Em razão do alto custo dos equipamentos e dos insumos, a agropecuária moderna é praticada geralmente em médias e grandes propriedades rurais, com o plantio e a criação de um número restrito de espécies vegetais e animais – de uma única espécie, na maioria das vezes. É por isso que hoje grande parte das paisagens rurais é ocupada por lavouras monocultoras e por extensas áreas de criação.
Essa especialização da produção também decorre da imposição de grandes corporações transnacionais do setor alimentício. Elas decidem quais são as matérias-primas de seu interesse e quais devem ser cultivadas ou criadas, o que tem influenciado diretamente os preços de comercialização dos produtos agropecuários.
Modernas colheitadeiras em lavoura monocultora de soja em grande propriedade do município de Chapada dos Guimarães, (MT), área de cerrado recuperada para o cultivo em larga escala. Foto de 2015.
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Entre os gêneros agropecuários altamente valorizados no mercado internacional e produzidos por meio da agropecuária comercial moderna, destacam-se o milho, o trigo, a soja, o gado bovino e suíno e as aves, especialmente frangos e galinhas poedeiras. Veja na tabela a seguir os maiores produtores mundiais desses gêneros. Note também a posição do Brasil nos quadros em que ela aparece.
. Acesso em: 16 jan. 2016.
SABERES EM FOCO
Profissionais do campo
Ingram Publishing/Newscom/Glow Images
Os profissionais que trabalham com atividades agrárias podem se especializar em campos específicos. Na foto, engenheiro agrônomo em plantação de cereal, nos Estados Unidos, em 2014.
O desenvolvimento das atividades agropecuárias modernas ocorre com o auxílio de diferentes profissionais, como os agrônomos, que acompanham todo o processo de produção agrícola; os médicos veterinários e os zootecnólogos, que assistem as criações de animais; os engenheiros agrícolas e florestais; além dos especialistas em viticultura, administração rural, irrigação e drenagem etc.
Os profissionais ligados às chamadas Ciências Agrárias buscam o desenvolvimento das práticas agropecuárias por meio de inovações tecnológicas, como novas técnicas de produção e aprimoramento genético e da biotecnologia. Eles também orientam os produtores rurais em relação às técnicas de irrigação, à utilização de fertilizantes e agrotóxicos, à armazenagem e conservação de produtos agrícolas etc.
Além disso, os profissionais do campo estudam e pesquisam o ambiente e suas características naturais e culturais, a fim de atuar com maior propriedade no espaço rural.
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Agricultura moderna em pequenas e médias propriedades
Em várias partes do mundo, principalmente nos países desenvolvidos e de industrialização tardia, uma parcela significativa das pequenas e médias propriedades rurais também desenvolve atividades agrícolas de forma intensiva, com o uso de tecnologia avançada, mão de obra familiar e poucos empregados assalariados. Nesses casos, a produção não está voltada para a subsistência da família de agricultores, mas para a venda ao mercado de alimentos e a obtenção de lucro.
Cesar Diniz/Pulsar Imagens
Galpão de criação de frangos para o abate em pequena propriedade rural no município de Cunha Porã, Santa Catarina, em 2015.
Muitas vezes, esses produtores rurais trabalham em associação com grandes empresas produtoras de alimentos industrializados que cedem máquinas e insumos de boa qualidade, além da assistência técnica necessária para que obtenham alta produtividade. Em contrapartida, essas empresas têm a preferência na compra das safras ou dos rebanhos. No Brasil, por exemplo, boa parte das criações de suínos e de aves da Região Sul do país é desenvolvida de forma intensiva em pequenas propriedades e sob o chamado sistema de integração, no qual se estabelece uma parceria entre esses criadores e grandes empresas do setor alimentício.
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
No Brasil, a maior parte da carne de frango usada em indústrias de alimentos e para exportação, ou para a venda em supermercados, é produzida por pequenos e médios produtores rurais. Na fotografia, etapa de evisceração em frigorífico de abate na cidade de Jaguapitã, Paraná, em 2013.
Competência de área 4: Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.
Habilidade 19: Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
De olho no Enem – 2009
O clima é um dos elementos fundamentais não só na caracterização das paisagens naturais, mas também no histórico de ocupação do espaço geográfico. Tendo em vista determinada restrição climática, a figura que representa o uso de tecnologia voltada para a produção é:
Exploração vinícola no Chile.
Pequena agricultura praticada em região andina.
Parque de engorda de bovinos nos Estados Unidos.
Zonas irrigadas por aspersão na Arábia Saudita.
Parque eólico na Califórnia, Estados Unidos.
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Gabarito: D
Justificativa: Interessante questão que exige a aplicação do conhecimento sobre os diferentes tipos climáticos, as restrições produtivas a eles associadas e as formas pelas quais os seres humanos buscam superá-las. A única das situações apresentadas como alternativas que representam o uso de uma tecnologia (no caso, a irrigação por aspersão) destinada a superar uma limitação climática à produção (por tratar-se de produção agrícola realizada em clima desértico) está na alternativa d, a correta. No caso das alternativas a e b, ambos os climas das regiões mencionadas (mediterrâneo, no Chile, e de montanha, nos contrafortes andinos) são propícios, e não restritivos, às produções apresentadas. A alternativa c está incorreta, pois a pecuária intensiva é uma atividade que tem pouca dependência das condições climáticas para ser realizada, visto que os animais são criados em estábulos e alimentados à base de ração. Quanto ao distrator inserido na alternativa e, ele pode confundir o aluno por não referir-se, como os demais, especificamente à produção agropecuária. Considere-se, no entanto, que no comando da questão essa exigência não é explícita. Assim, a alternativa deve ser considerada incorreta, pois a instalação de uma fazenda eólica só é viável em locais apropriados, onde haja ventos constantes, o que caracteriza a existência de uma condição climática adequada, e não restritiva à produção de energia apresentada na alternativa.
• Sistemas agrícolas tradicionais
Ainda que a agricultura comercial moderna tenha se expandido em escala planetária durante o século XX, em boa parte dos países persistem os chamados sistemas agrícolas tradicionais. Vamos conhecer os sistemas mais representativos.
Agricultura comercial tropical: plantation
Em muitos países subdesenvolvidos localizados em regiões tropicais ocorrem as culturas comerciais no sistema de plantation. Essa prática agrícola tem origem na expansão do colonialismo europeu em diversas regiões dos continentes americano, africano e asiático a partir do século XVI. Em seus domínios, os colonizadores desenvolveram monoculturas de gêneros tropicais (como a cana-de-açúcar, o algodão e o café) em grandes extensões de terra, mantidas por mão de obra escrava e com produção destinada à exportação para as metrópoles no continente europeu.
Ainda hoje o sistema de plantation é praticado nos países tropicais subdesenvolvidos da América do Sul e da América Central (cultivo de cana-de-açúcar, café, cacau e frutas), da África (cultivo de café, cana-de-açúcar, amendoim, algodão, chá, cacau e frutas) e da Ásia (cultivo de chá, juta, cana-de-açúcar, algodão, fumo, borracha e frutas) com características semelhantes às dos séculos passados: produção em larga escala de gêneros tropicais em grandes propriedades rurais; emprego de mão de obra barata e, em alguns casos, escrava; cultivo de produtos destinados ao abastecimento, sobretudo, do mercado consumidor dos países desenvolvidos.
Issouf Sanogo/AFP
Picture Alliance/Fotoarena
Quase toda a produção mundial de chocolate, inclusive dos chocolates belgas e suíços – considerados os melhores do mundo – é feita com cacau cultivado no sistema de plantation, em países da África Equatorial, como Gana e Costa do Marfim, e da Ásia de monções, como na Indonésia. Na foto A, colheita de cacau perto de Gagnoa, na Costa do Marfim, em 2015. Na foto B, interior de fábrica de chocolates em Bruxelas, Bélgica, 2012.
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Uma diferença importante dos cultivos atuais em relação aos do período colonial é a introdução de recursos tecnológicos e de insumos desenvolvidos pela chamada Revolução Verde (como veremos no Capítulo 5), aumentando a produtividade em várias regiões agrícolas de plantations. Veja, na tabela a seguir, quais são os maiores produtores de alguns dos gêneros agrícolas tropicais mais valorizados no mercado internacional.
Mundo – maiores produtores dos principais gêneros agrícolas tropicais (2013)
|
Países produtores (1º, 2º e 3º) – Produtos – Produção (tonelada)
|
Brasil
|
Cana-de-açúcar
|
768090444
|
Índia
|
Cana-de-açúcar
|
341200000
|
China
|
Cana-de-açúcar
|
128850908
|
Costa do Marfim
|
Cacau
|
1448992
|
Gana
|
Cacau
|
835466
|
Indonésia
|
Cacau
|
777500
|
China
|
Chá
|
1939457
|
Índia
|
Chá
|
1208780
|
Quênia
|
Chá
|
432400
|
Índia
|
Banana
|
27575000
|
China
|
Banana
|
12370238
|
Filipinas
|
Banana
|
8645749
|
China
|
Fumo
|
3150197
|
Brasil
|
Fumo
|
850673
|
Índia
|
Fumo
|
830000
|
Brasil
|
Café
|
2964538
|
Vietnã
|
Café
|
1461000
|
Indonésia
|
Café
|
698900
|
Fonte: ONU. FAO. Statistics Division. Disponível em:
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