Eu vou mostrar pra vocês,que +1 vem somar,pra de fazer Se constrói na ordem certa,1 depois do primeiro



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GAYUS-Não!Sempre,e sempre é preferível o diálogo antes de termos de usar os punhos,da mesma forma que assim faziam nossos ancestrais.Com perseverança e diálogo pode-se dobrar a mais inflexível das varas verdes.

DORA-Que nada!Tinha que usar a tal da vara no lombo do guri,mas deixa pra lá,deixou passar então é passado.Só observa:

(entra um homem de meia-idade,é reconhecido por Gayus,que se acerca dele)

GAYUS-Seu Maciel,que coisa boa ver o sr, por aqui.Como vai?Tudo bem?Eu gostaria de falar algo pro sr.,é que...

(Gayus vai conduzindo o homem á um canto,mas surpreende-se ao ve-lo cumprimentar Dora)

GAYUS-Porque está fazendo isso?O sr. conhece aquela mulher?

FIG.-Eu já conversei com ela uma vez,não lembro onde.É uma boa pessoa,mulher direita...

GAYUS-Oquê?!Isso é loucura,ela não é oque o sr. pensa,ela...

FIG.-Menino do céu!Tu falou em loucura,e eu lembrei de uma loucura que eu fiquei sabendo.Me disseram que a mulher do seu Marcos,o que tem a fruteirinha na esquina da tua tia,tá levando macho pra dentro de casa em plena luz do dia.É uma bela de uma vadia,né?Só porque tem aqueles seios grandes,volumosos,aquela bunda redondona,macia,só por isso ela se julga no direito de trair o marido e dar pra qualquer um.Ah,se fosse comigo não ia ser assim,eu ia cuidar muito bem daquela vadia!

GAYUS-Falando assim,parece que o sr. tem vontade de se juntar a legião de amantes da infiel.

FIG.-Qué'isso menino!Parece que não me conhece.Eu nunca faria uma desfeita dessa pra um amigo meu,mesmo que esse amigo tenha uma mulher tão gostosa como a dele.Eu não.Eu até andei dando uns conselhos pra ele,porque ele já sabe que é corno,e eu disse pra ele uma atitude tinha que ser tomada,uma atitude de macho ferido nos brios.Oferecí até minha arma,se acaso ele quiser pegar a mulher com o amante na hora do vamos ver.

GAYUS-Agora eu é que pergunto:oque é isso,seu Maciel?O sr. quer se tornar cúmplice de um crime?Quer dar até a arma pro assassinato!

FIG.-Deus me livre e guarde!Cada idéia que tu tem.A arma é só prum susto,não é pra matar.Como é que tu sai por aí dizendo que as pessoas querem ser cúmplices de crimes?Parece louco das idéias.

GAYUS-Não,o sr. é que disse...

FIG.-Louco,louco mesmo,sabe quem tá?O Anacleto,aquele que mora no prédio rosa e branco,tá totalmente pirado e precisou ser levado com urgência pro hospício.Dizem que o homem enlouqueceu por causa da mulher,que de tanto ranzinzar acabou ficando louca e contagiou o marido.Pelo que eu podia ver,aquela mulher doida enlouqueceria qualquer um que tivesse de passar o dia inteiro com ela.

GAYUS-Que maldade,seu Maciel.A loucura geralmente é um problema fisico e o sr. não tem como saber se o homem é infeliz no lar.Talvez dentro de sua casa,ele seja feliz e ninguém vê.

FIG.-Mas oque todo mundo vê e ninguém quer comentar pra não magoar a Maria,é aquela putaria descarada que a filha dela e mais aquele um,vem praticando nas esquinas.Chega ser obsceno ver ele chupando a lingua dela,chega ser aviltante ter que presenciar ele enfiando os dedos naquelas coxas tão infantis.Um dia desses tive que parar pra ver,ele estava enfiando o dedo na bunda dela,e fazia aquilo várias vezes,e enchia as mãos nas nádegas da menina,que chegava dar nojo.Eu não queria ,mas tive que ver eles praticamente fazer sexo em plena avenida.

GAYUS-Se observar isso lhe dá tanto nojo,porque gasta tanto tempo em observar e em meditar o assunto?

FIG.-Se eles estão fazendo esse tipo de coisa na minha frente,eu vou desviar o olhar?Tu iria olhar pro outro lado?A gente tem que olhar e se convencer que essa juventude está perdida.As meninas só querem saber de putaria ,e os meninos só querem saber da vida do crime.São um bando de vagabundos,não são trabalhadores como as pessoas do meu tempo.

GAYUS-O sr. está julgando o livro pela capa.Está generalizando e fugindo da questão principal.

FIG.-Gosta de desrespeitar os mais velhos,não é?Quase nunca converso contigo,mas já deu pra perceber que gosta de desfazer de quem tem mais idade.Mas não tem problema não.

GAYUS-O sr. se engana.Pratico o respeito a todas criaturas,e penso que suas palavras deveriam ser melhor pesadas na balança do bom-senso antes de o sr. pensar em ofender os outros.

FIG.-Mas quem está ofendendo é tu.Eu estou aqui de boa-vontade conversando contigo,e daí derepente começa a me acusar e me desrespeitar.Eu não sei o porquê disso,mas se gosta de xingar os outros,eu tamb...

(Dora passa as costas do homem e lhe joga um sopro maligno na nuca)

FIG.-Acha que eu vou te deixar sair assim,sem me explicar direitinho essa história.Vai me contar tim-tim por tim-tim de tudo que eu quero saber.Vem cá,vem cá que eu quero te mostrar uma coisa,ó...

(avança pra cima de Gayus e começa a espancar-lhe,enquanto grita com ele)

FIG.-Pilantra,desgraçado!Quem é que é cúmplice agora?Toma pilantra,quem é que cuida da mulher dos outros,hein?Toma,toma,e mais essa,desgraçado do quinto dos infernos,toma,toma

(dá mais alguns murros em Gayus,que apenas defende-se,e se afasta ofegante.Dora aproxima-se e coloca o ferrão na mão de Gayus)

DORA-É só espetar.Você só precisa dar uma e ele vai se borrar de tanta dor,se bem que aconselho dar umas três ou quatros,porque o sofrimento será bem maior e eu já chego a ficar com água na boca só de pensar.

(Gayus não segura a lança e se afasta.Olha longamente o homem que se retira)

GAYUS-Não desejo retribuir o mal causado.Já te falei que usar os punhos é um ato primitivo,não condiz com a filosofia que pretendo usar em minha vida.Foi um ato de pura maldade daquele homem,não sei porque o fez.Só sei que ele não vê o mundo como eu enxergo,sei que está dominado por sentimentos rancorosos e que merece de minha parte,muito mais piedade do que castigo.

DORA-Ah,mas é um bundão!Vai deixar barato mais uma vez?Daqui a pouco vai começar a cacarejar que nem uma galinha medrosa.

GAYUS-Tua provocação não me atinge.Estás atirando pedras contra um castelo,advirto-lhe mais uma vez.

DORA-Não é bem assim não.Eu é que vou mostrar como se desenrola essa história.Logo,logo,o teu castelo de cartas vai desmoronar e eu vou me divertir as custas da tua ruína e do teu tombo.É sim,não quer acreditar mas é assim que vai ser.É sim,veja só:

(entram três homens,todos em trajes sociais,negros,assim como seus óculos e um deles se aproxima de Gayus,enquanto os outros dois permanecem parados um pouco atrás)

FIG.1-Gayus,prazer.Eu sou Luís peça vital na engrenagem da máquina de minha empresa e tenho uma proposta á lhe fazer.É a respeito de um trabalho.Saiba que nos foste muito bem indicado por uma pessoa de nossa confiança.

GAYUS-Bom,mas...É que eu...No que vocês trabalham?

FIG.2-Ramo de vendas.Vendemos diversão para as pessoas.

GAYUS-Ah,comércio.E oque eu teria de fazer?

FIG.1-É simples.Como é grande a demanda por nossos produtos,precisamos de muita matéria-prima,matéria essa que só é achada em outro país.Só precisamos que vá com um veículo até o local marcado,pegue a matéria-prima e volte para cá.Então você recebe o seu dinheiro pelo trabalho realizado,e eu posso garantir que realmente vale a pena.

GAYUS-Sinto muito,mas parece-me arriscado esse tipo de trabalho.

FIG.1-Vai ganhar muito dinheiro,poderá ficar rico em pouco tempo e ter tudo oque quiser da vida.A clientela tem muito dinheiro e paga muito bem pelos nossos produtos,não tem perigo nenhum.É só vir com a gente e fazer oque pedimos,que em breve estará rico.

GAYUS-Não,obrigado.Esse tipo de trabalho é contra os meus princípios.

FIG.2-Acho que não é ele Luís.Talvez Dóris tenha se enganado e nos indicado um homem que não serve pro trabalho.

FIG.3-Talvez nem seja esse o homem que Dóris indicou.

FIG.1-Será?Mas agora ele sabe de nosso ofício,já conhece os nossos rostos.Oque vamos fazer com ele?

FIG.2-Podemos sumir com ele.

GAYUS-Não!Não,de jeito nenhum!

FIG.3-Podemos dar uma boa lição nele e depois dizer pra ficar de bico fechado.

GAYUS-Não,não,isso não!

(nesse momento Dora chega por trás de Gayus e abraça-lhe o pescoço)

DORA-Ora,oque é isso rapazes?Será que estão cegos,não conseguem reconhecer o nosso amigo?Façam uma forcinha.

FIG.1-Quem é este homem,Dóris?

DORA-Uma pista.Naquela carga de mais de tonelada perdida lá no estrangeiro,não ficou a dúvida de que alguém abriu o bico pros homens da lei?Aquele caminhão que vocês perderam na alfândega uns dias atrás,tava bem camuflado,não tava?Jamais teria sido descoberto se alguém não tivesse caguetado pra lei,não é mesmo?

FIG.1-É verdade.Quer dizer então que este jovem está metido nisso?

DORA-Não sei.Eu não sou de caguetar as pessoas,como fazem uns e outros por aí,que andam dando com a lingua nos dentes.

(os homens se acercam de Gayus;o chefe os detém com um gesto)

FIG.1-Me diga uma coisa rapaz.Sabendo de nossas operações,sabendo de todo o dinheiro que circula por esse meio,você ainda quis ficar do lado errado?Nem ficou tentado em nenhum instante em também possuir muito dinheiro,grandes carros,belas mulheres e tudo o mais que poderia sonhar na vida?Nunca quis ser rico?Ter riqueza?

GAYUS-Não,eu nunca...

FIG.1-Nunca ficou tentado em possuir muito dinheiro,ter tudo oque o dinheiro pode comprar,realizar todos os teus desejos?Ou vai começar a falar em ética agora?

GAYUS-Eu não sou quem vocês estão pensando.Essa mulher está mentindo intencionalmente para me indispor contra vocês.

FIG.2-E ela conseguiu.De fato,ela conseguiu.

GAYUS-Não,não,por favor,não!!

(os homens cercam Gayus,e insuflados pelo sopro maligno de Dora,passam a surrar o rapaz.Como ele não foge e apenas se defende,Dora logo se entedia e ferroando o trio espancador,os coloca fora de combate)

DORA-E aí,não desiste nunca?Não vou ouvir você praguejar ou se alterar,nem um pouquinho?Acho que está na hora de botar o menino mau pra fora.Vamos,faça oque tia Dora mandou.

GAYUS-Não brigarei só porque queres.Sei que essas pessoas estão afetadas por ti.

Sim!És tu que vejo

tu e tua sombra ferina

a cair como água da goteira

sobre as nuas cabeças

daqueles que tem sede,

de provar o teu doce amargo.

Famintos que estão

procuram saciar a fome

querem provar da carne

que preenche,mas não completa.

Sim,eu sei!

Foste vós que os levastes

à palmilhar esse caminho

de ladrilhos já tão pisoteados

ao excesso,impregnados

do fel que destilas com prazer.

São crianças que se deixam

levarem-se pelas mãos

não sabem,desconhecem

apenas se deixam levar.

O lugar-comum é tão tedioso

outros ares melhor respirar

se há alguém que os leve

porque não acompanhar?

É somente a ignorância

que lhes ocupa o vazio.

A noção de algo maior ou melhor

escapa de suas percepções.

Por isso,

julgam não ter nada a perder,

dão as mãos e erguem os olhos

limitam-se a juntos andar

áqueles que os quiser conduzir.

São só ignorantes,eles apenas...

(Dora se aproxima por trás de Gayus e lhe joga um sopro maligno na nuca.Ele se irrita)

GAYUS-Não!A quem quero enganar?Serei eu tão estúpido,a ponto de omitir a verdade,de tentar bloquear a visão da realidade?Não adianta remover a culpa á quem ela pertence.É inútil dar perdão á quem não o merece.

Porque esses crápulas,essa súcia de bandidos não tem direito a indulgência.Merecem antes que sejam apunhalados com a lâmina afiada da crueldade;que sejam marcados com o ferro em brasa,com o emblema da indignidade,para serem considerados indignos de morrer,mas dignos de violências sofrer.

E serão caçados e amaldiçoados por causa da marca em seus rostos.Irão padecer,chorar e se lamentar,mas não serão perdoados,porque se gostam de causar dores,necessário é que as recebam com redobrado ardor.São um bando de malditos!!

(e chuta violentamente os homens caídos)

Tumbas fétidas exalando miasmas pestíferos que corroem a pureza do ar novo da manhã.Covas pútridas transbordantes de pestilenta putrefação que mancham o intocado solo do pensamento virginal.Antros da podridão,expelidores de purulência contaminável,portadores da lepra inominável,cães do inferno,ratos devoradores de excrementos.

O esgoto,por mais fétido que seja,exala um odor suave de rosas se comparado ao hálito nauseabundo que se desprende da boca dos que vivem a futricar.Suas linguas são serpentes malignas que não param sequer um instante de procurar o calcanhar alheio para inocular o veneno da discórdia.São como ferramentas do ódio,instrumento de mãos inertes.

Seus olhos são como tochas ,se acendendo voluptuosamente quando encontram alguém para amaldiçoar.Seus pensamentos são ninhos de cobras,entredevorando-se vorazmente.São canais onde fluem livres:a ganância,a ira,o ciúmes...E a irrigar-lhes:a fonte do egoísmo.Porém,único ponto onde eles não egoístas,a única coisa que desejam compartilhar,é o rancor que lhes rebenta o coração.Por isso eu os condeno,cambada de desgraçados! (chuta os caras)

Malditos sejam!!Hipócritas,raça de víboras,ratos do esgoto,caluniadores desprezíveis,mentirosos,traidores.Não passam de vermes.Vocês não pas...vocês...eu,eu...

(Gayus cai de joelhos e esconde o rosto com as mãos)

GAYUS-Oque estou dizendo?Será que enlouqueci?Como posso ter dito ,e feito,coisas tão horrendas para aquelas pessoas? (nessa altura os figurantes se retiram)

GAYUS-Onde estou com a cabeça?Eu nunca fui assim,nunca falei da maneira como falei.Como?Como perdi o controle de mim mesmo?

DORA-Ah,mas comigo qualquer um perde a cabeça e faz coisas que não acredita ser capaz.Está melhorzinho agora,depois desse desabafo?Conta pra mim,vai.É otimo provar um gostinho de sangue,né?

GAYUS-Cuspo-te fora de minha boca.Nem teu nome quero pronunciar pois logo ví que estava sob tua influência.Ví oque fizeste com aquelas outras pessoas e tornaste a repetir em mim.Sob tua influência,o ódio se infiltra nas nossas defesas e faz com que nos tornemos submissos aos teus caprichos.Mas não irei repetir o erro,não permitirei que coloque-me sob teu jugo e faça de mim teu joguete.

DORA-Vai sim!Diz que não,mas vai acabar caindo do cavalo e fazendo tudo que eu quiser.Quer ver como estou falando a verdade?Quer me desafiar outra vez?

GAYUS-Não quero saber de jogos,nem desafios.Você faça oque bem entender,pois isso não vai mais me atingir.Vou ficar naquele canto,e nada,nem ninguém irá perturbar minha tranquilidade,porque eu já me desvinculei desse teu joguinho.

DORA-Nada disso!Vai entrar na dança de novo e dançar conforme a música que eu tocar.Eu já te ouvi praguejar e esmurrar os que te causavam dores,mas ainda não ouvi você implorar pra escapar do meu ferrão.Taí!É hora de Gayus implorar alívio do sofrimento que é perpetrado contra suas carnes!

GAYUS-Nunca!Jamais irei ceder á tua morbidez de desejos insanos.Jamais,está me ouvindo?!

DORA-Vai sim,olha só:

(entra a amada de Gayus,o vestido branco esvoaçante,a coroa de flores sobre a cabeça;entra em rodopios e passa a dançar envolta do rapaz)

GAYUS Oh!Linda flor silvestre E mesmo que tua beleza

cresces no campo a esmo não exija algum retoque

assim,descuidada mesmo tua pétala,pele macia ao toque

em meio ao vale do cipestre. me inspira a tua realeza.

Sim!Rainha és e será

nenhuma outra há de ser

linda e bela pra merecer

a devoção que de mim terá.

Irei cantar odes ao meu amor,ao nosso amor,irei entoar hinos de louvor áqueles que descobriram o amor,á nossa grande descoberta.Sim,irei cantar,cantar:

CANCIONEIRO-Tu és aquela que eu escolhi para viver junto de mim.E tudo que eu queria ter era você eternamente.

(ao som da melodia,o casal se abraça e troca um longo beijo.Entediadíssima a um canto,Dora aguarda o momento certo pra mais uma maldade)

DORA-Que coisa mais fútil,mais piegas.Esses romances de estória em quadrinhos só conseguem me entediar.Bom,tá na hora do sr. Gayus dar aquela implorada esperta.

(aproxima-se do casal que mantêm-se unido num abraço e desfere um golpe com o ferrão na moça.Ela cai desfalecida,sendo seguida de perto pelo rapaz.Dora vai prum canto)

GAYUS-Porque fizeste isso?Porque?Porque? (Gayus rompe em pranto)

GAYUS-Ela é oque eu tenho de mais valioso na vida.Porque tirar ela de mim dessa forma?Oque eu fiz pra merecer esse castigo?Oque fiz de errado?Oque foi...Porque...

(a escuridão toma conta do palco;apenas um holofote sobre Gayus,que chora descontrolado)

GAYUS-De que me vale a vida se já não tenho mais minha amada ao meu lado.Minha existência torna-se opaca sem a mulher que sabe colorir os meus dias.De nada vale continuar a viver,só me resta morrer também para que possamos ficar juntos pelo resto da eternidade.Só me resta esperar que a morte também encontre moradia em meu peito.

(continua chorando convulsionadamente,e então o holofote que estivera ligado sobre Gayus e sua amada é apagado)

GAYUS Onde estás Dama de Negro?

Ocultai-vos de nosso encontro

e deixa-me apenas o ignoto.

Procuro a tua face de marfim

para libertar-me da prisão;

agrilhoado como estou

a torpes e vãs fraquezas

nada resta senão esperar.

Silencia-me com teu beijo gélido!

Trazei paz ao meu sofrimento.

Não mais sofrer e penar

e viver da falsa esperança.

Libertai-me do jugo!

Sacudís o pó que infesta

os recônditos de minha alma

insana que em vão reclama

tuas mãos que trazem a noite.

Vossa beleza apenas de relance

perscrutei na treva e na luz.

Desejo sim,essa beleza de gêlo

se não for por minha amada

por nenhuma outra há de ser.

Lamento quando ignoras

meu pedido para conhecer-lhe

os carinhos que trazem arrepios.

E a dor?

E oque é a dor?

Aguilhão que nunca cessa

de cortar a tenra carne

dos sentidos que me são inúteis.

Porque mantei-vos na sombra?

Não a procurei em todos lugares?

Quão orgulhosa vos mostraste

a bordo da carruagem estranha

no fogo do metal incandescente

e mesmo do ódio fraterno.

Do teu sorriso apenas mirei

quando ligeira por mim passaste

deixando-me só a saudade

e a tristeza de te esperar.

Até quando?

I dia? I mês? I ano?

És feliz com o meu sofrer?

Vendo-me ansiar por teu beijo

que enfim me trará a paz.

(de um canto emerge Dora trazendo nos lábios um sorriso de satisfação pra platéia)

DORA-Eu não disse que ia implorar,eu não disse?

(fala e principia a bater palmas ruidosamente)

DORA-Belas palavras!Mesmo vindas de um covarde qual tu,ainda são belas palavras.Então,queres fugir da raia?Não consegue aguentar o tormento que minha lança bipartida impinge á tua carne,e por isso lança aos ares essa lamúria desavergonhada?Me causas repulsa! Eu sei que tens medo,mas isso não justifica esse desejo de deserdar do campo de batalha,covarde medroso.

"Onde estás,Dama de Negro?"

Ser ignóbil,desprezível.Acha então que o desenlace final irá te livrar do suplício da dor?Acha que não tenho poder também sobre as criaturas além-túmulo?Meu ferrão transcende o visível e o invisível.Aquilo que conheceis como a barreira entre a vida e a morte,nada mais é pra mim que uma fronteira seca.Transponho-a a qualquer momento para me divertir afligindo tanto os encarnados,quanto os desencarnados;a única diferença é que quanto á estes últimos,só posso ferir-lhes na consciência.Mas não pense que por isso a pena seja mais branda,porque muitas vezes as dores para o supliciado são tão atrozes que é como se ele estivesse sendo vítima da torturas de um tribunal da santa inquisição.

(ela se põe de lado e fica olhando pro alto,numa atitude contemplativa)

DORA-Por falar nisso,que tempos áureos aqueles.Como me diverti ajudando a causar tantos tipos de dores.Ah,como berravam aqueles pobres coitados,principalmente os inocentes...

GAYUS-Me deixa em paz,eu...

DORA-Cala-te,ainda não acabei!Não penses que esquecí de tua vergonhosa atitude.Fugir,não irá resolver teus problemas,ao contrário,irá lhe trazer outros,talvez mais graves que os primeiros.

GAYUS-Por favor,vá embora.Já se divertiu torturando-me de várias maneiras,já conseguiu oque queria,levando de mim oque tenho de mais precioso,porque não vais embora?Me deixe só...

DORA-Não,não vou te dar esse gostinho.Te quero como meu brinquedo,como um iô-iô que eu possa jogar daqui pra lá,de lá pra cá,pra baixo e pra cima,a hora que eu quiser.Já viu um gato brincando com um rato antes de devora-lo?Entende agora oque esta gatinha aqui quer de ti?

GAYUS-Não!Eu não irei servir aos teus caprichos.Você não pode me prender,você não tem esse poder.

DORA-Ah,tenho sim.você não passa de um verme repugnante que eu posso esmagar com a sola de minha bota quando bem me convier.Fica bem quietinho,senão o ferrão volta a entrar em cena,e posso garantir que desta vez não vou ser condescendente,tampouco piedosa com teus lamúrios.Aprende uma coisa:te escolhi pra ser um servo do meu prazer e não há nada que possa fazer pra escapar de minha prisão.

Tolinho!Agora tu és meu escravo e eu vou te usar como bem quiser,entendeu?

GAYUS-Não!Não!Não!

DORA-Sim!Sim!Sim!Agora é tarde demais pra fugir!

(Dora subjuga o pescoço de Gayus entre as hastes pontudas do ferrão e faz ele levantar)

DORA-Está preso,é inútil tentar a fuga.Levanta!

Agora que o meu bichinho de estimação está na coleira,vamos dar um passeio.Vem,vem meu cãozinho,tua dona vai te levar pra passear.

(com a cabeça presa no ferrão,Gayus é levado pra dar uma volta no tablado)

GAYUS-Deus!Isso não pode estar acontecendo!Quanto mais devo rolar para o fundo desse abismo,batendo meu corpo nas pedras enquanto caio e perdendo tudo que tenho?

DORA-Chhhhhhhhh!Cachorrinho não fala!

GAYUS-Oh,droga!Oque fiz pra merecer essa louca sedenta por sangue?Certamente,por ocasião de alguma passagem minha pelo além,devo ter ofendido alguém do escalão superior.Só pode ser isso.Deve ser vingança da parte de alguém lá de cima,só pode.

DORA-Psssst!Uma coisa que você falou é certa.Eu sou do escalão superior.Não sou da equipe auxiliar,não sou da turma de mensageiros;eu faço parte da linha de comando,eu sou uma daquelas poucas criaturas que tem o poder de mudar o destino dos humanos como melhor lhe convenha.

É o seu caso,meu querido Gayus.Dedicará o resto de teus dias á servir-me,será meu escravo fiel e dedicado;aprenderá a gostar da dor,vai aprender a amar o sofrimento que eu irei causar ao teu corpo,vai se tornar dependente do amor doloroso que só eu posso dar.

GAYUS-Prefiro a morte do que ser obrigado a servir de marionete para teu gáudio.Me liberte agora ou terei de tomar medidas extremas para me livrar de sua presença.

DORA-Que ousado esse meu escravo...Se eu tivesse trazido a minha chibata,tu ia ver como é bom falar mais do que se deve.Ia te botar no tronco e te castigar só um pouquinho.Só pra abrir uns bons cortes no teu lombo e eu poder colocar um pouco de sal lá dentro,e recomeçar com a sessão chicotinho doido.

GAYUS-Pára com isso!Me larga,me deixa ir!

DORA-Não,você não irá partir.Se não quer me adorar e servir,vais sofrer muito até querer intensamente me bajular.

(Gayus tenta se desvencilhar,mas Dora consegue mante-lo prisioneiro)

GAYUS-Me larga!Me larga!

DORA-Fique quieto,senão terei de usar o meu instrumento de suplícios nas tuas carnes de novo.E olha que eu conheço todas aquelas partes sensíveis do corpo humano,aquelas que atingem o sistema nervoso e doem muito.Fica bem quietinho,não,não,não.Quer fugir,é?Eu vou te mostrar a alfinetada que fere a genitália e faz qualquer um se borrar.Foi você quem pediu,todo mundo é testemunha,eu não queria,mas foi você quem pediu.


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