ESQUETE DE TEATRO PARA EXERCÍCIO DE 2 ATORES – DIÁLOGO DA DIVERSIDADE!
Chico Nascimento
Ele – Ainda triste?
Ela – Sempre.
Ele – Saudade?
Ela – Também!
Ele – O fim é sempre doloroso...
Ela – Não é bem assim.
Ele – Como não? Veja o seu semblante...
Ela – Nem sempre a dor vem do coração.
Ele – O que é então?
Ela – Não consigo entender o mundo.
Ele – De que mundo você fala?
Ela – Da intolerância, do preconceito, da falta de humanidade...
Ele – Sei. Eu já passei por isso.
Ela – Poxa, ele não fez nada com ninguém...
Ele – A sociedade é bruta!
Ela – Muito pior, insana!
Ele – Como foi que aconteceu?
Ela – Ele saiu com um rapaz, os dois foram a uma festa.
Ele – Isso eu sei. Vi os dois dançando, pareciam alegres... Se divertiam muito!
Ela – Meu irmão tinha dezenove anos...
Ele – Eles saíram antes da meia noite.
Ela – Pois é. Caminharam menos de dez minutos quando foram atacados...
Ele – Por que isso, meu Deus?
Ela – O primeiro chute atingiu o plexo...
Ele – Caracas! Maldade pura!
Ela – O amigo conseguiu fugir, mas ele caiu.
Ele – Que absurdo!
Ela – (Revoltada) Chutaram o rosto, as costas e pisaram no peito!
Ele – Eu soube que picharam nas roupas: Gay Descarado!
Ela – Como é que pode? Meu irmão nunca fez mal a ninguém!
Ele – Você vai ficar aí parada? Triste? Chorando a saudade?
Ela – Eu sinto uma dor tão grande em meu peito...
Ele – Transforme a dor em protesto. Vamos lutar!
Ela – (Dramática) A tarde cai lentamente sobre o meu pranto, uma luz amarelada cobre a minha alma de tristeza, eu nunca pensei que fosse viver para presenciar a banalidade da vida a ponto de gritar mudamente por socorro, penso que nunca serei ouvida e o meu corpo quase não consegue se sustentar sobre as pernas, a minha cabeça deseja explodir, eu queria acordar e ter a certa de que tudo não passou de um pesadelo...
Ele – (Vibrante) Os seus olhos são os faróis acesos dessa luta, a sua voz é o grande clamor da sociedade, a luz que resplandece tristeza em sua alma é a mesma que te fará reagir, gritar, gritar bem alto por justiça, a sua luta é a minha luta por Direitos Humanos, não podemos fracassar...
Ela – (Reagindo) Isso mesmo. Eu não vou sucumbir ao caos dessa sociedade hipócrita, ainda tenho vida e força para lutar, tenho competência para acreditar na diversidade, quero correr, porque o tempo urge, chega de chorar, é hora de brigar, brigar fazendo uso de todas as armas possíveis! Você vem comigo?
Ele – Sim! Talvez você não tenha percebido, mas sempre estarei ao seu lado, porque eu te amo! Amo e acredito na vida! Muitos indigentes morrem nessa guerra impiedosa do preconceito, mas você não está só. Essa luta é nossa! (Se abraçam)
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