A via de transporte mais comum no Brasil é a rodoviária. É esta via que auxilia em grande medida a integração do território e o acesso a serviços específicos de diferentes lugares. Observe a seguir o mapa do Brasil. Nele percebemos o predomínio de rodovias por todo o país.
Fonte: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas básico. São Paulo: Ática, 2013. 57.
A distribuição das vias de transporte também é um elemento muito importante do espaço geográfico e que dá pistas para compreendermos a organização territorial dos países. Com base nela, percebemos quais são os locais prioritários para receber investimentos e quais são secundários quanto ao transporte. Ao visualizar o mapa constatamos que há uma desigualdade na distribuição das vias de transporte ao longo do espaço brasileiro.
Uma vez que o transporte coletivo terrestre ainda representa uma grande demanda para boa parte da população brasileira, a via aérea é ainda subutilizada como opção no Brasil. Ao mesmo tempo, o avião é um dos principais símbolos do avanço da comunicação entre os lugares: possibilita o acesso rápido a locais remotos do globo, encurtando o tempo das viagens.
. Acesso em: 4 fev. 2015. Ao acessar este link, você poderá acompanhar, em tempo real, a circulação de aviões que transportam pessoas por todo o planeta. Preste atenção nas áreas onde se aglomeram os voos. O que isso lhe diz? Responda em seu caderno.
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Conexões
Uma vez reconhecida a importância da distribuição desigual dos transportes, vamos investigar as reações da população diante desse problema.
Um dos movimentos sociais que lutam pela qualidade no serviço de transporte público é o Movimento Passe Livre (MPL), originado em 2003 pelas reivindicações por melhorias nos transportes públicos em Florianópolis (SC). Com adeptos por todo o país, o movimento ganhou popularidade nacional em 2013 ao convocar diversas manifestações que reivindicavam o não aumento das tarifas de ônibus, as quais sofreriam um reajuste de 10 a 50 centavos nas grandes cidades do Brasil. Observe a foto a seguir.
Fig. 1 (p. 83)
Manifestação pelo passe livre na Rodoviária do Plano Piloto, Brasília, DF, 2013.
EDÍLSON RODRIGUES/CB/D.A PRESS
A grande quantidade de pessoas que participaram das chamadas “Manifestações de Junho” revelou o amplo descontentamento da população frente a seus direitos como cidadãos de circular, de ir e vir. As manifestações eram organizadas por comunicações estabelecidas pessoalmente e também por mídias, como blogs e eventos em redes sociais, o que demonstra a importância da autonomia comunicativa para os movimentos sociais.
Faça uma pesquisa com seus colegas e discuta em classe quais foram as providências tomadas pelo governo brasileiro diante das Manifestações de Junho no setor de transportes.
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A circulação de mercadorias
Você já parou para pensar que nem tudo o que há dentro da sua casa foi produzido na cidade em que você mora? Nem mesmo tudo o que você come veio da região em que você vive.
Por isso, devemos pensar o processo de produção das mercadorias aliado à necessidade de transportá-las aos estabelecimentos comerciais que as revenderão. A distribuição desigual não ocorre unicamente para a circulação de pessoas – a circulação de todo tipo de objeto e de produtos diversos também passa pelo mesmo processo.
Os meios de transporte são responsáveis pela integração dos lugares e das regiões ao estabelecerem comunicação direta entre eles; assim, organizam o acesso às mercadorias.
Observe a seguinte imagem.
Fig. 1 (p. 84)
JOCHEN TACK/GLOW IMAGE
Família em supermercado diante de uma grande diversidade de chocolates. Alemanha, 2014.
A diversidade de chocolates disponível nos dias de hoje na estante dos supermercados é grande. Trata-se de um cenário muito diferente do que ocorria há cinquenta anos, quando, na maioria das cidades brasileiras, havia muito menos opções. Você deve estar se perguntando: e o que os chocolates têm a ver com a circulação de mercadoria?
Assim como se desenvolveu a tecnologia para o acesso ao automóvel, outras indústrias passaram pelo mesmo processo, inclusive a alimentícia: com o desenvolvimento tecnológico e o crescimento da população e, consequentemente, do número de consumidores, aumentou a procura por determinados produtos e, assim, mais fábricas se estabeleceram pelo território brasileiro e mais produtos vieram de outros países para serem consumidos aqui. O que antes era muito difícil de ser encontrado foi, aos poucos, tornando-se comum em feiras, lojas e supermercados.
Questionando
Monte em seu caderno a trajetória de um produto que você tenha curiosidade de saber onde e por qual empresa foi produzido. Para isso, consulte um produto que esteja em sua casa e registre, com base em sua investigação: o país de origem do produto, região onde ele foi produzido e possíveis meios de transporte utilizados para que tenha chegado até sua casa. Dica: os rótulos serão uma boa fonte de pesquisa. Depois, compartilhe essa informação com a turma na classe sob a orientação do(a) professor(a).
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Circulação de ideias e informações
E as informações, como elas chegam a diferentes lugares? Sabe-se que isso acontece graças aos meios de comunicação, como a televisão, o rádio, a internet, os jornais e as revistas, entre outros. Mas, também neste caso, o desenvolvimento da tecnologia e das pesquisas científicas levou a uma grande evolução nas formas de comunicação e transmissão de informações. Pensemos no caso da televisão. Antes da criação da TV, a comunicação era realizada principalmente via rádio. Cartas eram o meio mais comum para atualizar os familiares distantes sobre as novidades.
Porém, a internet, além de permitir o contato com familiares e amigos distantes, proporciona outro tipo de comunicação entre os lugares: a virtual. A rapidez com que possibilita transações comerciais entre empresas é muito grande. Dessa forma, a própria circulação de mercadorias é afetada pela circulação de informações.
Pensemos no caso dos chocolates: em 2015, o país que possuía a maior produção de cacau, a matéria-prima do chocolate, era a Costa do Marfim, com cerca de 1,6 milhão de toneladas no ano. Observe a imagem a seguir:
Fig. 1 (p. 85)
Produtores de cacau na Costa do Marfim, anos 2000.
LUC GNAGO/REUTERS/LATINSTOCK
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O cacau é extremamente importante para a economia não só do país, como de outras regiões do mundo. Caso ocorra alguma alteração climática fora do normal, as plantações podem ser afetadas e até mesmo devastadas. Sem um meio de comunicação rápido, as fábricas de chocolate da Suíça, que trazem o cacau da Costa do Marfim para produzir seus chocolates, não conseguiriam preparar-se rapidamente para o desabastecimento ou para a procura de novos fornecedores.
Assim, cada vez mais os lugares estão conectados pelas informações e sendo influenciados diretamente por elas, mesmo que a distância física continue a mesma.
Assim como a economia brasileira pode ser afetada pela economia de outro país, a própria cultura também é alvo de transformações. Imagens veiculadas em revistas, jornais, televisão e outros meios de comunicação anteriores à internet já alteravam hábitos da população décadas atrás por meio de propagandas que estimulavam o consumo de produtos que até então não eram utilizados de maneira massiva pela população. O consumo, seja de roupas, alimentos, eletrodomésticos ou produtos de limpeza, sofreu um rápido crescimento nas últimas décadas. A intensa veiculação pelos meios de comunicação do incentivo ao consumo é uma maneira eficaz de aumentar a produção, a circulação e o consumo de produtos.
Além de transformar hábitos, a circulação de ideias e informações tem efeito direto sobre a configuração da paisagem. Os outdoors (painéis publicitários de grandes dimensões), presentes em lugares de grande circulação de pessoas em diversos países, chamam a atenção de possíveis compradores devido ao seu tamanho. Desde a década de 1950 tais meios de comunicação propagandísticos transformando as paisagem de muitas cidades brasileiras.
Fig. 1 (p. 86)
Excesso de informação e poluição visual causado por vários outdoors eletrônicos na avenida Times Square, em Nova York, EUA, 2014.
RENATA MELLO/PULSAR
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Fig. 1 (p. 87)
Poluição visual decorrente da concentração de outdoors em Porto Alegre, RS, em 2012.
FERNANDO BUENO/PULSAR
Conexões
Analise criticamente a charge a seguir:
Fig. 2 (p. 87)
AVITS PUBLISHING DESIGN
1. Converse com um colega sobre o significado da charge e, depois, escreva a conclusão de vocês em seu caderno.
2. Você, ou alguém que você conhece, adquiriu ou já sentiu vontade de adquirir algum produto veiculado por influência da propaganda? Cite um exemplo em seu caderno.
3. Com base no que a charge apresenta e em seus conhecimentos prévios, liste em seu caderno quais são as funções da televisão em nosso cotidiano.
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A comunicação entre os lugares
Pode-se dizer que há uma interdependência entre os tipos de circulação mencionados até aqui. Um não existe sem o outro e nenhum existe sem tecnologia, que possui um papel fundamental nessa conexão. Existem várias formas de se utilizar a tecnologia para estabelecer a comunicação entre os lugares. Ela pode ocorrer por meio de empresas gigantes de comunicação, como grandes emissoras de rádio, televisão e jornais, mas também por meios alternativos.
Movimentos sociais pelo mundo afora valem-se dos meios de comunicação de baixo custo para se manifestarem e estabelecerem redes de contato para além do que as grandes empresas possibilitam. A criação de rádios comunitárias tem sido uma solução para a conscientização sobre problemas locais, a organização e a conscientização da população. Observe a imagem ao lado.
Fig. 1 (p. 88)
Associação de Radiodifusão Comunitária Indígena na Aldeia Estiva da etnia kaingang em Redentora, RS, 2014.
GERSON GERLOFF/PULSAR
Ponto de vista
O sociólogo e professor Jorge Alberto S. Machado discute sobre o seguinte tema:
A rapidez e o alcance das novas tecnologias de informação permitem uma proliferação de organizações civis e coletivos sociais, assim como uma integração eficiente e estratégica entre eles; baseado principalmente no idealismo e voluntarismo de seus membros, incentivados pela relação custo-benefício bastante favorável, surgem novas formas de alianças e sinergias de alcance global. Com isso, aumentaram enormemente as formas de mobilização, participação, interação e acesso à informação, a provisão de recursos, as afiliações individuais e as ramificações entre os movimentos sociais.
MACHADO, Jorge Alberto S. Machado. Movimentos sociais, tecnologias de informação e o ativismo em rede. Educação Pública, 2015. Disponível em:
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