Geografia 7º ano



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. Acesso em: 8 abr. 2015.

Interprete

1 Por que seu Antônio diz que é importante colher apenas as raízes mais velhas?

Argumente

2 No que este texto contribuiu para seu conhecimento da Amazônia brasileira? Cite pelo menos duas contribuições.
Página 138

Atividades dos percursos 15 e 16

Registre em seu caderno.

Revendo conteúdos

1 Sobre a ocupação da Amazônia em tempos recentes, faça o que se pede.



a) Explique o que são conflitos de territorialidade e quais são os protagonistas sociais envolvidos nessa questão.

b) Quais são as consequências ambientais e sociais decorrentes desses conflitos?

2 Explique o que é o “arco do desmatamento”.

3 Qual é a relação existente entre o desmatamento da Floresta Amazônica e o clima na produção de alimentos em outras regiões do país?

4 Sobre a biopirataria:



a) Explique o que é.

b) Comente sobre a convenção que regulamenta os casos de biopirataria no Brasil e no mundo.

5 Explique o que é e como atua uma organização não governamental (ONG). Depois, informe-se se em seu município existem ONGs e quais são seus objetivos.

6 Você acredita que a criação de reservas extrativistas no Brasil é uma iniciativa importante? Por quê?

Leituras cartográficas

7 Observe o mapa e responda às questões.



a) Em que área do mapa há predomínio de frigoríficos? A que fator de ordem econômica isso está relacionado?

b) De que forma essa atividade econômica está, nesse caso, ligada a problemas ambientais de ordem global?

c) Com base em seus conhecimentos e no que você estudou, dê um título para esse mapa.

Explore

8 Leia o fragmento de texto e responda às questões.

“[…] Da altura extrema da Cordilheira, onde as neves são eternas, a água se desprende e traça um risco trêmulo na pele antiga da pedra: o Amazonas acaba de nascer. A cada instante ele nasce. Descende devagar, sinuo sa luz, para crescer no chão. Varando verdes, inventa o seu caminho e se acrescenta. Águas subterrâneas afloram para abraçar-se com a água que desceu dos Andes. Do bojo das nuvens alvíssimas, tangidas pelo vento, desce a água celeste. Reunidas elas avançam, multiplicadas em infinitos caminhos, banhando a imensa planície cortada pela linha do Equador. […]

Na luta contra a natureza, na última e porventura definitiva luta do homem contra a natureza, que se trava na Amazônia, o homem parece ganhar. Sem se dar conta de que, ao fim da cega peleja, ele poderá ser o grande derrotado. […]”

MELLO, Tiago. Mormaço na Floresta. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981. v. 2. p. 67 e 92. (Coleção Poesia Sempre).
Página 139

a) Nesse texto, a qual cordilheira o autor se refere?

b) Descubra no texto quais águas se juntam para formar o Rio Amazonas.

c) A qual paralelo o autor se refere? Qual é sua medida em graus?

d) Como você interpreta o último parágrafo?

9 O carbono (C) é um elemento químico fundamental na composição dos organismos vivos da Terra. É o gás carbônico (CO2), por exemplo, que possibilita a obtenção de energia pelas plantas. Observe a representação do ciclo do carbono a seguir e responda às questões.

Ilustração artística para fins didáticos.

a) Que situação representada gera apenas emissão de gás carbônico para a atmosfera? Dê exemplos.

b) Explique a importância da vegetação e do oceano no ciclo do carbono.

10 Leia o texto a seguir.

“A floresta em pé protege a biodiversidade, assegura estoques de recursos naturais, regula o clima, mantém a oferta de recursos hídricos […].”

INSTITUTO Socioambiental. Almanaque Brasil Socioambiental 2008. São Paulo: Instituto Socioambiental (ISA), 2007. p. 267.

• Explique o texto acima, relacionando os elementos naturais nele mencionados com o contexto da Floresta Amazônica.

Pesquise

11 Faça uma pesquisa sobre uma ONG cujo principal objetivo seja o combate ao desmatamento. Descubra em que unidades da federação e de que forma ela atua, como se mantém financeiramente e que grupos são beneficiados por essa atuação. Anote o que descobrir, leve as informações para a sala de aula e, em grupos, discutam sobre o papel dessa ONG, opinando a favor das medidas tomadas por ela ou contra tais medidas e apresentando sugestões que poderiam melhorar o trabalho dessa organização.


Página 140

UNIDADE 5 - Região Nordeste

Nesta Unidade, além dos traços históricos que ajudam a explicar a produção de espaços geográficos na Região Nordeste, você conhecerá seus aspectos naturais e suas recentes mudanças econômicas e sociais. Para isso, percorreremos as quatro sub-regiões naturais do Nordeste – Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte.

PERCURSOS
17 Região Nordeste: o meio natural e a Zona da Mata
18 O Agreste
19 O Sertão
20 O Meio-Norte
Página 141

Verifique sua bagagem

1. O desenvolvimento de uma cultura agrícola em determinado local depende de quais fatores naturais?

2. Observe a foto desta abertura. Em sua opinião, seria possível a realização de culturas agrícolas em larga escala nessa área sem a construção dos canais de irrigação?

3. Condições naturais extremas são necessariamente um impedimento ao desenvolvimento social e econômico de determinada região?

Veja respostas na próxima página.


Página 142

Respostas das atividades da página 141:

1. O desenvolvimento de uma cultura agrícola em determinada área depende do tipo de solo e das características climáticas, como a distribuição da precipitação e da quantidade de insolação ao longo do ano.

2. Resposta pessoal. Espera-se que o aluno perceba que, sem os canais de irrigação, essas culturas não seriam possíveis ou teriam baixa produtividade.

3. Não. Atualmente há conhecimentos e técnicas que possibilitam transformar o espaço de modo a permitir a sua ocupação e o seu desenvolvimento socioeconômico, inclusive em locais onde os fenômenos naturais são mais extremos. É o caso das obras de irrigação no Sertão nordestino, que possibilitam grande produtividade agrícola numa área de baixa umidade.

PERCURSO 17 - Região Nordeste: o meio natural e a Zona da Mata

1. A diversidade no Nordeste

O litoral da atual Região Nordeste do Brasil, cuja divisão política está representada na figura 1, foi a primeira área a ser ocupada e explorada economicamente pelos portugueses, a partir do século XVI, o que a caracteriza como a área de produção e organização do espaço mais antiga do país, tomando-se como referência a chegada dos europeus.

Em 2014, a população do Nordeste era de 56.186.190 habitantes, superada apenas pela Região Sudeste, com 85.115.623 habitantes.

Aponte os estados do Brasil que compõem a Região Nordeste.

Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Em virtude das características hidrográficas, da variação altimétrica do relevo (figura 2) e da variedade de climas, solos e tipos de vegetação, a região apresenta diversas paisagens naturais, desde o litoral oriental úmido, passando pelo clima seco com vegetação de Caatinga e em alguns pontos de Cerrado, até o encontro com a Floresta Amazônica, sob influência do clima equatorial úmido, no oeste do estado do Maranhão.


Página 143

O Rio São Francisco corre em quais altitudes nas terras da Região Nordeste?

A maior parte da extensão do rio corre em terras de altitudes entre 200 m e 500 m. Apenas no trecho final de seu baixo curso, ele corre em altitudes de 0 e 200 m.

Contrastes sociais e econômicos afetam, como em todo o país, a sociedade da região, não porque o território do Nordeste seja pobre em recursos naturais, mas porque, historicamente, ali foi construída, com apoio das elites dirigentes, uma sociedade marcada por desigualdades sociais.

No litoral, bairros modernos de algumas cidades e praias procuradas por turistas de todo o mundo contrastam com bairros de infraestrutura precária (figura 3). No interior, terras irrigadas com culturas produtivas se contrapõem às de pequenos produtores rurais com poucos recursos para melhorar sua agricultura.

Também é grande a diversidade cultural dessa região. Os hábitos alimentares, a música (frevo, baião, maracatu etc.), as manifestações folclóricas e o artesanato variam no seu espaço geográfico, enriquecendo a cultura brasileira.


Página 144

2. As sub-regiões do Nordeste

Tendo por base as condições naturais, principalmente o clima, a Região Nordeste pode ser dividida em quatro sub-regiões (figura 4): a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-Norte. Neste Percurso, estudaremos a primeira delas, a Zona da Mata.



Nota: ao estudar esta Unidade, sempre que for necessário retorne aos mapas deste Percurso para localizar as sub-regiões do Nordeste.

3. A Zona da Mata: localização e condições naturais Localização

Chamada também de litoral oriental do Nordeste, a Zona da Mata compreende uma faixa de terras que acompanha o litoral desde o Rio Grande do Norte até o sul da Bahia.



Clima

Na Zona da Mata ocorre o clima tropical litorâneo úmido. A temperatura média anual oscila entre 24 °C e 26 °C, e a precipitação total anual é superior a 1.200 milímetros — em algumas áreas esse número supera os 2.000 milímetros. As chuvas se concentram no período entre abril e julho.

Essas características climáticas são influenciadas pelas massas de ar úmidas provenientes do Oceano Atlântico, principalmente aquela a barlavento do planalto da Borborema e da Serra Geral, no sul da Bahia, onde ocorrem chuvas orográficas (figura 5). Já a sotavento a umidade diminui, o que contribui para a formação das paisagens semiáridas que caracterizam parte do Agreste e o Sertão. Veja os tipos de clima da região na figura 6.

Barlavento
Encosta de morro, serra ou planalto voltada para o vento.

Sotavento
Encosta protegida do vento.

Ilustração artística para fins didáticos.


Página 145

Navegar é preciso
Inpe – Atlas Interativo do Nordeste

Nesse site, você encontrará mapas com informações políticas, econômicas e físicas sobre a Região Nordeste.

Relevo e vegetação

O relevo da Zona da Mata é formado, principalmente, por planícies, onde se localizam praias e tabuleiros litorâneos. O perfil da figura 7 apresenta uma visão do relevo da Região Nordeste.

Essa sub-região foi ocupada no passado pela Mata Atlântica, o que explica o nome Zona da Mata (figura 8, na página seguinte). No decorrer dos mais de cinco séculos de ocupação humana dessa sub-região, a Mata Atlântica foi retirada em quase toda a sua extensão.

No Nordeste, o desmatamento iniciou-se no século XVI, com a chegada dos colonizadores portugueses, que passaram a explorar o pau-brasil. Mas foi com a expansão da cultura da cana-de-açúcar e da fabricação de açúcar na Zona da Mata — atividades responsáveis pela organização inicial do espaço dessa sub-região — que seu desmatamento se acelerou, ainda no século XVI.



Tabuleiro
Forma de terreno que se assemelha ao planalto e termina geralmente de forma abrupta.
Página 146

Por séculos, contribuíram para o desmatamento da Mata Atlântica a cultura do tabaco no Recôncavo Baiano (realizada desde o século XVI), a criação de gado, a utilização da lenha nos lares e nas caldeiras dos engenhos para a fabricação de açúcar e o processo de urbanização.

No litoral da Zona da Mata, as vegetações costeiras encontram-se bastante alteradas pela exploração de petróleo, por especulação imobiliária, atividades portuárias, urbanização e turismo.

Recôncavo
Concavidade do litoral que forma uma enseada ou baía, ou seja, reentrância da costa, bem aberta, em contato com o mar.

4. Zona da Mata: as metrópoles

A Zona da Mata é a sub-região mais populosa do Nordeste e nela se situam seis capitais de estados: Salvador (BA), Aracaju (SE), Maceió (AL), Recife (PE), João Pessoa (PB) e Natal (RN).

Entre essas capitais, duas são classificadas pelo IBGE como metrópoles: Salvador e Recife (Fortaleza, que está localizada no Sertão, também é uma metrópole). Elas exercem ampla influência no espaço nordestino por oferecerem serviços diversificados, como comerciais, portuários, médico-hospitalares, educacionais, culturais, turísticos etc., atendendo a habitantes do Agreste e do Sertão. As capitais dos demais estados são capitais regionais importantes, mas suas áreas de influência são menores que as das metrópoles.

Salvador é a capital mais populosa, seguida por Fortaleza, como pode ser visto na tabela ao lado.

Como ocorre em outras cidades do Brasil de porte grande e médio, as metrópoles do Nordeste apresentam graves problemas: deficiência em saneamento básico, habitações precárias (figura 9), poluição de córregos e rios, brutal desigualdade de rendimento entre seus habitantes, e outros.


Tabela. Região Nordeste: população das capitais – 2014*

Capitais

População (habitantes)

Salvador

2.902.927

Fortaleza

2.571.896

Recife

1.608.488

São Luís

1.064.197

Maceió

1.005.319

Teresina

840.600

Natal

862.044

João Pessoa

780.738

Aracaju

623.766

Solicite aos alunos que visitem o site do IBGE, no Canal “Cidades@”, e consultem se há dados mais atuais para a população das capitais do Nordeste, como também do município onde vivem.
Página 147

5. Zona da Mata: aspectos gerais da economia

Na Zona da Mata podemos identificar três porções do espaço geográfico que se individualizam segundo a sua produção: Zona da Mata açucareira, Zona da Mata cacaueira e Recôncavo Baiano.



A Zona da Mata açucareira

Estende-se desde o Rio Grande do Norte até as proximidades do município de Salvador, na Bahia. O espaço é ocupado por grandes latifúndios monocultores de cana-de-açúcar e por usinas produtoras de açúcar e álcool. Aí também se localizam os centros industriais de Natal, João Pessoa, Maceió e Aracaju.

Na Região Metropolitana de Recife (municípios de Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e outros), a partir dos anos de 1960, estruturou-se uma importante e diversificada área industrial (figura 10). Depois da Região Metropolitana de Salvador, a de Recife possui a maior produção em valor industrial do Nordeste.

Quem lê viaja mais
BOULOS JR., Alfredo.
O engenho e sua gente. São Paulo: FTD, 2000.
O livro retrata o dia a dia no engenho de cana-de-açúcar, o trabalhador livre e o escravizado no Período Colonial.

TOLEDO, Vera Vilhena de; GANCHO, Cândida Vilare.


Verdes canaviais. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2014.
O passado e o presente fazem parte desse livro, que aborda o significado da agroindústria canavieira no Brasil e particularmente no Nordeste.
Página 148

A Zona cacaueira

A Zona do cacau situa-se no sul da Bahia. Aí se destacam os municípios de Itabuna e Ilhéus, cujas economias giram em torno do comércio e da exportação de cacau. Atualmente a sua produção encontra-se em recuperação após a praga “vassoura-de-bruxa“ ter destruído muitas plantações.

No caso de Ilhéus, o fluxo de turistas e o polo industrial do setor eletroeletrônico (equipamentos para comunicação e informática) mantiveram a economia aquecida.

O Recôncavo Baiano

Essa Zona, que compreende vários municípios no entorno de Salvador, além de ser uma tradicional e importante área produtora de tabaco, apresenta um polo industrial importante. Desde a descoberta de petróleo, em 1939, no Recôncavo Baiano, e da construção da refinaria de petróleo em Mataripe (no município de Francisco do Conde), a economia começou a ser dinamizada. Na década de 1970, com a implantação do polo petroquímico de Camaçari, no município de mesmo nome, o crescimento econômico se acelerou. Esse polo estimulou a instalação de outras indústrias na Região Metropolitana de Salvador e o desenvolvimento do comércio e do setor de serviços. Aí são encontradas indústrias dos ramos químico, metalomecânico, madeireiro, têxtil, farmacêutico, eletroeletrônico, de artefatos de plástico, borracha, fertilizante, bebidas, móveis, automóveis, entre outros.

Outro importante complexo industrial do Recôncavo Baiano é o de Aratu (figura 11). Localizado nos municípios de Simões Filho e Candeias, destaca-se nos setores químico, têxtil, mineral, plástico, eletroeletrônico, de fertilizantes, bebidas e móveis.

Petroquímico
Relativo a produtos químicos derivados do petróleo.
Página 149

Encontros - As pescadoras artesanais da praia de Suape (PE)

Meio Ambiente

Trabalho e Consumo

Com base no texto, poderá ser desenvolvido com o professor de Ciências um trabalho interdisciplinar sobre os manguezais, enfatizando-se as ameaças à sua biodiversidade por meio da poluição e depredação, no Brasil e em outras regiões do mundo.



Comunidades de marisqueiras do Brasil são marcadas pela poluição industrial

“Edinilda de Ponto dos Carvalhos, com pouco mais de cinquenta anos, é marisqueira, ou pescadora artesanal, da praia de Suape desde muito jovem. Recentemente, segundo ela, seu trabalho vem se tornando mais duro.

‘Existem produtos químicos na água. Não possuem cheiro, mas matam todas as coisas’ diz Enilda. Ela acredita que a poluição vem do complexo portuário [Porto de Suape] no litoral sul de Pernambuco, estado no Nordeste do Brasil, considerada uma região de desenvolvimento econômico central.

Outra marisqueira, Valéria Maria de Alcântara, diz: ‘O barro produz coceiras por causa do óleo e dos dejetos, restos que ficam na água do mar. Isto queima a pele.’

De acordo com um programa de treinamento do estado, as mulheres compreendem 5.200 dos 8.700 pescadores daquela comunidade pesqueira. Elas trabalham duro para pescar mariscos na água ou no manguezal do entorno.

[...] Edinilda e mais 20 outras marisqueiras resolveram falar sobre a crise em suas vidas devido à poluição e depredação dos manguezais. ‘Pescadoras que antes retiravam de 20 a 30 quilos de conchas, agora, durante toda uma semana, chegam a 3 quilos’, diz Valéria sentada em uma cadeira de metal em seu terraço.

Centenas, se não milhares, de outras pescadoras ao longo da costa de Pernambuco dividem essa experiência. Tradicionalmente, o pescado das marisqueiras dava para o sustento de suas famílias, e qualquer excedente era comercializado em mercadinhos locais, complementando a renda familiar. Valéria diz que agora ela precisa trabalhar nas cozinhas dos bares locais nos finais de semana para complementar a renda por conta da queda em sua produção.

‘Na história da pesca no Brasil, a atividade das mulheres tem sido invizibilizada’, diz Laurineide Santana. ‘O que essas mulheres produzem não entra na estatística oficial da pesca.’ […]”

SULLIVAN, Zoe. Comunidades de marisqueiras do Brasil são marcadas pela poluição industrial. Conselho Pastoral dos Pescadores, Artigos Destacados, Notícias, 7 mar. 2014. Disponível em: . Acesso em: 3 dez. 2014.

Interprete

1 Como a poluição das águas interfere na captura de mariscos em Suape?

Argumente

2 Você conhece ou já ouviu falar de mulheres pescadoras ou marisqueiras? Por que elas se dedicam a essa atividade?

3 Dê sua opinião sobre a seguinte afirmação: é possível conciliar as atividades pesqueiras e industriais sem danos ao meio ambiente.
Página 150

INFOGRÁFICO

Avanços socioeconômicos no Nordeste

No Brasil, a Constituição de 1988 marcou o início de um período de gradativa promoção de direitos, cidadania e melhoria nas condições de vida da população. Em anos recentes, as políticas sociais e os programas de transferência de renda tornaram possíveis avanços socioeconômicos significativos, notadamente no Nordeste, e diminuíram as desigualdades no país, que, apesar disso, ainda continuam profundas.
Página 151

No livro do 8º ano desta coleção, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é estudado com maior profundidade. Neste livro do 7º ano, a abordagem do IDH é uma introdução ao assunto.



Interprete

1 Que estados do Nordeste tiveram aumento da renda per capita superior ao aumento nessa Grande Região durante a década de 2000?

1. Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe. 160 km



2 Entre 2000 e 2010, o IDH brasileiro subiu de 0,612 para 0,727. Considerando a legenda dos mapas desta página, que cor deveria ser utilizada para representar a variação do IDH nacional?

2. A variação do IDH brasileiro no período foi de 0,115 (0,727 – 0,612 = 0,115). Esse valor está na faixa de 0,100 a 0,129, que corresponde à cor laranja-clara.


Página 152

PERCURSO 18 - O Agreste

1. O Agreste: localização e condições naturais

Localização

A sub-região do Nordeste denominada Agreste estende-se do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia, entre a Zona da Mata e o Sertão (reveja a figura 4, no Percurso 17, na página 144).



Vegetação

Em decorrência de sua localização, o Agreste apresenta diversas paisagens. Nos trechos mais úmidos (figura 12), restam fragmentos da Mata Tropical, que foi desmatada para a prática da agricultura e da pecuária. Nas áreas mais secas, a Caatinga (figura 13), transformada pela ação humana, domina a paisagem.



Navegar é preciso
Enciclopédia Itaú Cultural – Artes Visuais

Acesse o portal e digite “Mestre Vitalino” no campo “Busca” para conhecer a biografia e as obras desse grande artista de Caruaru, no Agreste pernambucano. Além disso, você pode encontrar materiais sobre diversas manifestações culturais brasileiras, pessoas, conceitos e muito mais.
Página 153

O relevo e o clima

O Planalto da Borborema é a forma de relevo que caracteriza o Agreste na sua porção norte. O Agreste ocupa a fachada leste desse planalto, já a porção oeste corresponde ao Sertão. A fachada leste do Planalto da Borborema está sujeita ao que restou de umidade dos ventos que sopram de sudeste, que não precipitou na Zona da Mata. Assim, podem ser encontradas aí áreas úmidas semelhantes às da Zona da Mata ilhadas por áreas secas, com médias de temperaturas mais baixas do que as dessa sub-região, em virtude das suas altitudes mais elevadas. Essas áreas mais úmidas no Nordeste recebem o nome de brejos e nelas não há seca. Possuem, inclusive, pequenos rios permanentes.

Um exemplo de brejo é o de Garanhuns, situa do no Agreste pernambucano, no Planalto da Borborema. Aí se desenvolveu a cidade de mesmo nome, Garanhuns, a 896 metros de altitude, com chuvas de 998 milímetros anuais e temperatura média anual de 21 °C.

Em virtude dessas características climáticas, a cidade, que possuía 136.057 habitantes em 2014, atrai turistas do Nordeste e de outras regiões, principalmente nos meses de junho e julho, quando as médias de temperatura são mais baixas, em torno de 18 °C (figura 14). Garanhuns é um verdadeiro oásis no meio da paisagem semiárida do Agreste, rompendo com a ideia geral de que o Nordeste interior possui apenas clima quente e seco.



Quem lê viaja mais
MORAES, Paulo Roberto; MELLO, Suely A. R. Freire de.
Região Nordeste. São Paulo: Harbra, 2009. (Col. Expedição Brasil).
Apresenta uma visão ampla da Região Nordeste, destacando aspectos físicos, históricos, populacionais, culturais, entre outros.

2. As cidades do Agreste

Os primeiros povoadores do Agreste foram os criadores de gado vindos da Zona da Mata, que também introduziram a agricultura para abastecer de alimentos aquela sub-região. A expansão da atividade agrícola no Agreste estimulou a interiorização da criação de gado em direção ao Sertão e ao vale do Rio São Francisco, como veremos no Percurso 19.

Entre os séculos XVI e XVIII, a criação de gado, a agricultura, a mineração e as missões jesuítas e de outras congregações religiosas foram responsáveis pela fundação de vilas que, ao longo do tempo, se transformaram em cidades.

No Agreste encontram-se cidades importantes, como Campina Grande, na Paraíba; Caruaru (figura 15, na página seguinte) e Garanhuns, em Pernambuco; Feira de Santana e Vitória da Conquista, na Bahia.

Nessas cidades, que atraem migrantes de vários municípios, principalmente do Sertão, a vida comercial é bastante ativa e o setor de serviços é mais desenvolvido que em cidades menores da rede urbana do Nordeste.
Página 154

3. Agreste: economia

Desde o período da economia colonial, o Agreste assumiu, dentro da divisão territorial da produção, a função de fornecedor de gêneros agrícolas de subsistência (alimentos), carne, couro, leite e de animais (bovinos, equinos, asininos, caprinos etc.) para a Zona da Mata açucareira. Vê-se, então, que o espaço geográfico do Agreste foi construído e reconstruído em função da Zona da Mata açucareira.

Atualmente, o Agreste continua sendo um espaço de policultura, que se destaca na produção de milho, arroz, feijão, mandioca, algodão, café, frutas tropicais e agave (planta da qual se extrai uma fibra vegetal utilizada na fabricação de cordas, bolsas, tapetes, sacos e outros produtos). Continua sendo também uma zona de criação de gado bovino para abastecer de leite e derivados as cidades da Zona da Mata e outros mercados.

Na época do corte de cana-de-açúcar (período de safra), muitos trabalhadores do Agreste deixam seus minifúndios e se empregam como trabalhadores temporários nas usinas de cana-de-açúcar da Zona da Mata. Aqueles que permanecem nos minifúndios cuidam da escassa produção.

Os centros urbanos do Agreste apresentam certo desenvolvimento industrial, fruto do processo de desconcentração dessa atividade em curso no Brasil, além de se destacarem na atividade comercial e em vários outros setores de prestação de serviços (figura 16).

Asinino
Referente a jumentos, burros, asnos e mulas. Esses animais são muito resistentes e se adaptam bem às condições naturais do Agreste e do Sertão.

Minifúndio
Propriedade rural de pequena dimensão que, dependendo das técnicas utilizadas e das características do solo e do clima, não é suficiente para manter uma família.
Página 155

Estação Ciências - O melhoramento genético do algodoeiro

Meio Ambiente

Com base no fato de que o algodão colorido vem de uma semente modificada, sugerimos articular o trabalho sobre o tema com o professor de Ciências, que poderá relacionar noções de genética e sua aplicação na sociedade, debatendo ainda questões polêmicas desde a criação de alimentos transgênicos até a manipulação de genes humanos.

Você já ouviu falar sobre o algodão naturalmente colorido? Desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) de Campina Grande (PB), ele saiu dos laboratórios e ganhou o campo, tornando-se um produto diferenciado para a Região Nordeste. Com fibras de diferentes cores, hoje é cultivado por pequenos produtores dos estados do Nordeste, principalmente no Agreste da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Por meio de novos incentivos, seu cultivo vem se expandindo, inclusive no Agreste de Pernambuco, no município de Surubim. Os pequenos agricultores chegam a receber até 30% a mais do que ganhariam com o algodão branco convencional. Leia o texto ao lado para conhecer outros benefícios associados ao cultivo do algodão colorido.



Algodão colorido da Paraíba ganha espaço no mercado mundial

“O algodão colorido da Paraíba vem ganhando força através de roupas e calçados, conquistando espaço na Europa e mostrando que o comércio sustentável pode render lucros e apoiar um desenvolvimento com responsabilidade socioambiental.

Diferentemente do algodão branco convencional, o algodão colorido vem de uma semente modificada que, ao ser plantada sem produtos químicos, origina a fibra com variações naturais de cores como verde e marrom, além de não provocar alergia.

O trabalho desenvolvido pela Embrapa deu resultado e vem se consolidando na região do nordeste do Brasil. Recentemente apresentada no Fashion Business, evento paralelo ao Fashion Rio, uma coleção foi confeccionada com a fibra sustentável que trouxe para moda feminina, masculina e até infantil, um produto mais sustentável. [...]”

INSTITUTO ECOD. Algodão colorido da Paraíba ganha espaço no mercado mundial. 16 jul. 2009. Disponível em: . Acesso em: 3 dez. 2014.

Interprete

1 Por que o cultivo do algodão colorido é considerado uma prática sustentável? Explique.

Argumente

2 Você cultivaria algodão colorido? Por quê?
Página 156

Atividades dos percursos 17 e 18

Registre em seu caderno.

Revendo conteúdos

1 Por que podemos dizer que existem “vários Nordestes” na Região Nordeste do Brasil?

2 Uma geógrafa, um biólogo e uma historiadora partiram juntos, de Vitória da Conquista com destino a Fortaleza, para uma expedição científica de 30 dias pela Região Nordeste, mas, após alguns dias, cada um seguiu um roteiro diferente. Observe abaixo as localizações dos pesquisadores no décimo quinto dia da expedição e as principais cidades visitadas ao final, representadas pelas letras de A a G. Depois, responda às questões.

a) Aponte o nome da sub-região em que se encontra cada um dos pesquisadores no décimo quinto dia.

b) Sabe-se que A é a capital mais populosa da Região Nordeste e uma das três metrópoles dessa região. No décimo quinto dia da viagem, outra metrópole foi visitada. Quais são essas cidades e que pesquisador(a) visitou uma delas nesse dia?

c) Qual das sub-regiões do Nordeste não foi objeto de estudo dos pesquisadores?

d) A geógrafa, no décimo quinto dia, encontra-se no vale de um rio importante do Nordeste. Qual é o nome desse rio?

3 Que atividades econômicas contribuíram para o grande desmatamento da Mata Atlântica na Região Nordeste?

4 Identifique quais são e onde estão localizadas as três porções do espaço geográfico da Zona da Mata que se individualizam por sua produção econômica.

Leituras cartográficas

5 Observe o mapa a seguir e, depois, responda às questões.



a) Quais são as características de uma metrópole como Recife em relação à hierarquia urbana entre as cidades?
Página 157

b) Na Região Metropolitana de Recife, os polos industriais de eletrônicos estão situados em quais municípios?

Explore

6 Leia o texto sobre as praias da Região Nordeste, veja a foto e responda às questões.

“[…] Essas praias exibem paisagens extremamente diversificadas — coqueirais, dunas, falésias, manguezais, recifes, […], piscinas naturais etc. —, que possibilitam passeios inusitados (como por exemplo, pelas dunas, a bordo de bugues) como também prática de variados esportes náuticos […]”.

ARBEX JÚNIOR, José; OLIC, Nelson Bacic. O Brasil em regiões: Nordeste. São Paulo: Moderna, 1999. p. 43.



a) Identifique e caracterize o relevo retratado.

b) Explique o que são falésias.

c) Quais atividades turísticas típicas do litoral nordestino estão indicadas no texto?

7 Leia o excerto abaixo e responda às questões:

“A organização inicial do espaço agrário litorâneo, a exemplo do que ocorreu em toda fachada oriental do Nordeste, baseou-se na produção açucareira destinada ao mercado externo, na divisão de terras em grandes unidades produtivas conhecidas por engenho e trabalho escravo. […]”

MOREIRA, Emilia; TARGINO, Ivan. Capítulos de geografia agrária da Paraíba. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1997. p. 33.



a) A que sub-região do Nordeste os autores se referem? Como você sabe?

b) Identifique os três elementos que constituíam o pilar da produção açucareira nordestina do século XVI ao final do XIX.

8 Observe o climograma de Campina Grande, cidade do Agreste nordestino, localizada na borda leste do Planalto da Borborema, e responda às questões.



a) Como você caracterizaria o clima de Campina Grande?

b) De que maneira a localização na borda leste do Planalto da Borborema influencia o clima do município?

Pesquise

9 Faça uma pesquisa sobre a Serra da Barriga, localizada no estado de Alagoas, e redija um texto que relacione a sua localização geográfica, a descrição de seus aspectos físicos e a sua importância histórica não apenas para a Região Nordeste, mas também para o Brasil.


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PERCURSO 19 - O Sertão

1. O Sertão: localização e condições naturais

Localização

O Sertão é a sub-região mais extensa do Nordeste. Localiza-se entre o Agreste e o Meio-Norte e se estende até o litoral setentrional do Nordeste, chegando às praias do Ceará e do Rio Grande do Norte (reveja a figura 4, na página 144). Nesse litoral de solo arenoso, o cajueiro, cuja exploração mantém muitas famílias, encontra o seu hábitat.



Clima

Predomina no Sertão o clima tropical semiárido com 6 a 8 meses secos por ano, como pode ser visto na figura 17. Entretanto, existem áreas onde a semiaridez é mais acentuada, com 9 a 11 meses secos. É esse o caso de parte do Sertão da Paraíba, onde se localiza Cabeceiras, município brasileiro de menor média anual de chuva (278 milímetros).

No clima tropical semiárido do Sertão, além de escassas, as chuvas são irregulares e mal distribuídas no decorrer do ano (figura 18).

Em quais estados do Nordeste ocorrem áreas de clima semiárido mais rigoroso?

Em Pernambuco, Paraíba e norte da Bahia, onde ocorre o clima semiárido com 9 a 11 meses secos. Comparando esse mapa com o da figura 6 da página 145, podem-se observar diferenças entre eles. Este apresenta subtipos climáticos do Nordeste que o primeiro não apresenta. Assim, afasta-se a ideia de que no Sertão o clima é homogêneo.

Pausa para o cinema
Vidas secas.
Direção: Nelson Pereira dos Santos. Brasil, 1963.
Duração: 105 min.
História de uma família de retirantes do Sertão nordestino que migra em busca da superação das dificuldades de vida impostas pela seca. Filme realizado com base na obra homônima de Graciliano Ramos (veja a seção “Desembarque em outras linguagens” nas páginas 174 e 175).
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Nem todo o Sertão é seco

Assim como ocorre no Agreste, o Sertão também possui áreas úmidas, os brejos. O principal deles é o do Cariri (figura 19), localizado no sul do Ceará, na base da encosta norte da Chapada do Araripe.

O Cariri possui fontes de água que formam riachos permanentes e possibilitam o desenvolvimento da agricultura e da criação de gado no ambiente da Caatinga. Nessa área desenvolveram-se cidades importantes, como Juazeiro do Norte, Crato e Iguatu.

O Cariri, em virtude de suas condições naturais favoráveis, é a segunda porção do território do Ceará mais povoada, atrás apenas da Grande Fortaleza. Considerando-se apenas o Sertão, é a que possui a maior densidade demográfica.



Vegetação e relevo

A vegetação nativa do Sertão é a Caatinga (figura 20), que na língua tupi significa “mata branca”. Ela se encontra bastante modificada pela ocupação humana, que se iniciou na segunda metade do século XVI, com a criação de gado.

O relevo apresenta diversas altitudes, com chapadas e depressões, destacando-se a Depressão Sertaneja e do São Francisco, por onde corre o importante Rio São Francisco, o grande rio permanente ou perene (que não seca) que atravessa o Sertão.

Objeto educacional digital

O Sertão nordestino brasileiro



Orientações no Manual Multimídia
Página 160

2. O Rio São Francisco

O Rio São Francisco (figura 21), com 2.700 quilômetros de extensão, nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, a mais de 1.000 metros de altitude, e deságua no Oceano Atlântico, marcando a divisa dos estados de Alagoas e Sergipe.

Por ser um rio de planalto, seu curso apresenta várias quedas-d’água, muitas delas aproveitadas para a produção de energia elétrica. Ao longo de seu curso estão instaladas as usinas hidrelétricas de Paulo Afonso, Itaparica, Sobradinho e Xingó. O Rio São Francisco é navegável da cidade de Pirapora (MG) até Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), onde serve como divisa dessas duas cidades (figura 22).

Destaca-se também sua importância para a pesca, para a irrigação de terras e para a agricultura de vazante, realizada sobre os sedimentos depositados pelo rio em suas margens na época de cheia.

Diferentemente de grande parte dos rios do Sertão, que são intermitentes, ou seja, que secam no período de estiagem, o Rio São Francisco é perene. Apesar da baixa pluviosidade e grande evaporação de suas águas no semiárido, e de seus afluentes da margem direita serem temporários, esse rio não seca porque sua nascente é alimentada pelas chuvas que caem na Serra da Canastra (MG) e seus afluentes situados em território mineiro também estão em áreas bem regadas por chuvas.

O Rio São Francisco tem sido secularmente alterado pela ação humana. Além da poluição de suas águas por resíduos industriais, domésticos e de garimpo, o desmatamento de suas margens tem causado o seu assoreamento.


Página 161

A transposição das águas do Rio São Francisco

A ideia de desviar parte das águas do Rio São Francisco para irrigar o Sertão surgiu em 1858. Após essa data, a ideia foi debatida algumas vezes, sem ter se concretizado.

Em 2004, foi apresentado e aprovado um projeto para a transposição do Rio São Francisco, cujas obras foram iniciadas em 2008. Parte de suas águas será bombeada para áreas de altitudes mais elevadas, em direção a dois eixos, onde correrão por aquedutos e canais para leitos de outros rios, reservatórios e açudes, para abastecer a população do Sertão (figuras 23 e 24).

A transposição das águas do Rio São Francisco gera polêmicas. Ambientalistas temem pelos impactos ambientais e sociais que a obra poderá acarretar — entre eles, a diminuição do seu volume de água.

Ilustração artística para fins didáticos.

Alguns políticos e técnicos afirmam que, além de a transposição beneficiar grandes proprietários de terras e não os pequenos agricultores, o problema da seca poderia ser contornado com obras de menor custo. Alegam ainda que antes de qualquer intervenção haveria a necessidade de revitalizar o rio, com ações para recuperar a vegetação das margens e para sua despoluição.



Objeto educacional digital

Transposição do Rio São Francisco



Orientações no Manual Multimídia
Página 162

3. Sertão: economia

Desde o período da economia colonial, desenvolveu-se no Sertão a criação de gado bovino vindo do Agreste. As seguintes cidades, entre outras, tiveram sua origem ligada a essa atividade: Brotas de Macaúbas, Brumado, Jaguaquara, Jequié, Morro do Chapéu e São Felipe, localizadas na Bahia; Oeiras e Paulistana, no Piauí; e Pastos Bons, no Maranhão. A expansão da criação de gado para o interior do Nordeste se deu a partir de Olinda e Recife, em Pernambuco, e de Salvador, na Bahia (figura 25).

Os principais produtos cultivados no Sertão são: milho, feijão, arroz, mandioca, algodão e frutas.

A fruticultura desenvolveu-se com sucesso no Sertão, graças à utilização de técnicas de irrigação implantadas a partir dos anos 1980.

Duas áreas se destacam: a do vale do Rio Açu, no Rio Grande do Norte, e a do vale submédio do Rio São Francisco, onde se localizam dois centros urbanos muito importantes, os municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). Ali são cultivados uva, manga, melão, abacaxi, mamão e outras frutas, que são vendidas para os mercados interno e externo. As áreas irrigadas permitem até quatro safras anuais, dependendo do que se cultiva (figura 26).

Essas áreas irrigadas, entretanto, são insuficientes para atender a todos os agricultores da região. Desse modo, convivem no vale submédio do Rio São Francisco uma agricultura agroexportadora em escala internacional, com forte tendência à concentração da propriedade da terra, e outra baseada em minifúndios que não dispõem de sistemas de irrigação, cujas famílias proprietárias constituem a mão de obra assalariada para a primeira.


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Estação Socioambiental - Sobrevivência em regime de bode solto

Meio Ambiente

Trabalho e Consumo

Rebanhos resistem ao clima adverso da Caatinga e garantem sustento da população

“No semiárido nordestino, cresce a popularização das cisternas, uma solução simples e barata para captar a água da chuva que cai no telhado das casas. O sanfoneiro, por sua vez, divide hoje espaço com as guitarras do estilo conhecido como ‘forró eletrônico’ — ou ‘forró de plástico’, na definição dos mais puristas. Já o jegue, durante séculos o meio de transporte oficial do sertanejo, cada vez mais é substituído pelas motos. Frequentemente, animais abandonados perambulam pelas estradas, ao deus-dará.

Muita coisa mudou no sertão. Mas há, também, o que luta para permanecer o mesmo. Em meio ao clima seco, que impõe dificuldades à agricultura, o pastoreio tornou-se a base da subsistência de muitos grupos. Assim, comunidades unidas por laços de compadrio e parentesco usam para esse fim áreas não cercadas, consideradas de todos. São terras localizadas atrás das roças das famílias, ao fundo de suas casas: os chamados ‘fundos de pasto’.

Lá os animais se alimentam da própria vegetação nativa. São alguns bovinos, mas também ovelhas e, principalmente, cabras e bodes — preferidos por sua alta resistência às estiagens e boa adaptação ao consumo daquilo que a Caatinga provê. Cotidianamente, os animais são soltos pela manhã e recolhidos ao curral no fim do dia, quando um sino amarrado no pescoço de alguns deles — cuja tonalidade específica cada dono sabe reconhecer — ajuda na tarefa de localizar o rebanho. Cortes ou marcações a ferro quente nas orelhas também diferenciam os bichos de cada um. ‘Dizemos sempre que não somos nós que criamos o bode, mas que é o bode que cria a gente’, brinca Maria Izete Lopes, moradora da comunidade de fundo de pasto de Boa Vista, em Campo Alegre de Lourdes (BA). ‘Fazemos tão pouco por ele, e ele nos dá tanto de volta...’

Comunidades que se organizam em torno dos fundos de pasto estão presentes num amplo espectro de áreas do Nordeste — que perpassam, por exemplo, Pernambuco e Piauí. É na Bahia, porém, onde tais grupos têm maior visibilidade. Atualmente, lá existem 487 fundos de pasto identificados pelo governo estadual, espalhados por dezenas de municípios. Usufruem deles cerca de 16 mil famílias, para as quais a garantia de um futuro digno envolve uma questão fundamental: que esses territórios permaneçam como estão, ou seja, considerados terras de ninguém — mas essenciais à perpetuação do modo de vida dessas pessoas. [...]”

CAMPOS, André. Sobrevivência em regime de bode solto. Problemas Brasileiros, São Paulo, ano 47, n. 395, set./out. 2009.



Interprete

1 Indique a relação entre o clima semiárido do Nordeste e a prática do pastoreio.

Argumente

2 Você acha que a extinção do uso comum dos fundos de pasto representaria uma melhora nas condições das famílias que deles usufruem?
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4. As questões sociais e políticas da seca

As secas prolongadas são um problema antigo no Nordeste — há referências a elas desde o século XVI — e suas implicações sociais e políticas marcam a história daquela região.



A indústria da seca

Durante os períodos de seca prolongada, muitas famílias que habitam o semiárido são penalizadas. Para minimizar esse problema, os governos federal e estaduais repassam verbas (dinheiro) aos municípios mais afetados pela falta de chuva para socorrer as vítimas e construir obras emergenciais, como açudes. Entretanto, nem sempre o dinheiro é aplicado de maneira correta. Muitas vezes parte dessas verbas é desviada por maus políticos que se aproveitam do problema para fazer benfeitorias em suas propriedades. Esse tipo de prática recebe o nome de “indústria da seca”.



Pobreza, migrações e seca

A seca tem sido considerada, de maneira incorreta, a principal causa da condição de pobreza em que vive uma parcela da população do Nordeste, da migração de seus habitantes para outras regiões do Brasil ou da existência de famílias de retirantes.

Na verdade, as principais causas são de natureza social e política — os problemas ocasionados pelas secas poderiam ter sido superados se tivesse havido, historicamente, maior preocupação dos governos federal e estaduais em combatê-los, uma vez que existem, desde muito tempo, recursos técnicos disponíveis para isso, como a irrigação de terras, por exemplo.

Cabe ainda lembrar que as secas ocorrem no Sertão e não na Zona da Mata, porém, nesta última sub-região, por causa da pobreza de boa parte de sua população, muitos também migram para outras regiões do Brasil em busca de melhores condições de vida (figura 27).



Retirante
Aquele que, sozinho ou em grupo, emigra em busca de melhores condições de vida. Nesse caso, fugindo da seca do Sertão nordestino.

Quem lê viaja mais
VALIM, Ana.
Migrações: da perda da terra à exclusão social. 11. ed. São Paulo: Atual, 2013.
O livro trata de diversos aspectos da migração de brasileiros, inclusive do Nordeste, em busca de uma vida melhor.

Pausa para o cinema
Central do Brasil.
Direção: Walter Salles.
Brasil: Audiovisual Development Bureau, MinC, 1998. Duração: 111 min.
Na Central do Brasil, famosa estação de trens do Rio de Janeiro, a personagem Dora trabalha escrevendo cartas para migrantes analfabetos, que assim mantêm laços com parentes distantes.
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Outras rotas - Parque Nacional Serra da Capivara

Meio Ambiente

Pluralidade Cultural

Sugerimos aos alunos que assistam ao documentário produzido pela Unesco do Brasil chamado Serra da Capivara, que é bastante rico visualmente, assim como a sua narrativa. Também sugerimos o acesso ao Programa Roda Viva da TV Cultura com a entrevista da arqueóloga brasileira Niéde Guidon, que se dedica ao estudo da arqueologia da Serra da Capivara desde os anos 1970. É interessante também consultar a matéria “Serra da Capivara: em busca da origem perdida” no seguinte endereço eletrônico:


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