Geografia 7º ano



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Leituras cartográficas

5 Observe o mapa abaixo e responda às questões.



a) Em qual unidade da federação a taxa de mortalidade infantil é muito alta?

b) A taxa de mortalidade infantil na unidade da federação em que você vive está compreendida entre quais valores?

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6 Analise a tabela e responda às questões.



Brasil: população e área de alguns estados – 2014

Estados

População

Área (km²)

Pará

8.073.924

1.247.955

Bahia

15.126.371

564.733

Mato Grosso

3.224.357

903.366

Rio Grande do Sul

11.207.274

281.730

São Paulo

44.035.304

248.223

Auxilie os alunos a agrupar os dados na tabela e a relacionar as informações obtidas.

a) Calcule a densidade demográfica dos estados constantes da tabela e aponte qual é o mais povoado e o menos povoado.

b) Que estado é o mais populoso? E o menos populoso?

c) Os dados da tabela permitem concluir que a população se encontra bem distribuída pelo território? Explique sua resposta.

7 Leia um trecho do poema e observe a foto. Em seguida, escreva um texto relacionando o poema, a foto e as migrações internas que você estudou no Percurso 6.


Página 59

“[...] E se somos Severinos


iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida). […]”

MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina. In: Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977. p. 145-146.

8 A que forma de migração se pode associar a imagem a seguir? Quais são suas particularidades?

9 Interprete os gráficos:



a) Quando a população urbana se tornou maior em cada uma das regiões apresentadas?

b) Aponte o total, aproximadamente, da população urbana nessas regiões em 1980 e em 2000.

Pratique

10 Realize um trabalho de campo entrevistando pessoas das residências da rua onde você mora para saber se são migrantes. Anote a localidade e a região de origem dos entrevistados e a razão da migração. Em seguida elabore uma tabela com os dados obtidos.


Página 60

PERCURSO 7 - População e trabalho: mulheres, crianças e idosos

1. A população segundo os setores de produção

Uma das formas de estudar a população de um país é classificá-la de acordo com os setores de produção. Existem três setores de produção básicos:


• o setor primário reúne as atividades agropecuárias, extrativistas, a pesca e a silvicultura;
• o setor secundário abrange as atividades industriais e a construção civil;
• o setor terciário agrupa as atividades prestadoras de serviços, como o comércio, o sistema bancário, a administração pública, as atividades de saúde, educação, saneamento básico, transportes, telefonia etc. Observe a figura 13.

No seu contexto

Tendo por base as atividades exercidas por seus familiares, classifique-as segundo os setores de produção.

Resposta pessoal. Com esta atividade, os alunos têm a oportunidade de analisar a realidade próxima sob uma nova ótica, utilizando conceitos importantes para a Geografia. Além de enriquecer a análise, os alunos podem fixar mais facilmente o conteúdo estudado.
Página 61

A distribuição da população e os setores de produção

Segundo o IBGE, a população economicamente ativa (PEA) é o conjunto de indivíduos que trabalham ou estão em busca de emprego e compõe o potencial de mão de obra com que podem contar os setores produtivos.

Conhecer o número de pessoas que trabalham em cada setor, ou a participação de cada setor na PEA, é importante para fornecer dados para a avaliação da economia de um país e para o planejamento socioeconômico.

No Brasil, o estudo da população trabalhadora ao longo dos censos demográficos fornece elementos para compreender as mudanças na economia do país. Observe a figura 14.

Qual era a distribuição da PEA pelos setores de produção no ano de 2000?

Primário, 20,6%; secundário, 22,9%; e terciário, 56,5%.

Sugerimos que consulte o seguinte documento do IBGE: Estatísticas de Gênero: uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. Disponível em: . Acesso em: 19 nov. 2014.

Em 1940, de cada 100 pessoas que formavam a PEA do Brasil, aproximadamente 70 estavam ocupadas no setor primário, 10 no setor secundário e 20 no setor terciário de produção.

Esses dados nos informam que, em 1940, a economia brasileira tinha por base os produtos do setor primário de produção. Além disso, podemos também concluir que no ano de 1940 a industrialização do país era modesta, pois empregava apenas 10% da PEA, e que as cidades e a população urbana ainda eram reduzidas, pois apenas cerca de 20% da PEA estava empregada no setor terciário — setor que reúne atividades predominantemente urbanas, assim como o setor secundário.

Nas pesquisas seguintes, notam-se alterações na distribuição da PEA por setores de produção. Na Pesquisa nacional por amostra de domicílios de 2013, observou-se que 22,8% da PEA do Brasil se dedicava ao setor secundário e 63,8% ao setor terciário, superando ambas a participação do setor primário, 13,4%.



2. Mulheres e desigualdades no mercado de trabalho

No Brasil, o número de mulheres na população supera o de homens em quase todas as regiões. Isso ocorre porque as mulheres apresentam maior longevidade, com expectativas de vida maiores.

Nas últimas décadas, a sociedade brasileira atravessou importantes transformações políticas, econômicas e sociais que afetam mulheres e homens de maneiras diferentes. Uma delas é o crescimento da presença das mulheres no mercado de trabalho (figura 15, na página seguinte), aumentando, em consequência, sua participação na PEA e garantindo a elas maior autonomia.
Página 62

Alerte os alunos de que na figura 15 o eixo vertical do gráfico se inicia com valor 40,0.

No entanto, apesar da ampliação do acesso ao mercado de trabalho, grande parcela das mulheres continua acumulando os trabalhos domésticos (tarefas relacionadas à limpeza da casa, à alimentação, ao cuidado de filhos, entre outros) com os seus empregos fora de casa.

Esses afazeres geram sobrecarga de trabalho para as mulheres e influem diretamente na possibilidade de conseguirem empregos e de ocuparem melhores postos no mercado de trabalho.



Mulheres e homens: desigualdade de rendimentos

Nos últimos anos, estudos vêm apontando uma tendência contínua de redução da desigualdade salarial entre homens e mulheres no Brasil. Entre outros fatores, o aumento da renda das mulheres está relacionado à conquista de mais espaço na vida pessoal, familiar e na sociedade e ao combate à desigualdade entre os gêneros. Entretanto, em 2012, estudos ainda demonstraram que o rendimento das mulheres no mercado de trabalho apresentou uma diferença média de 27% em relação ao que recebia um trabalhador homem.

Utilizamos “família” em substituição à expressão “arranjo familiar”, do Pnad, para facilitar a compreensão.
Arranjo familiar corresponde ao “conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, ou seja, as famílias, ou o conjunto de pessoas ligadas por dependência doméstica ou normas de convivência, ou a pessoa que mora sozinha”.

Mulheres chefes de família

No Brasil, o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho e sua maior autonomia financeira vêm contribuindo para o aumento da proporção de famílias chefiadas por mulheres, isto é, vem crescendo a proporção de famílias que têm a mulher como responsável pelo sustento, com ou sem a existência de um cônjuge no domicílio. Isso significa que cada vez mais famílias vivem a situação de não terem o sexo masculino como principal provedor da renda, apesar de ainda predominar a chefia masculina. Observe as figuras 16 e 17.



Cônjuge
Indivíduo ligado a outro pelo casamento ou aquele que vive conjugalmente, com ou sem vínculo matrimonial.

O que ocorreu em relação à proporção de famílias chefiadas por mulheres entre 1998 e 2012?

Houve crescimento da presença da mulher como referência nas famílias unipessoais, com cônjuge, mas uma pequena diminuição nas famílias sem cônjuge.

A título de comparação, em 2012 a proporção de famílias com o homem como referência teve os seguintes valores: Unipessoais: 6,5%; Com cônjuge: 51,8%; Sem cônjuge: 3,7%; Total: 62,0%.


Página 63

Indique o percentual de famílias chefiadas por mulheres na unidade da federação em que você vive. Em seguida, cite outras em situação semelhante.

Resposta pessoal.

Avanços na escolaridade feminina

No Brasil, as mulheres vêm superando os homens nos indicadores educacionais relativos aos ensinos médio e superior.

As mulheres tendem a ter mais qualificação para entrar no mercado de trabalho, mas isso ainda não se reverte em salários mais elevados para a população feminina ocupada. Embora muitas estejam alcançando cargos de chefia em empresas públicas e privadas, uma parcela expressiva das mulheres ainda ocupa postos de trabalho com menor nível de proteção social, ou seja, sem carteira de trabalho assinada, como é o caso de muitas trabalhadoras domésticas, apesar de a legislação exigir.

Cabe observar, contudo, que a proporção de estudantes, tanto homens quanto mulheres, é ainda muito baixa no Brasil, o que compromete a qualificação da mão de obra e o desenvolvimento social e econômico do país. Observe a figura 18.

Como elemento de comparação, a proporção de pessoas de 20 a 24 anos de idade, com pelo menos o Ensino Médio completo, total e por gênero: na Itália, total de 77,6%, sendo 81,6% mulheres e 73,7% homens; no Brasil, total de 59,9%, sendo 65,4% mulheres e 54,4% homens.
Página 64

3. O trabalho infantil no Brasil

No Brasil, a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente proíbem expressamente o trabalho infantil, permitindo que adolescentes com mais de 14 anos trabalhem como aprendizes e que entre os 16 e 18 anos exerçam apenas funções seguras.

Apesar de o trabalho infantil ter diminuído nos últimos anos, em 2012 ainda havia 3,5 milhões de trabalhadores com idade entre 5 e 17 anos no país.

Esses menores, além de terem sua formação escolar prejudicada, muitas vezes estão expostos a ambientes de trabalho que comprometem seu desenvolvimento biológico e psicológico (figura 19).



Navegar é preciso
Coração de carvão

Visite o site do curta-metragem Coração de carvão e descubra, em imagens e textos, informações sobre o trabalho infantil em carvoarias.

Objeto educacional digital

Trabalho infantil

Orientações no Manual Multimídia



4. A pirâmide etária do Brasil

A pirâmide etária representa graficamente a quantidade de pessoas de uma população, segundo as faixas de idade e o sexo. Considerando a queda das taxas de fecundidade e natalidade e o aumento da expectativa de vida, as pirâmides etárias do país vêm sofrendo alterações. Veja a figura 20.

Observa-se que, na pirâmide etária de 2010, a base se apresenta menos larga em relação à de 1980; isso se deve à queda das taxas de fecundidade: em 1980, a população brasileira entre 0 e 19 anos correspondia a 49% da população total, passando para 33% em 2010.

Na pirâmide de idades de 2010, o pico alargou-se em relação à de 1980. Isso ocorreu em virtude de o brasileiro estar vivendo maior número de anos, consequência da melhoria das condições de vida.

No momento em que você está observando a pirâmide de idades de 2010, a qual faixa de idades você pertence? Essa faixa é maior ou menor do que a que a precede?

Resposta pessoal.


Página 65

O “bônus demográfico” no Brasil

De acordo com estudos demográficos, até 2020 o Brasil viverá um período no qual o número de pessoas em idade economicamente ativa superará muito o de crianças e idosos, considerados dependentes. Esse período, denominado bônus demográfico, é considerado favorável à economia de um país, pois significa maior número de trabalhadores e menores gastos com pessoas que não participam da PEA.

A partir de 2020, estima-se um aumento da proporção de idosos na população geral. A expectativa é que a população brasileira com mais de 60 anos vai mais do que triplicar nas próximas quatro décadas: de pouco mais de 20 milhões em 2010, atingirá cerca de 65 milhões de habitantes em 2050, alterando o perfil da pirâmide etária brasileira (figura 21).

No Brasil, o ritmo do envelhecimento populacional deverá ser mais acelerado do que o ocorrido em outros países no século passado. Na França, por exemplo, foi necessário mais de um século para que sua população com idade igual ou superior a 65 anos aumentasse de 7% para 14% do total, variação demográfica que ocorrerá no Brasil em apenas duas décadas, entre 2011 e 2031.

Em que faixa de idade você estará nesta pirâmide etária em 2050?

Resposta pessoal.



Os efeitos do envelhecimento da população

Com o aumento da população idosa, o Estado brasileiro, que financia e administra sistemas públicos de saúde e de previdência social, deverá se preparar para maiores gastos com saúde e aposentadoria dos idosos. Em relação à saúde, o aumento dos gastos dependerá da qualidade de vida da população, o que impõe ao Estado e à sociedade em geral a necessidade de buscar ações que garantam um envelhecimento mais saudável para as pessoas.

Outro ponto importante é a disponibilidade de ajuda familiar para esse grupo. Geralmente, com o avanço da idade, as pessoas passam a necessitar de maior apoio e cuidado familiar. Isso é preocupante quando se considera que essa ajuda poderá ser afetada devido à maior participação dos membros da família no mercado de trabalho.

Como consequência, isso poderá demandar maiores investimentos públicos em asilos e casas de repouso. Algumas projeções para o Brasil indicam que o número de pessoas sendo cuidadas por não familiares vai duplicar até 2020 e aproximadamente quintuplicará em 2040, em comparação com 2010.

É possível que essas transformações afetem também as empresas, que poderão expandir os programas de treinamento dirigidos aos idosos com o objetivo de reincorporá-los ao mercado de trabalho.

Previdência social
Conjunto de instituições estatais cujo objetivo é proteger e amparar o trabalhador e suas famílias na velhice e na doença, por meio de aposentadorias, pensões, assistência médica e hospitalar etc.
Página 66

PERCURSO 8 - Brasil: a diversidade cultural e os afro-brasileiros

1. Brasil: país de muitos povos e culturas

A população brasileira originou-se da miscigenação de vários povos. Por isso apresenta grande diversidade cultural, manifestada na religião, na música, na dança, na alimentação, na arquitetura, no vestuário etc.

Exemplo dessa diversidade é a própria língua portuguesa, reconhecida como oficial no Brasil. Ela possui palavras únicas quando comparada à língua portuguesa falada em outros países. Isso porque incorporou muitas expressões dos grupos étnicos formadores da população brasileira: indígenas, europeus e negros africanos. Palavras como Tietê, caatinga, sucuri e pitanga têm origem indígena; mocambo, cafuné, fubá e berimbau, africana. E outras palavras com origem em línguas europeias foram agregadas ao português, como tchau e espaguete, que vêm do italiano.

2. Grupos formadores da população brasileira

Os indígenas

Como vimos no Percurso 2, diversos grupos indígenas viviam no território que viria a ser o Brasil antes da colonização portuguesa. Estima-se que havia de 2 a 4 milhões de indivíduos, distribuídos em mais de 1.000 diferentes etnias (figura 22). Possuíam características próprias de organização social, línguas, crenças, técnicas de coleta, caça, pesca e cultivo agrícola.

Hoje, alguns grupos indígenas vivem isolados, outros em reservas ou nas cidades, muitos em precárias condições de vida. Os grupos indígenas continuam lutando por seus direitos e contra o preconceito e o descaso com sua cultura (figura 23), que ocorrem a despeito da contribuição desses grupos para a formação do povo brasileiro e de todo o seu conhecimento sobre o meio ambiente, a flora e a fauna do território, acumulado por séculos.

Miscigenação
Cruzamento interpovos; mestiçamento.

Grupo étnico (ou etnia)
Grupo social cujos membros consideram ter uma origem e características socioculturais comuns (como língua, religião, valores e normas etc.), e que partilham uma identidade cultural marcada por traços que os distinguem de outros grupos.

Reveja com os alunos o mapa das terras indígenas no Brasil, no Percurso 2, página 25.


Página 67

Há anos, as pesquisas médicas e farmacêuticas baseiam-se nesses conhecimentos para aproveitar as propriedades preventivas e curativas de várias espécies vegetais e animais utilizadas por grupos indígenas, a fim de obter substâncias para a elaboração de medicamentos.

No entanto, os indígenas ainda são vítimas da invasão de suas terras por fazendeiros, garimpeiros, madeireiros, grileiros, entre outros.

Grileiro
Pessoa que se apossa de terras de outra por meio de documento ou escritura de propriedade falsos.

Os portugueses e outros imigrantes

A partir do século XVI, com a invasão do território pelos portugueses, teve início o processo de miscigenação destes com os grupos indígenas e os negros africanos, trazidos como escravos, configurando a população brasileira atual.

Nos séculos XIX e XX, esse processo prosseguiu com a chegada de outros povos. Entre os que vieram em maior quantidade estão os italianos — segundo grupo mais numeroso, depois dos portugueses —, espanhóis, alemães, japoneses, sírio-libaneses, russos, poloneses, chineses, coreanos, indonésios, uruguaios, bolivianos, entre outros.

Os negros africanos

A partir do século XVI, com a chegada de negros africanos para servir de mão de obra escrava, amplia-se o processo de miscigenação. Os escravos foram a principal mão de obra em atividades econômicas do Brasil colonial, fundamentais para o desenvolvimento econômico do país.

Três grandes culturas africanas entraram no Brasil por meio de imigrações forçadas: culturas sudanesas, bantas e guineano-sudanesas islamizadas (figura 24). Apresentavam diferentes tradições, crenças e tecnologias, o que contribuiu para a formação cultural e econômica brasileira.

Os guineanos-sudaneses tinham basicamente a mesma origem dos sudaneses, mas eram convertidos ao islamismo.


Página 68

A escravidão

Assim como os indígenas, os negros africanos introduzidos no Brasil e na América em geral foram submetidos a condições brutais de existência (figura 25). Arrancados de suas comunidades, de suas famílias e de suas terras, atravessaram o Oceano Atlântico nos sujos porões dos navios negreiros como cargas ou mercadorias de venda e compra.

Calcula-se que cerca de 10 milhões de negros africanos foram trazidos para a América entre 1502 e 1870, sem considerar os que morreram durante a viagem ou eram mortos durante a resistência ao seu aprisionamento. Desse total, estima-se que mais de 3,5 milhões foram desembarcados no Brasil.

Quem lê viaja mais
FRAGA, Walter; ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de.
Uma história da cultura afro-brasileira. São Paulo: moderna, 2009.
A obra revela aspectos da história e da geografia africanas e trata das influências desse continente sobre o Brasil.

3. Os brasileiros nos censos do IBGE

Por meio dos censos realizados pelo IBGE, entre outros aspectos, é possível conhecer a distribuição da população brasileira segundo a cor da pele. As pessoas, quando perguntadas pelos pesquisadores do IBGE que realizam o censo, são livres para autodeclarar sua cor de pele entre cinco opções: branca, preta, parda, amarela e indígena (figura 26).

Esse tipo de informação continua sendo levantado em estudos estatísticos não por uma posição racista ou preconceituosa por parte dos institutos de pesquisa, mas para avaliar a condição social das famílias e pessoas segundo a cor, considerando que em nossa história as elites dirigentes, de modo geral, não tiveram a preocupação e ações voltadas para melhorar as condições de vida de grupos menos favorecidos socialmente, como indígenas e negros. Por isso, essas informações podem dar apoio às políticas públicas que buscam reduzir, de maneira eficaz, as desigualdades sociais no país.

Esclareça os alunos sobre o fato de o IBGE utilizar a expressão “preta” nos levantamentos censitários, mas neste livro empregamos as expressões “negro”, “afrodescendente” e “afro-brasileiro”, as quais englobam pretos e pardos.


Página 69

4. Os afro-brasileiros no Brasil atual

As comunidades remanescentes de quilombos

São comunidades formadas por descendentes de negros africanos escravizados que fugiram das fazendas de açúcar, de café, da atividade mineradora e de outras a partir do século XVII. Eles se autodenominam quilombolas.

Essas comunidades persistiram e são encontradas em praticamente todos os estados brasileiros (figura 27); durante muito tempo ficaram desconhecidas ou isoladas. Com a Constituição Brasileira de 1988, que concedeu aos quilombolas o direito à propriedade de suas terras e à manutenção de suas culturas, essas comunidades ganharam mais visibilidade na sociedade brasileira.

Até 2002, haviam sido identificadas 743 comunidades quilombolas no Brasil. Atualmente, devido às iniciativas do governo federal e das comunidades quilombolas em busca do autorreconhecimento, o número de comunidades identificadas supera 3.500.

No entanto, devido à demora no processo de reconhecimento oficial e titulação da maior parte delas, há ainda muitos conflitos entre quilombolas, fazendeiros e posseiros.

Titulação
Garantia de posse legítima e definitiva da terra.

Posseiro
Ocupante de uma propriedade sobre a qual não tem nenhum direito nominal, destinando-a ao seu sustento.

Auxilie os alunos na interpretação da legenda do mapa da figura 27, que representa círculos proporcionais.

Identifique as quatro unidades da federação com maior número de comunidades quilombolas e a quantidade delas na unidade da federação em que você vive.

Maranhão, Bahia, Pará e Minas Gerais; resposta pessoal.


Página 70

Com o tema da Estação Cidadania, sugerimos articular o trabalho com o professor de História, que poderá contribuir explicando o legado do passado escravista na sociedade brasileira, as dificuldades e avanços em relação ao preconceito e à discriminação racial no Brasil, considerando, por exemplo, a criação da Lei Afonso Arinos (1951), os avanços da Constituição da República Federativa do Brasil (1988) na punição do crime de racismo e as atuais políticas públicas dedicadas à questão.



Desigualdades entre negros e não negros

Vários estudos comprovam que a população negra, em seu conjunto, possui as piores condições de vida se comparadas às de outros grupos de pessoas.

A expressão mais dramática dessa desigualdade é a incidência da pobreza na população negra: no Brasil, de cada dez pobres, seis são negros. Além disso, os negros recebem cerca de metade dos rendimentos obtidos pelos não negros e apresentam as maiores taxas de desemprego.

No mercado de trabalho, ainda é alta a desigualdade entre negros e não negros, sobretudo em relação às mulheres negras. Elas são as que mais sofrem com a discriminação: apresentam a menor taxa de participação no mercado de trabalho, a menor taxa de ocupação, a maior taxa de desemprego e o menor rendimento.



Navegar é preciso
Projeto Manejo dos Territórios Quilombolas

Conheça o Projeto Manejo, os quilombolas de Oriximiná, o artesanato do quilombo e muito mais por meio dos textos, fotos e mapas deste site.

Estação Cidadania - Desigualdade de rendimento segundo a cor

Pluralidade Cultural

Trabalho e Consumo

“As desigualdades econômicas, aqui medidas pelo rendimento mensal familiar, também se destacam quando se consideram as categorias de cor ou raça [etnia] da população brasileira. Historicamente, pretos [afrodescendentes] e pardos apresentam indicadores sociais desfavoráveis quando comparados à população de cor branca, fruto ainda da histórica exclusão social de amplos segmentos de pretos e pardos, inserções diferenciadas no mercado de trabalho, distribuição regional, acessos desiguais a uma série de bens e serviços, entre diversos outros fatores estruturantes da sociedade brasileira nessa perspectiva.

[Uma] forma de avaliar a desigualdade por cor ou raça é destacar os extremos da distribuição de rendimentos, em que, ao longo do tempo, prevalece o peso dos brancos no 1% com maiores rendimentos (mais ricos) e de pretos ou pardos entre os mais pobres. Entre 2002 e 2012 houve uma ligeira melhora na distribuição do rendimento familiar per capita [para cada indivíduo] para aquelas pessoas com rendimento do trabalho, mantendo-se, no entanto, o quadro de desigualdade pouco alterado […]: são 81,6% de brancos no 1% mais rico da população, contra apenas 16,2% de pretos ou pardos. […]”

IBGE. Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2012. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. p. 179.

O gráfico mostra o aumento da população afrodescendente e parda na condição de pobreza entre 2002 e 2012 e a diminuição da população branca nessa condição; por outro lado, mostra o aumento da população afrodescendente e parda no conjunto do 1% mais rico e a diminuição da população branca nessa categoria.

Interprete

1 Entre 2002 e 2012, houve modesta melhora na distribuição do rendimento familiar per capita do 1% mais rico da população afrodescendente e parda. Que melhora foi essa?

Argumente

2 Em sua opinião, como é possível elevar o rendimento da população pobre, seja ela afrodescendente ou não, para reduzir as condições de pobreza no país?
Página 71

A desigualdade persiste na educação: a taxa de analfabetismo é maior na população negra, grupo que também apresenta, em média, dois anos a menos de estudo. Isso significa que, quanto maior o nível de ensino (da educação básica ao ensino superior), menor é a presença dos negros.



Os movimentos dos afro-brasileiros

Nos últimos anos, os movimentos de luta dos afrodescendentes por igualdade social e melhores condições de vida vêm contribuindo para a superação de barreiras sociais e culturais, permitindo-lhes destacar-se em várias atividades. Eles reforçam, com isso, que não é a cor da pele que determina a capacidade das pessoas.

Logo após a abolição da escravidão em 1888, surgiram as primeiras organizações formadas por afrodescendentes. Nas décadas de 1960 e 1970, os movimentos em busca de direitos civis para os negros ganharam maior força no Brasil, sob influência dos movimentos negros dos Estados Unidos e pela independência das colônias europeias na África. Utilizando-se, por exemplo, da música e da dança como expressões contestatórias, explicitaram as injustiças a que são submetidos. O rap (rhythm and poetry: ritmo e poesia), por exemplo, aborda o racismo, a violência policial, as precárias condições de renda e outras temáticas sociais.

Ações afirmativas

Até recentemente não havia em nosso país uma política nacional articulada e contínua para a promoção da igualdade das pessoas segundo a cor da pele, apesar de os movimentos negros no Brasil denunciarem o racismo há décadas e proporem políticas para sua superação.

Em 21 de março de 2003, data em que é celebrado no mundo todo o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, o governo federal criou a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que desenvolve inúmeras ações voltadas para a promoção da igualdade e do combate à discriminação racial.

Um exemplo são as chamadas ações afirmativas, que correspondem ao tratamento preferencial dado às pessoas de grupos desfavorecidos de uma sociedade. Isso pode ser feito por meio de cursos de qualificação profissional, bolsas de estudo, cotas de ingresso nas universidades etc.

Apesar de ser um antigo desejo, não só da população afro-brasileira, mas também de mulheres e de pessoas portadoras de necessidades especiais, apenas no dia 13 de maio de 2002 foi instituído por decreto presidencial o Programa Nacional de Ações Afirmativas. Por meio dele, os afro-brasileiros, entre outros grupos, passaram a ter, por exemplo, maior acesso ao ensino superior no Brasil (figura 28).

Navegar é preciso
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial

Site governamental que disponibiliza o Estatuto da Igualdade Racial e informações sobre quilombos no Brasil.

Quem lê viaja mais
AGOSTINI, João Carlos.
Brasileiro, sim senhor. 2. ed. São Paulo: moderna, 2004.
Livro abrangente, que aborda as concepções muitas vezes estereotipadas do brasileiro sobre a sua gente.

Lembre os alunos de que a implementação de ações afirmativas é um assunto polêmico. Há, por exemplo, lideranças que criticam o sistema de cotas aos negros nas universidades públicas por considerar que isso gera mais preconceito.


Página 72

Atividades dos percursos 7 e 8

Registre em seu caderno.

Revendo conteúdos

1 Qual é a importância do estudo da distribuição da população segundo os setores de produção?

2 Explique o que é PEA e aponte quantos membros de sua família pertencem a esse conjunto.

3 O que contribui para o aumento do número de famílias chefiadas por mulheres no Brasil?

4 Comente as desigualdades existentes no mercado de trabalho brasileiro, considerando a situação dos negros e das mulheres.

5 Explique o que são comunidades remanescentes de quilombos.

6 Por que a língua portuguesa falada no Brasil reflete a diversidade cultural que acompanha a formação da população do país?

7 Explique o que é pirâmide etária e, com base na figura 20, na página 64, interprete as mudanças nas populações jovem e idosa do Brasil entre os anos de 1980 e 2010.

8 Explique, com suas palavras, o que são ações afirmativas.

Leituras cartográficas

9 Observe o mapa e faça o que se pede.



a) Explique o que o mapa representa.

b) Existe(m) alguma(s) unidade(s) da federação em que o rendimento médio das mulheres é maior que o dos homens?

c) Com base em sua resposta ao item b, que comentário pode ser feito, considerando o que você estudou nas páginas anteriores?

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10 Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem dificultar ou impedir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Observe o gráfico ao lado e responda.


Página 73

a) Qual das deficiências selecionadas apresenta a menor participação de pessoas na PEA?

b) Qual apresenta a maior participação de pessoas do sexo feminino na PEA?

11 Leia o fragmento de texto a seguir e responda às questões.

“[…] Em 2010, 14% dos jovens de 18 a 24 anos cursavam o ensino superior.

Entretanto, a frequência de jovens brancos era 2,5 vezes maior (sic) se comparada com o acesso de jovens negros a um curso universitário. Embora este seja o nível com maior disparidade entre grupos raciais, foi o que experimentou maior redução da desigualdade racial, especialmente porque desfrutava de patamares muito mais adversos (em 2000, a frequência líquida da população negra neste nível correspondia a apenas um quinto da taxa da população branca [ou a população branca correspondia a 5 vezes a taxa da população afro-brasileira]). […] Além disso, cabe destacar o papel democratizador exercido pelas ações afirmativas para ingresso no ensino superior. […]”

SILVA, Tatiana Dias; GOES, Fernanda Lira (Orgs.). Igualdade racial no Brasil: reflexões no Ano Internacional dos Afrodescendentes. Brasília: Ipea, 2013. p. 19.

a) O que ocorreu em 2010 em relação a 2000 quanto à frequência da população afro-brasileira no ensino superior?

b) Por que a população afro-brasileira tem dificuldade em ingressar no ensino superior?

12 Em 7 de agosto de 2006, foi aprovada a Lei Federal no 11.340, a Lei Maria da Penha. Ela foi criada para reprimir a violência contra a mulher. Observe o cartaz a seguir e responda:



a) Há relação entre o cartaz e a Lei Maria da Penha? Explique sua resposta.

b) Em sua opinião, quais outras barreiras são enfrentadas pela mulher no lar e na sociedade?

13 Observe o cartum.



a) A que figura o cartunista vinculou o preconceito?

b) Como o autor define “pré-conceito”?

c) Qual é a mensagem do cartum em relação à diversidade cultural?

Pesquise

14 Em grupo, pesquise as ações do governo para combater o trabalho infantil. Jornais, revistas e páginas públicas na internet são excelentes fontes de informação. Procure saber quando e onde ocorreram as ações e que resultados tiveram. Feita a coleta de informações, redija um texto sobre as ações do governo e exponha a opinião do grupo quanto aos resultados obtidos.


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UNIDADE 3 - Brasil: da sociedade agrária para a urbano-industrial

Nesta Unidade, estudaremos como ocorreram transformações importantes no Brasil que permitiram a passagem da economia e sociedade agrária para a urbano-industrial. Veremos a urbanização do Brasil, sem nos esquecermos dos problemas sociais e ambientais. Merecerão nossa atenção o processo de industrialização e a distribuição espacial da indústria no território. Por fim, estudaremos o espaço agrário do Brasil, suas transformações recentes e alguns problemas.


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PERCURSOS


9 A urbanização brasileira
10 Rede, hierarquia e problemas urbanos
11 A industrialização brasileira
12 O espaço agrário e a questão da terra

Verifique sua bagagem

1. O que você sabe sobre movimentos sociais no campo e nas cidades do Brasil?

1. Espera-se que os alunos discutam sobre as principais reivindicações de movimentos sociais no campo e na cidade, com exemplos próximos ou distantes de sua realidade. Comente sobre os protestos que ocorreram em diferentes cidades do país em junho de 2013, chamando a atenção para o fato de que o crescimento das cidades nem sempre foi acompanhado pela oferta de serviços públicos de qualidade (como transporte, saúde, educação e segurança).



2. No Brasil, há mais pessoas morando em áreas urbanas ou em áreas rurais?

2. Segundo o Censo Demográfico 2010 (IBGE), naquele ano o Brasil possuía 84,35% de população urbana (160.879.708 habitantes) e 15,65% de população rural (29.852.986 habitantes).


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PERCURSO 9 - A urbanização brasileira

1. O que é urbanização?

Existe outra acepção do termo “urbanização”. Arquitetos e urbanistas o associam à implantação de equipamentos e benfeitorias urbanas, como construir escolas, pavimentar ruas e implantar rede de esgoto, programas de urbanização de favelas, entre outras ações. Em Geografia, as duas acepções são utilizadas, a depender do contexto de estudo.

Dizemos que uma sociedade está se urbanizando quando o crescimento da população urbana é maior do que o da população rural.

A urbanização, portanto, corresponde ao processo demográfico caracterizado pela concentração da população nas cidades e não deve ser confundida com o aumento da área das cidades (crescimento urbano).



2. Brasil: taxas de urbanização regionais e estaduais

As taxas de urbanização são diferentes em cada espaço geográfico, como nas Grandes Regiões do Brasil ou nas unidades da federação (tabela 1 e figura 1).



Tabela 1. Brasil: população urbana e rural, por Grandes Regiões – 2012

Grandes Regiões

População urbana (%)

População rural (%)

BRASIL

84,8

15,2

Norte

75,3

24,7

Nordeste

73,4

26,6

Sudeste

93,2

6,8

Sul

85,2

14,8

Centro-Oeste

90,1

9,9

Qual é a taxa de população urbana na região onde você mora?

Resposta pessoal.

Quais unidades da federação possuem maiores e menor taxas de população urbana? Quais são esses percentuais? Aponte, também, a taxa de população urbana da unidade da federação onde você vive.

As unidades da federação com maiores taxas de população urbana, com mais de 90,0% da população total, são: Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Distrito Federal. A com menor taxa de população urbana, com menos de 60% da população total, é o Maranhão. Depende de onde o aluno vive.


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3. Brasil: urbanização tardia, mas acelerada

A urbanização é um acontecimento mundial. Entretanto, ela não ocorre em todos os países na mesma época nem com a mesma velocidade. Aqueles que iniciaram a industrialização nos séculos XVIII e XIX se urbanizaram antes dos que se industrializaram posteriormente, como o Brasil.

A tabela 2 mostra que em 1951, no Reino Unido, primeiro país a realizar a Revolução Industrial, 80% da população vivia em cidades, e no Brasil, país de industrialização tardia, apenas 36% vivia em cidades em 1950.


Tabela 2. Países selecionados: população urbana e rural – meados do século XX

País

População urbana (%)

População rural (%)

Reino Unido (1951)

80

20

Dinamarca (1947)

62

38

Canadá (1951)

52

48

Suécia (1950)

52

48

Brasil (1950)

36

64

Com base no critério de distribuição da população economicamente ativa (PEA) por setores de produção, também se pode explicar aos alunos que até, aproximadamente, 1960, o Brasil era um país agrário. Compare os dados da figura 14 do Percurso 7, na página 61, relativos a 1960 e 2013.

Somente a partir das décadas de 1950 e 1960, a população urbana cresceu de forma acelerada no Brasil. Isso ocorreu, principalmente, em virtude da maior industrialização da Região Sudeste e do êxodo rural. Conforme estudamos no Percurso 6, esse processo adquiriu grande impulso a partir de 1970, quando a população urbana (56%) ultrapassou a rural (44%) no país (reveja a figura 11, no Percurso 6, na página 55). Nas décadas seguintes, o Brasil continuou a se urbanizar muito rapidamente (figura 2).

Qual é a relação entre as mudanças no espaço urbano da cidade de São Paulo, mostradas nas fotos, e a industrialização?

A industrialização da cidade e de seu entorno atraiu populações que se deslocaram em busca de empregos, acelerando o processo de urbanização.



Pausa para o cinema
Paisagens brasileiras.
Direção: Vários. TV Escola/MEC. Brasil, 1997.
Série de 13 programas que revela paisagens brasileiras por intermédio de crianças de diferentes cidades, mostrando o seu cotidiano e os locais onde vivem.
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4. Causas da urbanização no Brasil

Vários foram os motivos que levaram à urbanização brasileira. Veja a seguir os principais.



A industrialização

A industrialização do Brasil e principalmente da Região Sudeste, a partir da década de 1950, é uma das causas da urbanização, considerando que a indústria, por ser uma atividade econômica predominantemente urbana, atrai populações das zonas rurais que estão em busca de emprego.



Problemas no campo

Os baixos salários, a precária assistência médica e hospitalar e as dificuldades do trabalhador rural em tornar-se proprietário de terra para cultivar, além de fatores naturais como as secas, foram e ainda são algumas das principais causas da migração campo-cidade.

Neste momento, pode-se explicar aos alunos que o termo “município” abrange tanto a zona rural como a zona urbana. Esclareça que o termo “cidade” está vinculado à zona urbana e o termo “campo” está relacionado à zona rural. Busque ilustrar com exemplos de sua região ou unidade da federação.

Criação do Estatuto do Trabalhador Rural (ETR)

Em 1963, foi criado o Estatuto do Trabalhador Rural (ETR), no governo do presidente João Goulart (1961-1964). Essa legislação regulamentou as relações de trabalho no campo. Assim, o trabalhador rural passou a ter jornada de oito horas, salário mínimo, férias remuneradas, repouso semanal remunerado, décimo terceiro salário e aviso prévio no caso de demissão. Até aquela data, só o trabalhador urbano possuía uma legislação trabalhista.

Além do ETR, foi criado o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), que proporcionou ao trabalhador rural a assistência previdenciária (assistência médico-hospitalar, aposentadoria etc.).

Com a nova legislação, muitos proprietários rurais dispensaram seus trabalhadores com o argumento de que não teriam condições financeiras para arcar com os encargos sociais. Como grande parte desses trabalhadores que ficaram desempregados morava nas propriedades rurais onde trabalhavam, houve grandes migrações do campo em direção às cidades.

Expulsos do campo, muitos deles passaram a viver precariamente nas periferias das cidades e se transformaram em trabalhadores rurais temporários ou boias-frias (figura 3). A contratação de mão de obra por tempo determinado se tornou um artifício dos proprietários de terras para evitar os custos impostos por essa legislação.

Se, por um lado, o ETR passou a proteger o trabalhador rural, por outro, favoreceu o intenso êxodo rural, contribuindo assim para a urbanização do Brasil na segunda metade do século XX.



Encargos sociais
Conjunto de obrigações trabalhistas que devem ser pagas pelo empregador, como décimo terceiro salário, férias e depósitos para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Navegar é preciso
IBGE – Cidades@

Nesse link é possível acessar informações de cada município brasileiro, como pirâmides etárias, número de nascimentos, óbitos e a importância de cada setor da economia no município.

IBGE Teen – mapas

Página que contém mapas sobre diversos temas, como densidade demográfica e taxa de urbanização.
Página 79

Você já viu cena semelhante a essa da foto? O que você pensa sobre esse tipo de trabalho?

Resposta pessoal. Trata-se de um trabalho penoso, que exige grande esforço físico, além de ser mal remunerado. Essas condições de trabalho no corte de cana, na colheita de laranja e em outras atividades ainda existem nos dias atuais.

A expansão dos serviços urbanos e o aumento de empregos

Com o crescimento da população urbana, há necessidade de maior número de escolas, professores, hospitais, médicos e de ampliação das redes de água e esgoto, coleta de lixo, transporte urbano e comércio. O crescimento dos serviços urbanos amplia o mercado de trabalho e, consequentemente, atrai populações rurais que estão em busca de emprego, contribuindo, também, para a urbanização.



A atração exercida pelas cidades sobre a população rural

A introdução da televisão no Brasil, no início dos anos de 1950, mostrando o modo de vida urbano, principalmente das grandes cidades, em filmes, telenovelas, documentários, telejornais etc., despertou entre os jovens do campo o desejo de conhecer e viver a vida retratada nas telas. Essa situação continuou ao longo dos anos, também contribuindo para a urbanização brasileira.



5. O processo de urbanização

Atualmente, a maioria da população brasileira é urbana. Porém, durante grande parte da história, a urbanização foi modesta em função da economia brasileira ser basicamente agrária.



Período Colonial (1500-1822)

O processo de urbanização se iniciou em alguns lugares do litoral (Recife, Salvador, Rio de Janeiro e outros). No século XVIII, a mineração de metais e pedras preciosas impulsionou a urbanização em Minas Gerais (onde atualmente se encontram as cidades de Ouro Preto, Mariana, Congonhas e Sabará) e também em Goiás (antiga Vila Boa). Na Bacia Amazônica e no Golfão Maranhense, a extração das “drogas do sertão” promoveu assentamentos urbanos, com a instalação de missões religiosas, pequenas vilas e fortificações portuguesas nas planícies do Rio Amazonas e seus afluentes.



Golfão Maranhense
Ampla reentrância da costa no estado do Maranhão formada de terras baixas onde se localizam a Ilha de São Luís e os estuários dos rios Pindaré e Mearim.

Quem lê viaja mais
SOUZA, Avanete Pereira.
Salvador, capital da colônia. 6. ed. São Paulo: Atual, 2009.
O texto, ilustrado com plantas de diferentes períodos, mostra a vida na cidade de Salvador na época em que se tornou a capital da colônia.

MATTOS, Ilmar R. de; ALBUQUERQUE, Luis A. S. de; MATTOS, Selma Rinaldi de.


O Rio de Janeiro, capital do reino. 12. ed. São Paulo: Atual, 2009.
Os autores discorrem sobre a cidade do Rio de Janeiro na condição de capital do reino.
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Período Imperial (1822-1889)

Remeta os alunos à Unidade 6, página 192, para ver o conceito de “cuesta” e à figura 21, nessa mesma página, que mostra sua abrangência no estado de São Paulo.

Devido à expansão da cafeicultura, principal atividade econômica desse período, a urbanização ocorreu no Vale do Paraíba Fluminense e avançou pelo Planalto Paulista, seguindo o traçado das ferrovias que abriam terras e escoavam o café para o porto de Santos, no estado de São Paulo (figura 4). A urbanização também teve importância no interior da antiga província de Mato Grosso, ao longo da Bacia do Rio Paraguai. Na Região Amazônica, o desenvolvimento da economia da borracha estimulou a urbanização na segunda metade do século XIX (figura 5).

Brasil República (de 1889 aos dias atuais)

No final do século XIX, após a Proclamação da República (1889), a urbanização ainda estava em fase inicial. Menos de 10% da população brasileira vivia em cidades.

Na primeira metade do século XX, com a instalação de indústrias no Sudeste, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, houve um surto de urbanização. Mas, como vimos, foi somente a partir das décadas de 1950 e 1960 que a população urbana cresceu de forma acelerada.

No seu contexto

Você sabe se a fundação do município onde você vive data do Período Colonial, Imperial ou do Brasil República?

Depende do município. Trata-se de uma questão que leva o aluno a situar a sua localidade na história do país. É também uma oportunidade para levá-lo a compreender a origem do município e perceber se sua estruturação urbana é mais ou menos recente, como também o processo de criação do espaço geográfico pelas gerações que se sucederam no tempo.
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Estação História - Cidades brasileiras e Patrimônios da Humanidade

Pluralidade Cultural

Com o professor de História, sugerimos trabalhar a Educação Patrimonial, dando a oportunidade de os alunos conhecerem quais são os patrimônios mundiais da humanidade no Brasil e a história do patrimônio material no contexto da cidade onde residem. O intuito é despertar o sentimento de pertencimento e, consequentemente, o de valorização patrimonial local. Materiais sobre Educação Patrimonial e atividades didático-pedagógicas podem ser consultados na página do Iphan:


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