Eu vou mostrar pra vocês,que +1 vem somar,pra de fazer Se constrói na ordem certa,1 depois do primeiro



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-Algum problema,jovem humano?

Antes das palavras encontrarem meus ouvidos,o hálito fétido do rato grotesco bafejou meu rosto.

-Que esgoto terrível!!-Um grito retumbou em meu cérebro e só não encontrou a porta de saída,porque pensei antes em me afastar o mais rápido possível daquela latrina pontilhada por uma dupla de dentões.E ele vinha atrás de mim,perguntando oque aconteceu.Me escondi atrás do Mentor e disse pro rato:

-Fala daí.

-A tua casaca,ela fere meus olhos.

-Eu tiro alguns botões e abro ela um pouco.Assim não mais irá ferir teus olhos.Venha,sem temor.

Aproximei-me devagar e parei na distância de dois passos do rato.Ele deu um passo á frente e eu dei um passo atrás.Mais um pra frente e mais um pra trás.

-Tens tanto medo de minha casaca assim?-Indagou o rato sorrindo.(isso é possível?)

-É,é da tua casaca mesmo.-Falei maquinalmente,lembrando da careta maluca e do bafo de onça.

-A luz intensa deve-se ao sol.Apenas ao bom e velho sol.-Disse,apontando pra cima.

Olhei pro sol.Lá estava ele,no mesmo lugar de sempre.Olhando com mais cuidado,ví que estava no mesmo lugar.Quer dizer,está no mesmo lugar desde que aqui cheguei,e isso já faz um bom tempo.Talvez horas.

-Te incomoda o fato de Hélios ter parado?-Inquiriu-me o ratão,o bafo nojento chegando até mim mesmo a dois passos de distância.

Olhou-me carrancudo,carregando o cenho sobre o olho mau.Fitou-me assim,mau,por alguns instantes e então retirou um objeto cilíndrico do bolso da casaca.Trouxe à altura do peito e daí pude ver,enquanto retirava a continuação retrátil do corpo do objeto que nele estava embutido,que se tratava de uma luneta.Totalmente aberta e regulada ao gosto do freguês,o rato feio empunhou-a e apontou em direção ao sol.Deteve-se a observa-lo por vários minutos,até que baixou a luneta,fechou-a e guardou de novo.Suspirou profundamente.

-É como eu pensava.

-Oquê?Como assim?-O ratão havia fisgado minha atenção.(ih,rimou!)

-Apolo.Parou sua carruagem no meio do céu para fazer um lanche.

-E pode?-Não pude deixar de perguntar.

-É claro que pode!-Esbravejou o feioso.-Apolo é o senhor dos oráculos!Apolo é aquele que tudo pode,aquele que tudo vê!-Prosseguiu no mesmo tom,mal disfarçando o orgulho de poder falar aquelas palavras.

-Pensei que a função dele era só puxar uma carroça com uns pangarés e trazer de arrasto o sol.

-Co-co-como ousas,ser pútrido?!?-Guinchou furiosamente e o tique estranho dele pareceu enlouquecer.

-Ihhhhh!-Com certeza não vinha coisa boa por aí.

-Criatura imunda!Como ousas dizer tal abominação,tal heresia?

-Ô,peraí...

-Verme vil,a portentosa carruagem dourada de Apolo e seus magníficos alazões trazem atrelado todo o fulgor de Hélios porque ele apenas se permite deixar deslizar pelo azul do céu.Dobreis a lingua antes de pensar em dizer novas abominações,saco de estrume.

-Xinga ele Cyril!Xinga esse safado porque ele merece!-A vozinha irritante do Deacon se fez ouvir somente pra me irritar ainda mais.

-Assim não vale!Dos dois lados agora?

Senti-me acuado.

-Ser abominável!Terráqueo herético!-Disparava Cyril.

-Peido de porco!Vômito de bruxa!-Deacon guinchava em alegres brados,fazendo coro com o apedrejamento verbal.

-Tenham calma jovens.-Mentor tentava apaziguar.

-Cocô de asno,cara de mula,ranho de lombriga!-A esta altura Deacon saltitava a minha volta cuspindo execrações e muitos perdigotos,fazendo de sua ladainha desaforada um mantra difamatório entoado contra minha pessoa.Cuspia xingamentos,os quais eu podia ignorar,entretanto os cuspes pestíferos(vai saber se o bicho não tem a tal da peste negra?),eram mais difíceis de evitar.O camundongo atrevido até tentou dar um bote pra me tomar o Sofia,mas foi impedido por seu mestre,que num átimo de segundo interpôs um bastão de madeira entre mim e o meliante.Mentor havia arranjado uma espécie de cajado pelas redondezas ou trouxe sem que eu tenha visto,e foi esse pedaço de tronco usado na tentativa de barrar os excessos de seu rebelde prosélito.

-Chega de infantilidades!-Afirmou enérgico,e mostrou o cajado novamente na altura dos olhos,dando sinal que o usaria caso fosse necessário.

No entanto,mostrou-se sem utilidade.Deacon mais que depressa abandonou a dancinha de pouco antes e reuniu-se a Cyril,e estes então passaram a confabular em um diálogo pontilhado de guinchos,risadinhas e olhadelas depreciativas em minha direção.Conversavam bem de perto,tipo caso de conspiração,e os focinhos quase colados me fizeram perguntar se Deacon não era atingido pelo bafo fétido do ratão.Aproximei-me dos dois para saber oque estava sendo discutido entre os perversos roedores,mas fui repelido:

-Suma daqui,seu verme de excrementos!Se te aproximares um passo mais seremos obrigados a cometer a heresia de usar o Sofia pra bater em você!-Berrou o feioso.

-Cyril,Cyril.Arrogância é uma palavra bem próxima do significado do nome usado por esse rato,não é mesmo?-Perguntei á Mentor,desviando minha atenção da dupla que conspirava as minhas costas.

-Insolência é outra que também podes usar.-Falou,apoiando o peso do corpo velho sobre o cajado.

-Mas,insolente para com quem?

-Para todos aqueles que um dia tentaram educa-lo na forma correta de ser e agir.Sempre foi rebelde para com seus mestres,e sempre quis mostrar-se diferente dos demais praticando toda espécie de excentricidades com qual imaginasse poder impressionar seus colegas e educadores.É triste.-Disse isso,e pareceu-me ver um suspiro escapar por entre seus já caídos bigodes grisalhos.

Não prestei devida atenção ás palavras do velho mestre.O diálogo dos conspiradores havia esquentado,pois os guinchos tornaram-se mais enérgicos,as risadinhas mais escarnecedoras,e agora gesticulavam e apontavam ostensivamente pra mim e o pergaminho.Não suportando presenciar passivamente aquela batalha velada,em que o blefe tomava lugar das outras armas,arranquei de inopino e me acerquei dos roedores,só tomando o cuidado de distar dois passos das emanações pútridas lançadas pela bocarra do Cyril.E já intimando:

-Tá,e aí?Oque tão tramando contra minha pessoa?Tão planejando alguma vingança especial contra mim?

-Sim.E desfrutaremos friamente o sabor de nossa vingança.Vingança que nos será proporcionada pela deusa Nemêsis.-Sentenciou o rato insolente.

-Oquê?Aquela impostora?!Duvido!

-Herético.Blasfemador.-Rosnou Cyril,e expandindo os braços e o orgulho,afastou Deacon de perto,e então adotou uma atitude solene de discursista,uma atitude talvez que todo rato deve tomar para discursar.Inchou o peito,inflamou-se de ira e principiou a vociferar:

-Não acreditar,não isentará tua carne de sofrer a vingança da deusa.Ela virá quando menos esperares,e quando chegar,não perca tempo em implorar á montanha.pois Tmolo não descerá de seu trono para auxiliar-te.Não peça ajuda aos bosques porque Pan não abandonará seus rebanhos para socorre-lo,e tampouco implore socorro de joelhos em frente ao mar,porque Posseidon não irá elevar-se do leito marinho em um gigantesco vagalhão com seu tridente para salvar-te das garras do sofrimento que há de sobrevir sobre vós.Após Nemêsis ter concluído seu trabalho,só lhe restará como consolo a quente companhia de Hades.

-Uhh,tô morrendo de medo!

-Ria agora,sofra depois.Sabeis oque o espera?Nemêsis tem a agilidade de Àrtemis quando caça nos bosques e tem a força de Ares quando combate ferozmente os seus inimigos.E todos os ardís,toda a astúcia e toda a maldade que só a deusa do submundo,Perséfone,pode ter.Você não terá a minima chance quando o braço traiçoeiro da morte vier exigir o resgate de sua alma.Ria,ria,mas será por pouco tempo,pouquíssimo tempo.

-É blefe!-Resolvi pôr mais lenha na fogueira.

-Não aceita pra ele Cyril.Responde,xinga ele.-Deacon fez sua parte.

-Calado!O humano deve pensar tratar-se de um embuste.Não é.Lhe garanto isso e tenho evidências,tenho provas.

-Pois então mostre.

-Mostrar-te-ei.E terás de cair de joelhos a minha frente como pena por ousar duvidadr de minha veracidade.

-Isso,isso,isso!-Deacon guinchava,feliz da vida.

-Aí não,meu caro.Não sou beato precisando de santo.Só quero ouvir,ou ver a verdade se for o caso.

-Certo,aguarde alguns instantes.Alguém virá para se juntar a nós,e então esfregaremos os fatos em teu rosto.

-Cuidado com esse negócio de se juntar com qualquer um,hein?Veja bem:a Pasífae se juntou com um touro,e olha só no que foi dar.Nasceu um monstro tão violento,tão destruidor,que o Minos se viu obrigado a mandar o Dédalo construir o maior de todos os labirintos pra encerrar o bicho lá dentro e ele nunca mais poder achar a saída.

-A prisão também serviu à Dédalo e seu filho.A vingança de Minos foi doce...-E o rato revirou os olhos.

-Mas depois eles conseguiram escapar.-Continuei a revidar.

-Mas depois Ícaro foi sacrificado porque Hélios nunca permitiu que alguém voasse tão alto e conhecesse os segredos das alturas que somente ele e Apolo conhecem.Morreu como vingança.

-Mas depois Teseu entrou no labirinto e matou o minotauro,e pronto!E fim de papo!-Cortei o assunto.

-Mas depois Zorah,a déifile,entrou na brincadeira e acabou com o tolo mérope!-Uma voz cheia e gutural,feminina,e velha,fez cabeça e focinhos se virarem na direção da voz.Quem será essa auto-intitulada"poderosa",que deseja acabar com o mortal?Como sou o único diferente por aqui,então a bronca deve ser comigo.Virei-me.Vamos lá,seja oque vier.

Mas,meus amigos,meus amigos...Era,uma ratazana!!!

Uma gorda e cinzenta ratazana,feia como trovoada em dia de temporal,da mesma linhagem de feiúra do Cyril e não ultrapassando a linha de minha cintura,a "poderosa",encarava-me com maus olhos enquanto coçava o barrigão cabeludo com as unhas.Com a exceção de um caco de dente pendurado na ponta do focinho,era desdentada,porém mesmo assim não parava de remoer algo com as gengivas nuas,como que ruminando,e de repente:

-Rrrrrr...Cusppp!!-Disparou uma cusparada-mor nos meus pés,um catarrão dos graúdos e que por pouco não me atingiu,por detalhe,pois fui rápido o suficiente pra desviar do viscoso projétil.

-Xenik!-Disse ela enquanto outro catarroso era cuspido contra mim.

-Como assim:estrangeiro?Creta é nossa,vocês é que estão invadindo o nosso território,seus roedores metidos a gente.

-Sabes muito bem que mais de um povo pode viver em uma mesma terra.Não são tuas estas palavras:

Entre a base e o apogeu

tudo pôde,pode e irá acontecer.

No espaço de alto a baixo

duas tribos estão a viver.

Os do alto voam longe Os do chão correm longe

saltam no vento e espalham-se ganham o mundo porém não

ao léu. o céu.

-Referia-me as almas nuas de corpos,que habitam os mesmos espaços que eu e os demais;nunca fiz qualquer menção a ratos ou ratazanas.-Defendi meu ponto de vista.

-Mas a gente mora em Creta mesmo assim,e você que é o intrometido aqui,seu porco metido a,a,a...-Resmungou Deacon,e acercando-se de Cyril procurava apoio á sua repentina falta de um impropério qualquer pra citar.

-Não desacate a dignidade suína usando de sua raça para alcunha desse canalha,Deacon.-Cyril riu-se maliciosamente.-Por mim os porcos seriam tratados como principes,e esse estúpido aí seria o faxineiro responsável pela limpeza da latrina real.Teria de limpar o "trono"do rei com a própria lingua.

-Ha!Ha!Ha!Ha!-Os três desataram a rir;somente Mentor manteve-se calado,e dando suspiros de desaprovação firmava-se sobre seu cajado.

-Ha,ha!Muito engraçado!Mais alguma piadinha pra contar?

-Eu tenho.É a do cara que foi e não voltou,ou melhor,do cara que veio e que não vai mais voltar.Vai ficar por aqui mesmo,em uma cova rasa qualquer.-Ameaçou Zorah.

-Ora vejam!Agora temos até represálias á minha vida.Quem ou quantos pensas em mandar pra ver se dão cabo de mim?

Deacon,que estivera imóvel desde a última reprimenda,deu um salto para o lado postando-se entre Cyril e Zorah,de modo que eu o visse entre os dois,e falou a sua frase,creio que há muito treinada para uma ocasião como essa:

-Chame-nos:Xenofontes!!

-Tá,agora querem chacinar estrangeiros.Qual é o motivo de tanta implicância com eles,ou comigo?Oque fiz pra me odiarem tanto?

-Você,nada.-Tomou a palavra Mentor.-Mas o ódio irracional existe em qualquer lugar,e ele não escolhe vitimas.Além do mais,presenciar toda a crueldade que sua espécie é capaz para com os animais,com certeza deve ter sido um razoável motivo para eles terem tanta raiva contra a raça humana.

-Bem.olhando desse ponto de vista...

-Aqui,como lá-E apontou pro continente,mas me pareceu ter sido pra mais longe.-há mais ignorância do que sabedoria,os seres dedicam-se quase que exclusivamente ao exercício de suas variadas paixões,ás quais entregam-se com ardência desenfreada.Deve-se a isso o fato de estarem próximos da animalidade,apenas alguns milênios atrás vagavam todos por este solo a procura de comida,de presas,e apenas recentemente brisas de civilidade tem tocado seus rostos.Oque presencias neste momento é apenas vago reflexo do que frequentemente ocorre no seio de vossa sociedade,não é correto?Entre qualquer grupo social,não há grandes discrepâncias no que se refere a moral e a ética nos relacionamentos entre seus componentes?

-Tens razão Mentor.Aqui como lá,qualquer motivo pra odiar é benvindo e tem portas abertas nos corações daqueles que mais ignoram do que sabem.Não deveria estranhar o ódio gratuito.

Foi só terminar de falar e o trio doidão se ouriçou de tanta raiva.Zorah incitou Cyril,dizendo que faria um feitiço pra facilitar sua vitória e Deacon encorajava-o mostrando que estava logo alí atrás pro que desse e viesse.O ratão se empolgou e veio pisando duro em minha direção.

-É chegada a hora da vingança!Prepara-te!

Piquei a mula e caí fora dalí.Enfrentar o rato feio não era o maior problema.Pior era o bafo.Essa sim era sua maior arma.Postei-me a uns vinte passos,mas o cerco dos três roedores cada vez encurtava mais minhas possíveis rotas de fuga.Eles queriam me encurralar na borda do penhasco,talvez até me jogar nas pedras lá embaixo.Eu tinha de fazer alguma coisa,as unhas sujas estavam muito próximas.

-Eu apelo!Eu apelo pra Atená!-Disse sem pensar.Sei lá de onde veio esse pensamento,mas parece ter funcionado pois os dentuscos estacaram de pronto.Mentor principiou a rir ruidosamente,forçando toda a capacidade de seus velhos pulmões.

-Ha!Ha!Ha!Ha!Agora o humano pegou vocês de jeito.Ha!Ha!Ha!-E ria gostosamente,com grandes gargalhadas.

-E eu tenho esse direito?De apelar?-Tive de perguntar,pois ignorava possuir o direito de apelar á providência divina,ainda mais da protetora de Atenas,aquela que preside a guerra e a paz,a sabedoria e a prudência.

-É claro!E agora eles nada poderão contra ti,até que Atená tenha se manifestado.-Mentor,pelo visto gostou da situação,pois ainda diverte-se rindo do trio,agora embasbacados.

Cyril,porém,não estava disposto a se entregar.

-Verme!Como sabia do direito a apelação?

-Eu não sabia.Simplesmente brotou na minha mente.-A mais pura verdade!

-Você vai pagar por isso!Vai pagar muito caro!-Ameaçou-me com veemência e juntando-se aos outros dois,chamou-os á um conciliábulo,onde meu nome seria malhado de todas formas possíveis por aquelas linguas ferinas.

Não dei bola pra isso.Pensei no encontro que teria com Atená logo mais.E se fosse sério isso,de apelar pros deuses?Será que se eu chamasse,Dionísio viria pra me ajudar,e depois quem sabe me oferecesse um banquete servido por suas lindas Mênades?Ou se chamasse Afrodite,ela viria,saindo das espumas das águas,nua,personificação de toda beleza feminina só pra atender meu caso?E porque não?

-Mentor,e aquilo que falaste,da humanidade estar próxima da animalidade;as religiões,podem ajudar?

-Elas ajudam aqueles que precisam.As religiões são fragmentos da jóia original dadas em forma bruta aos homens,para que ao longo dos milênios burilassem-na incessantemente e provessem a massa de alimento espiritual.Tolos!Arrancaram toscas lascas da jóia e deram-nas ao povo,causando indigestão e fazendo mais mal do que bem.Entretanto,o trabalho não foi em vão,a mão dos artesões e...

Uma brisa forte acompanhada do ruflar de asas interrompeu as palavras de Mentor;algo sobre nós voejava insistentemente.Levantei a vista e deparei com a presença aérea de um deus alado.Usando uma luxuriante toga bordada com pedras preciosas e um potente par de asas,Hermes(aparência humana,ainda bem)dava o ar de sua graça na Creta de todos os deuses.

-Hermes!Como é bom reve-lo,meu velho amigo.-Saudou Mentor.

-Velho amigo?-Indaguei,e olhei para o deus alado e para Mentor,e refiz o processo na dúvida se tinha ouvido certo.

-Mentor,seu camundongo velho!Porque não sai mais da toca?Não o vejo como dantes,colhendo suas ervas e levando seus pequenos discípulos para aulas no campo quando para cá venho em missão.Oque andas fazendo?

-O sistema de canalização d'água da aldeia precisou ser ampliado e eu tive de intervir,pois não houve um camundongo mais novo que resolvesse as simples questões arittméticas exigidas e conseguisse concluir o projeto.Simples números,Hermes,e ninguém conseguiu resolver.Onde esse mundo vai parar?

-Essas gerações mais novas...-Hermes não queria muito assunto.

-Mas falaste em tuas missões.Oque trazes?O jovem humano está ansioso para ouvir oque tens a dizer.

-Pois bem,ouça:Hera ordenou dizer...

-Hera!?!-Mentor reagiu incrédulo.

-Atená estava tomando chá verde com Hera,e foi lá,na casa da grande deusa que ela recebeu o pedido de apelação.Ela quis vir imediatamente,mas Hera proibiu-a terminantemente;Eco também estava lá,tagarelando como sempre,e Hera gosta de companhia quando ouve as tagarelices de Eco.Acho que necessita de uma segunda opinião para comentar as tolices que aquela boquinha repete sem parar.

-E quanto ao caso do humano?Oque ficou decidido?-Ainda bem que Mentor perguntou,senão eu mesmo iria perguntar.

-Hera disse que desde a última traição de seu marido com uma mortal ela passou a antipatizar com os homens.Disse que se não gosta de Hércules,muito menos gostaria de um reles mortal,por isso ela proibiu a intervenção de Atená.Sinto muito.É isso.

O deus alado despediu-se,intensificou o bater de suas asas e ganhou as alturas.Sumiu logo em seguida.Para trás ficou a minha desolação e a baderna que o trio doidão de roedores fazia,comemorando sua vitória.Precisava desvirtuar o pensamento,virar a página.

-Hermes disse que Eco estava com as deusas.Ela não tinha se dado mau depois do bafafá do caso Narciso e de falar oque não devia?

-No seu mundo sim,aqui não.Aqui,personagens e acontecimentos não são estáticos,eles flutuam indefinidamente no espaço-tempo e não estão ancorados no passado,como ocorre nos teus livros.

-Putz!Coitado daquele que tiver castigo pra pagar!-Só de pensar me dava calafrios. UM CASTIGO ETERNO NINGUÉM MERECE.

-Eles já estão acostumados.Sísifo continua empurrando sua pedra morro acima,Tântalo continua roncando de fome,Prometeu prossegue tendo deu fígado devorado e Atlas continua com o globo as costas.Eis aí alguns exemplos de como esse processo do qual falei pode ser indefinido.Outro exemplo que pode ajudar a elucidar o...

-É o exemplo de Nêmesis,a deusa da vingança!-Trovejou Cyril,ou melhor bafejou,pois foi só o esgotão bater na minha cara que eu caí de costas.Literalmente.

Caí no chão,mas antes que me estatelasse por completo,meus membros foram agarrados por patas sequiosas de vingança,fui subjugado rudemente e arrastado em direção a borda do penhasco.Ví que Cyril segurava minhas pernas e meus braços eram sujeitados a força de unhas,de Zorah e de Deacon.Mentor tentava interferir usando de suas palavras de pacificação,de sua débil força fisica,mas nem mesmo seu cajado conseguiu impedir a tentativa de homicídio.Os roedores estavam cegos pelo ódio;nada mais os faria parar.Levaram-me até a beira do precipício e começaram a me balançar.

-É um!É dois!!E é três!!!-E me jogaram.

"Da pra acreditar?"-Ainda consegui pensar.

Eles não me deram a chance de berrar,chorar ou espernear.Não me deram nem a oportunidade de fazer um último pedido,nem mesmo de fazer uma última oração.Simplesmente me jogaram lá embaixo.Dá pra acreditar?

E eu caí.

Caí até chegar ao fundo.

E chegando ao fundo,sabe oque eu descobri?

Que o fundo não é o final.

Afinal,é só uma passagem.

Pra outro mundo,outra dimensão.Só pode,de que outro modo estaria eu,em meu normal espiroqueado,estar placidamente deitado sobre minha cama,olhando as irregularidaddes da madeira do forro?

Estou de volta!

Se é que fui,né?

Cara,que viagem mais doida!Deve ser culpa do beck,só pode.Deito pra tirar um cochilo e quando vejo já tô na cauda do cometa,viajando mil galáxias e participando de várias tretas malucas,como essa última.

É bom nem pensar nessas doidêras por enquanto.Vou deixar pra depois!Por enquanto vou me ocupando com oque tenho por fazer,consertos,reparos,e,e oque é aquilo,tem algo que se move entre os tênis.É marrom,tem cauda e é bastante irriquieto.

-Hummm,o safado deve tá querendo roer meu tênis.Ele me paga!

Peguei no tótem de madeira e avancei pra cima do roedor inoportuno.Vou estraçalhar com ele!Afastei a cadeira,puxei um dos tênis e fiz mira com a estatueta.O danado nem se mexeu,ficou me encarando,o malandro...

Olhei o camundongo no olho e me lembrei do Mentor.

Joguei o tótem encima da cama e conduzi gentilmente o roedor para a rua.Falei para ele não voltar mais.Que não me parasitasse,que eu não lhe mataria.

Pode até ser doidêra,mas depois de tudo aquilo,não é que me ficou uma bela mensagem,de tudo oque o Mentor me falou e também oque eu lí no Sofia.

E o Sofia,por falar nisso?

O rato roeu...

-//- -//-

Carta de um náufrago

Em primeiro lugar,peço ao Criador:permita que este pedido de ajuda chegue as mãos certas.

E se você,você mesmo que agora lê estas palavras,um dia estiver passeando no oceano azul com seu barquinho ou passeando descalço pela praia e ver esta garrafa que agora tens em mãos,não a despreze.Saiba que ela é tudo oque resta,a única coisa que disponho para fazer com que saibam do meu sofrimento,desde que meu barco foi tragado pelas águas e cheguei nesta ilha.

Quando finalmente cheguei na praia após muito nadar,fui amparado por mãos amigas e levado á uma casa onde bondosas pessoas cuidaram de mim.Conforme me reestabelecia passei a desbravar as redondezas e descobri que alí moravam outras pessoas e que não eram todas iguais.Havia tribos de pessoas com a tonalidade da pele totalmente opostas uma das outras,havia tribos de gente pequena e de gente grande,pêludos e pelados,pançudos e magrelos;entretanto,todas as tribos,sem exceção,adoravam árvores como deuses.Algumas adoravam o carvalho por sua imponência,a macieira por sua frutificação,o ipê por seu colorido e alguma tribos adoravam qualquer arbusto,mas todas adoravam árvores.

A ilha era imensa e a magnificiência de sua natureza me instigava a penetrar nos seus dominíos e tentar descobrir seus segredos.Despedi-me do homem e da mulher que me acolheram em sua casa e parti em busca de algo que eu ainda não sabia oque era.Caminhei sobre planícies,escalei montanhas,,atravessei rios,enfrentei o frio e o calor,a fome e a sede,e então cheguei a uma grande selva.Antes não tivesse entrado naquele lugar,mas pelo menos oque ví naqueles dias tornou-me menos propenso a desistir de sempre seguir em frente.

No início era tudo muito bonito,a união entre as tribos,os frutos saborosos nas árvores pra saciar a fome,riachos de água cristalina pra beber,mas em pouco tempo comecei a descobrir enquanto me aprofundava na densa mata,os segredos obscuros daquele lugar.Na selva havia fartura de alimentos,mas impediram-me brutalmente quando tentei apanhar uma fruta;mostraram-me algumas pedrinhas coloridas,dizendo que somente se eu tivesse daquelas pedrinhas poderia obter frutas ou água dos riachos.Perguntei onde poderia consegui-las e me indicaram o local,mas chegando lá fiquei sabendo que algumas pessoas tinham cercado a lagoa onde tinha tais pedrinhas e colocaram depois guardas para vigia-la.Assim,quem quisesse ganhar algumas pedrinhas coloridas,e por conseguinte comer das frutas e beber água dos riachos,tinha de fazer algum tipo de trabalho para o dono da lagoa.Como havia poucas dessas lagoas,eram poucas as pessoas que controlavam essas pedrinhas,e pra piorar descobri que quem havia se apropriado das árvores e dos riachos eram aqueles mesmos que puseram cercas envolta das lagoas.Pra comer,todos tinham de trabalhar para aqueles poucos,e por causa disso viviam tristes e infelizes;e, pra cúmulo dos excessos tinha alguns que eram felizes com aquela tristeza generalizada e que se divertiam em causar qualquer tipo de mal á todos que pudessem prejudicar.Eu ainda não conhecia as leis daquela selva e essas pessoas aproveitaram minha ignorância pra machucar meu corpo e sentimentos.


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