédios. Então recordou a nossa conversa e resolveu ficar pensando nas coisas boas que poderiam ocorrer. Tomou todos os medicamentos, adormeceu e despertou na manhã seguinte sem o menor problema.

- Se não fosse nosso diálogo anterior - comentou ele -, não teria sido assim.

A programação negativa explica por que 25 por cento de todas as pessoas submetidas à quimioterapia começam a vomitar antes da segunda aplicação. Na Inglaterra, um grupo de homens recebeu uma solução salina, com a informação de que se tratava de quimioterapia, e logo 30 por cento perderam cabelo. A ciência do comportamento já comprovou que as técnicas empregadas para vencer fobias são capazes de eliminar a náusea antecipada, mas normalmente são desnecessárias se a quimioterapia for dada num clima de entendimento entre o médico e o paciente, juntamente com o exercício da imaginação e atenção aos problemas emocionais do paciente. É aconselhável um toca-fitas portátil, para se ouvir música ou mensagens positivas no consultório, criando assim um ambiente favorável durante a terapia.

Uma vez remeteram-me uma senhora, chamada Estelle, com incríveis efeitos colaterais. Pedi-lhe que fizesse um desenho mostrando seu tratamento e ela retratou o diabo lhe dando veneno. Estelle vinha ocultando os sentimentos que nutria a respeito do médico e do tratamento, mas conseguimos esclarecer o problema, devolver-lhe o domínio de si mesma e modificar o relacionamento com o médico, o que lhe permitiu reiniciar a terapia.

Quando vejo os doentes antes do tratamento e os ajudo a tomar a decisão, invariavelmente apresentam menos problemas do que a maioria, tornando dispensáveis a maconha ou os antieméticos. A Marie, uma de nossas pacientes, foi dito que sentiria náuseas. Ela disse que não, mas o médico e respectiva equipe insistiram em que levasse para casa um pouco de Compazine.

- Fui para casa e, uma ou duas horas depois, dei um arroto. Pensei que ia começar tudo. Fui ao armário, peguei um comprimido, que engoli, e logo me senti melhor. Horas depois, arrotei de novo e pedi a minha filha que me trouxesse o Compazine do armário.

Após alguns minutos, a filha replicou:

- Mamãe, não consigo encontrar o Compazine. Só veio o Coumadin.

Marie tinha visto uma embalagem com um "C" bem grande, imaginara que fosse Compazine, tomara o comprimido e logo se sentira bem. Coumadin é um anticoagulante, porém, para ela, funcionou como um magnífico placebo. Ela compreendeu ter sido objeto de um trabalho de sua própria mente. Haviam lhe falado de náuseas, mas ela não tinha necessidade do efeito colateral nem do comprimido.

Recordo outra senhora, Lillian, que nos primeiros dias nem se sentava entre nosso grupo.

- Não estou acostumada a compartilhar essas coisas com os outros - dizia.

Afinal, não só se reuniu ao círculo como também acabou indo comigo e outros pacientes à televisão. Um dos maiores problemas dela tinha sido os efeitos colaterais da quimioterapia. Sentia-se mal quando se dirigia ao consultório e fazia uso de maconha para combater as náuseas. Depois de receber nossa consultoria, debateu o problema com seu clínico. Certo dia, perguntou no meio do grupo:

- Quem adivinha o dia em que fiz quimioterapia? - E ela mesma respondeu: - Não faz nem uma hora, e estou me sentindo ótima.

Outra paciente, Maxine, apresentou uma recidiva de carcinoma mamário. Depois de lhe extrair um nódulo da axila, indiquei radiação e quimioterapia. Maxine tinha uma loja de alimentos naturais, estava há dezessete anos sem tomar remédios e não se dispunha a aceitar minha sugestão, pois estava a par dos efeitos colaterais.

Expliquei que o tratamento pode ser favorável, com efeitos colaterais toleráveis e até sem nenhum efeito, desde que tenhamos fé neles e os encaremos como uma forma de energia. Falei-lhe de outra paciente na situação dela, a quem o oncologista começou a descrever todas as reações adversas, até que ela o interrompeu dizendo que não teria nenhuma, pois seu cirurgião era Bernie. E, de efeitos colaterais, ao todo, o que ela teve foi uma semana de prisão de ventre. Durante o tratamento, continuou trabalhando como sempre.

Procurei induzir Maxine a pensar em ambas as formas terapêuticas como energia que o organismo poderia utilizar para curar-se. Ela concordou em encarar dessa forma a radiação, e sua reação a esse tratamento foi ótima. Acabou, mais tarde, por considerar da mesma forma a quimioterapia, também com resultados positivos. Continuou a cuidar da loja e dos filhos. Mas os sonhos que ela teve durante a terapia refletiam o conflito em que vivia. Sonhou com uma jardineira e faxineira, que operava com produtos naturais e ao mesmo tempo usava fertilizantes químicos e materiais de limpeza cáusticos. No entanto, após o debate de seus receios, aceitou a terapia e deixou que agisse a favor dela. Os amigos não deixaram de preveni-la contra os venenos que estava tomando, mas, como o estado de saúde dela melhorou, ficaram surpresos e mudaram de opinião.

Às vezes, basta um simples ato para alterar todo o quadro. Uma senhora que era membro do PCE costumava vomitar após a quimioterapia, a ponto de o marido trazer sempre um saco de plástico para ela vomitar assim que entrasse no carro. Um dia, porém, ela abriu o saco e encontrou lá dentro uma dúzia de rosas - e nunca mais voltou a vomitar depois da quimioterapia.



OPINIÕES EFETIVAS
A eficácia do tratamento depende da fé que se tenha nele e na seriedade dos efeitos colaterais. Os raios X podem ser fatais ou altamente benéficos. Como a quimioterapia ataca principalmente as células com uma taxa acelerada de metabolismo, a exemplo das presentes em tumores e folículos pilosos, a queda do cabelo pode e deve ser interpretada como prova de que a medicação está produzindo efeito. Quem não gosta de perder o cabelo que use chapéu ou coisa do gênero. Convêm, no entanto, lembrar que este sintoma não deve ser considerado um efeito terapêutico. É o caso de Greta, membro do PCE, para quem a quimioterapia era um "desinfetante" de um comercial de televisão. Comentou com o médico que ele não precisava descrever todos os possíveis efeitos colaterais, pois ela lhe contaria se houvesse novidade. Não sentia a mínima necessidade de uma programação negativa. E nunca teve reações adversas dignas de nota.

Depois, costumava dizer:

- Acho que o câncer foi a melhor coisa que me podia acontecer. Vale a pena ensinar aos outros como combater a doença. Estou certa de que foi para isso que peguei câncer.

Quem fala assim sofreu tanto que teve de mudar de orientação na vida por causa da doença, o que tem profunda importância, pois empresta novo significado e mais afetividade à existência. Isso não quer dizer que a pessoa não se desfizesse da doença no primeiro minuto, se fosse possível - mas não desistiria das mudanças que ela acarretou. O desejo de aprender com tal experiência e de ajudar os outros torna todo e qualquer tratamento mais suportável. Vejamos o que diz o dr. Kenneth Cohn, que se recuperou de um linfoma:


A oportunidade que se oferece de crescimento pessoal durante a quimioterapia pode e deve ser transmitida aos pacientes, pois o desenvolvimento do amor-próprio daí resultante lhes aumentará o ânimo [...] e diminuirá a probabilidade de que abandonem prematuramente o tratamento.
Seja qual for o método preferido para a recuperação da saúde física, é essencial planejá-lo de modo a que não prejudique a saúde mental. Os regimes quimioterápicos, por exemplo, podem ser ajustados para dar vez a outras coisas importantes da vida do paciente. Tenho em mente um jovem chamado Denny, que me foi encaminhado por seu oncologista devido aos gravíssimos efeitos colaterais da quimioterapia. Suas primeiras palavras, em meu consultório, foram:

- Não diga o que é.

- O que é o quê?

- O senhor sabe o que é.

- Câncer? - perguntei.

- Isso mesmo.

E correu até o toalete, para vomitar. Estabelecido o diálogo, ele se abriu um pouco.

- Tomo remédio na sexta-feira à noite e no sábado, e fico tremendamente indisposto no fim de semana, para poder voltar para a faculdade na segunda-feira. Mas, assim, não namoro nem pratico esportes.

- E por que não toma os remédios na segunda-feira? - perguntei.

- Porque o especialista em câncer e minha mãe acham que é melhor assim. Faz parte do acordo entre eles - respondeu o jovem.

- Bem, a vida é sua. Mas, em seu lugar, passava um fim de semana sem medicação, ou então começava a tomá-la na segunda-feira, para aproveitar um pouco o tempo.

Na semana seguinte, numa sexta-feira à noite, recebi um telefonema de alguém perguntando se eu sabia onde estava Denny. Poucas horas depois, tocou o telefone - era de Montreal, no Canadá. O rapaz tinha viajado com o calhambeque da família para ver a namoradinha. Voltou na segunda para a quimioterapia e não apresentou efeitos colaterais, que aliás não se manifestaram mais, até o final da terapia. Hoje em dia, está bem de saúde.

Na quinta-feira daquela semana, a mãe de Denny compareceu a uma reunião do PCE. De início, pensei que ela fosse me agredir, mas, em vez disso, achou que minha atitude fora correta. Eu quis saber o motivo.

- O rapaz foi até Montreal e voltou de lá naquele calhambeque, no qual eu não daria sequer uma volta no quarteirão. Ao voltar, na segunda-feira, eu dei uma volta no quarteirão e o carro quebrou. Compreendi então que ele recebeu uma orientação espiritual! - respondeu ela.

O principal objetivo do PCE consiste em estimular essa espécie de autonomia e de consciência, tanto nos pacientes como em seus familiares, para ajudá-los a alcançar a paz de espírito que lhes permite enfrentar as questões vitais. Estamos convictos de que a resolução de conflitos, a compreensão do verdadeiro eu, a consciência espiritual e o amor libertam energias que promovem a bioquímica da cura.

Fez parte do nosso grupo um médico chamado Herb, que meditava todas as noites enquanto passeava com o cachorro. Certa noite, ao descer a rua, escutou a voz de Deus, que lhe dizia:

- Você é Jesus.

- Mas eu sou judeu - replicou Herb.

- Jesus também era.

Herb pensou que Deus queria dizer-lhe que se curasse estendendo as mãos, e sentiu-se exultante.

Contou a história numa reunião do grupo, e eu lhe perguntei:

- Não imaginou que Deus lhe estava recomendando que se tornasse afetuoso e puro? Como você é médico, reagiu de modo mecânico e praticou um gesto mecânico, mas a mensagem reza: "Mude e seja puro".

No PCE, promovemos tais mudanças em reuniões semanais de duas horas. Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos. Cobramos uma mensalidade simbólica para fazer face aos custos, mas só paga quem pode. Não representa uma forma de tratamento que se possa considerar como única fonte de renda. Gasto muito tempo com os pacientes e não quero que eles fiquem imaginando quanto minha atenção lhes custará.

Ninguém precisa ser encaminhado por um médico e não se volta as costas a ninguém. As únicas exigências para a inscrição constam do esboço dos desenhos e do preenchimento do formulário com as quatro perguntas e o questionário de informações históricas. Cada membro começa por fazer um desenho de si mesmo, sua doença, glóbulos brancos e respectivo tratamento. Os desenhos são então debatidos durante uma sessão individual, no mínimo, antes que a pessoa se integre num grupo. Temos uma biblioteca que empresta livros, para estimular os pacientes a serem pessoas bem informadas, e cedemos materiais pedagógicos.

Nas sessões de grupo, discutimos todos os aspectos de nossa vida - objetivos e opções do tratamento, alimentação, exercícios, origens psíquicas da doença, controle da dor e do medo, bem como técnicas para reduzir a tensão. Colaboramos para que os pacientes estabeleçam objetivos na vida, encontrem tempo para brincar e rir, lidar com os problemas sexuais e desenvolver um sistema de apoio emocional entre os amigos e a família. Antes de tudo, procuramos ajudá-los a fazer face ao supremo desafio de suas vidas, mediante o desenvolvimento máximo de uma personalidade que lhes dê prazer.

Sob vários aspectos, tentamos realizar aquilo que os Alcoólicos Anônimos procuram fazer por si mesmos: mudar de vida, aceitar responsabilidades, consciência espiritual, compartilhar sentimentos. A exemplo dos AA, proporcionamos uma "família imediata", que não julga ninguém. Em geral, pomos em debate o motivo e o objetivo de estarmos vivos. Cada sessão é encerrada com um período de meditação e de imagens mentais orientadas, ensinando os pacientes a adaptar essas técnicas ao uso diário. Muitas vezes, a família dos PCE é mais afetuosa e amiga que a biológica.

Certa ocasião, um oncologista perguntou-me como eu sabia se não estava prejudicando os pacientes, uma vez que não fiz curso algum de psicoterapia. Respondi que tinha amor por eles e que, se não estivesse ajudando, mal é que eu não fazia. Aliás, o trabalho do PCE pode ser suplementado por outras formas de psicoterapia, embora uma pessoa que se veja diante da ameaça de uma doença mortal não possa, talvez, dar-se ao luxo de uma análise profunda. Reviver tendências para a autodestruição não representa uma mensagem de vida. Penso que devemos lançar mão de um método terapêutico que torne a vida alegre. Invariavelmente, recomendo aos doentes que entendam suas emoções e vivam como se fossem morrer amanhã. E complemento: "Depois, se ainda lhe for necessário, terá tempo para meditar e descobrir por que você é o que é".

Nos sete anos de existência do PCE, recebemos somente duas cartas em que se questionava o que estávamos fazendo, e ambas vieram de psiquiatras, aparentemente preocupados com a idéia de perder o controle sobre seus pacientes. Uma protestava contra o fato de termos entregado um livro a certo cliente dele, outra nos condenava por termos ajudado uma pessoa que havia deixado de tomar a medicação antidepressiva. Não hesito em recomendar o mesmo método a outros médicos, seja qual for sua especialidade. O que é decisivo é a solicitude. Há pesquisas demonstrando que, quando se coloca um porteiro no consultório de um psiquiatra, os pacientes sentem-se melhor - na medida em que tenham empatia por ele.

A parte final deste capítulo trata da parte "externa" do programa - métodos para mudar aquilo que fazemos. Nos demais capítulos, tratamos da parte "interna" - métodos para mudar o que somos. Na maior parte dos casos, a discussão se refere ao câncer, pois, na qualidade de cirurgião, atendo a muitos cancerosos. Acredito, porém, que tais métodos melhoram o quadro geral de todas as doenças. Tanto assim que, no PCE, temos registrado resultados positivos com diabetes, esclerodermia, esclerose múltipla, artrite, desordens neurológicas, obesidade, asma, Aids e câncer.

Tivemos um paciente que sofria de câncer, mas que estava mais aflito com a asma. Ao fim de alguns meses de esforços para mudar seu estilo de vida, meditando e desenvolvendo imagens mentais, ele dispensou a cortisona e quase todos os medicamentos.

Ficou então convencido de estar seguindo o rumo certo, já que na família dele a morte foi sempre provocada por asma e enfisema, e não por câncer.

A resposta do oncologista Sam Bobrow a um repórter do Globe de Boston, que perguntava como iam meus pacientes, foi esta:

- Para mim, não está claro que os doentes vivam por mais tempo com Bernie, mas a verdade é que se sentem melhor enquanto estão vivos. E isso é importante.

Ao que acrescento: "Mostrem-me um doente que viva feliz, e eu lhes mostrarei alguém que viverá por mais tempo".



NUTRIÇÃO
A boa alimentação é parte essencial de qualquer programa de tratamento, mas não acredito num regime estrito para todos os pacientes. Dou-lhes orientação quanto à dieta e suplementos vitamínicos, mas julgo mais importante que as pessoas se amem e prestem atenção ao próprio corpo. Se não cuidam de si mesmas, também não seguirão meus conselhos a respeito de exercícios, alimentação correta e abstinência de fumo. Abundam informações sobre a qualidade da alimentação, e recomendo que as pessoas as procurem e ganhem conhecimentos a respeito. Muitos pacientes já perderam o contato com o eu físico, como alguém que se acostuma de tal modo ao tique-taque do relógio no quarto que não o ouve mais. Faço força para que se restabeleça a comunicação entre a mente e o corpo. A partir daí, o doente não só fará uma alimentação correta como poderá usar as faculdades mentais para se curar.

Recomendo quase sempre o tipo de dieta proposto pelo falecido especialista Nathan Pritikin - o mais seguido nos países avançados -, ou aquele baseado nas seguintes orientações, preparadas pelo Instituto Americano de Pesquisas sobre o Câncer e aprovadas pela Academia Nacional de Ciências:




  1. Reduza a ingestão de gordura - tanto saturada como insaturada - ao nível máximo de 30 por cento do total de calorias. Consegue-se isso limitando a carne na alimentação, cortando o excesso de gordura que ela tenha, evitando frituras e reduzindo o consumo de manteiga, creme de leite, temperos de salada etc.

  2. Aumente a ingestão de frutas frescas, vegetais e cereais integrais. Dessa forma, aumenta automaticamente a ingestão desses cinco nutrientes que têm um efeito protetor contra o câncer: o caroteno beta (precursor vegetal da vitamina A), vitamina C, vitamina E, selênio e fibras dietéticas.

  3. Faça consumo moderado (ou não consuma de forma alguma) de alimentos curados em sal ou grelhados ao fogo de carvão.

  4. Seja abstêmio ou, pelo menos, moderado em relação às bebidas alcoólicas.

O regime Pritikin também elimina da dieta:




  1. Quase todo o sal que não existe no próprio alimento;

  2. Todos os estimulantes, como ó café e o chá;

  3. Farinha e açúcar refinados;

  4. Gorduras hidrogenadas;

  5. Pimenta e outras especiarias; e

  6. Alimentos que contenham aditivos e conservantes artificiais.

Esta relação abrange alimentos curados à base de nitrito, do gênero dos cachorros-quentes, alcançando todas as carnes de animais engordados à base de hormônios e outros aditivos.

Alguns pacientes de câncer atribuem sua recuperação a estritos regimes dietéticos. O dr. Anthony Sattilaro, presidente do Hospital Metodista da Filadélfia, atribui a cura do avançado câncer na próstata de que sofria, com metástases ósseas, à macrobiótica - concepção global da vida que dá ênfase não só à dieta, mas também aos pensamentos e ao modo de vida. O que ele diz de sua experiência no livro que escreveu em colaboração com Tom Monte constitui excelente exemplo de como um professor costuma aparecer, como que por mágica, quando é mais necessário. O pai de Sattilaro acabara de morrer de câncer e, acabrunhado ao saber que também ia morrer, o filho fez uma coisa que nunca fizera antes: ao voltar dos funerais, deu carona a dois homens. Sucede que um deles, chefe de cozinha macrobiótica, disse ao médico não ser obrigatório que morresse, e o encaminhou no sentido da recuperação.

De fato, acredito em sincronia, ou na coincidência expressiva. Não recomendo, no entanto, que se dê carona e não forço os doentes a serem vegetarianos ou macrobióticos. Para mim, é mais importante o ponto de vista mental e espiritual para a saúde do que toda e qualquer dieta, muito embora as estatísticas de sobrevida sejam favoráveis aos vegetarianos com câncer. Os adventistas do sétimo dia, vegetarianos, acusam uma incidência de câncer do cólon e do reto inferior ao da restante da população americana, mas a dos mórmons do Utah é ainda menor, apesar de seu consumo de carne bovina per capita ser um pouco superior à média geral.

Agora me lembro de Charlie, um canceroso que adorava salame e cachorro-quente. Apesar da doença, pedia à esposa esse gênero de comida industrializada. Ela comprava e trazia para casa, mas, achando que lhe fazia mal, acabava por jogá-la no lixo. Seguiam-se discussões acaloradas. Quando Charlie pediu minha opinião, respondi que ele se sentir contente era o mais importante. Os sermões e as advertências da família não estavam servindo para nada, a não ser para provocar conflitos. Acho importante comer com sensatez, mas a verdade é que as refeições devem provocar prazer, e não aborrecimento. Portanto, respondi a Charlie:

- Se eu estivesse com câncer generalizado, com metástases no fígado, ninguém poderia impedir que eu comesse um cachorro-quente, se me apetecesse. Mas, se a pessoa ama a vida e acha que esses alimentos são impróprios, é o caso de não os comer.



Yüklə 0,79 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   ...   6   7   8   9   10   11   12   13   ...   16




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©muhaz.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

gir | qeydiyyatdan keç
    Ana səhifə


yükləyin