Envolvidos pela lei



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Capítulo 6

Enquanto Gabe estacionava em frente à casa de Andi, o telefone dela tocou, sinalizando o recebi­mento de uma mensagem de texto.

- Eu juro que o Joe tem um radar em cima de mim - resmungou ela enquanto puxava o telefone da cintura. - O meu avião mal acaba de pousar, e ele já me achou.

Gabe acendeu a luz interna do carro e aguardou-­a olhar a mensagem, sabendo que se fosse um des­pacho da delegacia, ele iria junto.

- Então? - perguntou ele, ao ver que ela ficara em silêncio. - Para onde vamos?

Ela fechou o telefone rapidamente e balançou a cabeça.

- É - a mensagem não era de Joe.

- E de quem era, então?

Ela balançou a cabeça de novo e pegou a bolsa.

- Ninguém. Não era importante.

Franzindo a testa, Gabe arrancou o telefone cintura dela.

- Tente dizer isso a quem acredite.

- Ei! - gritou Andi, tentando segurar o telefone.

Gabe levantou um braço, bloqueando-a, en­quanto lia a mensagem na tela. Bem-vinda de volta, Andi. Como foi em Nova Orleans? - Ele en­tendeu por que ela não queria que ele visse a men­sagem.

- Ninguém além do pessoal certificado do De­partamento tem esse número.

Com a expressão de raiva, ela arrancou o telefone da mão dele.

- Sim - balbuciou ela, enquanto colocava o tele­fone na cintura.

- É incrível como esses marginais são tecnologi­camente superiores hoje em dia.

Quando ela tentou pegar a bolsa, Gabe pegou pelo braço.

- De jeito nenhum você ficará aqui. Você vai para a minha casa.

Ela se desvencilhou dele.

- Não deixarei que um louco me impeça de ficar em minha própria casa.

- Tudo bem. - Ele esticou a mão e pegou sua ma­la. - Então ficarei aqui com você.

- Não!


Ignorando-a, ele desceu do carro e dirigiu-se à por­ta da casa dela.

- Você não vai ficar aqui - disse ela furiosa, en­quanto corria para alcançá-lo.

Ele a deixou destrancar a porta.

- Você quer mesmo criar uma cena na frente dos vizinhos?

Ela destrancou a porta. Gabe entrou rapidamente depois dela.

- Tem cerveja? - perguntou ele enquanto deixava a mala no chão.

- Você não vai ficar.

Ele deu de ombros e foi para a cozinha. - Para mim parece que vou ficar.

Ele abriu a geladeira e sorriu ao pegar uma cerveja. - Ah, a minha favorita.

- Ótimo. Aproveite-a no caminho para casa.

Ele a abriu.

- É contra a lei beber e dirigir. A campainha tocou.

Ela ficou irritada com a interrupção.

- Assim que acabar de beber essa cerveja - ela o avisou enquanto caminhava até a porta -, você vai embora.

- Olá, linda - Gabe ouviu um homem dizer. ­Onde você esteve? Não tenho visto você por aqui.

Linda? Franzindo a testa, Gabe deu uma olhada pelo corredor. Opa, ele pensou, tentando não rir quan­do viu o homem parado em frente a Andi. Se suas cunhadas o vissem, multas de moda voariam por to­da a parte. Cabelo louro oxigenado. Cordão de ouro no pescoço. Mas o pior de tudo era a camisa de seda que ele usava desabotoada pela metade.

Gabe não soube bem o que o levara a fazer isso, mas ele arrancou a camisa, bagunçou o cabelo e foi até a porta.

- Querida, qual é o problema? - disse ele. - Ops, perdão. - Não me dei conta de que tínhamos visita. - Sorrindo, ele abraçou Andi e ofereceu a mão ao visitante. - Olá, eu sou o Gabe.

O homem olhou para Gabe como se ele fosse uma mosca que acabara de pousar em sua sopa.

- Richard Givens, vizinho da Andi.

- Richard Givens? - Gabe repetiu. - Como na Givens Motors? - Ele olhou para Andi. - Querida, por que você não me disse que tinha alguém famoso vi­vendo bem ao lado de sua casa? - Ele se virou para Richard. - Aposto que a sua foto aparece no jornal mais do que a do prefeito. Claro, a sua está sempre próxima a um de seus anúncios. Mas, ei - disse ele -, fama é fa­ma, mesmo tendo que pagar por ela, certo, parceiro?

O rosto dele ficou vermelho de raiva. Richard se virou e foi embora.

Gabe saiu até a varanda.

- Ei, para que a pressa? - perguntou ele. - Fique aqui. Tomaremos uma cerveja.

Richard continuou a andar, mas levantou o dedo do meio, mostrando para Gabe o que ele pensava sobre o convite.

Gabe fechou a porta.

- Acho que ele tinha outros planos.

- Não acredito que você fez isso.

Ele olhou para ela, descrente.

- Eu pensei que você me agradeceria por ter dado um jeito nele. Caramba, viu aquela camisa? Já vi cafetões com muito mais estilo.

- Se você cuidasse da sua vida, eu poderia ter descoberto se foi ele quem deixou a mensagem.

- Você acha que Richard Givens é o cara que an­da assediando você? - perguntou ele, incapaz de acre­ditar que aquele homem fosse inteligente o sufi­ciente para fazer algo desse tipo.

- Ele tem oportunidade, motivo e...

Ele levantou a mão.

- Espere um minuto. Oportunidade eu posso ver.

Ele vive aí ao lado. Mas que tipo de problema ele po­de ter com você? O seu cachorro faz cocô no quin­tal dele?

- Eu não tenho cachorro. - Ela passou por ele.

- Viu? - Ele a seguiu até a cozinha.- Sem motivo.

- É porque não quero sair com ele. - Ela pegou a camisa de Gabe e jogou para ele. - Ele está sempre me convidando, e eu sempre recuso.

- Então ele picha a porta da sua garagem com a palavra vadia para se vingar? - Ele vestiu a camisa. - Se você está baseando a sua dedução nisso, então todos na delegacia são suspeitos, inclusive eu. - Ele puxou uma cadeira e pegou um guardanapo. - Tem caneta?

- Você já está de saída, esqueceu?

- Não, estou fazendo uma lista de suspeitos.

Suspirando, ela pegou uma caneta da gaveta e jogou para ele.

- Richard, Deirdre. - Ele rabiscou os nomes no guardanapo e olhou para ela. - Quem mais?

- Tire o nome da Deirdre.

- Por quê?

- Ela tem um álibi. Na noite em que a porta da garagem foi pichada, ela estava de serviço.

- Ela poderia muito bem ter vindo aqui enquanto patrulhava, feito o trabalho sujo e continuado a pa­trulha. O nome fica. Quem mais?

- Não sei - disse ela. - Só quero ir para a cama.

- Ok - disse ele. - Estarei lá em um minuto.

- Você não vai dormir comigo.

- Você tem um quarto de hóspedes, não tem?

- Sim, mas...

- Ótimo. Eu durmo lá.

Normalmente, dentro de cinco minutos embaixo dos lençóis, Andi estava dormindo. Mas essa noite ela ficou de olhos abertos, ouvindo os sons de Gabe andando pela casa.

De repente, a porta do seu quarto se abriu. - Andi? Está dormindo?

Ela se apoiou em seu cotovelo.

- Não, graças a você, estou bem acordada. Ele acendeu a luz e ela tampou os olhos.

- Gabe!


- Desculpe!

Ele apagou a luz e andou até a cama dela. - Antes de você começar a reclamar, gostaria de lembrá-la que a cama no quarto de hóspedes não é uma cama de verdade, um anão não caberia lá. E nem precisa sugerir o sofá. Já tentei e tenho um tor­cicolo para provar.

Ela levantou as cobertas e disse:

- Pelo amor de Deus. Entre, para que eu possa dormir paz.

Ele deitou-se ao lado dela e passou um momento ajustando as cobertas e acomodou-se ao lado dela com um suspiro relaxado.

- Boa noite, Andi.

- Você vai embora amanhã.

- Está bem - disse ele vagamente.

- Estou falando sério. Não preciso de você aqui. Posso cuidar de mim mesma.

- Ele ficou de lado e jogou o braço por cima dela.

- É isso que você anda dizendo. - Ele acomodou a cabeça próximo à dela no mesmo travesseiro. - Boa noite, Andi.

Gabe entrou na delegacia na manhã seguinte e foi direto à sala do chefe Prater. Preciso falar com o se­nhor.

Prater olhou para ele com curiosidade e pediu-lhe que entrasse.

- Qual é o problema?

- Andi. Alguém está a assediando. - Ele explicou as ocorrências dos últimos dias, enquanto Prater ou­via atentamente com o indefectível charuto de sem­pre entre os dentes. Ele terminou com a mensagem que ela recebera logo que chegara de Louisiana. Prater arrancou o charuto da boca.

- Onde está ela? E por que diabos não me falou sobre isso antes?

- Ela está chegando. - Gabe levantou a sobrance­lha. - Acho que você sabe por que ela não falou nada sobre isso.

- Mulher cabeça-dura - resmungou Prater. - Acha que pode tomar conta de tudo sozinha. - Ele tentou esconder um sorriso, com orgulho e afeição óbvios por sua detetive. - A mulher mais corajosa que co­nheço. Apostei nela ao contratá-la como detetive. A primeira mulher nesse cargo em Red Rock. Ela nun­ca me deu razão para me arrepender disso.

- Ela é uma boa detetive - concordou Gabe.

- Você acha que isso tem algo a ver com o caso Fortune?

Gabe balançou a cabeça.

- Acho que não. Mas pode ser alguém que ela co­nheceu antes, algum marginal que pôs na cadeia.

- Então o que você sugere que façamos sobre isso?

- Pretendo manter o olho nela o tempo todo. Eu fiquei com ela na noite passada e... - O chefe ficou de pé e arrancou o charuto apagado da boca. - Você fez o quê?

Gabe levantou as mãos.

- Apenas por proteção. E acredite em mim - dis­se ele, ela fez um escândalo por eu querer fazer isso.

O chefe segurou o riso e voltou a se sentar.

- Gostaria de ter visto. Ela não aceita esse tipo de proteção.

- Não - concordou Gabe. - Ela é durona... ou acha que é.

O chefe ficou sério imediatamente. - Esse marginal a está afetando?

- Um pouco, mas ela não admite.

- Duvido mesmo que admita. Alguma idéia sobre a identidade dele?

- Algumas teorias, mas nada forte o suficiente para apontar alguém.

- O meu instinto diz para tirá-la de circulação.

Ponha-a ela num avião para o Havaí ou algum lugar longe de Red Rock, até descobrirmos o que está acon­tecendo.

- Ela não vai querer.

- Não. Ela não é do tipo que foge de um proble­ma. - Ele pegou o telefone. - Vou colocar vigias na casa dela.

- Acho melhor manter isso apenas entre nós, chefe. Quanto menos pessoas ficarem sabendo, me­lhor.

O chefe puxou a mão de volta.

- Você está sugerindo que alguém da corporação a está assediando?

- A essa altura, não sei. Tecnicamente, somente o pessoal da polícia tem acesso ao celular dela, mas nunca se sabe o que esses hackers podem fazer. Te­nho algumas pistas para investigar. Se elas me levarem a algum lugar, eu lhe digo.

- E Andie? Quero-a protegida.

- Estou cuidando dela. Ninguém a machucara.

O chefe cerrou um olho, fixando o outro em Gabe.

- Tudo bem - concordou ele. - Deixarei você cui­dar disso a sua maneira, mas lhe se ela sofrer um arranhão, eu arranco o seu distintivo pessoalmente.

Gabe se levantou.

- Vou mantê-la em segurança, senhor. Tem a mi­nha palavra.

O chefe também se levantou.

- O que precisar é seu. Ninguém se mete com um dos meus e sai ileso.

- Dudley Harris, aquele que batia na mulher e que Andi pôs na prisão, está em liberdade condi­cional. Preciso de um endereço. E quero uma cópia das gravações telefônicas de Andie. Ambos, con­vencional e celular. Eu poderia requisitar isso pes­soalmente, mas não quero correr o risco de ela ficar sabendo. Imaginei que você pudesse mexer uns pau­zinhos para que ela não saiba.

- Considere feito.

Gabe se virou em direção à porta, e parou.

- Ah, chefe... Não diga a Andie que você está sabendo de tudo.

Andi olhou para o relógio no painel do carro, en­quanto esperava pela luz verde no sinal, e fez um xingamento. Oito e quinze. Ela não acreditava que perdera a hora. Nos nove anos em que trabalhara pa­ra o Departamento, nunca chegara atrasada.

Era culpa de Gabe, ela decidiu.

Ela não deixaria barato quando o visse. E sair sem avisá-la foi mais uma irritação na lista contra ele.

Um carro acelerava ao lado. Ignorou da primeira vez, mas quando acelerou pela segunda, mais forte, olhou para o motorista. Congelou quando viu o ho­mem no banco do carona. Seus olhos eram negros como os do diabo, cheios de ódio. Só poderiam per­tencer a um homem: Dudley Harris.

Uma buzina soou atrás dela. Olhou pelo retrovi­sor, e depois para o sinal. Ao notar que a luz estava verde, ligou a seta e virou à direita. Olhando mais uma vez pelo retrovisor, ela viu o sedã velho passar devagar pelo sinal. Dudley pôs o braço para fora, a mão no formato de uma arma e a boca dizia a pala­vra bang.

Gabe olhou-a enquanto Andi entrava na delega­cia. Ficou tenso quando viu o rosto dela. Ele se le­vantou rapidamente e cruzou a sala para encontrá-la. - O que houve?

Ela continuou andando, recusando-se a olhar para ele.

- Nada, estou atrasada.

Ele pegou-a pelo cotovelo, fazendo-a girar, le­vando-a de volta em direção à porta.

- Quer parar! - Ela gritou. - Já estou atrasada o suficiente.

- Então ficará um pouco mais atrasada. - Lá fo­ra, ele a levou para um banco embaixo de uma árvore e fez com que ela se sentasse.

- O que houve? E não me diga que não foi nada. Você está branca como um fantasma.

Ela desviou o olhar.

- Apenas vi um velho amigo. Dudley Harris.

- Droga. Eu sabia que não deveria ter deixado você lá sozinha.

Ela o olhou de cara feia.

- É, eu estava querendo falar com você sobre isso. Poderia pelo menos ter religado o alarme.

Ele se agachou na frente dela. - Ele entrou na sua casa?

- Não. Estava parado no carro ao lado do meu, no sinal.

- Ele ameaçou você?

Ela se abraçou e desviou o olhar. -Não.

- Ele deve ter dito ou feito algo. Você não estaria tão nervosa só por ver esse infeliz.

Ela abriu os braços.

- Eu pareço nervosa? - Antes que ele pudesse responder, ela se levantou e saiu de perto dele. ­Apenas estou com raiva.

Ele a seguiu.

- De mim ou de Dudley?

- De ambos. Você fez com que eu me atrasasse para o trabalho.

- Eu? O que eu fiz?

- Você não me deixou dormir direito e ainda desligou o despertador sem ter a decência de me acordar.

- Achei que você precisava descansar.

Ela se virou para ele.



- Eu decido quando preciso descansar. Não preciso de você ou de ninguém tomando decisões por mim.

- Ok - disse ele. - Amanhã eu me certifico de ligar o despertador para você.

- Você não vai dormir na minha casa de novo, Thunderhawk.

Ele abriu a porta da delegacia para ela.

- Tudo bem. Então passaremos a noite na minha casa.

Ela abriu a boca e fechou-a logo em seguida, quan­do Reynolds passou por eles, disfarçando um sorriso.

Ela deu uma olhada para Gabe.

- Muito obrigada. Agora Reynolds pensa que dor­mimos juntos.

- Veja pelo lado bom - disse ele. - Se ele pensa que você dormiu comigo, talvez pare de convidá-la para sair.

Leo segurou no apoio da cama e se esticou para cumprimentar Andi.

- Achei que traria o Thunderhawk com você.

- Muito engraçado, Leo - disse ela, enquanto pegava um banco para sentar-se perto do seu antigo parceiro.

- Então, como foi o encontro?

- Não foi encontro. Foi uma missão.

- Então como foi a missão?

- Podemos falar de outra coisa além de Gabe Thunderhawk? Já estou saturada dele.

- Ok. Alguma novidade no caso do Fortune Per­dido?

Ela levantou a mão.

- Também não quero falar sobre isso. Muito de­primente.

- Sobre o quê você quer falar?

- Diga-me o que o médico falou na sua consulta de hoje.

- Não quero falar sobre isso.

Ela se levantou, assustada.

- Você piorou? Anda tomando os remédios? E a dieta?

- Sim, tenho tomado os remédios e tenho seguido a dieta. E não, não piorei.

Ela pôs a mão no coração, aliviada. - Então qual é problema?

- Se você pode escolher sobre o que quer falar, eu também posso. E não quero falar sobre a minha saúde.

- Ok. Escolha um assunto, então.

Ele lhe deu um tapinha na cabeça. – Obrigado pela visita. Volte logo. Ela olhou para ele, confusa.

- Não estou indo embora, acabei de chegar. Ele deu de ombros.

- As únicas coisas que me interessam discutir aqui são os casos que você está investigando e a sua vida sexual. Como você não quer falar sobre ne­nhuma das duas coisas, não faz sentido você ficar aqui.

- Ok - disse ela. - Não há novidades no caso For­tune. Pensamos ter uma pista em Nova Orleans, mas acabou sendo uma rua sem saída.

- Nova Orleans?

- É. Achamos um artigo em um jornal de lá, mencionando uma pessoa desaparecida com uma marca de uma coroa na cintura.

- E você foi até lá averiguar?

- Desperdicei dois dias de viagem para nada. Acabou que a marca era uma tatuagem, não uma marca de nascença.

- Em que hotel você e Gabe ficaram?

- No... - ela fechou a boca e franziu a testa para ele. - Boa tentativa, mas o seu truque não funcionou.

Malandro, Leo disse:

- Funcionou sim. Então, como foi?

- Como foi o quê?

- O sexo.

- Leo!

Ele jogou a cabeça para trás e riu.



- Julgando pelo tom avermelhado do seu rosto, diria que foi bom.

- Você está doente.

- Ah, deixe disso, Andi. Sou eu, o Leo. O seu parceiro. Eu soube no minuto em que você entrou que havia marcado esse gol.

- Está tão evidente?

- Só para quem conhece você como eu conheço. Então, como foi?

Ela abaixou a cabeça.

- Bom. Bom demais.

- Diabos, não existe nada que seja bom demais. Não quando se fala em sexo.

- Existe sim, quando você não quer que aconteça de novo.

- Por que não? Você é uma mulher madura. Se gosta de fazer sexo com um homem, não há por que negar esse prazer a si mesma. Ao menos que ele não goste. Se esse for o caso...

Ela balançou a cabeça.

- Não. Ele gosta. Eu é que sou o problema.

Ele pegou na mão dela.

- Ouça bem. Eu sei o que aconteceu com você no passado. Não quero que fique evitando viver, com medo que isso aconteça de novo. Você não é a mes­ma pessoa que era naquele tempo. Você era uma menininha com estrelas nos olhos. Você está mais velha agora. Mais sábia.

- Posso estar mais velha, mas não sei se estou sábia.

- Você acha mesmo que pode evitar a dor viven­do sozinha? - Ele balançou a cabeça. - Odeio lhe dizer isso, querida, mas você está com dor agora. E não estou falando de Gabe. Viver sozinha e recusar se a sentir algo por alguém tem a sua própria dor. Eu? Eu prefiro viver o prazer que a vida me dá do que não viver nenhum.

Andi tentava arrancar uma erva daninha e caiu para trás quando a raiz se desprendeu. Quase chorando, jogou a erva em um balde ao lado. Trabalhar no jardim sempre a relaxava e fazia com que se es­quecesse dos problemas por um tempo.

Mas ela não conseguia tirar da cabeça o que Leo lhe dissera naquela tarde.



Viver sozinha e recusar-se a sentir algo por al­guém tem a sua própria dor.

Viver sozinha não era tão mal. Ela vivera assim por 15 anos e nunca se arrependera dessa escolha. Ela estava feliz. Ela tinha um emprego, uma casa.



Eu prefiro viver o prazer que a vida me dá do que não viver nenhum.

- Isso é porque você tem a Myrna - disse ela em voz baixa. Leo ainda não sabia o que era amar e perder esse amor. Ele e Myrna são casados há 37 anos. O que ele sabia sobre perdas?

Suspirando, ela passou as costas da mão na testa e ficou de joelhos para procurar por outra erva daninha.

- Quer ajuda?

Ela deu um pulo, assustada, e olhou para Gabe.

- Cercas são para manter pessoas fora e não para convidá-las a pular.

Ele se agachou próximo a ela.

- Eu não pulei a sua cerca. Entrei pela porta da frente.

- Eu tranquei a porta da frente.

Ele enfiou a mão no bolso e balançou uma chave na frente dela.

- E eu destranquei.

- Ei! Essa é a minha chave reserva.

- É. - Ele a segurou e guardou-a de volta no bolso.

- Eu a encontrei pendurada lá na lavanderia hoje de manhã. Achei que não se importaria se eu a usasse.

- Você não vai ficar aqui comigo, Gabe.

- Sabe, você devia gravar isso, para não ter que repetir o tempo todo. - Ele se levantou e pegou-a pela mão. - Venha, eu trouxe o jantar.

Ao ouvir a palavra jantar, o estômago dela ron­cou, lembrando-a de que não havia comido durante o dia todo.

- Então acho que você pode ficar até terminar de comer.

Ele abriu a porta de trás.

- Isso é uma enorme gentileza sua.

Ela levantou o nariz ao passar por ele.

- Posso ser gentil quando quero.

Andi se deitou em sua cama, olhando para o teto e franzindo a testa. Ela não sabia como ele fazia isso. Ela deve ter dito a Gabe um milhão de vezes que ele não dormiria com ela, mesmo assim ele estava todo confortável ao lado dela, como se fosse o dono da cama.

Ela olhou para ele. Não era justo que ele conse­guisse dormir, enquanto cada nervo no corpo dela tremia de excitação, mantendo-a acordada.

Apesar da irritação, um sorriso suave curvou os lábios dela enquanto olhava para ele. Ele era tão charmoso dormindo. Com os cabelos em desalinho e suas mãos debaixo de sua bochecha, parecia um menino, quase inocente. Incapaz de resistir, ela tocou-lhe o rosto. Ele se mexeu e acomodou-se com um suspiro, pegando a mão dela e levando ao seu peito.

Ela olhou para suas mãos juntas, atônita pela emoção que lhe subia até a garganta. Era um gesto tão terno, e parecia tão normal para ele, mesmo dor­mindo. Mas, por outro lado, tudo parecia normal para Gabe, até mesmo dividir a cama.

A coisa mais estranha nele era sua capacidade de dormir com ela sem ficar excitado. Eles já tinham dormido juntos três vezes - apesar de na cabana ter sido mais que um cochilo - e só fizera sexo uma. Ela tinha pouca experiência em dormir com homens, mas ela acreditava que eles pelo menos tentassem algo.

Ou ele tinha muita força de vontade ou não se sentia atraído por ela.

Ela tinha que acreditar na primeira opção. Nin­guém podia fingir tamanha paixão, quando transou com ela.

Eu prefiro viver o prazer que a vida me dá do que não viver nenhum.

Ela teria coragem de seguir o conselho de Leo? E se ela cometesse o erro de apaixonar-se por Gabe e se machucasse de novo?

Mas se ela não aproveitasse o prazer que era ofe­recido a ela, o que ela estaria perdendo?

A resposta era óbvia. Calor. Companheirismo. Prazer. Alívio físico.

Mas e se ele não estivesse mais interessado em ter um caso com ela?

Sem saber a resposta, ela olhou-o no rosto.

E encontrou-o olhando para ela.

- Qual é o problema? - perguntou ele com voz suave. - Não está conseguindo dormir?

Ela balançou a cabeça, encabulada.

Ele soltou a mão dela e puxou-a para perto.

- Feche os olhos - murmurou ele, e começou a passar a mão nas costas dela.

Ela fez como ele disse, mas o sono estava longe da mente dela. Tudo o que ela pensava era os dedos dele correndo sobre sua pele, o calor do corpo dele contra o dela. Lentamente ela foi notando a ereção dele contra a coxa dela.

Ela abriu os olhos e descobriu que ele ainda estava olhando para ela.

- Gabe?


- O quê?

- Hã.... o seu... bem, posso sentir o seu...

Ele riu e deu-lhe um beijo na ponta do nariz.

- É impossível ter você tão perto e não ficar excitado. Mas não se preocupe. Você está segura comigo.

- Gabe?

- Hum?


- E se eu dissesse que não quero ficar segura?

- Eu diria que estou sonhando.

Ela escorregou a mão até o sexo dele. - Isso não parece sonho para mim.

- Você tem cinco segundos para mudar de idéia.

Um. Dois. Três. Quatro...

Enquanto ele contava, ela deslizava o seu cor­po pelo dele, beijando-lhe o peito, o abdômen. Quando ele chegou ao cinco, ela abriu a boca sobre o membro dele.

- Andi - ele gemeu. - Você está me matando. Ela subiu pelo peito de Gabe e montou em cima dele. - Isso foi uma reclamação?

- De jeito nenhum.

- Quero você dentro de mim - sussurrou ela. - Quero sentir você dentro de mim.


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