"Posso te afirmar que estávamos tendo seca no Ceará sem condições de El Niño. Agora estamos com El Niño forte. Então o cenário é muito pior", alerta o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins. Ele explica que o último registro do fenômeno foi em 2010, mas com baixa intensidade. E 2011 foi chuvoso (+28,5%) por causa do La Niña, que é o fenômeno inverso, de esfriamento das águas do Pacífico - benéfico para a propensão de chuvas no Nordeste.
Há cerca de três meses, a partir da preocupação climática e da situação hídrica, mudou-se, inclusive, a frequência das reuniões de um grupo do secretariado estadual destacado para tratar do assunto. De mensal, passou a ser semanal. No grupo estão as secretarias de Planejamento e Gestão (Seplag), Desenvolvimento Agrário (SDA), Recursos Hídricos (SRH), da Pesca, o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica (Ipece), Cagece e a própria Funceme.
Nos encontros, alguns deles inclusive com a presença do próprio governador Camilo Santana, as pastas discutem como amenizar os danos causados pela estiagem 2015/2016. Órgãos setoriais, como SRH, Cagece, Funceme, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra) mantêm a reunião semanal das sextas-feiras.
As chuvas deste ano foram tão poucas que o aporte de água nos reservatórios cearenses foi o terceiro mais baixo desde 1986, no período de fevereiro a maio. Em 2015, foram repostos 600 milhões de metros cúbicos na estação chuvosa. Nos registros destes 30 anos seguidos, as precipitações só foram piores aos açudes nos anos 1993 (110 milhões de m3) e 1998 (360 milhões de m3).
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Até a última sexta-feira, 82 açudes dos 153 monitorados no Ceará (53,59%) estavam com volume entre zero e 9% de água armazenada. A perspectiva de céu sem nuvens em 2016, ventilada pelo El Niño, assusta mais.