Fronteiras da Globalização 3



Yüklə 1,83 Mb.
səhifə15/35
tarix25.07.2018
ölçüsü1,83 Mb.
#58152
1   ...   11   12   13   14   15   16   17   18   ...   35

121

A emigração de brasileiros

No início da década de 1980, o baixo crescimento econômico fez o Brasil conhecer um novo processo em sua dinâmica populacional: a emigração de brasileiros, principalmente para os Estados Unidos, o Japão, o Canadá, a Austrália e países da Europa e da América Latina.

Antes disso, o país tinha conhecido as migrações forçadas, por motivos políticos, sobretudo nas ditaduras de Getúlio Vargas (1930) e do regime militar (1964-1985).

Nos anos 1980, as altas taxas de inflação, de desemprego e a busca de melhores perspectivas de vi da foram os principais motivos que levaram a uma evasão de brasileiros para outras partes do mundo.

Depois de alguns anos de estabilidade do Plano Real, essas saídas diminuíram um pouco, mas foram retomadas após a desvalorização da moeda em 1999.

Glossário:

Plano Real: denominação dada a um programa de estabilização econômica, lançado em 1994, pelo governo do então presidente Itamar Franco, e que tinha como principal objetivo o controle da inflação. Com ele, foi lançada uma nova moeda, o Real.

Fim do glossário.

Algumas vezes, esses movimentos migratórios envolvem aspectos negativos, como tráfico de imigrantes, tráfico de mulheres, que, seduzidas com promessas de altos salários, acabam envolvidas em redes de prostituição.

As estatísticas sobre brasileiros no exterior são imprecisas por causa da existência de imigrantes que trabalham e vivem de maneira clandestina em outros países.

Segundo o censo 2010, o número de brasileiros residentes no exterior chegou a 491.645, distribuídos em 193 países. Desse contingente, 53,8% eram mulheres e 60% tinham entre 20 e 34 anos de idade.

Veja no gráfico abaixo os principais países de destino dos emigrantes brasileiros e seu percentual.

Apesar das rígidas leis elaboradas para impedir a entrada de estrangeiros, o número de brasileiros nos Estados Unidos é grande. Eles se concentram principalmente em algumas cidades e regiões, como Nova York, Flórida e Califórnia. Grande parte desses emigrantes brasileiros entrou clandestinamente nos Estados Unidos pela fronteira do México.

Muitos brasileiros emigraram também para países vizinhos, como o Paraguai, motivados pela expulsão de trabalhadores do campo, principalmente em virtude da construção de barragens para hidrelétricas. Como o custo de vida no outro lado da fronteira era mais baixo, muitos desses trabalhadores deixaram o Brasil. Ao longo da fronteira com o Brasil têm-se desenvolvido várias cidades constituí das majoritariamente por brasileiros, chamados "brasiguaios". A emigração de brasileiros chegou a ser incentivada na década de 1970 pelo governo de Alfredo Stroessner (presidente do Paraguai entre 1954-1989).

LEGENDA: A origem de 49% desses emigrantes é a região Sudeste, principalmente São Paulo (21,6%) e Minas Gerais (16,8%).

FONTE: Adaptado de: IBGE. Censo demográfico 2010 . Disponível em: www.ibge.gov.br. CRÉDITOS: Banco de imagens/Arquivo da editora

LEGENDA: Tradicional festa em Nova York, conhecida como Brazilian Day, reuniu milhares de emigrantes brasileiros em 2014. Realizada sempre no início de setembro, hoje, além de fazer parte do calendário oficial da cidade estadunidense, essa festa também acontece em outras cidades do mundo.

FONTE: mikecphoto/Shutterstock



122

Os brasileiros têm emigrado também para a União Europeia e o Japão. Algumas vezes, vê-se nos noticiários casos de brasileiros que sofrem preconceito e passam por situações humilhantes em aeroportos, principalmente na Espanha e no Reino Unido.

No caso do Japão, têm emigrado para lá os descendentes dos japoneses que vieram para o Brasil no início do século XX, os chamados dekasseguis.

LEGENDA: Marlith Aguila (peruana) e Roberta Siao (brasileira) são duas chefs sul-americanas que trabalham em restaurante em Londres (Inglaterra). Nesse restaurante as chefs preparam apenas pratos típicos de seus países. Foto de 2015.

FONTE: Niklas Halle'n/Agência France-Presse

Com a crise econômica mundial de 2008-2011 e a estabilidade da economia brasileira no mesmo período, a emigração diminuiu no Brasil, que, segundo demógrafos, voltou a ser um país de imigração, recebendo pessoas de várias partes do mundo. Com esse movimento de retorno ao Brasil, houve uma diminuição significativa na entrada das remessas de dinheiro no país.

Historicamente, em razão do grande número de brasileiros que residiam no exterior, era também muito expressivo o valor que eles mandavam para cá.

Em 2015, o Brasil enfrentou uma de suas maiores crises econômicas, agravada pelo aumento da inflação e do desemprego. Isso resultou na emigração de milhares de brasileiros rumo, principalmente, aos Estados Unidos, onde buscam maior estabilidade financeira e profissional. No entanto, os que saem são portadores de diplomas universitários e empreendedores, e isso significa a perda de valioso capital humano para o Brasil. Ainda assim, o país continua recebendo grande número de imigrantes sul-americanos, como veremos a seguir.

As novas migrações internacionais

Entre os movimentos migratórios no Brasil, no século XXI, podemos reconhecer a emigração de brasileiros, as migrações de retorno e a imigração estrangeira. Há também um tipo especial de imigrantes: os refugiados, dos quais trataremos mais adiante.

Como já estudamos, emigração internacional trata de um deslocamento humano de um país para outro, geralmente em busca de melhores oportunidades de vida. Já as migrações de retorno envolvem indivíduos que estão voltando às suas respectivas pátrias depois de uma temporada no exterior.

A imigração estrangeira no Brasil é o movimento de pessoas de outras nacionalidades que vêm viver nestas terras. No Brasil, a maioria desses imigrantes é de sul-americanos: bolivianos, peruanos, paraguaios, equatorianos e outros. Entre os asiáticos, destacam-se os coreanos, com sua grande colônia na cidade de São Paulo. Também tem crescido o número de imigrantes haitianos, beneficiados por razões humanitárias. Africanos e originários do Oriente Médio são, na maioria, considerados refugiados, como estudaremos a seguir.

Acontecem também muitas migrações ilegais, que é a entrada e a permanência de estrangeiros no país em situação de ilegalidade, cujos dados oficiais são poucos, em vista dessa situação. As migrações ilegais, muitas vezes agravam um problema que é considerado uma "chaga" em qualquer sociedade civilizada: o trabalho escravo. Também engrossam a grande quantidade de mão de obra de baixa remuneração.

LEGENDA: Imigrantes sul-americanos vendem roupas nas ruas do Brás, bairro da cidade de São Paulo (SP), em 2013.

FONTE: Nacho Doce/Reuters/Latinstock

123

Refugiados

Segundo a Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, de 1951, "refugiado é toda pessoa que, por causa de fundados temores de perseguição devido a sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, se encontra fora de seu país de origem e, por causa dos ditos temores, não pode ou não quer regressar ao mesmo".

No ano de 1960, o Brasil foi o primeiro país do Cone Sul a ratificar a Convenção de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados. No ano de 1997, passou a ser o primeiro país do Cone Sul a sancionar uma lei nacional de refúgio.

O Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) é o organismo público responsável por receber as solicitações de refúgio e determinar se os solicitantes reúnem as condições necessárias para ser reconhecidos como refugiados. Trata-se de uma comissão interministerial no âmbito do Ministério da Justiça, a qual possibilita às pessoas reconhecidas como refugiadas documentação que lhes permite residir legalmente no país, trabalhar e ter acesso aos serviços públicos, como saúde, educação, etc.

LEGENDA: Refugiados haitianos retiram carteira de trabalho no município de São Paulo (SP). Foto de 2014.

FONTE: Joel Silva/Folhapress

Em 1999, o Brasil firmou com a ONU um acordo para receber refugiados de vários países. Desde então, o número de pessoas nessa situação tem aumentado consideravelmente. Apenas entre os anos de 2011 e 2015, esse total saltou de 4.218 para 8.400 refugiados no país, sendo eles de 81 nacionalidades diferentes, dos quais 29,3% eram do gênero feminino. Veja a tabela a seguir.

Tabela: equivalente textual a seguir.

Principais grupos de refugiados no Brasil: distribuição por nacionalidade - 2015

Nacionalidade

Refugiados

Porcentagem (%)

Síria

2.077

24,73

Angola

1.480

17,62

Colômbia

1.093

13,01

República Democrática do Congo

844

10,05

Líbano

389

4,63

FONTE: MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Disponível em: http://portal.mj.gov.br. Acesso em: 24 mar. 2016.

Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), dos refugiados aceitos pelo Brasil, além daqueles oriundos das nações listadas na tabela anterior, outras populações relevantes também se estabeleceram no território, sendo originários da Libéria, da Palestina, do Iraque e de Serra Leoa.

Provavelmente as principais barreiras que os refugiados enfrentam em um novo país são o idioma e as diferenças culturais. Para que eles se integrem na nova sociedade que os acolheu, essas barreiras precisam ser vencidas, algo que pode ser mais difícil quanto maior a distância cultural existente.

No Brasil, há grupos de apoio e acolhimento aos refugiados, que além de lhes dar aulas de língua portuguesa também fazem uma "ponte cultural" com objetivo de inseri-los na cultura do país.

LEGENDA: Refugiado haitiano recebe aulas de língua portuguesa em Campo Grande (MS). Foto de 2015.

FONTE: Cassandra Cury/Pulsar Imagens



124

Ao se estabelecerem em seus novos países, os refugiados iniciam outra difícil jornada: a busca por um trabalho. Essas pessoas apresentam diferentes perfis, podem não ter formação profissional ou tê-la (o que nem sempre significa que encontrarão trabalho na área de formação) e podem ainda encontrar oportunidades em empregos formais ou informais.

LEGENDA: Refugiado sírio trabalhando informalmente como comerciante nas ruas do Rio de Janeiro (RJ). Foto de 2015.

FONTE: Vanderlei Almeida/Agência France-Presse

Esse tema é de grande preocupação para as autoridades e as organizações de apoio aos refugiados. Palestras e cursos sobre o mercado de trabalho, as formas de inserção nele e sobre empreendedorismo são algumas maneiras de auxiliar essa população a se estabelecerem profissionalmente para que, dessa forma, obtenham também a estabilidade econômica.

LEGENDA: Refugiado sírio (em pé) trabalhando em escritório de engenharia no município de São Paulo (SP). Foto de 2015.

FONTE: Nelson Almeida/Agência France-Presse

Boxe complementar:

Os refugiados nos Jogos Olímpicos Rio-2016

A população refugiada tem crescido em todo o mundo. Em uma tentativa de chamar a atenção para o problema e buscar formas de inserção dessas pessoas em atividades esportivas (uma importante maneira de sociabilizar e integrar pessoas), o Comitê Olímpico Internacional (COI), responsável pela organização dos Jogos Olímpicos, convidou atletas refugiados para participar da competição no Rio de Janeiro, em 2016 - dando voz e espaço a uma população que é negligenciada e calada pela comunidade internacional.

LEGENDA: Yusra Mardini, nadadora síria refugiada na Alemanha, ao lado do seu treinador (à direita), em evento da Confederação Alemã de Esportes Olímpicos, em Berlim. Foto de 2016.

FONTE: Mehmet Kaman/Anadolu Agency/Getty Images

LEGENDA: Popole Misenga (à direita) é um judoca congolês refugiado no Brasil desde 2013. Apesar das dificuldades, o atleta continua treinando no Rio de Janeiro, onde mora atualmente. Foto de 2016.

FONTE: Yasuyoshi Chiba/Agência France-Presse

LEGENDA: Em seu percurso, a tocha olímpica passou por um dos campos de refugiados na Grécia. Foto de 2016.

FONTE: Ayhan Mehmet/Anadolu Agency/Getty Images

Fim do complemento.

125

Boxe complementar:



Leitura e reflexão

Nova onda de imigração atrai para São Paulo latino-americanos e africanos



O sotaque estrangeiro no centro de São Paulo acompanhou a ascensão da cidade, desde a popular Rua 25 de Março, cuja vocação comercial foi despertada pelos árabes, à sede da Prefeitura, antigo prédio dos italianos Matarazzo. Se hoje os novos imigrantes vêm de locais tão distintos quanto Bolívia e Senegal, o destino continua sendo o centro de São Paulo.

A prefeitura estima em 600 mil a população imigrante na cidade, a maioria morando ou trabalhando na região.

Durante o segundo semestre de 2014, foram criados o Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI), pela prefeitura, e a Casa de Passagem Terra Nova, do governo estadual. Situados na Bela Vista, os abrigos acolhem principalmente refugiados.

O.H., 38, veio de Burkina Fasso. Músico, ele diz que se viu obrigado a deixar seu país após ser perseguido pelo governo em razão das letras que escrevia. Veio para São Paulo porque disseram que era um lugar bom para o "show business". Há sete meses no Brasil, o único trabalho que encontrou foi como pintor na construção civil.

Desempregado, ele não desistiu da cidade, nem da carreira. "Eu nunca escrevi letras de amor, mas aqui é só o que me vem à cabeça. É verdade que é uma cidade de muito trabalho, mas o que eu vejo no cotidiano das pessoas é que elas enganam o tempo para encontrar amor", diz.

Já para a peruana Rosa Delgado, 46, São Paulo significa trabalho. "Vivemos na correria, se não - como se diz? - o bicho pega", afirma. [...]

Propaganda



"Os haitianos vêm para São Paulo por causa da propaganda da cidade: é a mais rica e avançada, e nós estamos correndo atrás do dinheiro", afirma Bacoult.

Mas, com os preços em alta, poupar é mais difícil. Por isso, apoiam os protestos nas ruas - mas de longe. "Eu não posso fazer igual aos brasileiros, eu sou imigrante. Eu participaria se tivesse certeza que seria pacífico", diz a haitiana Marie Meanty, 23.

Os haitianos são considerados privilegiados pelo senegalês Massar Sarr, 42, representante dos imigrantes no conselho participativo da subprefeitura da Sé. Ele aponta como vantagem dos haitianos a facilitação do processo de regularização, promovida pelo governo federal em resposta ao aumento do fluxo após o terre moto que atingiu o Haiti em 2010.

[...]


Já o boliviano Luis Vásquez, 43, veio para São Paulo há 13 anos para fazer uma pós-graduação, mas ficou para ajudar a comunidade boliviana. Hoje, preside a Associação dos Empreendedores Bolivianos da Rua Coimbra.

Ele critica o estigma que se criou em cima do boliviano como "trabalhador escravo". Vásquez diz que, por pior que sejam as condições de trabalho nas oficinas de costura, elas ainda são melhores - e mais rentáveis - do que a situação na Bolívia.

"Para o imigrante, é bom morar na oficina. Ele não paga aluguel, não gasta com transporte e pode trabalhar mais tempo, já que ganha por peça fabricada", diz. Segundo ele, o que é negativo nesta situação é o isolamento em que se vive.

Ele não espera que os novos imigrantes integrem-se de modo semelhante ao que aconteceu com europeus.

"Tomara que não aconteça com a gente o que aconteceu com vocês. Os filhos esqueceram que os pais foram imigrantes, e às vezes nos tratam como bichos de outro planeta", diz.

Atrativos



De acordo com Dulce Baptista, professora da PUC-SP [...], os imigrantes buscam o centro da cidade tanto por uma questão histórica quanto prática.

"O centro da cidade era um espaço privilegiado, de residência da classe alta. Conforme outros bairros se valorizaram, a região ficou esvaziada. Por isso, existe nela toda uma edificação que permite a estruturação de casas de cômodo, cortiços e moradias sublocadas", explica.

A vantagem dessa estrutura, segundo ela, é o preço. [...]

Outro fator [...] é o deslocamento. Como a principal atividade dos imigrantes é o comércio popular, característico do centro, eles preferem morar na região para economizar em transporte.

Mas a professora faz um alerta. "O centro vem passando por um processo de requalificação urbana e a tendência com isso é a expulsão da população atual. [...]", diz.

PERRIN, Fernanda. Folha de S.Paulo, 23 jan. 2015. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/01/1579103nova-onda-de-imigracao-atrai-para-sao-paulo-latino-americanos-e-africanos.shtml. Acesso em: 24 mar. 2016.

- Agora, faça as atividades propostas.

1. Cite cinco nacionalidades de pessoas que escolheram a cidade de São Paulo como seu novo lar.

2. Por que São Paulo é o local escolhido por muitos desses novos imigrantes?

3. Identifique dois fatores que dificultam a integração entre esses novos imigrantes e os brasileiros.

Fim do complemento.



126

Refletindo sobre o conteúdo

Ícone: Atividade interdisciplinar.



1. Leia a reportagem a seguir.

O haitiano Gregory Deralus, de 34 anos, relatou em depoimento à polícia nesta segunda-feira [10/8/2015] o ataque que sofreu em 1º de agosto na região do Glicério, no Centro de São Paulo. Outros cinco haitianos foram atingidos por balas de chumbinho na mesma data. "Estava saindo da igreja, senti uma coisa na perna e pensei que era uma pedrada", afirmou ao deixar o 1º Distrito Poli cial, que concentra as investigações.

[...]


PIZA, Paulo Toledo. G1 São Paulo, 10 ago. 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/08/pensei-que-era-uma-pedrada-diz-haitiano-atacado-no-glicerio.html. Acesso em: 23 mar. 2016.

- Relacione essa notícia ao texto da página 125 sobre os imigrantes em São Paulo.



2. Atividade interdisciplinar: Geografia e História. Observe a tabela e leia o texto a seguir. Depois, responda às questões.

Tabela: equivalente textual a seguir.



Contingentes imigratórios por nacionalidade (entre 1850 e 1930)

Italianos

1,490 milhão

Portugueses

1,85 milhão

Espanhóis

580 mil

Alemães

202 mil

Japoneses

99 mil

Yüklə 1,83 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   ...   11   12   13   14   15   16   17   18   ...   35




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©muhaz.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

gir | qeydiyyatdan keç
    Ana səhifə


yükləyin