. Acesso em: 8 maio 2015.
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A respeito da influência das condições naturais sobre o modo de vida e a cultura das diversas sociedades, é necessário cuidar para que essa influência não seja entendida de modo absoluto. As condições naturais formam uma das bases da ocupação do espaço, mas é preciso sempre ter em mente que é a vida em sociedade e a cultura que organizam esse espaço, dando forma a seu modo de ocupação.
Sobre o assunto, leia o texto a seguir, que apresenta a contribuição fundamental da Antropologia à compreensão desse tema.
Texto complementar para o professor
O determinismo geográfico
O determinismo geográfico considera que as diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural. [...]
A partir de 1920, antropólogos como Boas, Wisler, Kroeber, entre outros, refutaram este tipo de determinismo e demonstraram que existe uma limitação na influência geográfica sobre os fatores culturais. E mais: que é possível e comum existir uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo tipo de ambiente físico.
Tomemos, como primeiro exemplo, os lapões e os esquimós. Ambos habitam a calota polar norte, os primeiros no norte da Europa e os segundos no norte da América. Vivem, pois, em ambientes geográficos muito semelhantes, caracterizados por um longo e rigoroso inverno. Ambos têm ao seu dispor flora e fauna semelhantes. Era de se esperar, portanto, que encontrassem as mesmas respostas culturais para a sobrevivência em um ambiente hostil. Mas isto não ocorre.
Os esquimós constroem suas casas (iglus) cortando blocos de neve e amontoando-os num formato de colmeia. Por dentro a casa é forrada com peles de animais e com o auxílio do fogo conseguem manter o seu interior suficientemente quente. [...] Quando deseja, o esquimó abandona a casa tendo que carregar apenas os seus pertences e vai construir um novo retiro.
Os lapões, por sua vez, vivem em tendas de peles de rena. Quando desejam mudar os seus
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acampamentos, necessitam realizar um árduo trabalho que se inicia pelo desmonte, pela retirada do gelo que se acumulou sobre as peles, pela secagem das mesmas e o seu transporte para o novo sítio.
Em compensação, os lapões são excelentes criadores de renas, enquanto tradicionalmente os esquimós limitam-se à caça desses mamíferos.20
[...]
O terceiro exemplo pode ser encontrado no interior do nosso país, dentro dos limites do Parque Nacional do Xingu. Os xinguanos propriamente ditos (Kamayurá, Kalapalo, Trumai, Waurá etc.) desprezam toda a reserva de proteínas existentes nos grandes mamíferos, cuja caça lhes é interditada por motivos culturais, e se dedicam mais intensamente à pesca e caça de aves. Os Kayabi, que habitam o Norte do Parque, são excelentes caçadores e preferem justamente os mamíferos de grande porte, como a anta, o veado, o caititu etc.
[...] A posição da moderna antropologia é que a “cultura age seletivamente”, e não casualmente, sobre seu meio ambiente, “explorando determinadas possibilidades e limites ao desenvolvimento, para o qual as forças decisivas estão na própria cultura e na história da cultura”.21
As diferenças existentes entre os homens, portanto, não podem ser explicadas em termos das limitações que lhes são impostas pelo seu aparato biológico ou pelo seu meio ambiente. A grande qualidade da espécie humana foi a de romper com suas próprias limitações: um animal frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas, dominou os ares: sem guelras ou membranas próprias, conquistou os mares. Tudo isto porque difere dos outros animais por ser o único que possui cultura. [...]
LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p. 21-24.
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Atividade 2c. As calçadas não são espaços vividos igualmente por todas as pessoas. As crianças, por exemplo, costumam usá-las em suas brincadeiras. Para muitos adultos, elas são apenas lugares de andar rápido; para outros, são espaços onde podem dispor cadeiras para sentar e conversar. Em algumas cidades as calçadas são estreitas e, em outras, bem largas (essa variação pode ser observada na mesma cidade). Calçadas esburacadas dificultam a vida de todos, principalmente de idosos e de pessoas com deficiência. Se você considerar oportuno, explore com os alunos os diversos usos dos espaços ao longo do tempo e sua ocupação por diferentes grupos sociais. Incentive-os a perceber que os lugares são também modificados pelo seu uso. Uma rua tranquila, na qual se pode colocar uma cadeira na calçada, pode ser transformada em uma avenida para o escoamento do tráfego de caminhões, tornando-se um lugar movimentado, perigoso e inadequado para colocar cadeiras, descansar e conversar.
Atividade 3. Os alunos provavelmente vão levar em consideração aspectos subjetivos para resolver a questão. É possível fazer um direcionamento prévio do olhar dos alunos em relação às possibilidades de resposta, explorando a realidade do lugar em que vivem. Considere que os diferentes espaços se transformam de acordo com ritmos variados e que os fatores determinantes dessas transformações também variam. É possível discutir, por exemplo, que nos espaços urbanos a especulação imobiliária pode estimular a verticalização, o desenvolvimento de centros comerciais e o adensamento urbano de modo geral. Nos espaços rurais, a instalação de indústrias pode ocasionar novos usos da terra e também provocar impactos sociais e ambientais relacionados à atração de pessoas de outros lugares para viver e trabalhar nas fábricas.
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Professor, nesta página aproveite para explicar aos alunos que a foz de um rio pode ser em delta, estuário ou mista. A foz em delta ocorre quando o leito do rio se alarga, de modo que seu curso forma triângulos. É comum se formarem ilhas no centro deste triângulo, entre os leitos divididos. Já a foz em estuário se dá quando o leito do rio deságua em um único canal, seguindo apenas um curso. A foz mista, por fim, ocorre quando coexistem as duas formas de desembocadura.
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O Antes de ler tem a função de estimular a curiosidade dos alunos em relação ao texto que será trabalhado na seção Lendo Geografia. No caso dessa página, os alunos podem perceber que se trata de um texto antigo, já que o título do livro do qual foi extraído indica que o estado de Goiás ainda era denominado "província". Se julgar oportuno, comente que o original é do século XIX. Também pode ser mencionado que o texto se refere à uma descrição de um local como a feita em um diário de viagem.
Atividade 3. Como se trata de um exercício de imaginação, pode haver muitas divergências entre os alunos sobre as transformações. Certifique-se de que eles compreendem que, por menor e mais tranquilo que seja um lugar, ele sempre sofrerá transformações, sejam elas provocadas por fenômenos naturais ou pela interferência humana. Essas transformações podem ocorrer em ritmo lento ou mais intenso. O arraial de Meia Ponte é o atual município de Pirenópolis (GO). Fundado em 1727 por um grupo de garimpeiros, cujo objetivo era descobrir minas de ouro, Pirenópolis hoje
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conserva características daquele período, tendo sido tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1988. Você pode obter mais informações no site do IBGE, disponível em:
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