. Acesso em: 15 fev. 2015.
O clima na Terra nem sempre foi o mesmo. O planeta já passou por diversas e intensas transformações climáticas. Existiram eras glaciais, nas quais as baixas temperaturas foram predominantes, e eras mais quentes. A variação climática ocorre graças a diversos fatores, dos quais muitos ainda estão sendo estudados. Mas sabe-se que a disponibilidade dos gases responsáveis pelo efeito estufa, as explosões solares e a inclinação do eixo terrestre em relação ao Sol são algumas das causas das variações climáticas.
Glossário
Era glacial: nome dado às eras que duraram milhões de anos, quando a Terra resfriou-se, permanecendo com as temperaturas baixas; assim, grande parte do planeta ficou coberta de gelo. Também são chamadas de eras de gelo. A última glaciação ocorreu há 60 milhões de anos, quando ainda não existiam seres humanos no planeta.
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Conexões
O tempo e o gelo
Foram nove anos de perfuração. Do buraco na base russa Vostok, na Antártida, saíram 3.623 metros de cilindros de gelo – um recorde de profundidade – e informações sobre o clima de 420 mil anos. O Homo sapiens nem existia sobre a Terra quando toda essa neve começou a ser compactada sobre o lago Vostok. Entre os cristais de água, já estavam sendo aprisionadas migalhas do paleoclima – microbolhas de ar, grãos de sal e poeira – que hoje ajudam a entender o efeito estufa.
Este é um fenômeno natural, causado por um envelope de gases que deixam passar a radiação do Sol, aquecendo a superfície do planeta, mas impedem que parte desse calor volte ao espaço. Gases estufa como o gás carbônico (também chamado de CO2 por sua constituição química) e metano (também chamado de CH4 por sua constituição química) atuam, há bilhões de anos, como cobertor da Terra.
[…] A temperatura da época é inferida da quantidade de deutério (uma forma pesada de hidrogênio). Muitos cálculos são necessários para estabelecer a idade do gelo a cada profundidade.
Montado o imenso quebra-cabeças, surge um registro inédito do paleoclima. São ao todo quatro oscilações entre eras glaciais e interglaciais – os períodos mais quentes, como o atual. Cada ciclo dura cerca de 100 mil anos. As fases de aquecimento se iniciaram há 335 mil, 245 mil, 135 mil e 18 mil anos.
Em todas, o aumento da temperatura – numa faixa de variação de 8 °C – acompanhou o da concentração de CO2. […] Outras perfurações de gelo na própria Antártida e na Groenlândia haviam fornecido dados de até 150 mil anos atrás, no máximo. Elas já sugeriam que os ciclos glaciais eram disparados por pequenas alterações na inclinação do eixo da Terra e em sua órbita em torno do Sol. Essa hipótese ganha mais força com os quatro ciclos fossilizados no gelo de Vostok. [...]
Adaptado de: LEITE, Marcelo. O tempo e o gelo. Folha de S. Paulo. Caderno Ciência, 13 jun. 1999. Disponível em: . Acesso em: 14 fev. 2015.
Glossário
Paleoclima: trata-se do clima do passado. A paleoclimatologia é a ciência que se dedica a estudar como se configurava o clima em épocas anteriores à existência do ser humano; utiliza-se de uma gama de conhecimentos científicos e instrumentos técnicos.
Fig. 1 (p. 221)
Vostok é uma estação russa de pesquisas localizada na Antártida. É a base mais ao sul do continente antártico, existe desde 1957 e é usada até hoje. Funciona como um importante centro de pesquisa dos paleoclimas. A foto é de 1964.
SPL/LATINSTOCK
1. De acordo com o texto, foi possível detectar quantas eras mais quentes nos estudos realizados em Vostok? Responda no caderno.
2. Segundo o texto, há alguma relação entre o aumento da temperatura e o de CO2? Com base em que fundamento é feita essa afirmação?
3. Que outro fator colabora para essas mudanças?
As mudanças em curso
O clima terrestre naturalmente sofre variações devido a sua própria dinâmica, além da influência de fatores externos (como o vulcanismo e as variações solares). Mas, nos últimos anos, um novo fator tem orientado essa relação tão complexa.
Desde o começo da industrialização, acentuada a partir do século XIX e sobretudo no século XX, o ser humano vem transformando profundamente a natureza, tirando dela recursos e matérias-primas em prol do desenvolvimento econômico, principalmente dos países do Norte.
Página 222
Ainda há muito a ser explorado a respeito da capacidade adaptativa da natureza, mas é certo o fato de que a sociedade industrial acelerou o ritmo de transformações no meio ambiente. Nas últimas décadas, com o avanço exponencial da urbanização e da industrialização, além da aceleração do desenvolvimento tecnológico que ocorre desde o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), passamos a explorar de maneira exacerbada os recursos não renováveis representados pelos materiais e gases derivados da extração de combustíveis fósseis e de minerais.
A indústria adquiriu a capacidade de fabricar muitos produtos com base nessa extração. Hoje usamos muitos produtos descartáveis: embalagens plásticas, isopor, caixas, pacotes etc. Todos esses produtos possuem em sua composição química o carbono, que é um elemento presente nas plantas (fotossíntese), no ser humano (respiração e excreção), nas rochas, em outros animais e em muitas coisas que conhecemos. O carbono, assim como todos os elementos naturais, possui um ciclo (como da água, que aprendemos no Capítulo 11). Vejamos um esquema ilustrativo:
Fig. 1 (p. 222)
AVITS PUBLISHING DESIGN
O carbono está presente em todos os animais e plantas, no ar e na água. Ele é encontrado na forma de dióxido de carbono, um dos gases que fazem parte do efeito estufa, Brasil, anos 2000.
Ciclo do carbono (esquema ilustrativo)
Crosta terrestre
Morte e mineralização
em sedimentos
Formação de rochas
Animais aquáticos
Plantas aquáticas e algas
CO2 dissolvido
CO2 atmosferico
Animais e microrganismos
Plantas terrestres
Combustíveis fósseis
Húmus
Formação do solo
Atividades humanas
Fonte: INSTITUTO DE BIOLOGIA – USP. Disponível em:
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