Envolvidos pela lei



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***

- Andi. Acorda.

Ela virou para o lado.

-Não.


Rindo, Gabe bateu nas nádegas dela.

- Levante e brilhe. Temos lugares para ir e pessoas para ver.

Ela pôs o travesseiro sobre a cabeça.

- É sábado. Não temos que trabalhar hoje.

- Eu sei que é.

- Então por que está me acordando?

- Nós vamos para Houston.

Ela se sentou.

- Houston? Por quê?

- Visitar a minha família.

Ela caiu de volta na cama.

- Hã. Não quero conhecer a sua família...

- Isso não é uma festinha para apresentar a namorada à família, se é o que está pensando. É o ani­versário de um ano do meu sobrinho.

- Deseje a ele feliz aniversário por mim.

Ele a pegou pelo calcanhar e tirou-a da cama.

- Diga a ele você mesma.

- Por que tenho que ir? - reclamou ela.

- Por que não vou deixar você aqui sozinha. ­Ele a colocou de pé e apontou para o banheiro. ­Se você não estiver na cozinha pronta para sair em 15 minutos, eu vou...

- Partir sem mim? - perguntou ela, esperançosa.

Ele a empurrou para o banheiro.

- Não, você vai, mesmo que eu tenha de amarrar você e jogá-la na carroceria da caminhonete.

Capítulo 7

- Onde estão os palhaços e os balões? - sussurrou Andi para Gabe. - Achei que eles fossem pré-requi­sitos numa festa de crianças.

- O que eu posso dizer... A minha família é cheia de pompa.

Andi teve que concordar. De todas as pessoas reunidas naquela mesa enorme, ela e Gabe eram os únicos vestindo jeans. Dois dos irmãos dele esta­vam de terno. Claro, se ela soubesse que o almoço seria servido numa sala de jantar formal, teria vesti­do algo diferente.

- Andi, o Gabe me disse que você é uma detetive da polícia de Red Rock.

A afirmação partiu do pai de Gabe, que sentava na cabeceira da mesa. Ela sorriu educadamente.

- Sim, senhor. Há nove anos.

- Não consigo imaginar por que alguém trabalharia com isso. Especialmente uma mulher. Os ho­rários são horríveis e o salário não é muito maior do que o de uma professora primária. - Seu pai olhou para Gabe. - Torcemos para Gabe se juntar à firma de advogados, como seus irmãos.

Apesar da expressão de Gabe não mudar, ela per­cebeu a tensão nele e achou que esse assunto era um tanto quanto delicado.

- Alguém tem que capturar os bandidos - respon­deu Gabe. - Do contrário, como vocês advogados terão alguém para processar?

- Não estou questionando os méritos da profis­são policial - seu pai respondeu. - Apenas con­sidero um desperdício da sua inteligência você ter escolhido essa área. - Ele olhou para Andi. - Você sabia que ele se formou com honras na faculdade? Ele pôde escolher qualquer escola de direito e es­colheu a academia de polícia.

- A inteligência dele não está sendo desperdiça­da - Andi assegurou ao sr. Thunderhawk. - Na ver­dade, Gabe está trabalhando em vários casos impor­tantes comigo, como detetive, enquanto o meu par­ceiro está de licença.

- Eu duvido que precise de muita inteligência para lidar com um marginal que largou a escola para seguir carreira no crime - disse o sr. Thunderhawk.

- Permita-me discordar, sr. Thunderhawk, mas muitos dos crimes cometidos hoje em dia partem de pessoas com nível superior. Veja Ted Bundy. Ele era charmoso, articulado e estudava para ser advogado. Duvido que alguém o descreveria como um malan­dro de rua ou um pobre coitado sem educação ­disse Andi.

O Sr. Thunderhawk rebateu o argumento de Andi com um movimento da mão e disse:

- Bundy era um louco.

- A mesma coisa foi dita de Picasso, Edison e Einstein - retrucou Andi. - E olha as contribuições que eles deixaram para o mundo.

Ele segurou o riso e pegou o copo.

- Eu notei que nenhum de seus exemplos foram da força policial.

Gabe afastou a cadeira.

- Nesse tom agradável - disse ele ao pegar a mão de Andi - nos despedimos.

Agora, ao entender o ímpeto por trás do desejo de Gabe de vencer, Andi sentia muito respeito por ele. Com um pai que criticava constantemente a sua escolha profissional e provocava-o com o sucesso de seus outros filhos, Gabe poderia muito bem ter sucumbido às críticas e se tornado um perdedor.

Mas entender o que motivava Gabe não a fazia sentir-se melhor por ter arruinado o aniversário do sobrinho dele.

Ela olhou para ele. Sua expressão era severa, suas mãos agarravam o volante com força. Já estava qua­se chegando em casa e ele não dissera uma só palavra durante a viagem inteira. Ela também não.

- Gabe...

- Não diga isso - disse ele, interrompendo-a.

- Como você sabia o que eu ia dizer?

- Você ia pedir desculpas, mas não é necessário.

- É, sim. Eu não deveria ter dito aquelas coisas para o seu pai. Estraguei a festa do seu sobrinho.

Ele balançou a cabeça.

- Você não estragou nada. A mesma discussão te­ria acontecido, estando você lá ou não. - Ele olhou para ela. - Fiquei impressionado com o exemplo do Ted Bundy. - Ele riu. - Aposto que o velho ainda está digerindo essa.

Andi riu, apesar de se sentir culpada.

- Sem ofensa, mas o seu pai é um esnobe de primeira.

- É verdade. - Ele olhou para ela de novo e puxou ­a para perto de si, voltando o olhar para a estrada. ­Obrigado por me defender. Você não precisava.

- Como não? Essa também é a minha profissão. De jeito nenhum eu ficaria ali parada enquanto ele atirava em você e as balas também pegavam em mim.

Ele deu-lhe um beijo na testa.

- Não leve a mal. Ele é tão cego com o que con­sidera minha falha, que duvido que ele pensasse que estivesse insultando você também.

Ela pôs a mão na coxa dele.

- Você não falhou, Gabe. Nunca permita que seu pai o faça acreditar nisso.

Ele olhou-a fingindo estar surpreso.

- Será que acabo de ouvir um elogio da boca da detetive Andrea Matthews?

- Eu tenho sido dura assim com você?

- Está brincando?

- Se fui tão dura com você, não é porque duvido da sua capacidade. Apenas questiono seus métodos.

- Métodos? - Ele repetiu. - Eu sigo procedimentos.

- Tecnicamente, sim. Trabalhar em grupo é importante, mas você parece preferir trabalhar sozinho.

- Se o trabalho for completado, o que importa se foi feito por uma pessoa ou por oito?

Ela respirou fundo, procurando uma resposta amena.

- Nos meses em que trabalhamos juntos, isso não foi problema, mas às vezes preciso saber se posso contar com o meu parceiro.

- E acha que não pode contar comigo?

- Não sei se posso ou não. Esse é o problema.

Houve ocasiões em que você se mandou sozinho e me deixou esperando.

- Você estava entrevistando pessoas. Não corria perigo.

- Você não pode saber isso. Até mesmo as situa­ções mais inocentes podem se tornar mortais.

- Ok. Eu vejo aonde quer chegar.

***

- Droga!

- Andi? - Gabe largou o jornal que acabara de abrir e saiu correndo. - O que houve? - Ele pergun­tou ao entrar no quarto dela. O quarto parecia ter si­do invadido por um furacão. Os lençóis foram talha­dos e as penas dos travesseiros estavam espalhadas por toda parte. Uma faca estava enfiada no meio do colchão.

Ele olhou para a penteadeira onde Andi estava parada, de costas para ele, olhando para o espelho. Na superfície do vidro estava rabiscada de batom vermelho a palavra vadia.

Ele foi até ela, pegou-a pelo braço, puxando-a para longe dali.

- Arrume as malas - ele ordenou. - Vamos para a minha casa.

Ela se soltou dele.

- Não vou a lugar nenhum.

Ele pegou-a pelo braço e virou-a de frente para ele.

- Pense, Andi - disse ele. - Se isso estivesse acon­tecendo com outra pessoa, você não permitiria que ela ficasse aqui. Você a levaria para um lugar se­guro.

- Eu sou uma detetive - retrucou ela.

- E muito boa. Mas isso não está acontecendo com outra pessoa. Está acontecendo com você e, por causa disso, você não está pensando bem. Ago­ra, me diga honestamente. Se isso estivesse aconte­cendo com outra pessoa, o que você a aconselharia fazer?

Ela olhou para ele por uns dois segundos e abaixou a cabeça.

- A ir embora - disse ela.

Ele a soltou e saiu do quarto.

- Enquanto você faz as malas, vou ligar para a delegacia e dar uma olhada por aqui.

Depois de chegar ao chalé, Gabe convenceu Andi a dar um cochilo com ele. Em seguida, após certi­ficar-se de que ela estava dormindo, ele saiu. Não a acordou para dizer onde ia ou que estava saindo. Se ele o fizesse, ela teria insistido em acompanhá-lo.

E isso era algo que Gabe pretendia resolver sozinho. Não levou muito tempo para ele encontrar Dudley Harris. Dois telefonemas e ele estava indo para o Oasis, um boteco nos arredores de Red Rock, onde soube que Dudley o freqüentava.

Gabe entrou no Oasis e parou, esperando seus olhos se ajustarem à mudança de luz naquele lugar esfumaçado e cheirando a gordura e cerveja velha. Ele logo viu Dudley perto de uma mesa de sinuca na parte de trás do bar. Pediu uma cerveja, e andou em direção ao homem.

- Ei, Dudley.

Debruçado na mesa e pronto para dar uma taca­da, Dudley olhou para ele, e de volta para a mesa. - O que você quer?

- Conversar. Parece que temos uma amiga em comum.

- E quem seria essa pessoa? - perguntou Dudley.

- A detetive Andrea Matthews.

De cara feia, Dudley bateu na bola branca. Ela tocou na bola três e mandou-a girando para dentro da caçapa lateral.

- Ela não é minha amiga - balbuciou ele. A desgraçada me botou pendurado por dois anos.

- Aposto que isso deixou você uma fera.

- Pode apostar - disse ele, olhando desconfiado para Gabe. - E quem você disse que é?

- Eu não disse. Onde você esteve hoje cedo?

- Trabalhando. O policial da condicional encontrou um emprego para mim na fábrica de caixas. Saí às cinco. Ei, eu sei quem você é. É aquele policial índio.

Antes que Dudley tivesse a chance de reagir, Gabe estava com ele contra a parede segurando-o com o braço em sua garganta.

- Não interessa quem eu seja - disse ele cerran­do os dentes. - Lembre-se apenas que sou um ami­go da detetive Matthews. Se você olhar na direção dela de novo, cuspirá sangue por uma semana.

Uma garrafa se quebrou atrás de Gabe. Ele se abaixou, e girou desferindo um chute enquanto se endireitava. Sua bota acertou o parceiro de Dudley no peito, arremessando-o para trás. Ele se virou en­carando Dudley de novo, mas estava um segundo atrasado. Dudley acertou-lhe um soco no rosto, fa­zendo com que bambeasse para trás e sentisse gosto de sangue. Sacudiu a cabeça e partiu para cima de Dudley, acertando-o no estômago e derrubando-o.

Pelo canto do olho, viu o barman vindo na dire­ção dele, segurando um taco. Com o joelho no pes­coço de Dudley, ele puxou o distintivo do bolso e levantou-o.

- Policial Gabe Thunderhawk - anunciou ele em voz alta para todos no bar ouvirem. - Polícia de Red Rock.

O barman se afastou e Gabe manteve a atenção em Dudley.

- Como não vou repetir, procure ouvir bem: se eu ficar sabendo que você chegou perto da detetive Matthews, mando você para Huntsville tão rápido que estará em uma cela antes do carcereiro perce­ber. - Ele apertou o joelho contra a garganta de Dudley. - Entendido?

Dudley batia na perna de Gabe, em busca de ar. - Ok - disse ele. - Saia de cima de mim.

Acordando lentamente, Andi procurou pelo calor de Gabe. Ao encontrar apenas lençóis frios, abriu os olhos e sentou-se na cama.

- Gabe? - Ela chamou enquanto descia as esca­das. Quando ela chegou na cozinha, a porta de trás abriu-se e Gabe entrou.

- Aonde você - ela parou e logo depois virou na direção dele. - O que aconteceu com você? - Ela gritou.

Ele se desviou dela e foi em direção à pia.

- Não é nada. - Ele abriu a torneira e levou a água até a boca. Bochechou, cuspiu e suspirou enquanto a água ensangüentada descia pelo ralo.

Ela pegou uma toalha e levou até ele.

- Não me diga que não foi nada. É óbvio que vo­cê se envolveu numa briga.

Virando-se, ele se apoiou na bancada com a cin­tura e levou a toalha ao rosto.

- Fui conversar com Dudley Harris - admitiu ele.

- Por quê? Você encontrou algo na minha casa de que eu não saiba?

Ele balançou a cabeça.

- Não, mas não ia ficar parado esperando você se machucar para descobrir o responsável por tudo isso. - Ele deu de ombros. - Então fui conversar com Dudley.

- Eu diria que você fez mais do que conversar.

Ele mexeu na mandíbula para testar a dor.

- Dudley não é de muita conversa. E o amigo dele também não.

- Você brigou com dois homens?

- O amigo não conseguiu me acertar. Ele ganhou a minha atenção quando quebrou uma garrafa. Eu o tirei do jogo antes que pudesse usá-la.

Ela fechou os punhos, segurando as lágrimas. - Não sei se bato em você ou abraço.

- Pessoalmente, eu voto pelo abraço. Já levei socos suficientes por hoje.

Ela o abraçou com força.

- Você sabe como isso foi uma besteira? E pe­rigosa? Você poderia ter se machucado de verdade.

Ele se afastou para olhá-la nos olhos.

- Mas não aconteceu. - Ele a lembrou. - Acabei eliminando um de nossos suspeitos. Dudley disse que estava trabalhando hoje. Averigüei com o super­visor dele, que confirmou a história.

- Se não foi Dudley, então quem foi? E não diga Deirdre. Eu me recuso a acreditar que ela faria algo para me machucar.

Ele levantou as mãos.

- Você é quem mencionou o nome.

- Leve-me para casa.

- De jeito nenhum.

- Preciso limpar aquela bagunça. Deveria ter feito isso antes de sair.

Ele a abraçou.

- Faremos isso amanhã. Ele agarrou as nádegas dela e chegou perto do seu rosto. - Tenho outros planos para essa noite.

Gabe estava deitado de lado, apoiado no cotovelo. Andi estava deitada de bruços perto. A lua estava cheia e brilhava pela janela aberta, banhando a cama com sua luz prateada.

Pensativo, ele passou o dedo pelas costas dela, do pescoço até abaixo da cintura.

- Por que decidiu ser uma detetive? - perguntou Gabe.

- O meu pai era detetive. E, não - disse ela antes que ele perguntasse -, ele não me forçou a seguir os passos dele.

- Minha mãe morreu logo depois que nasci, então era sempre meu pai e eu, juntos. Eu praticamente cresci numa delegacia. Era fascinada por tudo lá. Re­solver casos parecia um jogo. Você colhe todas as pe­ças do quebra-cabeça e as monta para descobrir a resposta. E você? Por que escolheu essa carreira?

- Não foi para irritar o meu pai, como ele pensa.

- Ele pensou por um instante e abaixou a cabeça para esconder um sorriso. - Isso pode soar um pouco cafona e sentimental, mas eu queria fazer alguma diferença. Fazer do mundo um lugar mais seguro.

- Não acho isso sentimental e cafona. É uma ver­gonha que mais policiais não pensem dessa forma. Muito usam o distintivo pelo poder que ele lhes confere. Outros só estão preocupados com o salário.

- É - disse ele. - Sei o que quer dizer.

Com os olhos brilhando, ela rolou e deitou-se de lado, apoiando a cabeça com a mão.

- Se você pudesse escolher o trabalho, o que es­colheria?

- Isso não é segredo. Queria ser detetive. Homicídio, de preferência. E você?

- Promete que não vai rir? - Detetive particular.

Ele se deitou de costas e riu, olhando para o teto. Ela bateu no peito dele.

- Você prometeu não rir.

- É, mas isso foi antes de saber o que você ia dizer.

- Seu tolo - balbuciou ela. - Vai ver se eu lhe conto mais alguma coisa.

- Foi mal - ele voltou a deitar de lado, tentando esconder o riso. - Mas, quando disse detetive par­ticular, imaginei você escondida em um carro, no estacionamento de um motel, de chapéu e com uma câmera com zoom de longo alcance.

- Detetives particulares fazem outras coisas além de investigar casais infiéis.

Ele chegou mais perto. - Esclareça.

- Para começo de conversa, investigam crianças roubadas ou desaparecidas, fraudes de seguro. E es­colhem seus casos. Já imaginou poder concentrar todo o seu tempo e energia em um caso, em vez de 50? Imaginou não ter que se importar com burocra­cias e relatórios de despesa ou um promotor arro­gante? Isso seria o paraíso.

Rindo, Gabe deu-lhe um beijo na boca. - Então por que não faz isso?

Ela deu de ombros.

- Eu gosto de comer. Detetives particulares não começam com um salário fixo. A não ser que se associem a uma corporação ou a um grupo de advo­gados. Leva tempo para se ter uma reputação e criar uma clientela.

- Covarde. Ela se sentou.

- Não sou covarde! Sou realista.

- Não precisa de muito para deixar você ligada.

Dizer a palavra covarde é como tocar um palito de fósforo aceso numa banana de dinamite. - Ela con­tinuou a olhar para ele. - ok. Não acho você co­varde. Mas acho que deveria tentar ser uma detetive particular. Você nunca saberá se pode ter sucesso enquanto não tentar.

- Você só está dizendo isso porque quer o emprego.

- Bem, isso abriria uma vaga.

Ela deu-lhe um soco no estômago.

Ele segurou o riso e a mão dela, antes que ela lhe desse outro soco.

- Foi uma piada! Eu juro.

- Ha, Ha - ela riu, sem graça.

Ele ficou sério e disse:

- Quero ser detetive. Não vou negar. Mas não, se isso significar tomar o seu emprego. Agora, o Leo...

Ela lhe deu outro soco quando ele começou a rir.

- Isso não é engraçado. Eu gosto do Leo.

Ele levantou uma sobrancelha.

- E não gosta de mim?

Ela se contorceu.

- Eu não disse isso.

- Gosta ou não gosta?

De cara feia, ela olhou para o outro lado. - Você não é nada mal, eu acho.

***

Gabe se sentou à mesa de frente para Prater.

- Ele entrou acesso pela janela. O marginal usou um cortador de vidro para cortar um pedaço do vi­dro e apenas enfiou a mão e destrancou a janela.

- Ela precisa de um sistema de segurança. Já disse isso a ela antes.

- Vou fazer com que ela instale um - respondeu Gabe, mesmo sabendo que ela recusaria. - Eu liguei prestando queixa e levei Andi para a minha casa.

- O que eles descobriram?

- Nada. A faca era da cozinha de Andi e foi usada para cortar os lençóis. Os cortes no tecido batem com a lâmina. Nenhuma impressão digital foi encontrada na faca. O batom usado para escrever a mensagem era dela também. De novo, sem impres­sões.

- Não existe crime perfeito - Prater o lembrou. ­O rapaz vai ter um deslize a qualquer momento.

Gabe levantou um ombro.

- Se ele já teve, ainda não descobrimos. E acredi­te em mim, passamos o pente fino em tudo.

- Quero você perto dela. Não a perca de vista.

- Não se preocupe. Esse é o meu plano.

Andi nunca vivera com um homem e nunca entendera por que uma mulher escolheria viver com um, podendo viver sozinha. Mas ela estava come­çando a enxergar os benefícios de ter uma vida em comum. Havia sempre alguém por perto para con­versar. E era bom ter um corpo quente para agarrar à noite. Ela nem considerara os lucros de dividir as tarefas da casa.

Sexo na demanda também não era nada mal. Ela criou essa frase depois de ouvir um comercial para um canal de filmes na TV. Se você quisesse assistir a um filme, não precisava mais ir ao cinema ou à locadora para alugar uma fita ou DVD. Era só ligar. Ter Gabe por perto funcionava mais ou menos da mesma maneira.

- Por que está sorrindo?

Ela deu um pulo e olhou a sua volta, surpreen­dendo-se ao constatar que os procedimentos da corte já haviam terminado e que as pessoas já estavam saindo da sala de audiências.

- Por nada. - Ela ficou de pé rapidamente. - En­tão é isso, não é?

Prater se levantou e saiu na frente.

- Parece que sim. Os advogados apresentarão os argumentos finais amanhã, e daí é só com o júri.

Eles testemunharam, o que ela achou que ajuda­ria o promotor.

- Vamos torcer para o júri votar a favor do esta­do. McPherson merece um bom tempo longe de mu­lheres e tentações.

Prater abriu a porta e seguiu-a.

- Você e Gabe estão se dando bem? - perguntou ele.

Andi ficou tensa. - Sim. Por quê?

Ele deu de ombros e desceu as escadas.

- Você vivendo sozinha por tanto tempo, imaginei que fosse difícil acostumar-se com um homem em casa.

Atônita, Andi olhou para ele.

- Você sabe que eu tenho ficado com o Gabe?

- Sim.


Ela desceu as escadas. - Mas... como?

- Gabe me disse. Ele também mencionou o problema que está tendo. Eu preferiria ter ouvido de você.

- Hã, é... bem... - Ela abaixou a cabeça,

- A sua carona chegou.

Ela olhou e viu a caminhonete de Gabe estacionada em frente à Corte Municipal, com Gabe no volante. - Até amanhã - disse ela ao chefe e foi em direção à caminhonete.

Ela abriu a porta e entrou.

- Como foi? - perguntou Gabe enquanto saía da vaga.

- Por que você disse ao chefe que eu estava ficando na sua casa?

Ele ficou olhando, obviamente pego de surpresa. - Não era para ele falar sobre isso.

- Mas ele falou. Eu disse a você que cuidaria disso do meu jeito.

- Olhe, Andi, não é sinal de fraqueza pedir ajuda quando se precisa.

- Eu não pedi pela sua ajuda ou pela dele.

- Droga, Andi, eu me preocupo com você e não vou deixar que nada aconteça com você.

Ele se preocupa com ela? Não era para ele sentir nada por ela! Eles concordaram em ter um rela­cionamento puramente físico.

- Eu... eu não vou me machucar - disse ela.

- Pode apostar que não. - Ele saiu com o carro. - Pois vou tomar conta de você.

Mais tarde, Andi se deitou na cama ao lado de Gabe, incapaz de dormir, e com a mente cheia de emoções conflitantes. Tudo começou com Gabe dizendo que se preocupava com ela. Ela não admitira para ele, mas também passara a se importar muito com ele. Pior, ela temia estar se apai­xonando por ele.

Isso complicava as coisas. Mas quando ela adicionou o desejo de Gabe de se tornar detetive - uma situação já complexa tornava-se desastrosa. Mem­bros da mesma unidade não podiam namorar ou se casar. Era contra as regras do departamento. Se Ga­be se tornasse um detetive, isso significava o fim do relacionamento deles.

E se ele não se tornasse um detetive? Será que ficaria satisfeito em continuar sendo um policial fardado?

Ou ele procuraria um trabalho de detetive em outra corporação, em outra cidade?

Qualquer opção significaria desastre para o rela­cionamento de ambos.

E Andi não queria que isso acabasse.

Na manhã seguinte, Gabe e Andi sentaram-se diante do computador na delegacia, vasculhando o banco de dados nacional de pessoas desaparecidas. - Esse parece interessante - disse ela, clicando no link que revelaria uma descrição mais detalhada da pessoa.

- Como um rapaz de Seattle, Washington, viria parar em um lago em Red Rock, Texas? - pergun­tou Gabe.

- Coisas mais estranhas já aconteceram - ela o lembrou. - Peso e altura são parecidos - disse ela, estudando os dados listados.

O policial Reynolds parou próximo à mesa dela. - Prater quer ver você na sala dele, Andi.

Sem tirar o olhar da tela, ela balançou a cabeça e afastou a cadeira.

- Vale a pena tentar - disse ela a Gabe, ao levan­tar-se. - Ligue para o Departamento de Polícia de Seattle, enquanto vou ver o que o chefe quer. Não demoro.

Ela foi até a sala do chefe. - Você queria me ver?

Ele fez sinal para ela entrar.

- Estava ao telefone com o escritório da promo­toria.

Ela se sentou na cadeira de frente para ele.

- E... - disse ela, sabendo que só podia ser sobre caso McPherson.

- O júri acabou de entrar. Levou menos de uma hora para chegar a um veredicto.

O suspense estava matando Andi. - Vamos logo, chefe. Desembucha. Um sorriso se abriu no rosto dele.

- Culpado nas duas acusações. Estupro e assalto.

- Graças a Deus. Menos um pervertido nas ruas.

- Você fez um bom trabalho. Sem a prova que você e o Leo descobriram, o promotor não teria um caso.

- Leo é o melhor.

- Ele é bom mesmo - o chefe concordou. - Falei com ele na noite passada. Mais uma semana e o médico irá liberá-lo.

Um nó de pavor se contorceu no estômago de Andi.

- E isso significa que Gabe retomará a sua fun­ção normal.

- Acho que sim. Claro, ele continuará no caso For­tune com você até que seja resolvido. Não faz sen­tido apressar o Leo agora, com o Gabe acompanhan­do o caso desde o inicio.

Andi permaneceu em silêncio, e o chefe olhou-a com curiosidade.

- Você concorda com isso, não concorda? Posso tirar o Gabe agora se você quiser.

Ela balançou a cabeça rapidamente e levantou-se. - Não. Não faz sentido tirar ele agora. - Ela se virou para a porta.

- E você teve mais problemas com o assediador? Ela parou perto da porta e olhou para trás.

- Não. Acho que ele ficou entediado e resolveu encher o saco de outra pessoa.

- Eu duvido.

- Espero que sim.

Ele acenou para ela. - É. Eu também.

Ela fechou a porta e olhou em direção à sua mesa. Gabe estava próximo a ela com um telefone no ouvido.

Ao menos que ela estivesse muito enganada, ele parecia estar muito empolgado. Ela cruzou a sala vagarosamente, com aquele nó no estômago aper­tando mais um pouco.

- O que está havendo?

Ele levantou um dedo e falou no telefone: - Sim, farei isso. Agradeço a sua ajuda.

Ele pôs o telefone no lugar e celebrou com um soco no ar.

Ela tentou encobrir o medo com sarcasmo.

- O quê? Ganhou na loteria ou algo parecido?

- Melhor ainda. Estava falando com o detetive do Departamento de Polícia de Seattle. O relatório que você viu foi preenchido pela namorada do rapaz. Ela diz que ele está desaparecido há três meses. E a melhor parte - continuou ele, sem saber que era a única pessoa empolgada com a notícia. - O rapaz tem uma marca de nascença em forma de coroa na cintura.


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